A musica acabou e Poncho desceu do palco sorrindo divertido , olhando para mim, e eu podia jurar, que ele estava vindo falar comigo. Me peguei ansiando por isso, mas antes que eu me iludisse com uma conversa amigável com aquele idiota, alguém o puxa pelo braço levando-o para outro lugar do restaurante num piscar de olhos. O que Cláudia fazia aqui? Pelo amor de Deus, essa menina não desaparece!
Enquanto eu a amaldiçoava em pensamento, uma voz irritante surge sobre o meu ombro.
- MEU AMOR! - Camila? Com quem esse projeto de sombra da Cláudia estava falando?
Olhei para ela e logo caiu a ficha quando a criatura foi se sentando no colo de Ucker. No colo! Alguém tem noção do quanto aquilo me pareceu ridículo? E por que ninguém avisava aquela criança - porque sim , ela parecia uma de tão irritante e pequena - que Ucker não era lá muito vulgar pra esse tipo de tratamento em publico? Ela praticamente estava comendo ele e eu senti meu sangue ferver.
Fiquei pior ainda quando finalmente tive coragem de olhar pra Dulce e constatei que todas as minhas suspeitas que havia considerado estavam certas: Dulce estava apaixonada, ou ao menos envolvida com Christopher, com toda a certeza. O seu olhar perdido , procurando algo ou alguém para se fixar naquele momento entregou tudo, pois eu a conhecia como ninguém. Eu não pude evitar olhar para a minha amiga com piedade e ao mesmo tempo não pude evitar também minha raiva de Christopher. Ele se dizia tão apaixonado por ela! Não acredito nisso.
Nesse momento, eu simplesmente me levantei, não aguentando mais ver o circo que aquele jantar havia se tornado e toquei o ombro de Dulce.
- Amiga, eu estou indo. Quer vir também? Te dou uma carona. - sorri pra ela.
- Não, tudo bem amiga, Mai acabou de oferecer carona também. - ela sorriu sem graça pra mim. Ela queria chorar, certeza! - Só vou no banheiro e já estou vindo pra irmos ok Mai?
- Tudo bem amiga, to te esperando aqui e já vamos logo depois. - Dulce se levantou e foi ao banheiro, Mai me olhou bem nos olhos, me fazendo entender o que ela queria dizer apenas com seu olhar de raiva, pena e desconforto por não saber o que fazer.
- Eu sei. - eu disse lamentando - Mas isso não vai ficar assim Mai, eu vou matar o Uckermann, você vai ver. - Suspirei agoniada com a situação que continuava bem na minha frente. - Vou indo Mai, cuida dela por favor. Eu vou dar um jeito nisso.
Dei um beijo no rosto de Mai , paguei minha conta rapidamente e fui em direção a porta, mas antes que eu conseguisse sair, uma mão segurou meu braço direito e eu senti minha pele esquentar com aquilo. Me virei já imaginando quem era.
- Onde você vai? - disse indagando, com sua voz um tanto desconcertada.
- Embora. - disse nervosa. Poncho com certeza deve ter contribuído pra história da Camila, porque claro, ela era o cachorrinho da Claudia, cuja maldita, aparentava estar com Poncho.
- E vai me deixar aqui? - ele não estava zoando, sério. Não acredito que ele achava que eu lhe devia uma carona.
- Vou sim, por que? - disse tentando não parecer irritada, mas era impossível.
- Ora, eu vim contigo, e achei que deveria voltar também. - sua mão já não estava mais em meu braço, estava em meu pulso, com seus dedos tocando levemente minha mão e eu tentei ignorar o quão incomodo aquele toque era pra mim, sem ao menos entender o por que.
- Não viaja, você veio comigo porque estava lá em casa. Não tenho a obrigação de te levar, não sou sua babá. Além do mais, eu estou indo agora e não posso esperar você cansar de se divertir feito um idiota com a Cláudia. - certo, essa ultima frase não soou como eu queria, e ele percebeu isso, começando a rir e ao mesmo tempo me olhando confuso. - Se me der licença... - Passei pela porta a fora. O vento estava muito mais gelado do que na hora em que chegamos e eu não tinha sequer um casaco ali comigo.
- Anahí, me espera! Eu vou com você! - Ah não. Alguém joga um tijolo na cabeça dele por favor? Ele é muito chato!
Me virei para ele.
- Poncho, por favor, nem sequer sei onde mora, peça para outra pessoa te levar. Peça a Claudia. - disse calma e suplicante. Eu já estava cansada e de saco cheio também de olhar pra cara desse garoto o dia todo. Me cansava cada má resposta que eu tinha que dar.
- Ela não pode e na verdade eu não quero ir com ela, por isso nem pedi. - Eu parei, suspirei novamente tentando espantar toda a irritação que eu estava sentindo e cedi.
- Certo, - revirei os olhos - Entra logo nesse carro antes que eu me arrependa.