Fanfic: Stripped (Adaptada) Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: AyA romance
Sinto a presença do papai na grama ao meu lado. Pela primeira vez em toda a minha vida, ele é algo real. Ele se senta na grama ao meu lado, sem se importar com a umidade de uma hora atrás. É de manhã cedo, logo após o amanhecer. Eu estive ao lado de sua cama por 48 horas, esperando. Eu não tinha me movido, nem uma vez. Não comi, não bebi, não fiz xixi.
Mama... Mama está morta. Eu ignoro o meu pai e choro. Eventualmente, ele me levanta da grama, me leva para o carro, e me põe no banco de trás de seu BMW, onde eu me deito. O cheiro de couro enche meu nariz, picante e úmido de minhas roupas. Ele dirige lentamente, e eu o ouço fungar e bufar. Eu ouço o barulho suave de sua mão passando sobre a barba de uma semana enquanto ele enxuga seu rosto, limpando as lágrimas, abrindo espaço para a próxima onda de tristeza salgada e quente.
Eu não posso respirar sobre os soluços, o peso bruto do luto. Mamãe está morta. Ela era a única pessoa que me entendia. Ela era a intercessora entre mim e papai. Quando ele não queria ouvir, era ela quem falava com ele para mim. Às vezes me pergunto se meu pai ainda gosta de mim. Quero dizer, ele é o meu pai, então eu sei que ele sente a emoção patriarcal de amor protetor, mas ele gosta de mim? Do jeito que eu sou? Será que ele me conhece? Ele já tentou me conhecer?
E agora a única pessoa que me entendia está morta. Se foi para sempre.
— Pare, por favor. — estou lutando para ficar sentada, arranhando no botão da janela, na porta trancada. — Eu vou vomitar.
Ele abranda o suficiente para que eu possa saltar para fora do carro ainda em movimento e caio no capim na beira da estrada. Vômito derrama de mim como uma inundação quente, queimando minha garganta, convulsionando meu estômago. Meus olhos lacrimejam onda após onda jorradas através de mim, e meu nariz pinga. Papai não me ajuda, não segura meu cabelo. Ele só me olha do banco do motorista, o motor em marcha lenta. A canção de Michael W. Smith toca suavemente nos alto-falantes, flutuando para mim pela porta aberta.
―A Entrega‖. Eu odeio essa música. Eu sempre odiei essa música. Ele sabe que eu odeio essa música.
Eu me ajoelho no cascalho e na grama, arfando. Eu olho por cima do ombro dele. A dor em seus olhos são como facas. Mas é a dor solitária. Ele está em seu próprio mundo.
Assim como eu.
Eu cuspo bile, limpo o rosto na minha manga, e chuto a porta traseira. Eu deslizo para o banco do passageiro da frente, prendo meu cinto de segurança no local, e em seguida, com raiva desligo o rádio.
— Anahí, eu estava ouvindo isso.
— Eu odeio essa música. Você sabe que eu odeio essa música.
Ele calmamente liga o CD player novamente e aperta o botão de pular a música. — É o meu carro. Vou ouvir o que quiser. — Ele não pulou a música, ao que parece. Ele a voltou. Ela está começando de novo. Mesmo em meio à dor, ele ainda tem que estar totalmente no controle.
O carro ainda está parado, então eu solto meu cinto e abro a porta. — Tudo bem. Então eu vou a pé.
— São mais de 8km, Anahí. Entra...
Algo explode dentro de mim. Viro-me para ele e grunhindo, é animalesco, gutural, rosno sem palavras. — Vá se foder. — eu digo.
Ele realmente suspira. — Anahí Giovanna Portilla.
Eu o ignoro e começo a andar. Um carro passa com um alto assobio e uma rajada de vento frio tardio. Ele sai e grita seus comandos. Em seguida, ele tenta me arrastar para o carro. Seu braço gira em torno da minha cintura, e ele me arrasta para a porta do passageiro. Eu piso no peito do seu pé, me livrando de suas garras, e então antes que eu sabia o que pretendo fazer, eu soco sua mandíbula. Meu punho aperta e se conecta com sua bochecha. Ele tropeça para trás, mais surpreso do que ferido. Minha mão dói. Eu não me importo.
— Qual é o plano de Deus agora, papai? Por quê? Por que Ele deixou isso acontecer? Diga-me, pai! Fala! — Estou batendo meus punhos nele.
Ele pega as minhas mãos nas dele. — Pare, Anahí. Pare. PARE! Não sei! Eu não... eu não sei. Basta entrar no carro e vamos falar sobre isso.
Eu baixo minhas mãos livres. —Eu não quero falar sobre isso. Apenas me deixe em paz. — Eu digo isso com calma. Muita calma. —Só... me deixe em paz.
