Fanfic: Nova Chance | Tema: Rebelde - Ponny - Pouco Vondy e Chaverroni

De volta a estaca zero.

Era assim que Anahí e Alfonso se sentiam.

Samuel foi embora dois dias depois mesmo com os protestos de Julie, mas não antes de passar um dia com Anahi na piscina dos Puente tentando distraí-la. Antes de ir embora, quando lhe deu um beijo na testa, ele só a olhou fundo nos olhos.

-Foque no seu filho, é disso que você precisa baby! - Anahi assentiu concordando com o amigo e então ele se virou pra Julie que tinha os olhos marejados.

Ele balançou a cabeça em negação antes de puxa-lá pela mão ao seu encontro e logo depois aperta-lá em seu abraço - E você se cuida, peste!

-Você sempre me abandona Samuel, eu te odeio! - Disse fungando.

-Eu estou com você pra sempre anã, te amo. - disse se despedindo de Julie e logo depois de Dave.

As coisas poderiam ter ficado calmas a partir de então, mas Anahi não queria sequer pensar em Alfonso.

Anahi não mandava mais nem e-mails durante as reuniões com emoticons e falando mal de alguns acionistas. Ele a via sendo educada com ele, simpática até, mas não pareciam nem de longe que os dois haviam vivido uma linda história de amor nos últimos quatro anos e que agora eram pais de uma criança linda como Miguel.

Se não fosse pelos olhos dela, até ele acreditaria que eles não tiveram nada. Vez ou outra, Anahi não conseguia manter o foco como vinha fazendo e ele a flagrava o observando com o olhar perdido em algum pensamento e isso o fazia se sentir menos mal, até que ela percebia o que estava fazendo e fingia que ele nem existia.

Foi quando ele deixou a cidade por alguns dias, indo para Nova York resolver alguns problemas na nova empresa que ele havia comprado, afim de desmancha-lá e então investir o dinheiro na empresa fornecedora de petróleo na qual ele agora tinha ações. Era muita coisa e na cabeça de Anahi aquilo poderia demorar.

Quando ele foi, ela sentiu um misto de alívio e saudade. Ela estava cansada de ser quem era, e sua história com Alfonso estava fazendo com que ela se perdesse e era nisso que pensava toda vez que sentia vontade de ligar para ele.

Decidiu focar em Miguel. Julie havia deixado ela terminar de arrumar o quarto do neném, e Anahi fez tudo o que podia para deixar tudo impecável para seu bebê da melhor forma possível.

O único problema foi o desaparecimento de Clarisse. Ela não voltava para Seattle e isso já estava preocupando a todos, mas Julie afirmava que a senhora tinha ligado avisando que chegava antes da chegada de Miguel, que seria naquele sábado, uma vez que os médicos haviam deixado o pequeno em observação uma semana a mais que o previsto.

E então dessa vez Julie havia ido embora. Não era definitivo, seria apenas por dois dias, mas era o suficiente para Anahi protestar. Precisava da irmã mais do que ela imaginava naquele momento, mas a empresa precisava de Julie e Dave urgentemente, não dava para fazerem muita coisa de Seattle neste caso, então os dois pegaram o vôo com Brad, que estava frequentando uma escola de Seattle há alguns meses, mas agora estava de férias.

Anahí estava com os fones de ouvidos naquele fim de tarde, com um short azul e camiseta branca, arrumando as roupas de Miguel em seu closet quando seu telefone tocou. Era Alfonso.

-Alô.

-Oi Anahí, sou eu, desculpa ligar no seu telefone pessoal, só liguei pra saber se confirmaram a saída do Miguel do Overlake.

-Ah sim, eles mandaram ir buscá-lo pela manhã, graças a Deus esse martírio vai acabar.

-É, ainda bem. - houve um silêncio na linha por um longo tempo deixando Anahi agoniada. Alfonso sabia que Miguel estava prestes a ser liberado - Annie, você está bem?

Anahi engoliu em seco, aquela voz que soava do outro lado da linha era parte de sua maior perdição, e naquele momento era só nisso que ela conseguia pensar, até ele cortar suas asas com o que veio a seguir.

-Estou bem sim. - Mas poderia estar melhor, disso ela sabia.

-Quando eu voltar, vamos ter que ver como ficarão as coisas agora que Miguel vai pra casa. Eu também fiz um quarto pra ele.

-Você fala isso por...?

