Sabe aquela sensação de estar em um lugar tão familiar a ponto de se sentir em casa, mas...você nunca esteve lá? Eu sei mais ou menos o que é isso. Mais ou menos, porque, não era tão bom estar ali. Não mais. Sim, o quarto, era diferente, era maior, era em outro lugar, outra casa, mas era dele! Eu adentrei em um quarto onde eu já conhecia todos os móveis. A cama grande na cor escura, o espelho, a comoda...até os abajures. Ah, o pequeno som que me presenteou durante várias tardes agradáveis com uma trilha sonora escolhida a dedo por mim e por aquele rapaz que um dia foi minha vida. Fui em sua direção e liguei para saber so que tocava na rádio.
"But if you close your eyes, does ir almost feel like nothing changed at all?" (Mas se você fechar os olhos, é quase como se absolutamente nada mudasse?)
Não, com certeza nada na vida deles mudou, apenas na minha. Eu não queria estar vendo aquelas coisas! Porque diabos Lucy me colocou logo naquele quarto?
"Does it almost feel like you`ve been here before?" (Quase parece que você já esteve aqui antes?)
Desliguei o som. Estava agonizante ouvir aquela a musica ainda por cima! Que momento mais inoportuno! Respirei fundo e me sentei na ponta da cama, apoiando os braços em minhas pernas. Eu não queria estar ali, mas a curiosidade, as lembranças de um passado não me deixavam ser lúcida. Me levantei a abri o closet. Como eu imaginava...
Roupas de Kevin. Incrivelmente, eu estava tentando me lembrar de seu cheiro enquanto segurava uma camiseta. A guardei e vi uma preta normal...mas que naquele corpo, me deixava desconcertada com seu tórax marcado e músculos definidos também... E a camisa social azul do dia em que dormimos na cabana...estava ali! A peguei e sem pensar muito a apertei contra mim, tentando estar de novo naquele dia na praia e viver um momento a mais com ele de novo. Me lembrei de nós dois no aniversario de Christian no ano passado.
Eu estava na sacada do quarto de Christian, me escondendo de Kevin, que estava um idiota sendo simpático com a prima do Pollito.
- Anahi? - não respondi . A porta se fecha - Ah Anahi! Sai daí pelo amor de Deus! Que criancice!
-Criancice? Vai a merda Kevin! Você já está me dando nos nervos. - Ele se aproximou de mim, o virando para si.
- É sim! Que droga Anahi, quando é que você vai crescer?
- NUNCA! - Protestei o afastando, mas ele impediu.
- Olha, quantas vezes eu terei que te dizer, te mostrar, que eu tenho você! E com você, nada mais me importa! Eu te amo, muito, acredita e mim pelo amor de Deus! - eu não respondi de imediato me lembrando da prima do Christian sorrindo para ele enquanto conversavam animadamente.
- Eu... - eu disse com lágrimas . Ele me abraça, afagando meus cabelos antes que eu continuasse.
- Shii, calma meu amor. Me escuta ...Eu não gosto de te ver com esses ciumes - sua voz era tão calma que me fazia voltar ao normal - Eu acho que é uma coisa de criança e fico chateado com isso. Eu que deveria sentir ciumes de você! Já viu o quanto o amigo do Ucker ta te secando? - eu assenti - E eu to bravo com você?- neguei - Não! Viu? - eu não falava, não queria falar , só queria aperta-lo mais em mais em meu abraço - Você precisa parar com isso meu amor. Eu amo é você. Eu quero é você! Não há nada e ninguém nesse mundo que vai mudar isso e eu vou ficar com você pra sempre, porque você é minha Anahi, e eu não tenho medo de te perder para ninguém...e se alguém o tentar, vou lutar por você.
Que ironia aquele "pra sempre". E a cada vez que eu sentia só um pouco de ciumes, ele armava esse circo, e eu caia em seus braços ...
- Por que está rindo Poncho?
- Estou rindo de você com ciúmes. Fica linda brava, já te contei isso?
Sem eu sequer o chama-lo, lá estava ele, no meio de minhas lembranças bagunçadas...É automático sorrir. A forma com que ele me provocava quando eu tinha ciumes, as piadas, o sorriso...Como são diferentes! Como eu queria Poncho aqui para me abraçar e dizer que vai ficar tudo bem, que ele está aqui...