Fanfic: Underfined Life | Tema: História Original
Abri meus olhos e a ficha caiu quando percebi a proximidade do rosto de John do meu.
- Acho que já vou embora- Disse ele corando.
- Não vai, você veio exatamente para almoçar e vai ir antes disso? Olha se você ta com vergonha por causa do que aconteceu agora, pode parar. Está tudo bem, Jonathan.
- Me desculpa! Desculpa, desculpa, desculpa eu não sabia aonde estava com a cabeça! – Disse ele desesperado.
- John! Para com isso. Nada a ver você ficar aí se lamentando por nada. Olha, eu não me importo com o beijo... Mas me importo com o motivo.
- Bom. Quando nos conhecemos no nono ano, eu era apenas um garoto bobo e sem amigos. Naquele primeiro dia de aula entediante e sem graça, vi alguém entrando pela porta da sala. Era uma menina bonita, com olhos acinzentados mais lindos que já vi, estava vestida com o uniforme da escola, muito folgado, mas mesmo assim sua beleza permanecia intacta e radiante. Estava fazendo meus deveres quando alguém cutucou meu ombro esquerdo. Quando olhei para o lado lá estava você me pedindo um lápis pois o seu havia quebrado a ponta. Tamanha felicidade! Nem consegui piscar. Colle, quando a vi pela primeira vez eu me apaixonei por você, graças a você, a sua existência sou capaz de afirmar que amor à primeira vista existe sim e é o que senti por você desde o princípio. Quando naquele dia sentamos juntos no intervalo pois estávamos no mesmo barco, sem amigos, percebi que você queria se aproximar de mim, mas não como algo mais, como um amigo. E aceitei dessa forma, pelo menos assim eu estaria próximo a você. Passei quatro anos escondendo isso, e agora aqui, hoje, estou me abrindo com você mesmo sabendo que depois disso nossa amizade vai se abalar, e por mais que você tenha odiado isso, tem algo que quero falar que está guardado em mim há muito tempo. Eu te amo. E não vou lhe pedir para continuar a mesma, pois isso não vai acontecer, mas vou pedir que continue sempre mudando, por que essas mudanças são as que me fazem te amar das mais diferentes formas possíveis. Me desculpe por isso. – Terminou ele com os olhos marejados.
- Eu...eu não sei o que dizer. – Meu corpo estava tremendo como um liquidificador.
- Não precisa falar nada, eu entendo seu nervosismo. Não se preocupe, eu to bem... posso ir agora? – Disse ele sem jeito.
- Não quer almoçar? Minha mãe já deve estar terminando.
- Não, obrigada Collete. – John deu um sorriso forçado.
Ele pegou a blusa em cima da minha cama e desceu as escadas apressado. Abriu o portão e antes que eu pudesse lhe dar tchau ele sumiu da minha vista, pois virou a esquina rapidamente.
Voltei para o quarto e deitei na minha cama. Estava tentando processar tudo o que ele havia dito. Ainda me era muito estranho. Era algo novo para mim, eu nunca pude imaginar que Jonathan sentia isso tudo. Quatro anos. Esse foi o tempo que ele guardou isso dentro de si, sem poder compartilhar com ninguém. Pra mim, eu era a pior pessoa do mundo, sem mais nem menos, na primeira oportunidade eu o chutei pra friendzone e ali permaneceu ele calado até hoje.
- Collete, o almoço tá pronto! Vem comer! – Minha mãe gritou da cozinha.
- Já vou.
Desci correndo, a fome tava me matando, mas tudo o que John havia falado, rondava a minha cabeça e isso estava me tirando o apetite. Eu não sentia o mesmo por ele, mas depois disso, não tinha como eu me calar, me fechar e fingir que nada estava acontecendo. Porque estava. E muita coisa...
Engoli a comida correndo, tinha que ir atrás dele e esclarecer tudo. Sua amizade sempre foi muito importante pra mim e eu não queria que tudo acabasse. E nem que se tornasse algo mais.