-Porque precisamos nos ajustar Anahi, quero falar sobre guarda compartilhada. Quero meu filho perto de mim.

O coração de Anahi quase parou naquele instante.

Miguel era tudo que ela tinha naquele momento para alegra-la. Ele era tudo pelo qual ela podia lutar que nunca seria uma causa perdida.

"Anahi não seja ingênua, ele vai querer a guarda do Miguel. Ele é o pai, não se esqueça disso, e ele vai ter direitos."

As palavras de Julie ainda atormentavam Anahi quando ela conseguiu responder, odiava resolver as coisas por telefone mas Alfonso podia saber que não queria nada fácil - Tudo bem, quando você voltar então. Mais alguma coisa?

-Não. - Anahi nesse momento pôde imaginar Alfonso bagunçando os cabelos enquanto conversavam. Às vezes ele não conseguia se segurar quando estava ansioso ou nervoso com algo e bagunçava os cabelos até na empresa, desmanchando o topete feito e fazendo com que Anahi ficasse rindo dele.

-Bom, então se era isso ... Boa tarde Alfonso.

-Boa tarde Anahi. - disse ele antes de ficar em silêncio mas ainda na linha - Anahi.

-Oi, estou aqui - disse ela e esperou, mas só o que ouviu por alguns segundos foi a respiração falha dele.

-Nada, esquece. Até mais. - disse apresado.

E então desligou.

Desligou deixando aquela abertura mais uma vez no coração de Anahi, como em toda vez que conversava com ela.

Anahi se olhou no grande espelho no canto da parede logo ao seu lado. Seu reflexo estava longe de ser como o da Anahi de meses atrás, mas ela ia lutar para ficar tudo bem.

-Não me deixe cair em tentação meu Deus.

Mas parecia que não tinha ninguém lá em cima preocupado em ajudá-la a esquecer Alfonso. Isso não ia acontecer.

Anahi se olhava em um grande espelho no quarto cheio de jornais espalhados pelo chão e os moveis todos fora do cômodo ou cobertos com plásticos. Tentava tirar uma sujeira de tinta branca de sua testa quando sentiu braços fortes que ela amava tomarem sua cintura. O reflexo de um Alfonso de camiseta sem mangas, bermuda e um boné pra trás tomaram conta do reflexo no espelho atrás dela.

-A gente não vai conseguir pintar esse quarto até a noite, você já percebeu isso né?

-Hmm, e dai? A gente pode dormir no outro quarto! - disse ele a beijando no pescoço enquanto ela protestava sem força alguma. O corpo de Alfonso colado ao seu a esquentou e ela sentiu seu corpo arrepiar enquanto ele a beijava e mordiscava a orelha. Ela parou de protestar - Já disse que você fica linda assim, de shortinho, cabelo preso...

-Suja de tinta! - disse ela e os riram.

-Até com tinta na cara, você fica perfeita...Gostosa. - respondeu ele dessa vez a virando para si, e suas mãos foram passearam pelo corpo de Anahi até se deterem na bunda dela. Anahi gostou daquilo.

-Você é um tarado! - disse sorrindo - E eu amo isso!

-E eu amo é você!

Então Alfonso a ergueu do chão, que logo prendeu as pernas em volta dele. O beijo que aconteceu ali, ela sabia que ficaria guardado pra sempre em seu coração. Era tudo tão simples, tão fácil, alegre entre os dois naquela época!

Tudo fluía da forma que deveria ser: Amor, amizade e tesão.

Sujos de tinta os dois nem ligaram que estavam destruindo todo o trabalho que tiveram mais cedo quando Alfonso a jogou contra uma das paredes, se insinuando contra ela sem cortar o beijo.

Não aconteceu nada demais naquele dia, Anahi não deixou, mas a lembrança do corpo dele junto ao dela foi o suficiente para Anahi se sentir quente quando voltou a si, ainda mais agora que ela conhecia cada parte do corpo dele, sabia do prazer que ele lhe dava.

O que eles tiveram agora não passava de lembranças.

-Anahi? - disse Julie entrando no quarto de Miguel e encontrando a irmã parada olhando para o nada.

-Ah, oi, desculpa! Estava ... Distraída. - disse se recompondo e indo abraçar a irmã. Foi um abraço de alguém que estava precisando de colo, e Julie percebeu isso, tendo a confirmação de que estava certa, quando tirou os óculos escuros para observar Anahi. Seu coração se apertou pela irmã.

