Eram quatro da manhã já quando Alfonso parou de resmungar e resolveu subir para o quarto apagando logo em seguida. Dulce e Christopher passaram aquela noite na casa de dele para não deixá-lo se sentindo sozinho, e também porque não confiavam plenamente que Alfonso ia dormir e não ir até o hospital novamente então ocuparam o quarto de hóspedes ao lado.
Mas ele não fez isso. Estava cansado demais para manter-se acordado então ele dormiu até a chegada da manhã. Dulce e Chris o esperaram e fizeram ele tomar café da manhã com eles, e só foram embora após vê-lo saindo bem arrumado, em seu terno de linho cinza pronto para trabalhar.
Acordou no mesmo estado no qual havia adormecido mas sabia que precisava manter os negócios por enquanto, principalmente agora que estava sem Annie. Antes de seguir para a PHMotors passou no hospital e Julie já estava lá com Dave. Maite e Christian tinham acabado de ir embora e disseram que voltariam no fim do dia mas que ligariam a todo instante.
Ele foi até o quarto de Annie e conversou um pouco com ela e seu filho e até aproveitou para dizer um pequeno segredo a ela "E sabe o que mais meu amor? Estou esperando a visita de uma assistente social em nossa casa hoje, eles querem saber se eu estou, quer dizer, se nós estamos - corrigiu - aptos a adotar Luna. Você tem razão sobre o que diz à Belinda... Luna é linda, uma criança maravilhosa e eu quero ser o pai dela" . Após uns dez minutos se despediu com um beijo na testa dela e foi embora.
Havia trabalhado em um péssimo humor durante toda a manhã e início da tarde. Falava apenas em monossílabos e dando ordens apenas com gestos. Estava deixando quase todos malucos embora entendessem os seus motivos.
Sua mente trabalhava a mil por hora, assinando papéis, seguindo a sua programação diária dada por Belinda e assumindo por consequente a programação de Anahi. Foi obrigado a ir em um almoço de negócios com alguns representantes da Toyota uma vez que Anahi tinha invocado em retomar a parceria com eles só pra irritar Wilde.
Por falar em Wilde, não passou despercebido por Alfonso que o mesmo estava com um ótimo humor excepcionalmente naquele dia. Fez uma nota mental disso para falar com seus investigadores no fim do dia. Já estava cansado de esperar por provas de quem estava por trás dos atentados à Anahi, e tinha quase certeza que era ele.
- Olá Alfonso! É impressão minha ou você está me evitando hoje? - disse o velho quando entrou na empresa após o almoço.
- Wilde - cumprimentou polido.
- Não respondeu minha pergunta meu jovem - disse ao entrarem no elevador. Alfonso queria acabar com ele, sentia raiva daquele senhor. Só pelo fato de Anahi o odia-lo, e agora por achar que ele era um maluco que queria destruir ela.
- Não tenho motivos para evitá-lo Wilde. Tenho? - disse seco sem deixar transparecer nenhuma emoção. Estava vestido com sua armadura de aço que sempre usava com seus inimigos e em negócios. Só não sabia dizer em qual dos dois tipos Wilde se encaixava.
- Obviamente não, por isso questionei. É sempre tão agradável comigo e ultimamente tem se mostrado cada vez mais longe meu rapaz. Não me lembro de ter feito nada para desagrada-lo, sabe que lhe estimo.
Alfonso contou até dez lentamente. Nada do que aquele homem dissesse seria capaz de dissipar sua desconfiança. Pelo contrario, estava cada vez mais crente na falta de caráter do velho. Reunindo toda a calma que não sentia naquele momento ele abre um sorriso de orelha a orelha, mas foi um sorriso quase diabólico. Por um momento Wilde até se sentiu intimidado.
- Mas é claro que não é nada, não se preocupe com isso. Estou certo de que não faria nada que me desagradasse não é? E nem á Anahi.
O velho engoliu em seco, Alfonso fez uma nota mental daquele simples gesto - Mas é claro que não. Aliás, torço pela melhora dela.
Alfonso sentiu a raiva aumentar dentro de si, queria socar o velho e fazê-lo confessar que ele era um maldito filho da puta por trás de tanta sujeira que ele era obrigado a limpar vida de sua amada.
Em um gesto muito bem pensado, ele se aproxima do velho e aponta para a gravata do senhor - Está muito frouxa, posso? - quando Wilde olha para a sua gravata a mão de Alfonso já estava a apertando-a. Ah como queria enforca-lo com ela! - Sabe meu amigo, gravatas são interessante se pensarmos não é mesmo? - apertou mais um pouco - Não devemos jamais deixá-las frouxas mas ainda assim, elas têm que ser ajustadas afim de não nos sentirmos enforcados. Temos que tomar cuidado com aquilo que nos sufoca - apertou mais e viu uma pequena gota de suor escorrer no rosto do senhor - Tipo mentiras, elas sufocam não é mesmo? Bom, não sei se você entende porque me parece incapaz de mentir não é? Mas tome cuidado Wilde, nunca minta ou omita fatos, senão acabará sufocado pelo nó da gravata de alguém, ou até mesmo da sua.
- Tenho que concordar com tudo o que disse. A mentira realmente é imperdoável não é mesmo? - disse nervoso. Passou pela sua cabeça naquele momento que Alfonso sabia de algo e não tinha ideia de qual seria sua reação caso soubesse realmente , mas depois pelo sorriso divertido do rapaz ficou apenas intrigado, porém nada que o colocasse em perigo, acreditou ele. Alfonso era um jovem tolo, o que podia saber afinal?
O elevador para e se abre - Seu andar. - disse Alfonso fazendo menção à porta aberta para que o senhor saísse - Bom trabalho meu amigo.
- Obrigada, igualmente meu jovem. - disse ele saindo - Ah - continuou antes que as portas se fechassem - Transmita á familia Puente meus desejos de melhora á Anahi.
Alfonso assentiu a contra gosto e então as portas se fecham. Alfonso pega seu telefone e disca o número do investigador que havia contratado.
- Taylor, é o Alfonso - não deixou o homem do outro lado da linha cumprimentá-lo e foi direto - Você tem até o fim da semana para terminar sua investigação. Eu quero a cabeça de quem está atrás da Anahi. [...] - Não me interessa, você já teve meses para isso. É só por hora [...] Até logo.
E desligou.
Bom, parece que a cabeça de alguém ali estava a prêmio