Fanfics Brasil - Voltar para casa! Silver Hair

Fanfic: Silver Hair | Tema: Fantasia, Universo Alternativo, Romance, Comédia, Drama


Capítulo: Voltar para casa!

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Aquele garoto me encarava com um olhar frio. Seus cabelos negros um tanto compridos descansavam sobre suas costas. Parecia que fazia horas que ele me olhava daquela forma, quando finalmente, ele falou.


                --- Vamos sair daqui. --- Guardou a adaga na no cinto, e virou-se andando.


                --- Para onde? --- Levantei-me com as pernas cambaleando, e minha voz saiu tremula.


                --- Para um lugar um pouco mais seguro. --- Disse sem olhar para mim.


                Seguimos por cerca de vinte minutos, na floresta silenciosa e sombria. Sem parar nenhuma vez, e caminhando sempre no mesmo ritmo, pude avistar uma arvore maior do que as demais. Forçando um pouco meus olhos, enxerguei algo que se parecia com uma pequena casa no topo dos galhos escuros da arvore alta e robusta. Em seu tronco havia uma escada duvidosa, que levava até a cabana. O garoto começou a subir, e eu não tinha muita opção a não ser segui-lo.


                Quando chegamos ao topo, pude ver outra pessoa, acenando da entrada da casa, e veio em nossa direção.


                --- Você demorou Daz! --- Disse ele. --- De qualquer forma, conseguiu encontrar aquela presença que estava te incomodando?


                --- Eu acho... --- O garoto supostamente chamado Daz, saiu da minha frente, e entrou na casa. Seu amigo me olhou pasmo.


                --- Uma garota humana? Como você veio parar aqui?


                --- Não sei... --- Falei baixo, torcendo para que minha voz não sumisse. 


              --- Isso é estranho... Bem, eu sou Karst! --- Disse abrindo um sorriso alegre, que me acalmou um pouco. --- Você é...


                ---Aryn...


                --- Aryn? É um nome bonito! Como o seu cabelo! Prazer em te conhecer! Então, vamos entrar. Você deve estar com fome, e vou tratar desses arranhões no seu rosto. Devem estar ardendo.


                Caminhei até a entrada da casa, me colocando dentro um tanto hesitante. Na verdade, não era uma casa, mas sim um quarto. Duas camas de palha improvisadas, uma mesa de madeira com algumas cadeiras precárias.


                --- Sente-se. --- Convidou Karst.


                Fiz como me disse, e logo ele colocou uma cesta com maças na minha frente.


                --- Pode não matar muito a fome, mas vai ajudar um pouco --- Falou, sem tirar aquele sorriso do rosto. Ele tinha uma vasilha com agua, e um pequeno pano branco úmido nas mãos. --- Posso? --- Perguntou se referindo aos meus machucados. Balancei a cabeça em sinal afirmativo, e ele começou a limpar as pequenas feridas do meu rosto.


                Pude ver Daz sentado em uma das camas, me encarando com seus olhos escuros. Desviei meus olhos dos dele, e me concentrei em minha maçã.


                Terminada minha refeição, Karst também acabou de limpar meus machucados. Arrisquei falar algo que veio na minha mente.


                --- Por que me salvou?


                --- Senti uma presença diferente uma hora atrás. Estranha. Quando me focalizei nela, pude perceber que ela sumia e aparecia repetidamente. Fui descobrir o que era, e vi o que eu procurava fugindo de um moribundo.


                --- Não diga besteiras! Eu sou uma humana normal! Não sei usar magia, nem tenho qualquer outra habilidade que me faz ter uma presença forte!


                --- Você tem. --- Ele teimou --- E se você pode fazê-la desaparecer mesmo que seja por um segundo, pode sair dessa floresta.


                É mesmo. Eu estava na floresta de Hellysh, que era cercada por uma forte barreira que não permitia que ninguém com algum poder espiritual saísse.


                --- Aonde você quer chegar?


                O garoto fez uma pausa antes de responder.


                --- Se você vai sair vai nos levar junto. Para fora dessa floresta.


