Segunda-feira passou confusamente. Eu fui de aula para aula esperando pelo sino final do dia. Liguei para o hospital antes da escola e fui informada que euge estava indo para a Sala Cirúrgica. Seu braço esquerdo fora quebrado durante o ataque e já que o osso não estava alinhado, ela precisava de cirurgia. Eu queria vê-la, mas não podia até o entardecer, quando a anestesia passasse e os funcionários do hospital movessem-na para seu próprio quarto. Era especialmente importante que eu ouvisse sua versão do ataque antes que esquecesse dos detalhes ou enfeitasse-os. Qualquer coisa que ela lembrasse que pudesse preencher a imagem e me ajudar a descobrir quem havia feito isso.
A medida que as horas se esticavam pela tarde, meu foco mudou da euge para a garota do lado de fora da Victoria’s Secret. Quem era ela? O que ela queria? Talvez fosse uma coincidência pertubadora euge ter sido atacada minutos após eu observar a garota segui-la, mas meus instintos discordavam. Eu desejava ter uma imagem melhor de como ela era. O moletom largo com capuz e a calça jeans, junto com a chuva, fizeram um bom trabalho em disfarçá-la. Pelo que eu sabia, podia ter sido a Maria del Cierro. Mas no fundo não parecia a pessoa certa.
Passei no meu armário para pegar meu livro de texto, então me dirigi para minha última aula. Entrei para encontrar a cadeira do Peter vazia. Tipicamente, ele chegava no último momento possível, empatado com o sinal de atraso, mas o sinal tocou e o treinador tomou seu lugar no quadro negro e começou a lecionar sobre equilíbrio.
Eu ponderei sobre a cadeira vazia do Peter. Uma minúscula voz no fundo da minha cabeça especulava que sua falta pudesse estar conectada ao ataque da euge. Era um pouco estranho ele faltar na manhã seguinte. E eu não conseguia esquecer o frio gelado que tinha sentido momentos antes de olhar para fora da Victoria’s Secret e perceber que estava sendo observada. Em todas as outras vezes que me sentia dessa maneira, era porque Peter estava próximo.
A voz da razão rapidamente extinguiu o envolvimento do Peter. Ele podia ter pego um resfriado. Ou podia ter ficado sem gasolina a caminho da escola e estava encalhado a quilômetros de distancia. Ou talvez houvesse um jogo de sinuca com apostas altas acontecendo no Fliperama do Bo e ele achava que era mais lucrativo que uma tarde passada aprendendo as complexidades do corpo humano.
No fim da aula, o Treinador me parou a caminho da porta.
— Espere um minuto, Mariana.
Me virei e puxei minha mochila sobre meu ombro.
— Sim?
Ele estendeu um pedaço dobrado de papel.
— A Senhorita Greene deu uma passada antes da aula e me pediu para te dar isso, — ele disse.
Eu aceitei o bilhete.
— Senhorita Greene? — Eu não tinha nenhuma professora com esse nome.
— A nova psicóloga da escola. Ela acabou de substituir o Dr. Hendrickson.
Desdobrei o bilhete e li a mensagem rabiscada.
Querida Nora,
Eu tomarei o papel do Dr. Hendrickson como sua psicóloga escolar. Notei que você faltou nas suas duas últimas consultas com o Dr. H. Por favor, venha logo, para que possamos nos conhecer. Enviei uma carta para sua mãe para deixá-la ciente da mudança.
Tudo de bom,
Senhorita Greene.
— Obrigada, — eu disse ao Treinador, dobrando o bilhete até ficar pequeno o bastante para enfiar dentro do meu bolso.
No corredor eu me misturei com o fluxo da multidão. Não tinha mais como evitar agora, eu tinha que ir. Guiei pelos corredores até que conseguisse ver a porta fechada do escritório do Dr. Hendrickson. Como previsto, havia uma placa com um novo nome na porta. O latão polido brilhava contra a porta de carvalho acastanhado:
SENHORITA D. GREENE, PSICÓLOGA ESCOLAR
Bati na porta, e um momento mais tarde ela abriu-se. Senhorita Greene tinha uma pele pálida perfeita, olhos pretos , uma boca pequena, e um cabelo castanho,preto e ondulado que caia na cintura. Estava partido no meio de seu rosto e ela estava vestida formalmente com uma saia-lápis com um padrão ziguezague cinza. Ela não devia ter mais que cinco anos a mais que eu.