-Pensando nele, melhor dizendo. Estou certa?

-E quando não está Ju? - deu um sorriso fraco - Esses dias têm sido mais difíceis. Miguel está prestes a vir pra casa e nós vamos ter que lidar com o fato de não ter Alfonso conosco.

-Anahi, você tem certeza que é isso que quer? Me desculpe mas é muita ingenuidade de vocês acharem que podem esquecer um ao outro. É muita burrice na verdade. Por que não conversam e voltam logo? Isso já deu o que tinha que dar.

-Não dá Ju, não mais. Talvez, há um tempo atrás fosse mais fácil, mas eu fiz uma escolha quando terminei com ele e eu não sabia onde tudo isso ia dar. A culpa disso tudo, de como está hoje foi minha, mas agora com o Miguel, eu não vou arriscar mais nada. Ele mesmo disse que por ele, pelo Miguel, que não ia mais arriscar. Acabou.

-Tem certeza? - disse Julie com as sobrancelhas erguidas mas um olhar penoso. Odiava o que Anahi fazia consigo mesma. Essa história de esconder os problemas parecia muito com ela quando mais nova, principalmente quando foi traída pelo ex. Ela havia virado outra pessoa até Dave entrar em sua vida e lhe tirar do sério. Não queria que Anahi virasse ela, e não queria que entrasse outra pessoa na vida de sua irmã, ela precisava era de Alfonso como ele precisava dela!

-Não é o que eu quero Ju, é o que eu preciso! É o que Miguel precisa! Tudo vai ser mais fácil se eu me manter neutra quanto ao Alfonso, não quero ser uma maluca como a Perla e minar a relação do Alfonso com o Miguel como ela faz com o
Ian. Entende o que quero dizer?

-E você entende que o Ian não é filho do Alfonso não é?

-Isso é o que você, ele e os outros dizem. Mas a verdade é que Ian é filho dele sim Julie! Não tem como não ser, eu conheço o menino.

-A sua percepção de verdade é péssima, pois a verdade mesmo é outra. Alfonso pode provar!

-Como? Alfonso pode provar? - disse Anahi dessa vez intrigada. Julie praguejou para si mesma. Às vezes ela pecava pela boca, mas tinha que aprender a ficar calada. Isso era algo que Alfonso tinha que resolver. -Julie, você está sabendo de algo?

-Não, não estou - mentiu - E se eu soubesse não te falaria. Eu só sei que Perla é uma golpista, e você uma trouxa por ter deixado ela te separar do Alfonso. Mas nunca é tarde demais Annie, então pense bem no que quer, mas dessa vez de verdade, e sem desistência. Alfonso erra mas ele nunca teve dúvidas sobre você. E eu odeio te ver assim minha querida, você precisa dele! - disse abraçando a irmã mais uma vez - Pense nisso. Ele está pra chegar em Seattle, o surpreenda.

-Julie - disse apertando a irmã mais ainda, mas não iria chorar. Não queria mais chorar.

-Você vai ficar bem nerd. - disse afagando os cabelos de Anahi e se afastando calmamente - Agora eu vou ir tomar banho e deitar. E depois que tudo isso passar Anahi, nós vamos conversar sobre o que está acontecendo aqui.

-Como?

-Vocês pensam que me enganam, mas eu sei que você e mamãe não estão bem. Vocês podem me contar por livre espontânea vontade, ou eu posso perder a paciência e descobrir eu mesma o que está acontecendo.

Anahi gelou antes de se recompor da surpresa e se endireitar, assumindo uma posição de ataque - Não está acontecendo nada, então se não tiver nada para fazer, pode perder seu tempo optando pela opção dois.

-Muito boa essa. Fica bem nerd, que eu vou ali conseguir o que quero depois do meu banho. Te amo.

E assim Julie saiu.

Naquela noite Anahi não conseguiu dormir. Se sentiu sufocada durante o jantar com sua família toda reunida prevendo estar bem quando na verdade sua irmã estava desconfiando que algo ali estava errado. Ela queria uma solução para as coisas que estavam acontecendo porém ver Julie tão perto da verdade a fez pensar se ela realmente queria que tudo viesse à tona. Tudo bem, quem sabe ela se sentisse aliviada por não te guardar isso pra ela, ainda mais agora que senis que não podia mais desabafar com Alfonso sobre o que quer que fosse. Mas e depois? Como tudo ficaria? Anahi sabia que tinha muito do seu pai em si mesma, portanto tinha uma chance dele e sua mãe se separarem. Ela queria isso? Sua mãe tinha realmente alguma culpa?

