Fanfics Brasil - A floresta negra de Hellysh Silver Hair

Fanfic: Silver Hair | Tema: Fantasia, Universo Alternativo, Romance, Comédia, Drama


Capítulo: A floresta negra de Hellysh

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Apressei-me para chegar logo em casa. Apesar de que aquele balde cheio d’água estava consideravelmente pesado, e quase cai algumas vezes. O sol já estava alto no céu, o que indicava que já era quase meio-dia. Mamãe devia estar acabando o almoço, e tinha pedido para que eu trouxesse água. Até porque, logo após as doze horas, Yaiken estaria chegando depois de oito meses. Semanas atrás, ele havia nos mandado um carta de Falyndell, onde ele esta servindo como guarda do palácio, dizendo que logo estaria em casa novamente. Mamãe e eu mal pudemos acreditar, e estávamos esperando pelo dia de hoje. Yaiken poderia ser um irritante na maioria das vezes, mas ainda era meu irmão mais velho. Ele e nossa mãe eram a minha única família e companhia.


Morávamos em um vilarejo afastado por alguns dias de viajem de Falyndell, o reino humano. Por isso não havia muitas pessoas com a mesma idade que eu para me relacionar. Éramos simples, mamãe era uma mercadora que vendia maçãs que cultivávamos no nosso pequeno terreno. Meu pai já se foi há alguns anos, mas pelo que me lembro dele, e pelo que me contaram, ele era médico.


                Pude sentir de longe o cheiro delicioso da comida que mamãe preparava, mas não pude reconhecer o que era. Tentava adivinhar quando sem perceber, trombei com alguém, e o balde que me esforçava a levar, quase caiu.


                -- Quer uma ajuda?


                Reconheci a voz masculina, e em seguida a camiseta surrada que aquela pessoa vestia. Olhei para cima meio hesitante, e encontrei os familiares olhos escuros e a barba por fazer em volta daquele sorriso. Ele pegou o balde pesado das minhas mãos cansadas, e levantou-o com quatro dedos, como se zombasse da minha falta de força.


                --- Yaiken! --- Exclamei.


                --- Yo, baixinha!


                --- O que você esta fazendo aqui? --- Perguntei.


                --- Eu resolvi chegar um pouquinho mais cedo.


Estava sem palavras. Só o observava com uma cara de boba surpresa. Não o via a tanto tempo que era estranho olha-lo de novo.


--- A mãe pediu que levasse essa água?


--- Sim. Vamos logo.


                --- E ela como esta?


                --- Esta bem. Esta muito ansiosa para te ver.


                --- Eu também estou! Aliás... --- Olhou-me --- Parece que você não é mais baixinha, não é? --- Passou a mão sobre a minha cabeça, bagunçando totalmente meus cabelos. Geralmente eu ficaria furiosa com isso, mas esse não era o caso. Porque eu estava realmente feliz por ver aquele idiota de novo. Reparei que ele não tinha mudado nada. A postura, o jeito bobo, o cabelo um tanto bagunçado. Até mesmo a velha espada simples que estava carregando nas costas era a mesma de quando ele saiu de casa meses atrás. Mas parecia ter um brilho diferente em seus olhos. Um brilho de ganho de experiência, ou maturidade.


Encontramos mamãe distraída no fogão, enquanto preparava a refeição. Entramos sem que ela percebesse. Yaiken deixou o balde sobre a mesa, e vagarosamente se aproximou dela.


                --- Cheguei. --- Disse baixo, mas já foi mais do que o suficiente para que mamãe se assustasse. Ela virou-se surpresa por vê-lo do seu lado. Olhou-o sem saber o que dizer --- Que coisa! Eu finalmente te vejo, e você não tem uma única palavra para o seu filho? --- Brincou enquanto sorria.


                Mamãe abraçou-o com toda a vontade que acumulou por todos os meses de saudade e preocupação. Ela tinha pouco mais de quarenta anos, mas o desgaste do seu trabalho que ela tinha para manter-nos, a envelhecia, fazendo aparecer algumas rugas e fios grisalhos. Porém, naquele instante, ela parecia rejuvenescida.


                --- Você chegou mais cedo do que esperávamos. --- Disse ela, desenrolando o filho do abraço apertado.


                --- Quis fazer uma surpresa. --- Falou com um sorriso travesso.


                --- Que coisa! Você sempre dá trabalho! Não é, Aryn? --- Ela se dirigiu para mim.


                --- É verdade!


                --- Não quero ouvir isso de você, cabelos brancos! --- Yaiken zombou de mim dando um peteleco na minha testa.


E sim. A cor do meu cabelo é... Estranha. Sempre o detestei, até porque, eu era a única da família com aqueles fios claros. Yaiken, minha mãe, e pelo que sei meu pai também tinha cabelos negros. E quando digo “claros”, Não significa que são loiros quase brancos. Eles realmente são prateados. Bem longos e prateados. É estranho, apesar de eu detesta-los, não consigo corta-los. Toda vez que penso em torna-los curtos, sinto com se não devesse fazê-lo.