E... ele deixa. Ele vai embora, deixando-me ao lado de uma estrada, a quilômetros de qualquer lugar. Naquele momento, eu o odeio. Eu não achei que ele me deixaria aqui. Outro soluço escapa de mim, e depois outro, e depois estou chorando novamente. Quilômetros passam debaixo dos meus pés lentamente, muito lentamente.
Eventualmente eu ligo para Devin, minha melhor amiga, e ela vem me pegar.
Ela é minha melhor amiga, depois de mamãe.
Que está morta. A realidade me bate mais uma vez.
Eu deslizo no carro de Devin e caio para frente contra o painel. — Ela... Ela se foi, Devin. Ela morreu. Mama morreu.
— Sinto muito, querida. Sinto muito, Anahí. — Ela liga o rádio e se afasta do meu ombro, voltando para a rodovia para onde vivemos, ficando cada vez mais longe do Centro Médico da Georgia.
Devin me deixa chorar por um longo tempo antes de falar. — Por que você estava andando na beira da estrada? — Devin tem o perfeito sotaque do sul. Ela o cultiva, eu acho. Estou sempre tentando soar menos como uma caipira da Georgia, mas o sotaque se insinua às vezes.
— Eu entrei em uma briga com meu pai. Ele... ele sempre tem que estar no comando. Sabe? Sobre tudo, o tempo todo. Eu não aguento mais. Eu não posso. Tudo é da conta dele. Mesmo quando estávamos brigando, ele tinha que controlar o que eu fazia, o que eu dizia e o que eu sentia. — Eu fungo. — Eu... eu acho que o odeio, Dev. Eu realmente acho. Sei que ele é meu pai e eu deveria amá-lo, mas ele é... ele é um idiota.
— Eu não sei o que te dizer, Anahí. Por tudo que você me conta, ele é mesmo uma espécie de idiota. — Ela olha por cima do ombro enquanto muda de faixa, e me lança um sorriso simpático. — Você quer ficar comigo por um tempo? Mamãe e papai não vão se importar.
— Posso?
— Vamos pegar as suas coisas. — Devin diz, tentando ser alegre.
Papai está em sua sala de estudo com a porta fechada. O que me diz muito, papai nunca, nunca fecha a porta, a menos que ele esteja realmente chateado, ou profundamente em uma oração.
Eu carrego um monte de roupas e os meus produtos de higiene pessoal em um saco, pego minha mochila que levo para as aulas de dança, meu estoque de dinheiro da gaveta da minha mesa. Eu olho em volta do meu quarto, e sinto como se fosse a última vez. Num impulso, eu pego o meu iPod da mesa, juntamente com o carregador do meu telefone. Eu volto para o meu armário e enfio todas as minhas roupas na mala, sutiãs, calcinhas, vestidos, saias, blusas, saltos, sandálias, tudo isso empurrado até que está tudo transbordando, e eu tenho que sentar-me sobre ela para obtê-la fechada. Eu tinha planejado embalar tudo mais cuidadosamente, mas por algum motivo, eu apenas sei. É isso. O fim.
Olho para os cartazes de vários bailarinos em minhas paredes, os playbills Broadway da viagem que fiz aos dezesseis com mamãe para Nova York... tudo parece juvenil. O quarto de uma criança. Uma garotinha. Há até uma prateleira em um canto cheia de bonecas da minha infância, todas vestidas e sentadas em uma fileira.
Um último olhar. Minha foto emoldurada de mamãe e eu na Times Square vai na minha bolsa. Ela parecia tão feliz lá, e assim eu também. Essa viagem é o que inspirou o meu amor pela dança.
Meu saco de dança está pendurado no meu ombro enquanto eu puxo a mala pelas escadas. As rodas fazem baques passo a passo até que eu esteja no patamar. A porta da frente está diante de mim e as portas francesas fechadas do estudo de papai à minha esquerda. Uma delas se abre e papai enche o espaço, com os olhos avermelhados, rosto desfigurado.
— Onde você está indo, Anahí? — Sua voz é rouca.
— Devin. — Eu ergo a carta de aceitação para USC, o envelope onde explica onde é o meu dormitório, informações sobre minha colega de quarto, check-in. — E depois LA. Estou indo para a faculdade na próxima semana.
— Não, você não está. Nós somos uma família. Precisamos ficar juntos durante este momento difícil. — Ele tenta dar um passo mais perto de mim, e eu recuo. — Sua mãe acaba de morrer, Anahí. Você não pode sair agora.
Eu dou uma risada incrédula. — Eu sei que ela morreu. Eu estava lá! Eu a vi morrer. Tenho que ir, tenho que sair daqui. Eu não posso ficar aqui. Não pertenço a este lugar.
