Dulce e Christopher desfizeram nossas duplas, dizendo que queriam sentar juntos e que nós dois provavelmente também íamos querer isso. Não protestei, apenas puxei Alfonso para o fundo da sala, pois queria me esconder e dormir. A sala estava cheia e eu sentei no ultimo lugar, bem no canto, com Poncho do meu lado na carteira. Ele me deu sua blusa de frio e me disse para cochilar que qualquer coisa me chamava. Dobrei meus braços sobre a mesa e fechei os olhos, mas comecei a sentir o cheiro de Poncho na sua blusa, e eu me sentia um pouco embriagada, mas sem dizer nada, ele começou a acariciar meus cabelos com a mão esquerda enquanto olhava para o professor, acabei cochilando. Ele me deixou dormir até o fim da aula.
Quando eu sai da minha terceira aula com Christian, tomei um susto ao ser puxada quando sai pela porta. Quando olhei para a pessoa era Poncho, todo sorridente me puxando pela mão. Christian estava ao meu lado.
- Ai Deus, vocês já estão nessa possessividade? Ela sabe andar até o refeitório Poncho - zombou.
- Calado Christian ! - eu o repreendi em tom de brincadeira.
- É, você ouviu a minha Annie. - ele disse divertido, mas só o que eu consegui raciocinar foi "Acostume-se quando eu te chamar de minha, faço muito isso."Poncho havia dito nas férias.
Quando chegamos ao refeitório e nos sentamos um do lado do outro, Claudia apareceu na fila. Poncho pegou minha mão instintivamente e a segurou sobre a mesa, bem no campo de visão dela e de sua fiel súdita Camila. Ela não demorou para perceber e quando saiu da fila veio em nossa direção.
Poncho se aproximou de meu ouvido e disse:
- Se prepare para o show. - eu estremeci, mas respirei fundo e o olhei.
- Eu já passei por isso antes.
Ela chegou até nós, já com um semblante de quem queria se impor, com certo olhar de desdem.
- Poncho, como vai? - ela sorriu maliciosamente e passou o olhar por mim e depois logo para a minha mão, que apertava a de Poncho.
- Bem Claudia e você? - ele disse isso da forma mais formal possível e eu olhei Camila, em pé atras de Claudia com um olhar triste. Senti um tanto de pena, mas me lembrei que era esse mesmo olhar que ela causou várias vezes em minha amiga, então abri um sorriso amarelo.
- Quando você disse que estava envolvido com alguém...Não imaginava que seria a Anahi. - ela voltou sua atenção pra mim com um olhar de desprezo eminente e eu quis rir. - Vocês estão namorando?
- Sim, estamos. Alguma objeção quanto a isso Claudia? - respondi ironicamente. Ela mesma não conseguia disfarçar sua aversão a mim e eu também não iria ser cordial.
- Ah não. Mas achei que ainda amasse o Kevin! Alias Anahi, você vivia por ele não é mesmo? Tentou defende-lo tanto de mim que acabou roubando o meu depois, em outras palavras Anahi ...você é uma hipócrita.
Eu abri a boca para responder em bom tom a provocação daquela insolente, já com a raiva nos meus olhos, quando Poncho interrompeu.
- Olha Claudia, a Anahi não me roubou de ninguém, eu nunca tive nada com você! ELA é a minha namorada, apenas ela e eu já te expliquei isso, portanto não adianta ficar jogando farpas que ela sabe muito bem que entre nós dois nunca houve nada, não é amor?
- Sim. Agora se nos der licença Claudia, queremos lanchar e com você aqui posso ter uma indigestão. - sorri pra ela que saiu soltando fogo pelos olhos, pisando forte no chão, Camila se virou para Poncho e disse séria.
- Você não presta Alfonso! - Balançou a cabeça em sinal de negação e saiu.
Não pude deixar de reparar que tal acusação incomodou Poncho. Eu não o conhecia tanto para ter certeza, mas não acho que ele fosse o tipo que não prestasse, ao menos não mostrava isso para fugir dessa forma das investidas malucas de Claudia e me senti culpada por ter causado isso.
- Me desculpa por isso Poncho.- olhei pra ele lamentando.
- Relaxa, você não tem culpa disso. Só tem culpa de ser bocuda desse jeito, meu Deus, sua lingua escorre veneno quando vê ela! - Disse brincando fingindo um olhar apavorado pra mim, eu bati em seu braço o que lhe fez resmungar e rir depois. - Brincadeira estressadinha - ele beijou minha mão e eu sorri fracamente.