Eu voltei para a mesa de totó com uma fria estupefação. Elliot estava inclinado sobre ele, seu rosto mostrando uma concentração competitiva. euge berrava e ria. Jules ainda estava desaparecido.
euge olhou por cima do jogo.
— Bem? O que aconteceu? O que ele disse para você?
— Nada. Eu disse a ele para não nos incomodar. Ele foi embora. — Minha voz soava monótona.
— Ele não pareceu bravo quando foi embora, — Elliot disse. — O que quer que você tenha dito, funcionou.
— Que pena, — euge disse. — Eu estava esperando alguma animação.
— Prontas para jogar? — Elliot perguntou. — Estou faminto por algumas pizzas arduamente ganhas.
— É, se o Jules voltar algum dia, — disse euge. — Estou começando a achar que talvez ele não goste da gente. Ele fica desaparecendo. Estou começando a achar que é uma deixa não-verbal.
— Está brincando? Ele ama vocês. — Elliot disse com entusiasmo demais. — Ele só é meio devagar em se acostumar com estranhos. Eu irei achá-lo. Não vão a lugar algum.
Assim que euge e eu ficamos sozinhas, eu disse:
— Sabe que vou te matar, certo?
Vee levantou suas palmas e deu um passo para trás.
— Eu estava te fazendo um favor. Elliot é louquinho por você. Depois que você saiu, eu disse a ele que você tinha, tipo, dez caras te ligando toda noite. Você devia ter visto a cara dele. Mal continha a inveja.
Eu resmunguei.
— É a lei da oferta e procura, — euge disse. — Quem pensaria que economia seria útil?
Eu enfiei minha palma contra minha testa.
— Preciso de algo.
— Você precisa do Elliot.
— Não, preciso de açúcar. Bastante. Preciso de algodão-doce. — O que eu precisava era de uma borracha grande o bastante para apagar toda a evidência do Peter da minha vida. Particularmente a parte de falar com a mente. Eu estremeci. Como ele estava fazendo isso? E por que eu? A não ser... que eu tivesse imaginado isso. Bem como eu tinha imaginado bater em alguém com o Neon.
— Eu também precisava de um pouco de açúcar, — euge disse. — Vi um vendedor perto da entrada do parque ao entrarmos. Eu fico aqui para que o Jules e o Elliot não achem que a gente fugiu, e você pode pegar o algodão-doce.
Do lado de fora, retrocedi para a entrada, mas quando achei o vendedor de algodão-doce, fui distraída por uma visão distante no passadiço. O Arcanjo elevava-se sobre o alto das árvores. Um serpentear de canos fechados nos semáforos e que mergulhavam para fora de vista. Me perguntei por que Peter queria me encontrar. Eu senti um soco no meu estômago e provavelmente devia ter aceito isso como resposta, mas apesar das minhas melhores intenções, me encontrei continuando pelo passadiço em direção ao Arcanjo.
Fiquei com o fluxo do tráfego a pé, mantendo meus olhos no rumo distânte do Arcanjo fazendo curvas no céu. O vento tinha mudado de frio para gelado, mas não era essa a razão de eu me sentir cada vez mais enjoada. A sensação estava de volta aquela sensação fria e de parar o coração de que alguém estava me observando.
Roubei um olhar para ambos os lados. Nada anormal na minha visão periférica. Eu girei 180º graus. Um pouco para trás, parado em um pequeno pátio de árvores, uma figura encapuzada se virou e desapareceu na escuridão.
Com o meu coração batendo mais rápido, passei por um comprido grupo de pedestres, colocando distância entre eu e a clareira. Diversas passadas adiante, olhei para trás novamente. Ninguém se sobressaia me seguindo.
Quando encarei à frente novamente, eu trombei em alguém.
— Desculpe! — falei apressadamente, tentando ganhar novamente meu equilíbrio.
Peter sorriu maliciosamente para mim.
— Sou difícil de resistir.
Eu pestanejei para ele.
— Deixe-me em paz. — Tentei dar um passo para o lado dele, mas ele me pegou pelo cotovelo.
— Qual o problema? Você parece prestes a vomitar.
— Você tem esse efeito em mim, — retruquei.
Ele riu. Eu tive vontade de chutar suas canelas.
— Você precisa de uma bebida. — Ele ainda me pegava pelo cotovelo, e me empurrou na direção do carrinho de limonada.
Eu afundei em meus saltos.
— Você quer ajudar? Fica longe de mim.
Ele empurrou um cacho para longe do meu rosto.
— Amo o cabelo. Amo quando está fora de controle. É como ver um lado de você que precisa sair mais frequentemente.
