Eu quis voltar pra casa correndo quando o ultimo sinal tocou. Por mais que eu tentasse disfarçar ou dissesse a mim mesma que não era nada demais, eu não conseguia me estabilizar completamente depois daquele beijo que dei em Poncho. Quando juntei minhas coisas para ir embora e soltei um "tchau" para ele na aula de biologia, ele me segurou pelo braço e falou sério.
- Annie, relaxa. Não precisa ficar encanada foi só um beijo. Não foi? - ele olhou com as sobrancelhas levemente levantadas, com sua linha de expressão franzida , mas ainda assim, parecia calmo como sempre.
- Er...foi né? Só que, é estranho, convenhamos. - Eu sorri amarelo.
- Não precisa ficar assim está bom? - ele sorriu carinhoso e me puxou para ele - A gente se acostuma e já já isso acaba. - Ele me deu um beijo na testa, colando-a com a dele em seguida e eu sorri me sentindo mais calma- Nós somos amigos já, nada vai mudar isso. Eu te adoro!
- Eu também metido! - eu dei um soco de leve em seu braço e fui pra casa. Meia hora depois que cheguei, Mai me ligou.
- Amiga, o que foi aquilo hoje? Meu Deus! - ela nem se deu ao trabalho de dizer alô. Maite era direta e reta e eu adorava isso, apesar de me perder as vezes no que ela dizia.
- Do que? Do fora na Claudia? - eu respondi indo para a cozinha.
- SIM! Também, mas eu falo do conjunto todo da obra. Não sabia que a atuação seria tão...profunda! - ela soltou uma risada.
- Do que você está falando Maite? Não fizemos nada demais!
- Não? Olha amiga, eu assisti aquele super beijo que vocês deram. Até EU acreditei!
- Mai - suspirei - Acho que você está exagerando.
- Amiga, eu não estou, quem esta é você, ou o Poncho, ou os dois , sei lá! Aquele beijo foi de língua ou foi impressão minha?
Tá, de todas as perguntas que ela poderia fazer, aquela foi a mais embaraçosa. Como explicar aquilo sem que ela surtasse?
- Er...foi Mai - disse baixo
- MEU DEUS, eu sabia! Amiga, traumei em vocês!
- Han?
- Sério Annie, não pense que to te jogando pra ele, sei que é só um plano, mas hoje, eu fui espectadora de um show de fofura! Eu nunca vi Poncho daquela forma!
De que diabos Maite falava? Que ideias mais sem sentido que ela tinha, meu Deus! Mas eu fiquei curiosa, o que Poncho não fazia que ele fez hoje, claro, alem de forjar um namoro comigo que eu achei que interpretamos exageradamente .
- De que forma Maite?- indaguei curiosa
- Ai amiga, daquele jeito fofo e calmo. O Poncho é muito legal, mas é enérgico ate de mais, em outros termos, não fica quieto num canto e hoje ele não saiu do seu lado, o sorriso dele era mais calmo...ta, eu sei, sou uma boba de reparar nisso, mas acho que a turma inteira hoje focou geral em vocês. Por que não o colégio inteiro assim por dizer. Vocês provalvemente foram o assunto do dia.
Certo, adorava quando minha vida virava assunto naquele colégio, será que ninguém tinha outra coisa pra chamar atenção não? Mas também, era justamente para isso que eu e Poncho estávamos ali, para acharem que estamos juntos, então eu não podia me queixar. O pior é que a cada segundo que se passava, eu achava tal encenação ridicula, porém não fugia dela e muito menos da criança que a criara. As vezes Poncho pensava como um menina, e pior ainda, uma menina de 12 anos.
- Não sei como minha vida vira assunto naquele colégio, sério. Isso é uma tortura! - ouvi Mai suspirar ao telefone, ou ela bufou cansada de ouvir meu discurso habitual que eu ia começar.
- Você não tem noção mesmo do que você é não é Anahi? Sério, você precisa entender, que todo mundo presta atenção em você, mas não é porque tu é bizarra, metida, ou algo assim, mas porque você é linda, é legal com todo mundo, tem as melhores notas das turmas, e agora, tem o namorado mais cobiçado do colégio. Teoricamente e isso não é ruim, entenda isso.
Eu ri . Maite tinha essa mania de enaltecer os amigos, de coloca-los lá em cima, de dizer a todo nós o quanto eramos especiais nisso ou naquilo.
- Obrigada amiga, mas eu realmente não acho que isso valha alguma coisa entende, essas coisas interessam a meninas como a Claudia, não a mim. E sobre Poncho, sim, ele é muito cobiçado, mas achei que Kevin era este cara , não ele e é chato falar disso, mas não consigo deixar de comparar, mesmo sendo uma ex-realidade contra uma mentira atual.
- Ah sim, entendo completamente que não goste disso, mas sobre Poncho e Kevin, são pessoas diferentes amigas, de momentos diferentes na sua vida só que eu arrisco a dizer que Poncho lidera a parada porque no minimo noventa por cento da população feminina do colégio, morreria por um beijo daqueles que ele te deu m
esmo a maioria tendo vergonha na cara ao contrario de Claudia...Ok, espera um minuto amiga...
- Ok - me acomodei em minha cama, ligando o notebook
- Enfim, como eu dizia, sobre os dois...Amiga, ta na hora de esquecer o Kevin e focar em outras coisas. Voce pode não falar muito nele mas eu sei que volta e meia isso fica martelando em sua cabeça, então por favor, deixe o passado como está. Acabou. Ah, e me desculpa, mas eu preciso ir ok? Beijinhos, amo você.
- Eu também amiga, tchau.
Desliguei o telefone e comecei a pensar se Mai realmente não estava certa sobre deixar o passado pra trás. Isso só me enfraquecia , me atormentava e em uma balança de minha vida, eu não podia deixar mais que meus sentimentos pesassem tanto. Eu precisava me divertir, precisava voltar a ser eu, e eu iria.Iria abandonar esse amor que nunca me fez bem algum e deixar que as coisas tomassem rumo por si só dessa vez, sem ele.