Fanfics Brasil - Capitulo 23 Altos e baixos de um romance

Fanfic: Altos e baixos de um romance | Tema: Laliter


Capítulo: Capitulo 23

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Eu estava de pé no andar inferior do Fliperama do Bo com as minhas costas para a parede, encarando diversos jogos de sinuca. As janelas estavam cobertas por tábuas, e eu não conseguia afirmar se era noite ou dia. Stevie Nicks saia dos auto-falantes; a música sobre a pomba branca ferida na asa e estar à beira dos dezessete anos.


Ninguém parecia surpreso pela minha aparência repentina do nada. E então me lembrei que não estava usando nada além de uma camisola e calcinha. Não sou tão vaidosa assim, mas parada numa multidão contendo inteiramente o sexo oposto, minhas partes mal cobertas, e ninguém nem ao menos olhou para mim? Algo estava... estranho.


Eu me belisquei. Perfeitamente viva, pelo que eu podia afirmar. Acenando uma mão para afastar a nuvem enevoada de fumaça de cigarro, avistei Peter do outro lado do cômodo. Ele estava sentado em uma mesa de pôquer, recuado, segurando uma mão de cartas perto de seu peito. Andei descalça pelo cômodo, cruzando meus braços sobre meu peito, me certificando de me manter coberta.


— Podemos conversar? — sibilei em seu ouvido.


Havia uma característica enevoada a minha voz. Entendível, já que eu não fazia ideia como eu fora parar no fliperama. Um instante eu estava no motel, e a seguir eu estava aqui.


Peter empurrou uma pilha pequena de fichas de pôquer na pilha no centro da mesa.


— Tipo talvez agora? — eu disse. — É meio urgente...


Eu dissipei quando o calendário na parede capturou meu olhar. Era oito meses atrás, mostrando agosto do ano passado. Logo antes de eu começar meu primeiro ano. Meses antes de eu conhecer o Peter. Eu disse a mim mesma que era um erro, que quem quer que estivesse comandando a arrancação dos meses velhos tinha se atrasado, mas ao mesmo tempo eu considerei breve e relutantemente onde devia estar. E eu não estava. Arrastei uma cadeira da próxima cadeira e a coloquei ao lado de Peter.


— Ele está segurando um cinco de espadas, um nove de espadas, o ás de copas... — Eu parei quando percebi que ninguém estava prestando atenção. Não, não era isso. Ninguém podia me ver.


Passos avançaram com dificuldade escada abaixo pelo cômodo, e o mesmo caixa que tinha ameaçado me jogar para fora na primeira vez que eu fora no fliperama apareceu no fim da escadaria.


— Alguém lá em cima quer dar uma palavrinha com você, — ele disse ao Peter. Peter levantou suas sobrancelhas, transmitindo uma pergunta silenciosa. — Ela dava seu nome, — o caixa disse apologeticamente. — Eu perguntei algumas vezes. Eu disse à ela que você estava num jogo particular, mas ela não ia embora. Posso mandá-la embora se quiser.


— Não. Mande ela descer. — Peter jogou sua mão, reuniu suas fichas, e empurrou sua cadeira. — Estou fora.


Ele andou para a mesa de sinuca mais perto da escada, descansou contra ela, e deslizou suas mãos para dentro de seus bolsos. Eu o segui pelo cômodo. Estalei meus dedos na frente do rosto dele. Chutei suas botas. Bati minha palma contra seu peito. Ele não recuou, não se moveu.


Passos leves soaram na escada, ficando mais pertos, e quando a Senhorita Greene saiu da escada escurecida, eu experimentei um instante de confusão.


Seu cabelo loiro estava caído . Ela estava usando uma calça jeans pintada e uma regata rosa, e estava descalça. Vestida dessa maneira, ela parecia ainda mais perto da minha idade. Ela estava chupando um pirulito.


O rosto de Peter é sempre uma máscara, e em qualquer instante eu não faço ideia do que ele está pensando. Mas assim que travou os olhos na Senhorita Greene, eu soube que ele estava surpreso. Ele se recuperou rapidamente, todas as emoções se funilando à medida que seus olhos ficavam protetores e prudentes.


— Martina?


Meu coração bateu numa cadência mais rápida. Tentei juntar meus pensamentos, mas tudo em que conseguia pensar era, se realmente era oito meses atrás, como a Senhorita Greene e o Peter se conheciam? Ela não tinha um trabalho na escola ainda. E por que ele estava chamando-a por seu nome?


