As coisas não foram tão fáceis quando contamos a nossas famílias que eu estava grávida. Claro, Julie pulou e sorriu feito uma criança e disse que já sabia, estava na cara e essas coisas. Ruth e mamãe já começaram a falar de enxoval de bebe, fazendo-me revirar os olhos e o pai de Alfonso parecia tão orgulhoso quanto filho. O problema foi papai, que não disse nada, até que veio até Alfonso e eu e nos pediu para falar com a gente em particular.
Alfonso e eu trocamos um olhar confuso mas o fizemos e entramos no escritório dele no andar térreo. Segurei a mão dele enquanto papai fechava a porta e cruzava os braços indo em direção a sua mesa sem uma palavra sequer.
O silencio foi ensurdecedor até que ele se recostou em sua mesa e pareceu tomar posse de todo o comodo. Sua postura me fez lembrar do senso de liderança de papai , o modo como tomava conta de tudo o que lhe convinha e embora não estivesse mais a frente de uma empresa, papai ia sempre comandar tudo o que achasse que deveria comandar.
- Quando descobriram dessa gravidez? - ele disse sem emoção.
- Na verdade, foi ontem cedo pai.
- Hm, então por isso voce voltou Alfonso?- apertei mais a mão de Poncho que retribuiu com um pequeno aperto.
- Não, eu descobri assim que a vi hoje, não tinha a minima ideia Enrique. - ele disse com o mesmo tom de voz de papai.
"Oh Deus, estou diante de dois comandantes"
Papai respirou fundo e continuou - Sabe, estou feliz que mais uma criança esteja vindo a essa família, isso é maravilhoso, mas estou com medo por vocês. Não acham que foram rápido demais? Não podiam ter sido mais cuidadosos?
- Enrique, eu amo a Anahi, por mim já estava casado a muito tempo, não acho que fomos "rápidos" demais, pelo contrário, foi um processo lento, muito lento pro meu gosto.
Meu rosto deve ter ficado da cor de uma pimenta com essa, eu entendi o que ele quis dizer e sei que meu pai também, mas por incrível que pareça, meu pai riu.
- Informação demais menino. Mas eu só queria dizer uma coisa: cuidado, os dois, sejam mais responsáveis e mais inteligentes,vocês serão pais, e cuidar de um filho não é como comandar a empresa, pois serão só vocês nessa jornada e esta criança vai depender de vocês dois, espero que saibam bem disso. E outra observação, se voce magoar minha filha Alfonso, voce irá se arrepender, entende o que eu digo não? - eu arregalei os olhos. Era a primeira vez que papai dava um "ultimato" em Alfonso, porém como lerdo que é, Alfonso apenas assentiu - Dispensados.
Poncho me puxou pela mão rapidamente até estarmos fora do escritório, onde demos de cara com Julie na porta.
- O que faz aqui? Tava escutando? - perguntei.
- Poncho nos dá um minuto? - ela disse e ele se virou pra mim.
- Estou indo pro carro Anahi, temos aquele assunto pra resolver. - ele disse calmamente mas em seu olhar eu vi "É uma ordem,não demora ou eu vou te deixar aqui sozinha" . Assenti e ele saiu.
- Ju, seja o que for, eu to cansada, Poncho não me deu folga o dia todo hoje, sequer trabalhei, eu to com fome e pra piorar acabo de ter que ouvir meu pai achando que to fazendo tudo errado, então se for sermão também, por favor...
- Cala a boca Anahi, nossa. Escuta, sei que Kevin está aqui.
- Como?
- Dolores me contou. Voce sabe que adoro ele, mas fica longe dele tá? Eu conheço o Poncho.
- Ele já sabe.
- E ele fez o que?
- Surtou, mas aí contei da gravidez - fiz maneando a cabeça - Enfim depois te conto tudo Ju, mas não se preocupe, não tem importância, só que o Brad deveria saber que o padrinho está aqui.
Ela riu seca - Como se ele fosse entender, mas tudo bem, só queria te dizer que eu estou aqui okay, qualquer problema já sabe.
- Certo Ju, vou indo, Poncho não vai me deixar em paz hoje, beijos. - Disse lhe dando um abraço rápido e saindo correndo atras de Poncho, que parecia ao mesmo tempo feliz e impaciente, nervoso. Deve ser normal.