                --- Daz! --- Karst exclamou surpreso. --- Não diga besteiras! Mesmo que Aryn consiga esconder a presença dela, não quer dizer que ela consiga ocultar as nossas junto!


                --- Nós podemos tentar, não é? E então?


                Coloquei-me a pensar. Mesmo que eu conseguisse sair da floresta, eu não sabia onde eram as suas fronteiras. Sem falar que poderia acabar sendo morta por algum louco como o da ultima vez. Parecia justo o acordo, meu que eu não tivesse certeza se poderia tira-los dali também. Ainda assim, pedi algo mais.


                --- Eu tenho só uma condição. --- Tentei falar o mais determinada que pude --- Se conseguirmos sair, eu quero a ajuda para chegar a um lugar. Uma vila próxima daqui. Acho que chegamos nela em cerca de um dia e meio de caminhada.


                Karst e Daz trocaram um olhar antes de responder.


                --- Tudo bem. --- Virou-se para a porta --- Saímos amanhã quando o sol estiver nascendo. --- Daz disse, e saiu da casa.


                Soltei um suspiro nervoso enquanto olhava para as minhas mãos com pequenos riscos vermelhos dos arranhões que eu havia arrumado na floresta.


                --- Sinto muito. --- Karst quebrou o silencio --- esse é o jeito dele. Mesmo que não tenhamos certeza se você conseguirá, ele quer tentar de qualquer maneira. Digamos que já passamos tempo o bastante nessa floresta.


                Algo piscou em minha mente. As únicas pessoas que entravam naquela floresta eram monstros ou criminosos muito cruéis, onde a pena de morte não era uma condenação suficiente. Então, ele e Daz eram esse tipo de pessoa? Eu não duvidava que Daz pudesse ser assim no fundo, mas era difícil imaginar Karst sendo alguém cruel.


                --- Tudo bem. Eu farei o que puder. Mesmo que não saiba ao certo o que seja.


 


                                                                                              ~*~


 


                --- Aryn! --- Pude ouvir a voz de Karst me chamando --- Aryn! Eu sei que ainda é cedo, mas temos que ir.


                Sentei-me na cama, coçando os olhos sonolenta. Vi que Karst abastecia uma mochila com suprimentos. Desde cobertores a comida e um cantil de agua que amarrou no cinto. Olhei em volta esperando ver Daz em algum lugar do quarto, me encarando ameaçadoramente, mas ele não estava ali.


                --- Ele esta lá fora. --- Disse Karst como se lesse minha mente. --- Estará tudo pronto em um minuto, então espere lá com ele.


                Concordei com a cabeça, e me levantei espreguiçando. Sai e logo pude ver Daz sentado em um galho mais alto, com um olhar determinado e perdido. Ainda estava escuro, não só por ser cedo, mas também porque aquela floresta era sombria, e a luz do sol parecia não transpassar as arvores retorcidas que moldavam aquele lugar.


                Sentei-me um pouco afastada no mesmo galho que Daz estava. Pude perceber como meu vestido estava sujo. Passei a mão sobre ele como uma tentativa de retirar a terra, mas foi em vão. Imaginava que provavelmente não estaria uma beldade visto o que eu estava passando. Alisei meus cabelos, esperando assenta-los um pouco.


                Karst logo apareceu com um arco e algumas flechas preso nas costas, e mais duas mochilas, e jogou uma delas para Daz.


                --- Vamos?


                Descemos as escadas chegando ao solo. Olhei ao redor. A floresta estava silenciosa. Logo começamos a caminhar em um ritmo confortável e constante. E assim seguimos pelas seguintes seis horas. Meus pés pareciam que iriam cair, quando finalmente paramos para comer. Frutas, esse seria nosso almoço. Logo terminamos, e quase me neguei a continuar andando sabe-se lá por quanto tempo. Mas me levantei e segui sem contrariar. Uma vez ou outra e podia ouvir um som distante na floresta. Olhava assustada, esperando que algum monstro ou criminoso aparecesse de trás de alguma arvore. Mas Daz e Karst sempre pareciam tranquilos durante toda a caminhada, e nem um pouco alarmados, como se já soubessem que aquilo não demonstrava qualquer perigo.