— Como tem passado? — A Senhorita Greene – Martina – perguntou com um sorriso recatado, jogando o pirulito no lixo.


— O que você está fazendo aqui? — Os olhos de Peter ficaram ainda mais observadores, como se ele não achasse que “é pegar ou largar” se aplicava à Martina.


— Eu escapuli. — Seu sorriso se contorceu de um lado. — Eu tinha que vê-lo novamente. Estive tentando por muito tempo, mas a segurança... bem, você sabe. Não é exatamente relaxada. O seu povo e o meu – nós não devíamos nos misturar. Mas você sabe disso.


— Vir aqui foi uma má ideia.


— Eu sei que faz um tempo, mas eu estava esperando por uma reação ligeiramente mais amigável, — ela disse, empurrando seus lábios em um beicinho.


Peter não respondeu.


— Eu não parei de pensar em você. — Martina esmaeceu sua voz para um tom baixo e sexy e deu um passo para mais perto de Peter. — Não foi fácil descer aqui. Lucianna está inventando motivos pela minha ausência. Estou arriscando o futuro dela, assim como o meu. Você não quer pelo menos ouvir o que tenho a dizer?


— Fala. — As palavras de Peter não tinham nenhum fragmento de verdade.


— Não desisti de você. Esse tempo todo... — Ela dissipou e pestanejou uma amostra repentina de lágrimas. Quando falou novamente, sua voz estava mais contida, mas ainda guardava uma nota vacilante. — Eu sei como você pode conseguir suas asas de volta.


Ela sorriu para Peter, mas ele não retornou o sorriso.


— Assim que conseguir suas asas de volta, pode voltar pra casa, — ela disse, falando mais confiantemente. — Tudo será como era antes. Nada mudou. Não mesmo.


— Qual a pegadinha?


— Não tem pegadinha. Você tem que salvar uma vida humana. Muito criterioso, considerando o crime que o baniu para cá em primeiro lugar.


— Que nível eu serei?


Toda confiança dispersou-se dos olhos de Martina, e eu tive a sensação que ele fizera a única questão que ela esperava evitar.


— Acabei de te contar como conseguir as suas asas de volta, — ela disse, soando um tanto condescendente. — Acho que mereço um obrigado...


— Responda a pergunta. — Mas seu sorriso carrancudo me dizia que ele já sabia. Ou tinha um belo palpite. Qualquer que fosse a resposta de Martina, ele não iria gostar.


— Tudo bem. Você será um anjo da guarda, está bom?


Peter inclinou sua cabeça para trás e riu suavemente.


— Qual o problema de ser um anjo da guarda? — Martina exigiu. — Por que não é bom o bastante?


— Tenho algo melhor em progresso.”


— Me escuta, Peter. Não há nada melhor. Você está se enganando. Qualquer outro anjo caído iria se jogar na chance de conseguir suas asas de volta e se tornar um anjo da guarda. Por que não você?


Sua voz estava abafada com estupefação, irritação, rejeição. Peter levantou-se da mesa de sinuca.


— Foi bom te ver novamente, Martina. Tenha uma boa viagem de volta.


Sem aviso, ela curvou seus punhos na camiseta dele, puxou-o para perto, e esmagou um beijo em sua boca. Muito lentamente o corpo de Peter se virou na direção dela, sua posição suavizando. Suas mãos subiram e roçaram os braços dela.


Eu engoli secamente, tentando ignorar a facada de ciúmes e confusão no meu coração. Parte de mim queria se virar e chorar, parte de mim queria marchar até lá e começar a gritar. Não que fosse fazer algum bem. Eu estava invisível. Obviamente a Senhorita Greene... Martina... quem quer que ela fosse... e Peter tinham um passado romântico juntos. Eles ainda estavam juntos agora – no futuro? Ela tinha se candidatado a um emprego na Escola Coldwater para ficar mais perto do Peter? Era por isso que ela estava tão determinada a me assustar para ficar longe dele?


— Eu devia ir, — disse Martina, se desvencilhando. — Já fiquei tempo demais. Prometi a Lucianna que eu me apressaria. — Ela abaixou sua cabeça contra o peito dele. — Sinto saudade, — ela sussurrou. — Salve uma vida humana, e terá suas asas novamente. Volte para mim, — ela implorou. — Venha para casa. — Ela se desvencilhou repentinamente. — Eu tenho que ir. Nenhum dos outros pode descobrir que desci aqui. Eu te amo.


