Já havia se passado 17 dias desde Kevin havia ido embora. Eu não fui a escola nesse tempo, não quis ver meus amigos, não quis fazer nada que incluísse sair de casa ou amigos. Meus pais chegaram a chamar um médico, mas eu estava bem de saúde. Ucker veio aqui com Dulce semana passada, mas eu me tranquei no quarto e fingi que estava dormindo e assim deixei que as coisas ficassem.
Quando amanheceu o dia 17 de maio, abri os olhos rapidamente, a avistei uma pequena criatura bizarra sentada de pernas cruzadas na poltrona em frente a minha cama. Eu me levantei no susto.
- MEU DEUS! JULIE! - Como aquela criatura entrou ali? eu tranquei a porta? Ela se levantou em silencio e foi até a janela, abrindo as cortinas, fazendo uma claridade detestável tomar conta do quarto.
- Acorda sua palhaça. Acabou essa história de fossa. Se levanta , toma um banho e desce. To te esperando lá em embaixo.
- Por que?
- Por que? Any, você só não usa drogas porque não sai dessa casa porque vou te contar viu? Sabe quantas ligações eu vi perdidas nesse celular? Sabe quantas vezes eu ouvi minha mãe quase chorando preocupada com você? E meu pai? Ele não sabe o que fazer! Até sua amiga Maite me ligou Anahí! Agora te vendo pessoalmente, eu entendo eles - me avaliou de cima a baixo - isso é deprimente, de verdade.
Eu me levantei e arqueei as sobrancelhas ironicamente.
- Deprimente? Desde quando você sabe o que é isso? Por acaso o Dave te deixou Julie? Pelo amor de Deus, volte pra Nova York, não sou obrigada a ouvir sermões vindos de você.
- Calada, para de tentar rebater e entra logo nesse chuveiro senão eu juro por tudo que é mais sagrado Anahí, que eu te arrasto comigo pra Nova York nem que eu tenha que te algemar pra isso.
Então ela saiu e bateu a porta.
Não protestei, apenas fiz o que ela mandou e quando terminei desci as escadas e dei de cara com Dave e Brad sentados brincando no chão e meus pais conversando baixo com Julie que estava encostada na parede. Ela me viu e se virou pra mim, mas antes de qualquer coisa, Brad correu e me abraçou, agarrando minha cintura com toda a força que tinha.
- Dindaaaaaaaaaa! Feliz aniverssário! - eu sorri pra ele ...
Espera!
Meu aniversário?
Meu Deus? Como eu esqueci? Apenas aumentei um falso sorriso, mas estava feliz te ter aquela criaturinha de novo na minha casa pra alegrar o meu dia.
- Obrigada meu bebê. Veja só como você cresceu? Já esta bem grandinho eim?
- Cresci assim ó - ele fez uma representação com os braços, abrindo-os o quanto podia. Eu o peguei no colo.
- Foi mesmo! Cadê o meu beijo? - ele deu um bem estalado em minha bochecha e eu o apertei mais.
- Dinda, o tio Kevin não trouxe o meu boneco do Hulk que ele prometeu! A gente pode ir buscar? - meu sorriso voltou a ser falso
- Sim meu amor, mas não agora né? Depois a dinda dá um jeito. - eu o coloquei no chão
E aí, minha irmã já havia tirado a carranca de mais cedo e me deu parabéns, toda animada como sempre, e depois Dave fez o mesmo e então me deram uma caixa de presente que continha um belo vestido, mas que provavelmente eu nunca o usaria.
- Filha, vem, eu e sua mãe queremos te entregar seu presente também, mas está lá fora.
- Eba eba, hora do presente! - Julie disse batendo palminhas. Saímos e fomos em direção a garagem. Fiquei confusa. Por que meu presente estava na garagem? Era tão grande assim?
Quando abrimos a garagem , minha boca foi até o chão.
Um carro branco, super chamativo estava com um laço vermelho bem a minha frente.
- O que ... o que é isso? - eu disse sorrindo e me direcionando até o carro, ainda boquiaberta e toda empolgada.
- Feliz aniversário filha- meu pai falou .
- Meu Deus, é lindo, nossa, obrigada - eu fui em direção aos aos e os abracei - que carro é esse?
- Esse é o porsche panamera. Não é nada que surpreenda por eu trabalhar com isso, mas achei que estava na hora de você ter seu próprio carro. Realmente te agradou?
Não e sim. Era o carro dos sonhos de qualquer um, confesso, eu mesma estava boquiaberta, mas sair na rua com isso, ia ser um problema, nunca pensei que andaria em um carro tão chamativo.
- É claro... é maravilhoso. Não acredito gente.
E naquele mês foi o primeiro dia em que ri o dia todo. Mesmo sem ver os meus amigos - a pedido meu - eu comemorei meu aniversário de dezoito anos em casa, com a minha família e tudo estava pronto pra voltar ao normal. E voltaria.