— Você deve ser Mariana Espósito. Parece exatamente como na foto em seu arquivo. — Ela disse, dando um firme estímulo em minha mão. Sua voz era abrupta, mas não rude. De negócios.
Recuando, ela sinalizou para que eu entrasse no escritório.
— Posso te servir suco, água? — ela perguntou.
— O que aconteceu com o Dr. Hendrickson?
— Ele se aposentou mais cedo. Eu estava de olho nesse trabalho por um tempo, então aceitei a oportunidade. Frequentei a Florida State, mas cresci em Portland, e meus pais ainda moram lá. É bom estar perto da família novamente.
Vasculhei o pequeno escritório. Tinha mudado drasticamente desde a última vez que estive aqui, há algumas semanas. As estantes de livro de parede a parede estavam agora cheias de livros de capa dura acadêmicos, mas genéricos, todos encadernados em cores neutras com letras douradas. O Dr. Hendrickson tinha usado as estantes para mostrar fotos da família, mas não havia fotos instantâneas da vida particular da Senhorita Greene. A mesma samambaia pendia da janela, mas sob os cuidados do Dr. Hendrickson, ela fora bem mais marrom do que verde. Alguns dias com a Senhorita Greene e já parecia alegre e viva. Havia uma cadeira rosa de paislei exposta à mesa, e diversas caixas de mudança empilhadas no canto distante.
— Sexta foi meu primeiro dia, — ela explicou, vendo meus olhos caindo nas caixas de mudança. — Ainda estou desempacotando. Sente-se.
Abaixei minha mochila e me sentei na cadeira de paislei. Nada no pequeno cômodo dava pistas sobre a personalidade da Srt. Greene. Ela tinha uma pilha de pastas de arquivos em sua mesa – não organizada, mas não bagunçada, tampouco – e uma caneca branca do que parecia ser chá. Não havia um traço de perfume ou de perfurmador de ar. O monitor de seu computador estava desligado.
A Senhorita Greene se agachou atrás de um gabinete de arquivos atrás de sua mesa, enfiou um arquivo de papel manilha claro, e escreveu na aba em letra de imprensa com uma caneta esferográfica preta. Ela o colocou em sua mesa próximo ao meu antigo arquivo, que levava algumas manchas da caneca de café do Dr. Hendrickson.
— Passei o final de semana inteiro vendo os arquivos do Dr. Hendrickson, — ela disse. — Entre nós, a caligrafia dele me dá enxaqueca, então estou copiando todos os arquivos. Fiquei surpresa ao descobrir que ele não usava o computador para digitar suas notas. Quem ainda usa letra cursiva atualmente?
Ela se assentou de volta em sua cadeira de rotação, cruzou suas pernas, e sorriu educadamente para mim.
— Bom. Por que não me conta um pouco sobre a história das suas consultas com o Dr. Hendrickson. Eu mal consegui decifrar suas notas. Parece que vocês dois estavam discutindo como se sente sobre o novo trabalho da sua mãe.
— Não é tão novo assim. Ela está trabalhando faz um ano.
— Ela costumava ser dona de casa, correto? E após a morte do seu pai, pegou um trabalho de tempo integral. — Ela espreitou os olhos para uma folha de papel no meu arquivo. — Ela trabalha para uma companhia de leilões, correto? Parece que coordena leilões imobiliários por toda a costa. — Ela me espiou por cima do óculos. — Isso deve requerer bastante tempo longe de casa.
— Nós queríamos ficar na nossa casa da fazenda, — eu disse, meu tom beirando o defensivo. — Não podíamos bancar a hipoteca se ela pegasse um trabalho local. — Eu não tinha exatamente amado minhas sessões com o Dr. Hendrickson, mas me encontrei sentindo ressentimento por ele ter se aposentado e me abandonado com a Senhorita Greene. Eu estava começando perceber a dela, e ela parecia atenta a detalhes. Eu a senti se coçando para escavar cada canto obscuro da minha vida.
— Sim, mas você deve ficar bem solitária sozinha na casa da fazenda.