Enquanto Martina se virava, a ansiedade sumiu de seu rosto. Uma expressão de confiança astuta a substituiu. Era o rosto de alguém que tinha blefado inteiramente em uma mão de cartas difícil.


Sem aviso, Peter a capturou pelo punho.


— Agora me diga por que realmente você está aqui, — ele disse.


Eu estremeci pela influência oculta e sombria no tom de Peter. Para um forasteiro, ele parecia perfeitamente calmo. Mas para qualquer um que o conhecia a algum tempo, era óbvio. Ele estava mandando um olhar para   Tini que dizia que ela tinha cruzado uma linha e era melhor para ela saltitar para trás dela – agora.


Peter a dirigiu em direção ao bar. Ele a plantou numa banqueta de bar e deslizou para a do lado. Tomei a próxima de Peter, inclinando-me para ouvi- lo sobre a música.


— O que você quer dizer, por que estou aqui? — Martina gaguejou. — Eu te disse...


— Você está mentindo.


Sua boca abriu.


— Não acredito... você acha...


— Me conte a verdade, agora mesmo, — disse Peter.


Dabria hesitou antes de responder. Ela lançou-lhe um olhar poderoso, então disse:


— Tudo bem. Eu sei o que está planejando fazer.


Peter riu. Era uma risada que dizia, eu tenho muitos planos. A qual você está se referindo?


— Eu sei que ouviu rumores sobre O Livro de Enoque. Eu também sei que você acha que pode fazer a mesma coisa, mas não pode. — Peter dobrou seus braços no bar.


— Eles te mandaram aqui para me persuadir a escolher um curso diferente, não mandaram? — Um sorriso apareceu nos olhos dele. — Se eu sou uma ameaça, os rumores devem ser verdade.


— Não, não são. São rumores.


— Se aconteceu uma vez, pode acontecer novamente.


— Nunca aconteceu. Você ao menos se deu ao trabalho de ler O Livro de Enoque antes de cair? — ela desafiou. — Você sabe exatamente o que diz, palavra sagrada por palavra?


— Talvez você possa me emprestar a sua cópia.


— Isso é blasfêmia! Você está proibido de lê-lo, — ela gritou. — Você traiu todos os anjos no paraíso quando caiu.


— Quantos deles sabem do que estou atrás? — ele perguntou. — Sou muita ameaça?


Ela jogou sua cabeça de lado a lado.


— Não posso te dizer isso. Eu já te disse mais do que deveria.


— Eles vão tentar me impedir?


— Os anjos vingadores vão.


Ele olhou para ela com propósito.


— A não ser que eles achem que você me persuadiu.


— Não me olhe desse jeito. — Ela soava como se estivesse colocando toda sua coragem em soar firme. — Eu não mentirei para protegê-lo. O que você está tentando fazer é errado. Não é natural.


— Martina. — Peter falou o nome dela como uma ameaça suave. Tanto faz se ele a tivesse pego pelo braço, torcendo-o atrás de suas costas.


— Não posso te ajudar, — ela disse com uma convicção silenciosa. — Não desse jeito. Tire isso da sua cabeça. Torne-se um anjo da guarda. Foque-se nisso e esqueça O Livro de Enoque.


Peter plantou seus cotovelos no bar, radiando pensamentos. Após um momento ele disse:


— Diga a eles que conversamos, e mostrei um interesse em me tornar um anjo da guarda.


— Interesse? — ela disse, um tantinho incredulamente.


— Interesse, — ele repetiu. — Diga a eles que pedi um nome. Se eu vou salvar uma vida, preciso saber quem está no topo da sua lista de partida. Eu sei que você tem privilégios a essa informação como anjo da morte.


— Essa informação é sagrada e particular, e não previsível. Os eventos nesse mundo mudam de instante para instante dependendo das escolhas humanas...


— Um nome, Tini.


— Prometa-me que esquecerá O Livro de Enoque primeiro. Me dê sua palavra.


— Você confiaria na minha palavra?


— Não, — ela disse, — eu não confiaria.


Peter riu friamente e, pegando um palito de dentes do ministrador, andou na direção da escada.


 — Peter, espera... — ela começou. Ela pulou da banqueta do bar. — Peter, por favor espere!


Ele olhou sobre seu ombro.


— Mariana Espósito, — ela disse, então imediatamente prendeu suas mãos sobre sua boca.