Existe uma grande diferença sobre o que é dito e sobre o que aconteceu às vezes e no fundo Anahi só não conseguia manter o coração aberto para a mãe naquele momento porque no fundo suspeitava que talvez fosse esse o caso. Talvez houvesse uma diferença entre o que ela tinha dito e o que realmente tinha acontecido. Recaídas acontecem não?

Não conseguiu mais ficar na mesa junto à sua família a partir de então. Não pensando nas coisas que estava pensando. Educadamente disse que estava sem fome e cansada e iria subir para dormir.

Depois de uns trinta minutos no qual já estava deitada, conversando com Dulce e Maite no telefone, Julie bateu na porta de seu quarto, entrando logo em seguida.

-Acho que eu vou ter que passar a trancar essa porta se quiser continuar morando aqui.

-Então não more aqui! Volte para a sua casa e do Alfonso! Você, ele, Miguel, todos serão muito mais felizes. - Luna! Acrescentou Anahi em pensamento.

-O que você quer? Veio aqui só pra me infernizar? Sério?

-Eu disse que viria. Eu quero saber o que você e a mamãe estão escondendo!

-Não estou escondendo nada! É tão difícil entender isso? Eu só quero dormir! Me deixa!

-Então vai ser assim? Eu vou ter que descobrir sozinha? Só leva mais tempo, mas eu vou ficar sabendo do mesmo jeito! É isso o que quer? - Julie falou séria. Foi o que Anahi precisou para explodir aquela noite.

-Você quer saber de uma coisa - disse se endireitando na cama em um movimento brusco - Tem algo sim! Mas eu não vou te contar! Não é obrigação minha! Mas se você quer, vai lá, descobre! Mas você não vai ficar feliz! Seu mundo está ótimo do jeito que está Julie! Você não tem defeitos não tem problemas! A sua vida tem sido concertar os meus erros, ajudar nos meus dilemas! Você não vai querer pegar esse para si, você vai sofrer. Como eu estou! Ou você acha que mamãe e eu estamos assim porque quero? Porque adoramos um drama?

Anahi terminou e parou, observando Julie estática. A irmã parecia não acreditar no que estava ouvindo. Era uma mistura de susto e incredulidade com ressentimento.

-Tem razão. Minha vida é perfeita. Por isso vivo tentando ajudar para que a sua também seja, mas não adianta. Mas você acha que foi fácil estar onde estou hoje? Passei por poucas e boas Anahi! Ir contra meus pais para fugir de Seattle, ser traída da pior forma possível, perder o vovô, ser parte de uma aposta de um cara pelo qual eu havia me apaixonado ... Eu precisei melhorar em muita coisa Anahi, para estar onde estou hoje. Minha vida está perfeita, porque eu me abri, perdoei, tentei abrir mão de medos que me acompanhavam fielmente. Esta perfeita porque eu fiz acontecer.

Anahi absorveu cada uma das palavras de sua irmã antes de prosseguir - E é justamente por isso, que eu acho que você não deve ir atrás disso. Você não precisa voltar a estaca zero. Mas se é o que quer Ju, vai em frente, mas não vai ser com minha ajuda. Ninguém precisa saber disso ainda. Me desculpe pela grosseria.

O silêncio pesou e Anahi soube que a irmã estava analisando a possibilidade de deixar pra lá. Ou já sabia como descobrir tudo. Lentamente ela se levantou, abrindo a porta para Julie sair e assim que a irmã o fez, ela trancou a porta, se apoiando nela logo em seguida. Tudo parecia tão errado.

E foi assim que ela caiu no sono.

-Mãe! - gritou uma voz doce. Anahi estava na cozinha tomando café da manhã quando se viu respondendo a voz que ouvira.

-Na cozinha filha!

-Mãe, o que faz tomando café aqui? E sozinha? Você e meu pai brigaram foi? - disse uma jovem alta, morena com os olhos cor de mel mais lindos que ela já vira. O cabelo preto era ondulado nas pontas, o olhar risonho para ela lhe fez cair em si no mesmo instante. Luna!