— Nós temos uma governanta que fica comigo todas as tardes até as nove ou dez da noite.
— Mas uma governanta não é o mesmo que uma mãe.
Eu espiei a porta. Nem tentei ser discreta.
— Você tem uma melhor amiga? Um namorado? Alguém com quem possa falar quando sua governanta não é bem... apropriada para a questão° — Ela afundou um saquinho de chá na caneca, então a levantou para tomar um gole.
Suas sobrancelhas levantaram-se perpendicularmente.
— Namorado?
— Não.
— Você é uma garota atraente. Imagino que deve haver algum interesse do sexo oposto.
— É o seguinte, — eu disse tão pacientemente quanto possível. — Realmente aprecio você estar tentando me ajudar, mas eu tive essa mesma conversa com o Dr. Hendrickson há um ano quando meu pai morreu. Reprocessá-la com você não irá ajudar. É como voltar no tempo e viver tudo de novo. Sim, foi trágico e horrível, e ainda estou lidando com isso todos os dias, mas o que eu realmente preciso é seguir em frente.
O relógio na parede tiquetaqueou entre nós.
— Bem, — a Senhorita Greene disse por fim, emplastando um sorriso. — É muito prestativo conhecer o seu ponto de vista, Mariana. Que era o que eu estava tentando entender o tempo todo. Anotarei os seus sentimentos no seu arquivo. Algo mais sobre o que gostaria de falar?
— Nada. — Sorri para confirmar que, realmente, eu estava bem.
Ela folheou mais algumas páginas do meu arquivo. Eu não fazia ideia de que observações o Dr. Hendrickson tinha imortalizado ali, e eu não queria esperar tempo o bastante para descobrir.
Levantei minha mochila do chão e movi para a beirada da cadeira.
— Não quero encurtar as coisas, mas preciso estar em um lugar as quatro.
— Ah?
Eu não tinha vontade alguma de entrar no assunto do ataque da euge com a Senhorita Greene.
— Pesquisa na biblioteca, — menti.
— Para que aula?
Eu disse a primeira resposta que apareceu na minha mente.
— Biologia.
— Falando em aulas, como as suas estão? Alguma preocupação nesse departamento?
— Não.
Ela folheou mais algumas páginas no meu arquivo.
— Notas excelentes, — ela observou. — Diz aqui que você está dando aulas particulares para o seu parceiro de biologia, Juan Pedro Lanzani. — Ela olhou para cima, aparentemente querendo a minha confirmação.
Fiquei surpresa da minha tarefa de dar aulas particulares ser importante o bastante para ir parar no arquivo da psicóloga escolar.
— Até então não conseguimos nos encontrar. Horários conflitantes. — Dei de ombros, do tipo O que se pode fazer?
Ela deu um tapinha em meu arquivo na sua mesa, arrumando todas as folhas soltas de papel em uma pilha arrumada, então inseriu-o no novo arquivo que ela tinha etiquetado a mão.
— Para te avisar de antemão, vou falar com o Sr. McConaughy e ajustar alguns parâmetros para as suas sessões de aula particular. Eu gostaria que todos os encontros fossem feitos aqui na escola, sob a supervisão direta de um professor ou membro da escola. Não quero você dando aulas particulares para o Peter fora da propriedade da escola. Especialmente não quero que vocês dois se encontrem sozinhos.
Um calafrio andou na ponta dos pés pela minha pele.
— Por quê? O que está acontecendo?
— Não posso discutir isso.
A única razão que eu conseguia pensar no por que dela não me querer sozinha com o Peter era porque ele era perigoso. Meu passado pode assustá-la, ele tinha dito na plataforma de embarque do Arcanjo.
— Obrigada por seu tempo. Não vou te segurar mais. — A Senhorita Greene disse. Ela caminhou até a porta, segurando-a aberta com seu delgado quadril. Ela deu um sorriso de despedida, mas parecia perfunctório.
Após deixar o escritório da Senhorita Greene, liguei para o hospital. A cirurgia da euge tinha acabado, mas ela ainda estava na sala de recuperação e não podia ter visitas até as sete da noite. Consultei o relógio no meu celular. Três horas. Eu achei o Fiat no estacionamento dos estudantes e entrei nele, esperando que uma tarde fazendo tarefa de casa na biblioteca mantivesse minha mente longe da longa espera.