Houve uma confusão fraca na expressão do Peter – um franzir de testa de descrença misturado com irritação. O que não fazia sentido, já que, se o calendário na parede estava correto, nós ainda não tínhamos nos conhecido. Meu nome não devia ter estimulado familiaridade.


— Como ela vai morrer? — Ele perguntou.


— Alguém quer matá-la.


— Quem?


— Eu não sei, — ela disse, cobrindo suas orelhas e chacoalhando sua cabeça. — Há tanto barulho e comoção aqui embaixo. Todas as imagens ficam borradas juntas, elas vêm rápidas demais, não consigo ver claramente. Eu preciso ir para casa. Preciso de paz e calma.


Peter enfiou uma mecha do cabelo de Tini atrás de sua orelha e olhou para ela persuasivamente. Ela estremeceu ao toque dele, então assentiu e fechou seus olhos.


— Eu não consigo ver... eu não vejo nada… é inútil.


— Quem quer matar Mariana Espósito? — Peter encorajou.


— Espere, eu a vejo, — disse Tini. Sua voz ficou ansiosa. — Há uma sombra atrás dela. É ele. Ele está seguindo-a. Ela não o vê... mas ele está bem ali. Por que ela não o vê? Por que ela não está correndo? Não consigo ver o rosto dele, está nas sombras...


Os olhos de Martina se abriram de supetão. Ela inspirou rápida e distintamente.


— Quem? — Peter disse.


Tini curvou suas mãos contra sua boca. Ela tremia enquanto levantava seus olhos até os de Peter.


— Você, — ela sussurrou.


Meu dedo se deslocou da cicatriz de Peter e a conexão foi quebrada. Levei um tempo para me reorientar, então eu não estava pronta para o Peter, que me arrastou até a cama num instante. Ele prendeu meus punhos sobre a minha cabeça.


— Você não devia ter feito isso. — Havia uma raiva controlada em seu rosto, escura e em fogo brando. — O que você viu?


Levantei meu joelho e o perfurei nas costelas.


— Sai–de–cima–de–mim!


Ele deslizou até os meus quadris, sentando de pernas abertas em cima deles, eliminando o uso das minhas pernas.


Com meus braços ainda esticados sobre a minha cabeça, eu não podia fazer mais do que me contorcer sobre seu peso.


— Saia–de–cima–de–mim–ou–eu–vou–gritar!


— Você já está gritando. E não vai causar tumulto algum nesse lugar. Está mais para um puteiro do que para um motel. — Ele lançou um sorriso duro que era pura letalidade. — Última chance, Lali. O que você viu?


Eu estava lutando contra as lágrimas. Meu corpo humano zumbiu com uma emoção tão forasteira que eu não conseguia nem nomeá-la.


— Você me enoja! — eu disse. — Quem é você? Quem realmente é você?


Sua boca ficou ainda mais carrancuda.


— Estamos chegando perto.


— Você quer me matar!


O rosto de Peter não expressava nada, mas seus olhos estavam frios.


— O Jipe não morreu novamente hoje à noite, morreu? — eu disse. — Você mentiu. Me trouxe aqui para que pudesse me matar. Foi o que a Tina disse que você queria fazer. Bem, o que está esperando? — Eu não fazia ideia de onde estava indo com isso, e eu não ligava. Eu estava cuspindo palavras numa tentativa de manter o meu horror à margem. — Você esteve tentando me matar o tempo todo. Desde o começo. Vai me matar agora? — Eu o encarei, firme e sem piscar, tentando impedir as minhas lágrimas de se derramarem enquanto eu me lembrava do dia fatídico em que ele tinha entrado na minha vida.


— É tentador.


Eu me contorci debaixo dele. Tentei rolar para a minha direita, então para a minha esquerda. Finalmente percebi que estava desperdiçando um monte de energia e parei. Peter assentou seus olhos em mim. Eles estavam mais pretos do que eu já os tinha visto.


— Aposto que gosta disso, — eu disse.


— Seria uma aposta certeira.


Senti meu coração martelando claramente até os meus dedões do pé.


— Simplesmente faça isso, — eu disse em uma voz desafiadora.


— Te matar?


Eu assenti.


— Mas primeiro quero saber por que. De todos os bilhões de pessoas por aí, por que eu?


— Genes ruins.


— É isso? Essa é a única explicação que recebo?


— Por ora.