-Luna? - disse incrédula. E aquele foi o único sinal de uma Anahi antiga que havia parado em um tempo diferente. A Anahi que estava ali agora sabia de tudo que havia acontecido em sua vida.

-Meu nome! - disse rindo - E aí, cadê o senhora ranzinza? Não me respondeu se brigaram. - disse a menina pegando uma maçã no balcão onde Anahi estava e se sentou junto com ela. Anahi olhou para o lado e viu seu reflexo no vidro logo à frente.

Ela havia envelhecido. Era a mesma Anahi, disso ela não tinha dúvidas, mas aparentava ter uns quarenta e poucos anos. Aquilo a chocou! Como não tinha visto o tempo passar?

-Não tem ninguém brigando aqui. Você agora uma bagunça eim Luna? - disse Alfonso entrando na cozinha. Alfonso estava lindo! Tinha alguns cabelos brancos já evidentes em seu cabelo, mas pareciam mais parte de um charme. É aquela duas entradinhas de cada lado em seus cabelos pareciam aparecer mais agora mas ainda sim, era um gato de tirar o fôlego. Anahi riu. Parecia que estava havendo uma confusão - Por que estão aqui? - disse se aproximando de Luna e dando um beijo na testa da moça. - Bom dia minha princesa. - Luna sorriu com o carinho e deu um breve abraço no pai. Era uma cena linda.

-Bom dia velhinho - respondeu a menina quando ele apertou o nariz dela a fazendo franzir-lo - Mamãe não está bem! - disse dando de ombros.

-Eu estou bem! - protestou Anahi quando Alfonso lhe deu um beijo.

-Aconteceu alguma coisa amor? - perguntou ele sentando do lado dela e de frente para Luna que a essa altura já havia cedido o espaço para seu pai.

-Eu não vou repete que estou bem! - respondeu Anahi fingindo uma careta brava. Os dois riram e Luna revirou os olhos.

-Eu estou me sentindo abandonado! - disse outra voz, dessa vez masculina, entrando na cozinha. Um rapaz de olhos verdes, calça jeans e uma camisa social azul escura senta-se ao lado de Luna, óculos escuros e carteira na mão . Parecia não ter dormido a noite, mas ainda era um jovem lindo, cabelos negros e uma bela cara de indignação, aparentando ter dezenove ou vinte anos no mínimo. - Procurei vocês e não achei. Estão se escondendo de mim? - disse em uma falsa indignação.

-Posso saber onde o moço passou a noite? Isso não são horas de chegar em casa! - disse Luna.

-Pai, explica pra ela como funciona. - disse o rapaz com cara de deboche para a menina. Anahi balançou a cabeça em negativa.

-O Miguel é homem Luna! - disse Alfonso simples e calmo. Ao contrário de Luna.

-Ah é? Só porque ele é homem ele pode fazer o que quiser? Você custou a me deixar sair para uma balada! Tá vendo que isso é injusto?

-Não, não é. Você é minha princesa, precisa de cuidados. Existem muitos caras sem nada na cabeça nesses lugares onde você gosta de ir. Pena que não posso mais te impedir.

Anahi e Luna reviraram os olhos juntas e Alfonso riu enquanto Miguel se afundava na cadeira onde estava. Provavelmente estava com dor de cabeça.

-hm, caras sem nada na cabeça? Tipo como seu protegido aqui e o mulherengo do Brad? - disse Luna dando tapinhas nas costas de Miguel e erguendo as sobrancelhas para o pai, imitando um gesto tão dele. Anahi riu.

-Ei! Eu sou responsável!

-Pronto! Começou! - disse Anahi suspirando cansada antes de dar de ombros e as farpas habituais entre Luna e Miguel começarem.

Era até engraçado porque eles nunca realmente brigavam. Luna e Miguel eram praticamente um só. Quando um ficava mal, o outro também ficava, mas davam um jeito de fazerem um ao outro ficarem bem. Eram mais que irmãos, eram amigos. E os dois sempre acabavam rindo um do outro.

Luna só não gostava da amizade de Miguel com Brad. Ela achava o primo uma péssima influência para seu irmão e os dois não vinham se dando bem. Mas isso era algo para depois.

Naquele momento, Anahi só queria se aconchegar nos braços de seu marido que ainda era um verdadeiro príncipe e observar seus filhos e pensar no quanto eles cresceram rápido. Era isso que importava.

Sua família era feliz!

E ela era mais ainda.