O céu estava mais escuro, parecia que iria chover. Mas não me importei, peguei somente um casaco e saí. Fui direto para a casa de John. Ao chegar em frente ao portão, toquei o interfone e sua mãe atendeu.
- Quem é?
- Oi Dona Kris, é a Colle, o Jonathan está?
- Collete, ele chegou em casa e se trancou no quarto dele. Aconteceu alguma coisa?
- Não... a senhora pode chamá-lo?
- Posso sim.
Olhei meu relógio, eram duas e meia da tarde, esperei sentada no meio fio. Quando estava me levantando para tocar mais uma vez o interfone, pois já tinham se passado cinco minutos, levei um susto ao me deparar com John me fitando.
- O- oi... Achei que deveríamos conversar depois daquilo. Então eu vim até aqui. – Eu disse nervosa.
- Você já ouviu falar em telefone? – Disse ele, seco.
- O que? Bom, achei que deveria ser pessoalmente...
- Você pensou errado, desculpe. Eu preciso entrar porque estou ocupado.
- Sua mãe me disse que estava dormindo. Seu sono é mais importante que eu?
- No momento, ele é sim. Foi mal.
Ele virou as costas e quando estava entrando pelo portão, puxei sua blusa.
- Então é assim? Você confessa tudo, se abre pra mim, pra depois fingir que nada aconteceu, que estamos bem como sempre? Você nem me deu a chance de dizer algo lá em casa. – Falei irritada.
- Dizer algo? Dizer o que? “Não se preocupe John, seremos eternos amigos”, não obrigado! Se me dá licença. – Ele abriu novamente o portão e entrou. O vento o bateu e eu fiquei lá fora, sem reação. Fui caminhando até em casa.
No caminho, começou a chuviscar, não acelerei o passo. Queria ser molhada pela chuva, queria que ela lavasse todo o peso na minha consciência, queria que lavasse todos os meus pensamentos.
Escutei uma voz atrás de mim. Por um minuto pensei que fosse o Jonathan me chamando, mas era uma voz feminina. Kandi.
- Ei Collete! Para onde está indo? Pro galinheiro? – Ela estava com uma menina que não reconheci.
Fiquei imóvel. Me virei devagar até olhar para a cara dela. As duas estavam com guarda chuvas, e me encarando, em busca de uma resposta, claro.
- Kandi, eu não quero brigar, tá legal? Será que você não se toca que já temos dezesseis anos, você deveria crescer e criar maturidade.
- Eu tenho maturidade querida, mas já que te encontrei aqui, o que custa te dar um aviso? Sabia que acho seu amigo muito gato? Transmite meu recado. Avisa que se ele não tem ninguém, tem alguém aqui esperando por ele. – Ela sorriu.
Quem ela pensava que era para falar assim, ainda mais dele e comigo!
- Não. – Meu corpo estava tomado pelo ódio.
- Porque não? Vocês tem algum tipo de...digamos, amizade colorida? – Ela gargalhou com a amiga.
- Não temos. Mas animais não fazem o tipo dele. – Virei as costas e corri para casa, a chuva estava engrossando e eu ia ficar resfriada.
Ao chegar, corri para o banheiro, eu precisava de um banho. Enquanto tomava, fiquei refletindo. Que dia horrível tudo de ruim estava acontecendo. Ao acabar, me vesti, fui para meu quarto, me deitei e deixei o sono me levar e junto com ele, todos os pensamentos ruins e maldosos que estavam em minha mente.
Autor(a): brunaa_luanaa
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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Jonathan POV O que eu tinha na cabeça quando confessei tudo para Collete, meu Deus?! Minha cabeça estava latejando, acho que por causa da ressaca, eu tinha uma vaga lembrança de ontem. Colle veio até aqui em casa, e eu a deixei do lado de fora, na rua, na chuva... a culpa estava me matando, mas o orgulho falava mais alto e me impedia de voltar at ...
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