Alisei meu cabelo furiosamente. Assim que eu percebi que estava tentando me deixar mais apresentável para ele, eu disse:
— Tenho que ir. A euge está esperando. — Uma pausa irritada. — Acho que te vejo na aula na segunda.
— Ande no Arcanjo comigo.
Eu estiquei meu pescoço, encarando-o. Gritos estridentes ecoaram enquanto os carros ressoavam nos trilhos.
— Duas pessoas por assento. — Seu sorriso mudou para um sorriso malicioso vagaroso e ousado.
— Não. — De jeito nenhum.
— Se continuar fugindo de mim, você nunca vai descobrir o que realmente está acontecendo.
Aquele comentário deveria ter feito eu correr. Mas não fez. Era quase como se o Peter soubesse exatamente o que dizer para atiçar a minha curiosidade. Exatamente o que dizer, exatamente no momento certo.
— O que está acontecendo?
— Só há uma maneira de descobrir.
— Não posso. Tenho medo de altura. Além do mais, a Vee está esperando. — Só que, de repente, pensar em subir tão alto no ar não me assustava. Não mais. De um jeito absurdo, sabendo que eu estaria com o Peter me fez sentir segura.
— Se você der uma volta completa sem gritar, eu direi ao Treinador para mudar nossos assentos.
— Eu já tentei. Ele não cede.
— Posso ser mais convincente que você.
Tomei seu comentário como insulto pessoal.
— Eu não grito, — eu disse. — Não por causa de parques de diversão. — Não por sua causa.
No ritmo do Peter, caminhei até o final da linha levando para o Arcanjo. Um onda de gritos se elevou, então se dissipou, bem acima no céu noturno.
— Eu nunca te vi no Delphic antes, — Peter disse.
— Você vem muito aqui? — Fiz uma nota mental para não fazer mais viagens de final de semana para o Delphic.
— Eu tenho um histórico com o local.
Nós fomos nos aproximando na linha a medida em que os carros se esvaziavam e um novo grupo de perseguidores de emoção embarcava no brinquedo.
— Deixe-me adivinhar, — eu disse. — Você matou aula aqui ao invés de ir para a escola no ano passado.
Eu estava sendo sarcástica, mas Peter disse:
— Responder isso significaria iluminar o meu passado. E eu gostaria de mantê-lo no escuro.
— Por quê? Qual o problema com o seu passado?
— Não acho que agora é uma boa hora para falar sobre isso. Meu passado pode assustá-la.
Tarde demais, pensei.
Ele deu um passo mais para perto e nossos braços se encontraram, uma conexão roçante que fez com que os pelos no meu braço se levantassem.
— As coisas que tenho a confessar não são as coisas que você conta a sua petulante parceira de biologia, — ele disse.
O vento frigido se envolveu ao meu redor, e quando eu o respirei, ele me encheu com gelo. Mas não se comparou com a gelidez que as palavras de Peter mandaram por mim.
Peter sacudiu seu queixo para a rampa.
— Parece que é a nossa vez.
Empurrei o portão giratório. Na hora em que chegamos à plataforma de embarque, os únicos carros vazios eram os bem da frente e bem de trás da montanha-russa. Peter se dirigiu em direção do primeiro.
A construção da montanha-russa não inspirava confiança, remodelado ou não. Parecia ter mais de um século e era feito de madeira que tinha passado muito tempo exposto aos elementos desagradáveis do Maine. O desenho pintado nas laterais era ainda menos inspirador.
O carro que Peter tinha escolhido tinha um agrupamento de quatro desenhos. O primeiro representava uma aglomeração de demônios chifrudos arrancando as asas de um anjo gritando. O próximo desenho mostrava o anjo sem asas empoleirado em uma lápide, observando as crianças brincarem à distância. No terceiro desenho, o anjo sem asas estava perto de uma criança, entortando um dedo para uma pequena menina de olhos verdes. No desenho final, o anjo sem asas passava através do corpo da garota como um fantasma. Os olhos da garota estavam pretos, seu sorriso tinha sumido, e ela tinha brotado chifres como os demônios do primeiro desenho. Uma lua rachada estava pendurada sobre os desenhos.
Desviei meus olhos e assegurei a mim mesma que era o ar frigido que estava fazendo minhas pernas tremerem. Deslizei para o carro ao lado do Peter.
— Seu passado não me assustaria, — eu disse, ajustando meu cinto de segurança no meu colo. — Acho que eu ficaria mais horrorizada do que tudo.
— Horrorizada, — ele repetiu. O tom da sua voz me fez acreditar que ele tinha aceito a acusação. Estranho, já que o Peter nunca se degradava.