Paramos para descansar e tomar alguma agua, cerca de três vezes antes de o sol começar a se pôr. Nunca tinha me sentido tão cansada em toda a minha vida, e me esforçava para manter os olhos abertos. Karst fez uma pequena fogueira, e logo terminamos a nossa segunda refeição do dia. Daz se voluntariou para ficar de guarda, e não parecia muito cansado mesmo depois de toda aquela caminhada. Depois de tomar alguma agua, desabei de sono protegendo minhas costas na arvore mais próxima. A ultima coisa que vi antes de adormecer profundamente foi Karst que jogava um cobertor sobre mim.


 


                                                                               ~*~


 


--- Aryn! --- Karst me cutucou quando eu me negava a levantar. --- Falta pouco para chegarmos às fronteiras da floresta, aguente um pouco mais!


Levantei-me com certa dificuldade quando senti o corpo dolorido. Depois de perceber que tinha dormido no chão encostada em uma arvore, não era de  se admirar. Improvisei um alongamento que não resolveu muito, e vi Daz já em pé pronto para continuar a caminhada. O que ele era? Uma pedra? Não falava muito, não tinha muitas expressões diferentes, nunca estava cansado...


Soltei um suspiro.


Karst recolheu os cobertores, e apagou os resquícios do que um dia tinha sido uma fogueira, e deixamos nosso ultimo acampamento. Depois de andarmos por o que eu acho que foi mais ou menos uma hora, o ambiente começou a ficar mais claro, e a quantidade de arvores foi diminuindo, até que elas desapareceram completamente da nossa frente, e a luminosidade do sol recém-nascido era abundante. Paramos.


--- Aqui é a fronteira. --- Daz falou para minha surpresa.


Comecei a caminhar para fora com a mão estendida, querendo chegar aquele lugar iluminado pelo sol, algum lugar longe daquela floresta, quando minha mão bateu em algo que não percebi o que era. Tentei de novo para ter certeza, e me certifiquei que toquei em algo que não podia enxergar.


--- Essa é a barreira. --- Daz falou novamente.


--- E então? --- Disse Karst --- consegue atravessa-la?


É mesmo. Era para isso que eu estava ali. Eles diziam que eu poderia passar por ela, ocultar minha presença que eu nem sabia que tinha. Teria que tentar. Com uma mão, duas mãos. Espalmei as duas na parede invisível. Nada. Tentei empurra-las. Nada. Tentei até um soco fraco. Em vão também. Estava começando a ficar com raiva. Eu não podia deixar que toda aquela caminha e esforço para chegar até lá fossem desperdiçados. Sem falar que eu tinha que sair. Soquei a barreira irritada com mais força, e no mesmo instante, retirei minhas mãos que tinham alguns arranhões na parte que acertaram a parede invisível.


                --- Entende agora? --- Falou Daz. --- Não adianta tentar passar usando a força, ou quem vai se ferir será você mesmo.


                Olhei para o lado de fora daquela maldita floresta frustrada, tentando encontrar uma maneira de chegar até lá, quando um barulho atrás de nós me tirou de meus pensamentos.


Uma figura surgiu entre as arvores, e no inicio pensei que seria um humano. Mas logo pude perceber que estava enganada. Tinha olhos mortíferos e dois chifres que saiam de sua cabeça, conferindo que não era nem um pouco humano. Trazia uma longa espada.


--- Daz, Karst... O que estão fazendo nas fronteiras da floresta? --- Disse com uma voz que fez meu corpo congelar por um segundo.


--- Tallen... O que você quer? --- Daz perguntou sum tom desafiador.


--- Não me digam que viram até aqui porque acharam alguma maneira de sair? --- Logo ele me percebeu encostada na barreira --- Uma humana? Desde quando vocês ajudam humanas idiotas que se perderam por serem tolas o bastante para se aventurarem nessa floresta? Você não tem a fama que ganharam aqui por ajudar menininhas.


--- Isso não te interessa --- Karst disse ríspido.