— O que isso quer dizer? — Minha voz subiu novamente. — Eu consigo o restante da história quando você finalmente surtar e me matar?


— Eu não tenho que surtar para te matar. Se eu a quisesse morta há cinco minutos, você estaria morta há cinco minutos.


Engoli seco com o pensamento não-tanto-animador.


Ele roçou seu dedão sobre a minha marca de nascença. O toque dele era enganosamente macio, o que tornava isso ainda mais doloroso de aguentar.


— E quanto à Martina? — perguntei, ainda respirando arduamente. — Ela é a mesma coisa que você é, não é? Ambos são... anjos. — Minha voz rachou na palavra.


Peter girou ligeiramente para longe dos meus quadris, mas manteve suas mãos nos meus punhos.


— Se eu soltar, você vai me escutar?


Se ele soltasse, eu ia correr a toda até a porta.


— Por que você liga se eu fugir? Você simplesmente me arrastará de volta para cá.


— É, mas isso iria causar uma baderna.


— A Martina é sua namorada? — Eu conseguia sentir cada levantamento e caída irregulares do meu peito. Eu não tinha certeza se queria ouvir sua resposta. Não que importasse.


Agora que eu sabia que Peter queria me matar, era ridículo eu ao menos ligar.


— Foi. Foi há muito tempo, antes de eu sucumbir ao lado negro. — Ele deu um sorriso duro, tentando debochar. — Foi um erro também.


Ele balançou-se para trás em seus calcanhares, lentamente me soltando, testando para ver se eu lutaria. Fiquei deitada no colchão, respirando arduamente, meus cotovelos me propulsionando.


Três contagens passaram, e eu me arremessei contra ele com toda a força que eu tinha.


Me empurrei contra seu peito, mas fora cambalear ligeiramente para trás, ele não se moveu. Eu me arrastei para fora de debaixo dele e levei meus punhos até ele. Eu martelei em seu peito até que os fundos dos meus punhos começassem a latejar.


— Acabou? — ele perguntou.


— Não! — Desloquei meu cotovelo até sua coxa. — Qual o seu problema? Você não sente nada?


Fiquei de pé, encontrei meu equilíbrio no colchão, e chutei-o o mais forte que pude no estômago.


— Você tem mais um minuto, — ele disse. — Tire sua raiva do seu sistema. Então eu assumirei.


Eu não sabia o que ele queria dizer com “assumir”, e eu não queria descobrir. Dei um salto e corri para fora da cama, com a porta em vista. Peter me agarrou no ar e me empurrou contra a parede. Suas pernas estavam niveladas com as minhas, de frente a frente pelo comprimento das nossas coxas.


— Eu quero a verdade, — eu disse, lutando para não chorar. — Você foi para a escola para me matar? Esse foi o seu objetivo desde o início?


Um músculo na mandíbula de Peter pulou.


— Sim.


Enxuguei uma lágrima que ousou escapar.


— Você está se vangloriando por dentro? É sobre o que isso é, não é? Me fazer confiar em você para que possa jogar isso na minha cara!


Eu sabia que estava sendo irracionalmente irada. Eu deveria estar aterrorizada e frenética. Eu devia estar fazendo tudo em meu poder para escapar. A parte mais irracional de tudo era que eu ainda não queria acreditar que ele me mataria, e não importava quanto eu tentasse, eu não conseguia sufocar aquela mancha ilógica de verdade.


— Entendo que você esteja brava... — disse Peter.


— Eu estou devastada! — gritei.


Suas mãos deslizaram para o meu pescoço, pelando quente. Pressionando seus dedões gentilmente na minha garganta, ele inclinou minha cabeça para trás. Senti seus lábios virem contra os meus tão duramente que ele impediu de sair qualquer nome que eu estivera prestes a chamá-lo. Suas mãos caíram para os meus ombros, roçaram pelos meus braços, e foram descansar na parte debaixo das minhas costas. Pequenos tremores de pânico e prazer me atravessaram. Ele tentou me puxar contra ele, e eu o mordi no lábio.


Ele lambeu seu lábio com a ponta de sua língua.


— Você acabou de me morder?


— Tudo é uma piada para você? — perguntei.


Ele tocou levemente sua língua em seu lábio novamente.


— Não tudo.


— Como o quê?


— Você.


A noite toda parecia desequilibrada. Era difícil ter um confronto com alguém tão indiferente quanto Peter. Não, não indiferente. Perfeitamente controlado. Até a última célula de seu corpo.