Fiquei na biblioteca pela tarde toda, e antes que eu percebesse, o relógio na parede tinha passado silenciosamente para a noite. Meu estômago retumbou contra a quietude da biblioteca, e meus pensamentos foram para a máquina de comida bem do lado de dentro da entrada.
A última parte da minha tarefa de casa podia esperar até mais tarde, mas havia ainda um projeto que requeria a ajuda de recursos da biblioteca. Eu tinha um computador IBM vintage em casa com uma conexão de internet discada, e eu tipicamente tentando me poupar de um monte de gritaria e puxação de cabelo usando o computador do laboratório da biblioteca. Eu tinha uma resenha teatral de Otelo com prazo para estar na mesa do editor do eZine às nove da noite, e fiz um trato comigo mesma, prometendo caçar comida assim que terminasse com ela.
Empacotando meus pertences, andei até o elevador. Dentro da caixa eu apertei o botão para fechar as portas, mas não requisitei imediatamente um andar. Puxei meu celular e liguei para o hospital novamente.
— Oi, — eu disse à enfermeira que atendeu. — Minha amiga está se recuperando de uma cirurgia, e quando chequei mais cedo essa tarde, foi-me dito que ela sairia hoje à noite. Seu nome é Eugenia Suarez.
Houve uma pausa e o clique de teclas do computador.
— Parece que vão levá-la para um quarto particular dentro dessa hora.
— Que horas o tempo de visita acaba?
— Oito.
— Obrigada. — Desliguei e pressionei o botão do terceiro andar, mandando-me para cima.
No terceiro andar, segui as placas para as coleções, esperando que se lesse diversas resenhas de teatro no jornal local, isso estimularia minha fonte de inspiração.
— Com licença, — eu disse para a bibliotecária atrás da mesa de coleções. — Estou tentando achar cópias do Portland Press Herald do ano passado. Particularmente o guia de teatro.
— Não temos nada tão atual nas coleções, — ela disse, — mas se procurar na internet, acredito que o Portland Press Herald mantenha arquivos em seu site. Dirija-se direto pelo corredor atrás de você e verá o laboratório de mídia à sua esquerda.
Dentro do laboratório, eu acessei um computador. Eu estava prestes a mergulhar na minha tarefa, quando uma ideia me atingiu. Eu não conseguia acreditar que não tinha pensado nisso antes. Após confirmar que ninguém estava observando sobre o meu ombro, eu digitei “Peter Lanzani” no Google. Talvez eu encontrasse um artigo que iluminasse seu passado. Ou talvez ele mantivesse um blog.
Franzi a testa para os resultados de busca. Nada. Nada de Facebook, nada de MySpace, nada de blog. Era como se ele nem existisse.
— Qual a sua história, Peter? — murmurei. — Quem é você de verdade?
Meia hora mais tarde, eu tinha lido diversas resenhas e meus olhos estavam vidrados. Ampliei minha pesquisa online para todos os jornais de Maine. Um link para o jornal escolar da Kinghorn Prep apareceu. Alguns segundos se passaram antes que eu identificasse o nome familiar. Por um capricho, eu decidi checar. Se a escola era de elite como Elliot clamava ser, provavelmente tinha um jornal respeitável.
Cliquei no link, voltei até a página de arquivos, e escolhi randomicamente 10 de fevereiro desse ano. Um instante depois eu tinha uma manchete.
ESTUDANTE QUESTIONADO POR ASSASSINATO NA KINGHORN PREP
Eu puxei minha cadeira mais para perto, atraída pela ideia de ler algo mais excitante que resenhas teatrais.
Um estudante de dezesseis anos da Kinghorn Prep, que foi questionado pela polícia no que foi batizado de “O Cingido da Kinghorn” foi liberado sem acusações. Após o corpo de Kjirsten Halverson, de dezoito anos, ter sido encontrado pendurada de uma árvore no bosque do campus da Kinghorn Prep, a polícia questionou Elliot Saunders, do segundo ano, que foi visto com a vítima na noite de sua morte.
Minha mente foi devagar em processar a informação. Elliot foi investigado como parte de uma investigação de assassinato?