                --- De qualquer forma... --- Falou mamãe --- Você deve estar cansado. Vá até o seu quarto e relaxe um pouco.


                --- Você não precisa de ajuda? --- Yaiken apontou para as panelas fervendo nosso almoço sobre o fogão.


                --- Esta tudo bem! Ficara pronto logo, então Aryn, ajude seu irmão com a bagunça que deve estar ali dentro --- Gesticulou para a bolsa que pesada que ele levava nas costas.


                Fomos até o quarto do meu irmão, que mamãe cuidava para manter limpo desde que ele saiu de casa.


                --- Ah... Que nostálgico... --- Deitou-se espalhafatosamente na cama --- Como senti saudade disso tudo...


                --- Ei, ei... Essas coisas são suas não é? Ajude-me a arruma-las!


                --- Certo... Ah! Tenho uma novidade que você vai gostar! --- Falou sorrindo.


                --- O que foi? --- Perguntei curiosa.


                --- Eu encontrei o Kaylon em Falyndell.


                Parei de retirar as roupas de dentro da mochila e olhei para ele.


                --- Sério...?


                --- Sim! Ele provavelmente vai chegar amanhã.


                Abri um sorriso enorme. Eu iria ver o Kaylon! Não nos encontrávamos muito, já que seu pai --- Um antigo amigo do meu pai --- era um ferreiro e viajava muito para vender suas mercadorias, e sem falar que eles eram Elfos, e não é costumes dos Elfos andarem por essa região graças a disputa de território. Mas que sorte poder vê-lo de novo! Conhecíamo-nos desde pequenos, ele tem a minha idade, quinze anos. Ele sempre foi gentil e legal, e era o único Elfo que eu tinha visto. Estava com a cabeça nas nuvens, rodeada de pensamentos felizes só de imaginar que o veria amanhã. Talvez devesse fazer algo delicioso para ele comer.


                --- Se você cozinhar algo para ele, provavelmente vai mata-lo intoxicado. Ninguém vai querer casar com você desse jeito...! --- Yaiken zombou de mim como se tivesse lido minha mente. Odiava ser tão transparente para ele!


                --- Isso não te interessa! --- Gritei brava.


                --- Aryn, Yaiken, o almoço esta pronto! --- Mamãe chamou da cozinha.


                Ah! A comida da nossa mãe era tão boa que eu até esqueci que estava nervosa. Depois da refeição ela pediu que eu fosse colher algumas maçãs das arvores mais jovens. “É isso! Torta de maçã! Kaylon disse que adorava!” Pensei feliz enquanto voltava com a cesta lotada de maças bonitas e vermelhas. Mas quando fui entrar em casa, percebi um clima estranho, e encostei-me na parede do lado de fora para escutar o que mamãe e Yaiken conversavam.


                --- Você terá que voltar logo? --- Ela perguntou triste.


                --- Na verdade... Não é só uma visita. Em uma semana alguns outros guardas de Falyndell também estarão aqui. Para ajudar a mover as outras pessoas daqui para fora dessa vila.


                --- O que quer dizer? --- Mamãe perguntou preocupada.


                --- A senhora conhece aquela floresta perto daqui, não é? Para onde são mandados demônios, e os criminosos mais cruéis. Qualquer um pode entrar nela, Mas aqueles que possuem magia no corpo, ou uma energia diferenciada, não podem mais sair, graças à barreira que envolve toda a floresta. Mas parece que ultimamente essa barreira esta se enfraquecendo, e ninguém sabe o motivo. Alguns seres de lá estão conseguindo sair. Essa vila é muito próxima da floresta, significa que vocês estão correndo perigo aqui. Eu não vou estar sempre por perto, não vou poder protegê-las. A corte de Falyndell sabe disso, e esta ordenando que as pessoas que moram aqui sejam evacuadas em no máximo uma semana.


                Uma das maçãs que eu levava no cesto rolou e caiu fazendo barulho. Mamãe e Yaiken olharam surpresos.


                --- Aryn...


                --- Não quero ter que sair dessa casa! --- Exclamei triste --- Aqui é onde temos todas as nossas lembranças, onde eu nasci e cresci, onde vivemos com o papai, mesmo que eu não me lembre muito dele... Eu não quero ir embora!


                Mamãe foi até mim, me olhando com ternura e tristeza.


                --- Não podemos fazer nada... Escute, eu também não quero sair da nossa casa... Mas prefiro ter que deixar memórias para trás do que colocar você em perigo ficando aqui.


                --- Eu posso aprender a lutar e proteger nós duas! --- Falei determinada --- Se o Yaiken me ensinar...


                --- Nem pense nisso! --- Ele cortou minha fala rejeitando minha sugestão --- Você é só uma garota e é jovem demais! Não posso te arriscar deixando você assim.


                Olhei-o com um pouco de raiva. Já havia pedido inúmeras vezes que me ensinasse a manejar uma espada, mas ele sempre negava. Eu imaginei que ao menos em uma situação daquelas, ele aceitaria me treinar.


                --- Ainda temos uma semana. Além do mais, Kaylon esta vindo amanhã, não é?