— Anahí. Você é minha filha. Eu te amo. Por favor... Não vá. — Seus olhos estão molhados. Vê-lo chorar dói, mas não muda o fato de que eu o odeio.
— Se você me ama tanto, por que me deixou na rodovia sozinha? — Eu sei que não é justo, mas não me importo.
— Você se recusou a entrar no carro! O que eu deveria fazer? Você me deu um soco! — Ele cai para o lado contra a porta fechada, descansando a cabeça na madeira. Uma lágrima desliza para baixo de sua bochecha.
— Ela era minha esposa, Anahí. Estive com ela desde que eu tinha dezessete anos. Perdi a minha esposa.
Eu jogo a cabeça para trás, tentando não chorar. — Eu sei, papai. Eu entendo.
— Então fique. Por favor, fique.
— Eu... não posso. Simplesmente não posso. — Eu seguro a alça da minha bolsa roxa com estampas Vera Bradley em minhas mãos e torço.
— Por que não?
Eu balanço minha cabeça. — Eu simplesmente não posso. Você não me entende. Você não sabe nada sobre mim. Sei que ela era sua esposa, e eu sei que você está sofrendo tanto quanto eu. Mas... sem ela, eu não sei o que fazer. Era ela que fazia esta família funcionar. Sem ela... nós somos apenas duas pessoas que não se conhecem.
Ele parece tão confuso. — Mas... Anahí... você é minha filha. Claro que eu te conheço.
— Então por que eu gosto de dançar?
Ele parece intrigado com a pergunta. — Porque você é uma menina. Meninas gostam de dançar. É apenas uma fase.
Eu tenho que rir em voz alta. — Deus, papai. Você é um idiota. Porque eu sou uma garota. Sério? — Eu gemo em desgosto e coloco meu saco de dança de volta no meu ombro. — Isso é exatamente o que quero dizer.
Você não conhece nada sobre mim. Eu sou exatamente como mamãe costumava ser antes de casar com você. Você sabe disso. E é isso que te incomoda sobre mim. Ela era uma dançarina, livre, então ela se casou com você e mudou por você e eu não vou fazer isso. Essa foi a escolha dela, e tudo bem. Ela é quem quis. Mas não é a minha escolha. Eu não quero ser a esposa de um pastor, pai. Eu não quero ir para a reunião de oração toda quarta-feira, dois cultos nas manhãs de domingo e pequenos grupos às segundas-feiras e estudo da Bíblia das mulheres às quintas-feiras. Essa não é a minha vida. Eu nem mesmo gosto de ir à igreja. Nunca gostei. — Eu respiro e então solto a verdadeira bomba: — Eu não acredito em Deus.
Autor(a): jessica_ponny_steerey
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Os lábios de papai caem em horror. — Anahí, você não sabe o que está dizendo. Você está chateada. É compreensível, mas você não pode dizer essas coisas. Eu quero gritar em frustração. — Papai, sim, eu estou chateada, mas eu sei exatamente o que estou dizendo. Isso é um ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 60
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franmarmentini Postado em 25/07/2014 - 09:23:22
to muito triste que acabou :/ essa foi uma das melhores histórias que eu já li ;) bjussssssss
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edlacamila Postado em 25/07/2014 - 00:09:23
Aaaaaaaain epilogo? Cm assim? Mds nn tava preparada pro fim :'( aaaaaaaaaain foi pft do começo ao fim *-*
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edlacamila Postado em 24/07/2014 - 12:42:02
Eita q o ponchito adorooooooou esse presenteeeeeee <3 postaaaaaaaaaa <3 nn quero o fimmmmmmmmm :'(
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edlacamila Postado em 23/07/2014 - 01:08:42
Acho q o ponchito ta amando os presentes da anny :3 postaaaaaa <3 nn to preparada pro fim :/
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franmarmentini Postado em 22/07/2014 - 23:59:37
uallllllll
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franmarmentini Postado em 22/07/2014 - 09:09:51
como vc para bem agora...quer me matarrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
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edlacamila Postado em 22/07/2014 - 00:04:27
Cm para ai??????????????? Mds vou infartar e o Alfonso tmb postaaaaaaaaa <3
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franmarmentini Postado em 21/07/2014 - 08:49:17
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ai any santo deus vc me mata de tanto rir...
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edlacamila Postado em 21/07/2014 - 01:14:27
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK ANNY BEBADA Q TUDOOOOO KKKKKKKKKKKKK Posta maaaaaaaaais <3
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franmarmentini Postado em 20/07/2014 - 10:03:28
amo demais essa fic* não queria que terminasse :( poncho é maravilhoso pra any...os dois se fazem tão bem...o amor deles é maravilhoso ;)