Ouvi uma voz na minha mente.


Relaxe. Confie em mim.


— Aimeudeus, — eu disse com uma explosão de claridade. — Você está fazendo isso novamente, não está? Mexendo com a minha mente. — Eu me lembrava do artigo que tinha pegado quando pesquisei no Google anjos caídos. — Você pode colocar mais do que palavras na minha cabeça, não pode? Você pode colocar imagens – imagens realmente reais – nela.


Ele não negou.


— O Arcanjo, — eu disse, finalmente entendendo. — Você tentou me matar naquela noite, não foi? Mas algo deu errado. Então você me fez achar que meu celular estava sem bateria, para que eu não pudesse ligar para a euge. Você planejou me matar na viagem para casa? Quero saber como você está fazendo eu ver o que você quer!


Seu rosto estava cuidadosamente sem expressão.


— Eu coloco as palavras e imagens aí, mas depende de você se acredita nelas. É um enigma. As imagens sobrepõem a realidade, e você tem que descobrir qual é real.


— Esse é um poder especial de anjo?


Ele balançou a cabeça.


— Poder de anjo caído. Qualquer outro tipo de anjo não invadiria a sua privacidade, mesmo eles podendo.


Porque os outros anjos eram bons. E Peter não era.  Peter rodeou suas mãos contra a parede atrás de mim, uma de cada lado da minha cabeça.


— Coloquei um pensamento na mente do Treinador para refazer o mapa de assentos porque eu precisava me aproximar de você. Fiz você pensar que caiu do Arcanjo porque queria te matar, mas não consegui prosseguir com isso. Quase te matei, mas eu parei. Eu me contentei em te assustar, ao invés. Então te fiz pensar que seu celular estava sem bateria porque eu queria te dar uma carona para casa. Quando entrei na sua casa, peguei uma faca. Eu ia te matar então. — Sua voz suavizou-se.


— Você me fez mudar de ideia.


Eu suguei uma respiração profunda.


— Eu não te entendo. Quando eu te disse que meu pai foi assassinado, você soou genuinamente desgostoso. Quando conheceu a minha mãe, você foi bonzinho.


— Bonzinho, — Peter repetiu. — Vamos manter isso entre você e eu.


Minha cabeça girou mais rápido, e eu consegui sentir a minha pulsação batendo nas minha têmporas.  Eu tinha sentido essa pânico golpeando o meu coração antes. Eu precisava das minhas pílulas de ferro. Ou isso, ou o Peter estava me fazendo pensar que eu precisava.  Inclinei meu queixo para cima e espremi meus olhos.


— Cai fora da minha mente. Agora mesmo!


— Não estou na sua mente, Lali.


Eu me inclinei para frente, abraçando os meus joelhos, sugando ar.


— Sim, você está. Eu te sinto. Então é assim que você vai fazer? Me sufocar?


Suaves sons de disparo ecoaram nos meus ouvidos, e um preto embaçado enquadrou a minha visão. Tentei encher meus pulmões, mas era como se o ar tivesse desaparecido.


O mundo inclinou-se, e Peter deslizou para a lateral na minha visão. Eu espalmei minha mão na parede para firmar o meu equilíbrio. Quanto mais eu tentava inalar, mais apertada a minha garganta contraia-se.


Peter moveu-se em direção a mim, mas eu estiquei a minha mão.


— Saia!


Ele inclinou um ombro na parede e me encarou, sua boca firme com preocupação.


— Saia–de–perto–de–mim, — arfei.


Ele não saiu.


— Eu–não–consigo–respirar! — eu sufoquei, arranhando a parede com uma mão, agarrando com força a minha garganta com a outra.


De repente Peter me levantou e carregou até a cadeira do outro lado do quarto.


— Coloque sua cabeça entre seus joelhos, — ele disse, guiando a minha cabeça para baixo.


Eu estava com a minha cabeça abaixada, respirando rapidamente, tentando forçar ar para dentro dos meus pulmões. Muito lentamente senti o oxigênio se arrastar para dentro do meu corpo.


— Melhor? — Peter perguntou após um minuto.


Eu assenti, uma vez.


— Você tem pílulas de ferro com você?


Eu balancei minha cabeça.


— Mantenha sua cabeça abaixada e tome respirações longas e profundas.


Segui suas instruções, sentindo um grampo afrouxar ao redor do meu peito.


— Obrigada, — eu disse silenciosamente.