--- Essa sua mania de agir como o mais forte dessa floresta já esta na hora de terminar. --- Falou Tallen, erguendo sua grande espada. Ele a deixou cair com força na direção de Daz, que se esquivou.


Karst disparou uma flecha que o monstro bloqueou enquanto partia para cima dele. Daz, sabendo que Karst não poderia se defender de um ataque direto com um arco, jogou uma pedra que acertou o rosto de Tallen. Enfurecido, partiu para cima do garoto, que não teve tempo de bloquear, e levaria um grande corte no meio do peito se não fosse por Karst que se jogou na frente da espada. Caiu para o lado com o braço sangrando, e bateu com a cabeça no chão, quase ficando inconsciente.


--- Karst!


--- Preste atenção! --- Gritou Tallen, executando outro ataque, que de alguma maneira Daz pode defender com sua adaga velha.


Assistia tudo àquilo sem conseguir me mover. O que eu poderia fazer?


--- Rápido! --- Daz gritou para mim --- Oculte as presenças para passarmos!


--- Eu não sei como fazer isso! --- Exclamei aflita.


Pude ver que Daz não suportaria mais o ataque daquela espada gigante, e tinha que me apressar de alguma forma.


--- Rápido!


---Mas...


--- Você quer morrer aqui?!


                --- Não!


                Virei-me para a barreira, e sem pensar comecei a soca-la. Logo pude sentir dor nas mãos, por estar tentando atravessar a força. Mas não me importava, e mal sentia o choque em minhas mãos naquele momento. Batia com toda a força do meu desespero, enquanto minhas lagrimas escorriam.


                --- Eu não quero morrer! --- Gritei.


                De alguma forma, minha mão traspassou a barreira. Ainda sem entender o que tinha acontecido, pude ver Karst meio consciente segurando em uma das minhas mãos, a Daz na outra depois de se esquivar de um ataque. Empurrei meu corpo para fora, e caímos do outro lado da barreira. Nós saímos da floresta. Pude ver Tallen com um olhar chocado e furioso, sem entender como tínhamos conseguido atravessar. Socou a parede invisível, esperando que fosse conseguir sair também, mas é claro não pôde. Soltou um grito irritado, e quando notou que nada adiantaria, voltou para dentro da floresta, desaparecendo entre suas arvores velhas.


                Estávamos parados, atônitos do lado de fora, sem entender o que tinha acontecido. Eu nem mesmo sabia o que tinha feito, mas de alguma forma, conseguimos, e era isso que importava. Pude sentir o calor do sol, e a grama tocando meus pés. Soltei um suspiro baixo de apreciação.


--- Nós passamos. --- Disse finalmente Karst.


--- De alguma forma... --- Falei


--- Estar aqui fora finalmente ainda parece surreal demais --- Afirmou Daz.


Karst de repente se agachou gemendo, colocando a mão sobre o braço que sangrava.


--- Karst! --- Daz foi até ele --- Você esta bem?


--- Eu acho. Não é um corte muito profundo, só preciso limpa-lo. E suas mãos, Aryn?


--- Eh? --- Nem me lembrava delas. As olhei e percebi que estavam um pouco machucadas pelo fato de eu ter socado a barreira. Ao me dar conta disso, logo começaram a arder. --- Só esta doendo um pouco. Vamos cuidar das suas feridas primeiro.


Molhamos alguns trapos que tínhamos com um pouco da agua de nossos cantis, E passamos sobre os machucados, os enfaixando.  


--- E então... Aonde é a vila que você precisa ir? --- Daz me perguntou.


--- Ah... --- Olhei em volta, analisando a posição do sol e tentando reconhecer o pouco que tinha visto em mapas do meu irmão --- Eu acho que é naquela direção --- Apontei para o Leste.


--- Certo. Vamos.


Pegamos as mochilas depois de comer mais algumas frutas como o nosso desjejum precário, e começamos a caminhar novamente. Mas agora me sentia mais disposta. Se desse sorte, poderia ver minha família de novo em cerca de um dia e meio. E poderia finalmente, chegar em casa.



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Autor(a): Kallina

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).




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