Me sentei na poltrona pensando se deveria ou não ligar, enfim, disquei o numero de Kevin. Ele atendeu no primeiro toque.
- Oi amor - eu disse calma e devagar.
- Olha, me desculpa despejar tanta noticia assim pra cima de voce, sério, eu não ...
- Tudo bem, mas acho que, precisamos conversar. - fiquei em silencio por dois segundos antes de prosseguir - Você pode vir aqui em casa?
- Claro, estou indo ai agora . Vou desligar, tchau.
E antes que eu dissesse mais alguma coisa, ele desligou, parecia confuso pela sua voz. Sabia pois suas palavras saiam meio cortadas, mas não me foquei nisso, apenas desci e iria fazer um lanche quando encontrei minha mãe chegando e fui para a sala.
- Achei que ia ficar o dia todo no quarto. - Disse ela colando sua bolsa no sofá.
- Achei que voce não iria trabalhar hoje. - eu disse irônica.
- Ah, tudo bem, comece, jogue pra fora o que esta entalado ai.
- Não mãe, não tenho nada pra falar - eu mudei meu tom de voz dando abertura pra uma reconciliação - Na verdade, já esta tudo bem, não tem problema. - ela ficou em silencio por alguns segundos, acho que tentando entender minha calma.
- Ah meu amor, mas eu sinto tanto ... - o interfone tocou e eu a cortei.
- Esquece mãe, ta tudo bem ok? Agora eu vou indo, deve ser o Kevin, já já eu volto.
A porta já havia sido aberta por Dolores, e então quando sai, ainda com a mesma roupa que tinha ido a escola, me dei conta de que ele perceberia que passei o dia em desespero,dormindo e quase chorando, mas lá estava ele do mesmo jeito também, apenas havia colocado uma jaqueta . Não esboçava nenhum sorriso e estava com o cenho franzido, mas não era pra menos.
- Oi amor. - ele disse aparentemente desconfortável encostado na porta.
- Venha, vamos sair daqui. - eu disse passando porta a fora, na frente dele, e então ele apenas me seguiu em silencio, atravessando a entrada da casa com um jardim estupido, num dia mais estupido ainda , cheio de coisas estupidas. Eu entrei no carro, e ele logo em seguida.
- Pra onde vamos?
- Pro parque em frente ao Rosy`s . - eu disse.
- Ok.
Ele não disse mais nada, e eu tampouco ,e claro, o silencio era desconfortável, porem não havia raiva , nem hostilidade no ambiente, apenas um silencio de quem estava pensando que poderia perder a pessoa que mais amava. Quando chegamos eu sai primeiro e o vi suspirar antes de sair, então fui em direção ao nosso banco, onde sempre sentávamos, quase todas as noites, apenas pra olhar pro céu, conversar, namorar, e também, discutir.
Ele se sentou e olhou pra frente como se não quisesse me olhar nos olhos, e eu fiz o mesmo.
-E então? - ele falou
- O que? - eu respondi calmamente.
- Acaba logo com isso, fala o que você veio fazer. Quer dizer, antes, eu queria dizer - então ele se virou sentando de lado e virado pra mim e olhou nos meus olhos, e então eu desarmei - olha, queria dizer que ... eu te amo de verdade e eu não quis te enganar, eu juro, eu achava que essa minha vaga sairia muito mais pra frente sabe, achei que então, já teríamos terminado o colégio, e iriamos juntos,sério, não achava que ia ser assim, pensei que tudo sairia no tempo correto e faríamos como planejamos - eu só o olhava, tentando ser alheia ao fato de que poderia começar a chorar a qualquer momento - Mas mesmo assim, eu vou entender a sua vontade, de verdade, eu entendo que você queira terminar e tudo mais, só que ... - e então eu despertei pra vida.
- O QUE? AFF Kevin, eu não vim terminar com você seu idiota. - eu sorri e me lembrei do que Julie falou " Você não pode brigar com Kevin ,quem sabe você não consegue adiar a ida dele até o fim do ano que vem e ai você também poderá ir." e ela estava certa. Kevin me olhou surpreso e soltou um sorriso de orelha a orelha.
- Não? - e o sorriso me derreteu de novo, mais uma vez.
- Não seu bobo- eu sorri e segurei seu rosto em minhas mão nos aproximando - Não posso largar o cara mais lindo do mundo! Alias, se eu fizesse isso , eu ia perder o posto de namorada do cara mais popular da escola, e eu não quero isso, jamais.
Ele me deu um selinho e sorriu sínico e descontraído - Então quer dizer, que você só esta comigo por isso?
- É, ou voce acha que eu gosto de você? Que sonho esse seu eim?
- Eu não acho. Na verdade - selinho - você me ama - selinho - disso eu tenho certeza.
E então eu o beijei sem sequer segurar o sorriso, sentindo apenas como era bom estar ali junto com ele, e queria que fosse pra sempre. Então, faltou o oxigênio e nos separamos e eu me aninhei em seu peito enquanto ele passava os braços pelos meus ombros .