— Ainda não confia nos meus motivos?


— Se quiser que eu confie em você, me deixe tocar nas suas cicatrizes novamente.


Peter me estudou silenciosamente por um longo momento.


— Essa não é uma boa ideia.


— Por que não?


— Não posso controlar o que você vê.


— Essa é meio que a razão.


Ele esperou um pouco antes de responder. Sua voz estava baixa, as emoções não rastreáveis.


— Você sabe que estou escondendo coisas. — Havia uma pergunta anexada a isso.


Eu sabia que Peter vivia uma vida de portas fechadas e segredos guardados. Eu não era presunçosa o bastante para achar que até mesmo metade deles girava ao meu redor.


Peter vivia uma vida diferente fora da qual ele dividia comigo. Mais de uma vez eu especulara qual sua outra vida poderia ser. Eu sempre tive a impressão que quanto menos eu soubesse sobre ela, melhor.


Meu lábio tremeu.


— Me dê uma razão para confiar em você.


Peter sentou no canto da cama, o colchão afundando sob seu peso. Ele se inclinou para frente, descansando seus antebraços nos joelhos. Suas cicatrizes estavam em plena visão, a luz de velas dançando sombras misteriosas sobre a superfície delas. Os músculos em suas costas se acentuaram, então relaxaram.


— Vá em frente, — ele disse silenciosamente. — Tenha em mente que as pessoas mudam, mas o passado não.


De repente eu não estava tão certa de que queria isso. Em quase todos os níveis, Peter me aterrorizava. Mas no fundo, eu não achava que ele ia me matar. Se fosse isso que ele quisesse, já teria feito isso. Eu espiei suas cicatrizes ameaçadoras. Confiar no Peter parecia muito mais confortável do que deslizar para o seu passado novamente e não ter ideia do que eu poderia achar.


Mas se eu recuasse agora, Peter saberia que eu morria de medo dele. Ele estava abrindo uma das portas fechadas só para mim e só porque eu tinha pedido isso. Eu não podia fazer um pedido tão pesado assim, então mudar de ideia.


— Eu não ficarei presa lá para sempre, ficarei? — perguntei.


Peter deu uma risada curta.


— Não.


Convocando a minha coragem, eu sentei na cama ao lado dele. Pela segunda vez hoje à noite, meu dedo roçou no sulco aguçado da cicatriz dele. Um cinza brumoso lotou a minha visão, indo das beiradas para dentro. As luzes se apagaram.


 


            Continua.....................


lehlaliter:o nome dessa série é hush hush ,husher é quem é fã


shelencoa:Postado amor


besitos 



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Autor(a): MiminLaliter

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Eu estava de costas, minha camisola secando a umidade embaixo de mim, espadas de grama pinicando a pele do meu braço. A lua acima não era nada mais que prateada, um sorriso inclinado para o lado. Tirando o estrondo de um trovão distante, tudo estava quieto. Pisquei diversas vezes seguida, ajudando meus olhos se acostumarem rapidamente à luz escas ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 69



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  • yumitaniyama Postado em 04/06/2015 - 13:27:50

    Eu quero

  • Lari Postado em 02/06/2015 - 10:49:14

    EEEEEUUUU

  • jucinairaespozani Postado em 31/05/2015 - 18:05:58

    .....

  • lari0912 Postado em 08/12/2014 - 14:55:04

    Aaaaaa fiquei histérica agora. amei amei amei amei e amei

  • lari0912 Postado em 05/12/2014 - 13:44:07

    Vamos vamos me diga que ela nao morreu!

  • yumitaniyama Postado em 04/12/2014 - 13:59:28

    Eu quero todas as 4 temporadas, por mais que eu não comente, até porque é meio difícil ficar comentando pelo celular, enfim, to amando, posta maisss, e não me deixe morrer de curiosidade,por favor...

  • lari0912 Postado em 30/11/2014 - 11:04:30

    Ai que do mal vc... pra que me deixar curiosa?

  • lari0912 Postado em 29/11/2014 - 17:47:45

    Nem louca! Eu quero minhas outras 3 temporadas ouviu senhorita!

  • lehlaliter Postado em 29/11/2014 - 11:57:19

    Amigaaaa volteiii vc precisa continuar pq posso dar umas sumidas talvez não comentar mas sempre vou estar aki lendo tudinho que vc posta

  • yumitaniyama Postado em 27/11/2014 - 01:11:44

    Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS


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