Saí da casa, deixando pra trás Ruth e minha mãe conversando animadíssimas enquanto Dave ria de algo que meu sogro falava. Estavam todos muito felizes com a noticia, disso eu tinha certeza. Me despedi de todos e encontrei Poncho ao telefone encostado em seu carro, quando me viu desligou e sorriu.
-Pronta?
- Não, eu quero descansar e se voce for gentil o bastante com a mãe do seu filho, eu prometo recompensar amanha. -em menos de doze horas, aprendi que usar essa técnica de "sou a mãe do seu filho" funciona direitinho, bom, ao menos funciona com Alfonso que já havia até me feito até ir no médico pra saber se estava tudo bem com a criança. Eu praticamente não disse n-a-d-a durante toda a consulta, porque ele encheu o médico de perguntas. Porém não consegui convence-lo.
- E se eu preferir não ser gentil?
- Então, eu vou fugir de voce, tchau querido. - me virei fingindo que iria embora mas ele puxou meu braço, fazendo-me ficar colada a ele. Era difícil pensar com aquela proximidade, e piorou quando suas mãos pousaram em minha cintura.
- Voce sabe o que acontece quando tenta fugir não sabe? - eu faço que não e sorrio - Eu te pego Anahi.
- Hm - tentei ignorar a possível segunda intenção por trás da sua resposta e continuei - Mas quem manda sou eu. Por favor, o dia foi exaustivo demais, voce não me deu um segundo para respirar! Não que eu esteja reclamando - não mesmo, passar o tempo com ele era a melhor coisa que eu podia fazer, além do mais, ele me tirou do trabalho mais cedo - mas, sinto como se um trator tivesse passado em cima de mim e então ...
Não tive tempo pra terminar minha fala, pois fui calada com um beijo surpresa. Eu sabia que ele queria me deixar zonza, maluca,sem reação, porque era assim que me sentia cada vez que ele me beijava, não importa quanto tempo passasse. Tentei não corresponder, tentei ficar impassível, mas foi impossível e quando meus pensamentos já tinham virado geléia, ele se separou.
- E agora, o que quer fazer?
- Vamos logo , idiota - disse com mais raiva de mim mesma por ser tão fraca do que dele. Não era culpa de Poncho se eu não conseguia tirar as mãos dele, muito menos ficar sem beija-lo.
[...]
Certo, não teve nada de legal parar em um supermercado no meio caminho - e eu sequer sabia onde estávamos indo.Primeiro, Alfonso não me deixou comprar nada do que eu queria, só os cereais do capitão Picard e nada mais. Eu ameacei entrar dentro do carrinho de compras-embora eu nunca tivesse coragem de fazer uma babaquice dessas, mas a unica coisa que ele fez foi rir da minha cara e dizer. E ele estava colocando cada coisa no meio das compras que eu quase surtei.
- Eu não quero que meu filho nasça com cara de jiló que nem voce, tira isso daí, por favor!
- Puta merda Anahi, larga de ser teimosa! - ele diz tirando minha mão do carrinho. Como é difícil conviver com ele, como é!
- Mas eu não vou comer isso, voce sabe né? - digo em resposta.
- Anahi, largue de ser criança, voce não pode comer qualquer coisa agora que está grávida. É por isso que estamos aqui.
- Por que voce quer me matar de fome? - disse irônica,quando ele parou abruptamente,soltando o carrinho eme dando um olhar duro.
- Não,porque eu te amo e quero cuidar de voce e da sua saúde. Preciso dizer mais?
De mole que sou, depois de ter dito aquilo não reclamei de mais nada, embora fizesse careta vendo todas aquelas coisas orgânicas que ele iria me obrigar a comer.
Já era quase seis e meia da tarde quando Alfonso falou.
- Agora eu vou te pedir pra ficar de olhos fechados a partir daqui, ou voce prefere uma venda?
- Pra onde estamos indo afinal?
- Surpresa Anahi, e então,posso confiar em voce? -e ele diz enquanto dirige.
- Não,me dá a venda.
E então após menos de cinco minutos, o carro parou.