                É mesmo. Kaylon. Toda a alegria que eu estava sentindo por vê-lo de novo esvaziou-se.


                --- Certo.


                Deixei o cesto com as maçãs sobre a mesa e saí cabisbaixa. Deitei sob a sombra das macieiras bonitas que tínhamos atrás de casa. Logo não poderia vê-las mais também. O vento balançava as folhas e os fios prateados dos meus cabelos compridos espalhados sobre a grama. Fechei os olhos ouvindo o farfalhar das arvores, perdida em meus pensamentos. Um barulho baixo me tirou de dentro da minha mente. E me fez olhar para trás. A impressão de uma sombra passando entre as arvores foi provavelmente minha imaginação. Apesar de não ser a primeira vez que isso acontecia. Bom, não estava com cabeça para descobrir se tinha sido realmente só uma impressão, então deitei novamente, fechando os olhos, adormeci antes que percebesse.


                                                                                             


~*~


 


Minha cabeça doía bastante quando acordei. Cocei os olhos preguiçosos. Soltando um bocejo baixo estiquei meus braços me espreguiçando. Imaginei que horas seriam, e olhei para cima, esperando ver o céu. Mas só pude enxergar um telhado baixo de madeira velha e escura. Olhei em volta assustada. Estava deitada em uma cama velha, ao lado de uma mesinha com uma cadeira gasta. O ar estava terrivelmente abafado, e não pude evitar tossir. Não importava o quanto eu observasse, aquele não era o pomar onde eu havia adormecido, e muito menos minha casa. Levantei-me hesitante, sentindo o corpo um tanto dolorido. Examinava o quartinho, até que meus olhos encontraram algo que chamou minha atenção. Sobre a mesa velha, havia um pequeno cristal sem brilho, parecendo feito de vidro. Imaginei que talvez devesse leva-lo comigo, e com cuidado coloquei-o dentro de um bolsinho do meu vestido branco. Examinando as paredes velhas novamente, achei uma porta.  Empurrando-a com certa força, ela abriu fazendo barulho.


Uma claridade fosca apareceu, e fechei meus olhos por um instante. Comecei a me sentir ainda mais assustada quando vi uma floresta escura e um tanto sombria que se esparramava para onde quer que eu olhasse. Eu nunca tinha visto aquele lugar na vida. Movi meus pés descalços devagar, observando as arvores distorcidas e escuras. O pequeno quarto em que eu acordei, estava tomado por heras. Havia muito cogumelos espalhados pelo chão, assim como gravetos secos. Imaginei que deveria andar um pouco, tentar descobrir onde estava. Caminhei totalmente assustada por alguns minutos. Aquilo era uma floresta, mas não ouvia qualquer som de pássaros. Só os meus passos nas folhas caídas. Mas então, um estalo de um graveto quebrando, olhei para trás assustada. Por entre as arvores, pude ver uma figura de um homem maltrapilha segurando uma faca velha, vindo até a minha direção.


--- Oh... Uma garota humana...? --- Falou com uma voz que me fez estremecer. --- Isso é incomum... --- Olhou-me de cima a baixo com seus olhos maldosos --- Ei... Você deve tomar cuidado andado pela floresta de Hellysh...


Hellysh...? Aquela floresta onde mandavam os exilados e demônios...? Senti meu corpo gelando.


O homem começou a se aproximar e eu dei um passo para trás, até que virei-me e comecei a correr o máximo que pude. Alguns gravetos e pedras machucavam meus pés descalços, e um galho ou outro riscou minhas bochechas, deixando pequenas linhas avermelhadas. Ignorava tudo isso, pois corria desesperada o mais rápido que podia, enquanto ouvia o som dos passos do homem me perseguindo.


De repente, algo de empurrou, me fazendo cair com força de lado. Não tive tempo nem de imaginar o que tinha sido. Virei-me para olhar, e tudo que vi foi uma pessoa cravando uma adaga no peito do homem. Ele gemeu, e caiu morto. Olhava assustada tudo aquilo. O outro garoto andou até o corpo agora sem vida, e pegou de volta a adaga. Olhou-me pelo canto dos olhos escuros, com um olhar que me passou certo medo, me fazendo estremecer.


--- Não seja tão espalhafatosa quando esta nessa floresta, garota.  --- Falou com uma voz fria.


Não conseguia mover meu corpo, ou tirar os olhos daquela pessoa. Deveria agradecê-lo por ter me salvado...? Apesar de que não duvidava que ele viesse a me matar também se não corresse logo dali, não que eu achasse que minhas pernas bambas me levariam muito longe.  Só conseguia fita-lo assustada. Afinal, como diabos eu havia parado naquela floresta?



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Autor(a): Kallina

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Aquele garoto me encarava com um olhar frio. Seus cabelos negros um tanto compridos descansavam sobre suas costas. Parecia que fazia horas que ele me olhava daquela forma, quando finalmente, ele falou.                 --- Vamos sair daqui. --- Guardou a adaga na no cinto, e virou-se andando.  & ...



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