Os carros rolaram para trás, então se lançaram para frente. Não de um jeito suave, nós nos dirigimos para longe da plataforma, subindo colina acima uniformemente. O cheiro de suor, ferrugem, e água salgada soprando do mar encheu o ar. Peter sentava-se perto o bastante para ser cheirado. Capturei o traço mais leve de sabonete de menta espesso.
— Você está pálida, — ele disse, inclinando-se para ser ouvido por sobre os trilhos estalando.
Eu me senti pálida, mas não admiti isso.
No cume da colina, houve um momento de hesitação. Eu conseguia enxergar por quilômetros, observando onde à região rural se misturava com o barulho dos subúrbios e gradualmente se tornava a grade dos lugares de Portland. O vento retinha-se, permitindo que o úmido assentasse na minha pele.
Sem querer, roubei uma olhada para o Peter. Encontrei um sentido de consolação em tê-lo ao meu lado. Então ele lançou um sorriso sarcástico.
— Assustada, Anjo?
Eu apertei a barra de metal parafusada na frente do carro enquanto senti meu peso insinuar-se para frente. Uma risada trêmula escapou de mim.
Nosso carro voou demoniacamente rápido, meu cabelo chicoteando atrás de mim. Inclinando-se para a esquerda, então para a direita, nós tremíamos sobre os trilhos. Dentro, senti meus órgãos flutuarem e caírem em resposta ao passeio. Olhei para baixo, tentando me concentrar em algo que não estivesse se movendo.
Foi então que notei que meu cinto de segurança tinha se soltado.
Tentei gritar para o Peter, mas minha voz foi engolida pelo movimento do ar. Senti meu estômago ficar oco, e soltei a barra de metal com uma mão, tentando colocar o cinto de segurança ao redor da minha cintura com a outra. O carro se lançou para a esquerda. Bati de ombros com o Peter, pressionando contra ele tão arduamente que doía. O carro levantou vôo, e eu o senti levantar dos trilhos, não totalmente fixo neles.
Nós estávamos submergindo. As luzes piscando nos trilhos me cegavam; eu não conseguia ver pra que lado o trilho se virava no final do mergulho.
Era tarde demais. O carro inclinou-se para a direita. Eu senti uma onda de pânico, e então aconteceu. Meu ombro esquerdo bateu contra a porta do carro. Ela se abriu, e fui arrancada do carro enquanto a montanha-russa acelerava sem mim. Rolei para os trilhos e lutei por algo para me ancorar. Minhas mãos não achavam nada, e desabei sobre a beirada, mergulhando diretamente para baixo pelo ar negro. O chão se acelerou até mim, e eu abri minha boca para gritar.
Quando dei por mim, o passeio acabou repentinamente na plataforma de desembarque.
Meus braços doíam de tão apertado que Peter me segurava.
— Agora, isso é o que eu chamo de grito, — ele disse, sorrindo ironicamente para mim.
Estupefata, eu o observei colocar uma mão sobre sua orelha como se o meu grito ainda ecoasse lá. Nenhum pouco certo do que tinha acabado de acontecer, eu encarei o lugar em seu braço onde as minhas unhas tinham deixado semi-círculos tatuados em sua pele. Então os meus olhos se moveram para o meu cinto de segurança. Estava preso ao redor da minha cintura.
— Meu cinto de segurança... — comecei. — Eu achei...
— Achou o quê? — Peter perguntou, soando genuinamente interessado.
— Achei... eu voei para fora do carro. Eu literalmente achei... que eu ia morrer.
— Eu acho que esse é o objetivo.
Nas minhas laterais, meus braços tremeram. Meus joelhos cambaleavam ligeiramente sob o peso do meu corpo.
— Acho que estamos presos como parceiros, — disse Peter. Eu suspeitei de um leve grau de vitória em sua voz. Eu estava espantada demais para discutir.
— O Arcanjo, — murmurei, olhando por sobre o meu ombro para o passeio, que tinha começado sua próxima ascendência.
— Significa um anjo de alto nível. — Havia uma presunção definitiva em sua voz. — Quanto mais alto, mais dura é a queda.
Comecei a abrir a minha boca, querendo dizer novamente como eu tinha certeza que tinha deixado o carro só um momento e que forças além da minha habilidade de explicar tinham me posto de volta em segurança atrás do meu cinto de segurança. Ao invés, eu disse:
— Acho que sou uma garota mais do tipo anjo da guarda.
Peter sorriu afetadamente de novo. Me guiando pelo caminho, ele disse:
— Te levarei de volta para a Arcade.
Continuuaaaaa....
Galeleererrrrreeee cade os coments agitem feliz dia dos pais pra os seus ,e eu amo meu daddy hahhahaha.
lari0912:Calmmmmaaa ele é do bem ,como eu nao posso dizer até por que vc verá a Lali descubrir tudo aos poucos .