Anahi acordou num susto.
Seu coração estava quase saindo pela boca. Que sonho tinha sido aquele? Meu Deus! Casada com Kevin!
Olhou para o outro lado da cama bagunçado, mas nada de Alfonso. Estranhou, mas de certo ele estaria tomando café com Clarisse lá em baixo.
Desceu a procura dele até a sala de jantar e nada ,então foi pra cozinha onde viu Maria que lavava louça.
- Bom dia Maria! Você viu o Poncho? - mas a mulher nem se mexeu para dar aquele bom dia tão animado. Anahi estranhou mais ainda e ficou ao lado dela. - Maria, estou falando com você. - a mulher parou e se virou para Anahi, mas não a olhou, seu olhar estava longe, e isso deixou Anahi assustada, então tocou nela, causando um arrepio na mulher que nem mesmo ela entendeu. - Maria? Maria me responde por favor! Maria!
- Oh, sinto tanto sua falta minha menina! - disse a mulher e uma lágrima desceu de seu rosto. Minha menina... Era como ela costumava chamá-la. Céus! O que estava acontecendo ali? Maria não a via!
Sem pensar mais, correu pela casa a procura de Alfonso, e então ouviu vozes no jardim perto da piscina.
- Aí papai! Anda logo, anda logo! A tia Ju tá chegando!
Luna!
Ela chamou Alfonso de papai?
Essa voz era da sua pequena! O que ela fazia ali? Correu para lá a fim de ver o que estava acontecendo. Tinha uma coisa muito errada ali. Alfonso nem conhecia Luna, e bom, eles estavam separados.
- Calma Luna, deixa eu arrumar esse laço. - lá estava Alfonso! Arrumando um laço no cabelo da menina que estava sentada na cadeira da mesa que tinham na varanda perto da piscina, com os pés balançando.
Foi a coisa mais linda que Anahi já tinha visto, então se detém no lugar, assistindo a cena.
- O que foi papai? - disse olhando curiosa para o pai que agora ajeitava os sapatos da menina. O coração de Anahi amolece ao ouvir a sua menina chamando Alfonso de pai. Sempre quisera tanto isso.- Você tá triste hoje. É por causa da mamãe?
- Papai não tá triste não amor. Só estou com saudades, hoje seria o aniversário dela. Mas não se preocupe, vá se divertir com sua tia e o Brad.
Oh não! Não, não e não! Era como se ela não estivesse ali, como se não existisse. O que estava acontecendo ali?
Antes que pudesse raciocinar ou fazer qualquer coisa, Alfonso pega um aparelho que começa a fazer barulho parecido com uma babá eletrônica.
- Papai, o Miguel tá chorando.
- Eu sei, eu vou lá. Vá arrumar suas coisas princesa. - a menina fez bico - Agora Luna. - repetiu o pedido e a menina saiu correndo pela casa, passando por Anahi, mas ela não a viu.
Logo veio Alfonso passando por ela em direção às escadas e ela foi atrás.
- Poncho? Poncho você também não consegue me ver ou está me ignorando? Amor, olha pra mim! Me desculpa, eu sei que eu demorei mas eu escolho você... - mas ele não a ouviu e Anahi entrou em completo desespero.
Correu atrás dele que parou na porta de um quarto a abrindo calmamente.
- Oi campeão. Olha quem chegou! - Oh não! Era um quarto de bebê, todo azul. Ela começou a imaginar o que estava acontecendo.
Alfonso chegou ao berço e Anahi parou ao seu lado, vendo o bebê mais lindo no berço, todo vermelho provavelmente pelo choro. Ela quis dizer alguma coisa mas não soube o que falar. Sua voz ficou muda e seu coração se apertou de forma que jamais tinha acontecido. Olhou para sua barriga e até então não tinha percebido que não estava mais grávida. Tudo caiu sob ela de forma drástica.
Aquele bebê era seu! Seu filho! Era um menino lindo! Queria tanto abraçá-lo e parar o seu choro!
- Pronto campeão, o papai tá aqui, calma. - Alfonso pega o bebê no colo, com uma habilidade de quem fazia isso há séculos e começa a balançá-lo enquanto murmurava algumas palavras de uma canção.
Anahi ficou estática. Não estava entendendo o que estava acontecendo e só conseguia assistir a cena. Isso devia ser um sonho, só pode.
Foi quando ela viu uma foto sua na cômoda do bebê, de sua viagem para as ilhas Maldivas com Alfonso. Foi até ela e tocou no porta retrato e quando percebeu, o seu bebê parou completamente de chorar e a olhava com os grandes olhos verdes, como se ele pudesse vê-la ali. E podia?
Ele sorriu para a mãe e ela se assustou, mas retribuiu o sorriso.
- O que você está olhando curioso? - disse Alfonso com uma voz quase de criança para o menino e então se virou para Annie. Ela esperou que ele a visse, assim como a criança, mas isso não aconteceu e seu sorriso morreu, enquanto o dele aumentou - Você está olhando a sua mamãe Miguel? - disse se aproximando da foto e Anahi se afastou dando passagem à ele. - Ela é linda né filho? Com certeza foi a mulher mais linda que já conheci e esse seu olhar curioso me lembra muito ela, você adoraria conhecê-la. Acho que ela ia brigar muito com a gente pela bagunça, mas ela era muito engraçada. Eu sei que mesmo não a conhecendo que você sente a falta dela...Eu sinto muito por isso, gostaria de ter impedido tudo isso que aconteceu, mas eu vou tentar ser um bom pai Miguel, eu vou cuidar de você e da sua irmã. - Finalizou sua fala dando um beijo na cabeça do bebê que ouvia tudo atentamente e então ela chorou.
Chorou, e começou a chamar por Alfonso que ainda olhava para a foto com os olhos marejados. Ela correu até ele e começou a toca-lo.
- Poncho! Eu to aqui! Me escuta por favor! Eu to aqui! O que está acontecendo?
O mesmo arrepio que ela pareceu causar em Maria, aconteceu com Alfonso e então ele sorri deixando uma lágrima escorrer de seu rosto, mas calmo, diferente de Anahi que estava desesperada.
- Poncho por favor, eu estou te implorando que me ouça! Por favor! - repetiu perdendo as forças - Eu escolho você meu amor, sempre você.
Então ela entendeu que algo tinha acontecido, eles não a viam, porque ela não estava lá, porque ela não existia mais.
Não sabia como, mas ela tinha ido. Forçou a cabeça tentando lembrar o que havia acontecido mas começou a doer muito. Sua cabeça latejava e ela colocou as mãos nela em um ato de desespero. Flashes de um carro batendo apareceu rápido em sua mente, um grito, uma pancada...Mas era tudo muito rápido. Desesperada começou a sair do quarto gemendo de dor.
Mas não estava mais no mesmo corredor. Na sua casa, não existia aquela porta no fundo onde o sol batia muito forte. A claridade atrapalhava sua visão mas ela sentiu que tinha que ir para lá, precisava reagir, precisava fugir desse pesadelo.
Ouviu a voz de Alfonso soar forte em sua cabeça - Volte pra mim meu bem, venha me incomodar, porque é muito dificíl viver sem você.
E ela não queria ir embora, queria voltar para ele, mas não sabia como. Sua cabeça não parava de doer e ela não conseguia raciocinar.
Na dúvida correu o mais rápido de pôde na direção da porta no fim do corredor e a abriu em completo desespero.
E então tudo ficou escuro.