Eu vou enlouquecer! De verdade! Poncho é um pé no saco, juro.
Já faz quatro dias que estamos aqui. e ele quer acabar comigo com essas chatices dele. Para começar, o "príncipe" tenta me ocupar de todas as formas possíveis, de forma que no fim do dia a unica coisa que eu consigo fazer é cair na cama e apagar como se tivesse sido dopada, literalmente. Ele me fez praticar todas as atividades que o hotel oferecia, mas tudo bem, quanto mais coisas ele queria fazer, menos outras atividades sobravam, e quando tudo aquilo acabasse ele não ia conseguir fugir de mim, simples assim.
Devo dizer também que toda noite ele fica calado por uns cinco minutos inteiros quando eu apareço pronta pra dormir. É bem claro seu nervosismo e na terceira noite eu não aguentei e cai na risada o deixando extremamente nervoso pois ele odiava que eu zoasse com sua cara, mas que seja, eu não aguentei, simplesmente é muito engraçado.
- Annie? - ele sai do banheiro enrolado na toalha e enxugando os cabelos, enquanto eu estou observando o céu. Como era linda a lua ali, eu poderia ficar observando-a por um tempo interminável, pois ela parecia mais bela do que em qualquer outro lugar, mais brilhante, maior...simplesmente perfeita. O azul escuro do céu que já já se tornaria um completo breu, deixava a paisagem melhor ainda.
- Estou aqui fora. - Eu disse me ajeitando o banco que havia lá fora. Olho para o vidro e o observo pegando uma roupa qualquer e entrando de novo no banheiro.
Ele volta menos de um minuto depois indo em direção ao banco, sentando ao meu lado. Me abraça, fazendo com que eu me aconchegue ao seu peito.
- Não está com frio carino? - perguntou alisando meus cabelos.
- Não - sorri. Ficamos em silencio por um bom tempo, apenas observando o que tínhamos a nossa frente.
- Annie, lembra no ano retrasado, quando voce ficou um mês inteiro com a Julie em Boston? - ele perguntou calmo.
- Ah se lembro. - comecei a rir. Eu tinha enlouquecido com a amiga de Poncho na faculdade que não o largava, Sabrina e vi ela entrando com ele no quarto dela. Estávamos numa festa da fraternidade e eu simplesmente surtei, fazendo com que os meus amigos quebrassem a porta dela. e ao entrar no quarto não estava acontecendo nada, porem eu estava tão cheia daquilo que simplesmente terminei com ele na frente de todo mundo, fugindo para a casa da vovó sem dar explicações. Fiz Julie largar tudo e ir correndo ficar comigo, a qual eu soube depois que disse para Poncho esperar quietinho na universidade pois eu estava tirando umas ferias dele - Tenho que reconhecer que sou maluca. - nós rimos - Sinto muito por isso, mas por que está falando nisso agora?
- Toda vez que voce briga comigo eu lembro desse mês, morrendo de medo que voce faça algo parecido outra vez - Nós rimos - Aquele foi o pior mês da minha vida, porque eu cheguei a pensar que eu realmente iria te perder daquela vez, mas eu nenhum momento eu deixava de pensar em voce, de no fundo, acreditar em nós. Eu costumava ficar no meu quarto olhando a lua e olhando para o gramado no campus, imaginando que voce ia aparecer a qualquer momento ali, para me dar uma surra talvez - eu ri novamente - mas apareceria e tudo ficaria bem.
Desvencilhei-me dele e o olhei confusa com os braços cruzados,
- Sério? Por que nunca me contou essas coisas? - perguntei. Ele não conseguiu obedecer Julie na época e foi até Boston, então imaginem a minha surpresa ao chegar de uma caminhada com Julie e encontra-lo sentado no sofá, tomando chá com a minha avó! Ele ODEIA chá! Eu sequer sabia que ele tinha conhecimento do meu paradeiro. De repente toda a raiva que eu senti tinha ido embora e acabei cedendo, apesar de nem querer saber uma explicação para isso.
- Voce sabe que eu não gosto de demonstrar minhas...fraquezas, voce sabe, mas to te falando isso agora Annie, porque naquele instante eu descobri que faria qualquer coisa por voce, qualquer coisa mesmo e que eu nunca iria te magoar, que seria o cara perfeito para voce. Me desculpe se as vezes eu faço besteiras demais, mas a unica coisa que estou tentando, é fazer tudo corretamente.
E então eu entendi porque ele estava dizendo aquilo. Sinceramente aquilo não seria o suficiente para me calar, calar o que eu estava disposta a fazer, mas realmente compreendi suas intenções. Eu o fito com meus olhos já marejados e sorrio para ele.
- Voce é perfeito pra mim Poncho, com todos os erros, com todas as suas sandices - ele ri e eu seguro seu rosto - Talvez eu não tenha dito, mas tudo naquele mês, parecia sem graça sem voce...nunca me senti tão mal e é por isso que eu nunca vou te deixar ir, nunca vou desistir de nós, jamais.
Ele sorri e me abraça forte, ficando por cima de mim de mim. Nossas respirações estão muito próximas, então sinto seu halito quente batendo contra meu rosto e fecho os olhos, esperando pelo beijo que veio em seguida.
Era calmo, doce me fazendo delirar de tão fraca que me senti com a intensidade daquele ato tão despretensioso e ao mesmo tempo tão preciso, tão certo...Ele tinha noção das coisas que causava em mim?
Nos separamos do beijo e sem querer batemos a cabeça. Começamos a rir feito duas crianças.
- Estamos parecendo dois adolescentes desajeitados! - ele falou sorrindo sem se separar de mim. Eu parei e sorri o admirando.
Como alguém podia ser tão lindo, tão perfeito e tão completamente complicado?
- Eu fico muito sem graça quando faz isso - ele diz com um sorriso torto.
- Isso o que? - perguntei com a sobrancelha erguida e um sorriso irônico.
- Isso...quando me beija e depois fica me olhando com essa cara de paisagem, rindo. Queria saber o que fica pensando.
- Ah? É uma mania minha - "te admirar" , acrescentei em pensamento - Então acostume-se Herrera, pois existem duas coisas que eu não consigo deixar de fazer quando estou com voce, sorrir e te beijar. - sorri sugestivamente para ele que se aproximou mais de mim.
- Hm... - selinho - Então me ajude a me acostumar - selinho - tipo agora. - ele sorri de novo e então terminamos a noite daquele jeito. Em meio a risadas, beijos e caricias e pela primeira vez que havíamos chegado eu senti que tudo iria dar certo.