Kjirsten trabalhava como garçonete no Blind Joe’s. A polícia confirmou que a garota e Elliot foram vistos andando pelo campus juntos tarde de sábado a noite. O corpo de Halverson foi descoberto na manhã de domingo, e Saunders foi liberado na tarde de domingo após um bilhete de suicídio ter sido descoberto no apartamento de Halverton.
— Achou alguma coisa interessante?
Pulei ao som da voz de Elliot atrás de mim. Eu girei, encontrando-o reclinado contra a ombreira da porta. Seus olhos estavam estreitados ligeiramente, sua boca ajustada em uma linha. Algo frio fluiu por mim, como um rubor, só que ao contrário.
Virei minha cadeira ligeiramente para a direita, tentando me posicionar na frente do monitor do computador.
— Eu só... eu só estou terminando a lição de casa. E quanto a você? O que está fazendo? Eu não te escutei entrar. Há quanto tempo você está parado aí? — Meu tom estava descontrolado.
Elliot se afastou da ombreira da porta e entrou no laboratório. Eu apalpei cegamente atrás de mim o botão de ligar/desligar do monitor.
Eu disse:
— Estou tentando acelerar minha inspiração numa resenha de teatro que devo entregar para o meu editor mais tarde hoje à noite. — Eu ainda estava falando rápido demais. Onde estava o botão?
Elliot espiou ao meu redor.
— Resenhas teatrais?
Meus dedos apertaram um botão, eu ouvi o monitor ficar preto.
— Perdão, o que você disse que estava fazendo aqui?
— Eu estava andando quando te vi. Algo errado? Você parece... nervosa.
— Hãn... glicose baixa. — Eu varri meus papéis e livros em uma pilha e joguei-os dentro da minha mochila. — Eu não comi desde o almoço.
Elliot fisgou uma cadeira próxima e a girou para perto da minha. Ele sentou-se de costas nela e se aproximou, invadindo meu espaço pessoal.
— Talvez eu possa ajudar com a resenha.
Me inclinei para longe.
— Uau, isso é muita bondade sua, mas eu vou encerrar por hoje. Preciso pegar algo para comer. É uma boa hora para dar um tempo.
— Deixe-me te levar para jantar, — ele disse. — Não tem uma lanchonete bem na esquina?
— Obrigada, mas minha mãe ficará me esperando. Ela esteve fora da cidade a semana toda e volta hoje à noite. — Eu me levantei e tentei contorná-lo. Ele estendeu seu celular, e ele me acertou no umbigo.
— Liga para ela.
Eu abaixei meu olhar para o telefone e lutei por uma desculpa.
— Não posso sair em noites de semana.
— Isso se chama mentir, Lali. Diga à ela que sua lição de casa está demorando mais que o esperado. Diga à ela que você precisa de mais uma hora na biblioteca. Ela não vai saber a diferença.
A voz do Elliot tinha assumido um tom que eu nunca ouvira antes. Seus olhos azuis tinham a energia de uma frieza recém-descoberta, sua boca parecia mais fina.
— Minha mãe não gosta que eu saia com caras que ela não conheceu, — eu disse.
Elliot sorriu, mas não havia calor.
— Nós dois sabemos que você não se preocupa muito com as regras da sua mãe, já que sábado a noite você estava comigo no Delphic.
Eu estava com a minha mochila tombada em um ombro, e estava agarrando a alça. Eu não disse nada. Passei encostando no Elliot e saí do laboratório apressada, percebendo que se ele ligasse o monitor, veria o artigo. Mas não havia nada que eu pudesse fazer agora.
Na metade do caminho até a mesa das coleções, eu ousei olhar sobre o meu ombro. As paredes de vidro mostravam que o laboratório estava vazio. Elliot não estava em lugar algum. Refiz meus passos até o computador, mantendo meus olhos atentos no caso dele reaparecer. Liguei o monitor; o artigo de investigação de assassinato ainda estava aberto. Enviando uma cópia para a impressora mais próxima, eu a enfiei dentro do meu encadernador, fiz logoff, e me apressei em sair.
Continua...
lehlaliter:Eu,não estou gostando da web eu to amandoooo
lari0912:é muita loucura hahahhahahhahaahhah agora ela ta bem
gente espero que tenham gostado besos da Mihh