Fanfic: O Amor Está No Quarto Ao Lado-Adaptada AyA | Tema: Anahi e Alfonso
Jogar xadrez com o grande Lodovico era um instigante passeio mental pelos mais diversos assuntos que, de uma hora para outra, sempre desaguavam nas mulheres, seu tema predileto:
_Não se fazem mais amantes como antigamente. _ ele soltou a baforada de seu charuto e moveu seu cavalo no tabuleiro. _ Podemos dizer que houve três fases. Na primeira, as mulheres sabiam que as amantes existiam e não falavam nada...
Eu soltei uma risada e traguei o meu charuto, não acrescentei nenhuma observação, eram rituais sagrados àqueles ciclos de raciocínio do meu velho amigo. Qualquer quebra seria um sacrilégio.
_Depois... _ continuou ele, apoiando uma das mãos na sua bengala de madeira marrom escuro. _ As mulheres ficaram independentes e não toleraram mais isso... _ fez uma careta de desdém e coçou o queixo com a mão que empunhava o charuto. Deu mais uma tragada e olhou para o alto. _ Acho que essa foi a melhor fase, porque era muito mais excitante o proibido. _ riu sozinho ao pronunciar as últimas palavras. _ E agora estamos nessa última fase sem graça. _ voltou sua atenção para o jogo e moveu mais uma peça.
Não perguntei qual era, bastava dar um tempo para que chegasse ao final dos seus estudos antropológicos sobre as mulheres, que não poderia ser dito a ninguém, exceto a mim, por perigo de linchamento.
_Agora, veja, meu rapaz, elas se unem! Pior! _ ergueu o dedo para o alto, enquanto os outros dois equilibravam seu charuto. _ Elas se unem... _ falou mais baixo. _ contra você!
_Por certo! _ ri novamente. _ Não se deve deixar que elas se conheçam, porque vão sentar e debater nossos defeitos, se bobear, terminam juntas. _ empurrei mais uma peça. _ Xeque-mate.
_Ahhh, seu vigarista, está aprendendo demais comigo! _ desdenhou. _ Quando chegou aqui, mal sabia a diferença entre um cavalo e um peão!
Ele falava como se tivesse passado uma década quando, na verdade, íamos completar dois anos de vizinhança. Lodovico era um militar da reserva já aposentado que conheci no churrasco do meu amigo e morava nas cercanias do quartel.
Era um homem alto, moreno, forte, por isso o chamávamos de "o grande". Tinha pouco cabelo e os que ainda se conservavam nas laterais da cabeça eram completamente brancos. Sempre polido, de calça social e camisa bem passada por sua habilidosa e dedicada nora.
_Mas acho que já entramos em uma fase nova. _ Busquei um pouco mais de uísque e ofereci-lhe. Voltei a sentar-me à pequena mesa redonda do canto da sala. _ Agora, as amantes querem virar as oficiais e as de boa família andam dando uma de amante. Enfim, as putas não sabem mais o seu lugar... _ traguei o charuto e bebi um pouco.
_Não sabem mesmo, perdeu a graça. Não há mais pureza. E a televisão... _ apontou para o aparelho. _ é a grande culpada disso. _ balançou a cabeça para os lados. _ Mas agora, faltam mulheres para grandes amores. Não dá para ficar abalado por uma frangotinha dessas que beija quatro na mesma noite...
_Nenhuma conseguiu roubar meu coração ainda, mas as fáceis continuam aqui, morando no lado esquerdo do bolso. _ ri alto e propus uma nova partida.
_Você é sábio, rapaz! _ deu uma gargalhada e tossiu. _ Esse fumo ainda me mata, mas está na hora mesmo. _ Deu de ombros. _ Agora me diga de verdade, nunca amou?
Antes que pudesse responder, o telefone tocou. Atendi. Era Dul. Parecia com pressa. Informou que queria me ver e me pediu meu endereço. Não demonstrei minha preocupação ao meu amigo, que repetiu a pergunta sobre o amor.
Eu fiquei olhando a fumaça saindo pela minha boca, se dissolvendo no ar. Aquela pergunta não era nada divertida.
_Já, já amei. Mas ela foi embora... _ falei com um tom grave que mudou o clima daquela conversa.
_Ah! O amor de minha Esmeralda. _ ele suspirou. _ Ela era belíssima. Cabelos loiros sempre bem arrumados e a boca pintada para quando eu chegasse. Seus olhos azuis, grandes, vivos, poderiam me pedir o que quisesse que eu lhe daria. Era uma Ingrid Bergman. _ Ludovico podia falar com humor das muitas mulheres de sua juventude, mas nenhuma vez deixava de citar sua falecida, e única esposa, com lágrimas nos olhos. _ Filho, quando você encontrar uma grande mulher, se entregue a ela e abandone a farra das outras porque vai descobrir nela todas as mulheres do mundo.
_Será que ela anda por aí com uma placa: “Procura-se o Alfonso”? _ perguntei, meio descrente, arrumando as peças do tabuleiro.
Jogamos mais uma partida, quando ouvi três pancadas à porta.
Eu já sabia que era Anahí. Atendi.
_Eles querem me matar... _ falou transtornada.
_Eles quem? _ perguntei e fechei a porta atrás de mim. Observei seu estado enquanto esperava a resposta.
_Acho que são agiotas para quem meu padrasto devia. Eles entraram em casa atirando, invadiram e...
_Calma, calma. _ pedi-lhe e toquei no seu braço para que parasse de gesticular. Dul estava completamente gelada, como um cadáver. _ Por que você está assim tão fria?
_Eu me escondi dentro de uma caixa d’água, quando eles entraram, não me viram. Socorro,Christopher, me protege. Eles levaram um monte de coisa e vão querer me levar, não posso voltar para lá...
_Calma, você está comigo agora. Vá pelos fundos e entra pela cozinha. Eu estou com visita, não quero que te vejam assim.
Fez que sim com a cabeça e seguiu como ordenei.
Entrei novamente. Minha mente começou a cruzar os dados.
“Eu preciso morrer e saber que você vai cuidar dela, você vai cuidar dela...”
A frase do padrasto de Anahí fez sentido para mim agora. Antes de morrer, sabia que viriam capturá-la para descontar nela suas dívidas. Por isso, precisava de mim para protegê-la.
_Lodovico, surgiu um pequeno problema para resolver, vamos ter que deixar a sua próxima derrota para depois. _ brinquei.
_Tudo bem, meu rapaz, os velhos como as crianças precisam ir para a cama cedo! _ levantou-se e o acompanhei até a porta.
_Você está muito pálida ainda. _falei, quando vi Dul sentada à mesa da cozinha.
_Eu fiquei muito tempo na água... _ disse trêmula.
_Acho que você chegou a um grau muito baixo e agora não está produzindo calor.
Busquei uma manta grossa no guarda-roupa e coloquei ao redor das suas costas.
_Pronto. _ afastei seu cabelo para o lado e o tirei da bochecha. _ Já é a segunda vez que te salvo. _ sorri
_Eu acho que tenho sete vidas. _ ela sorriu, encolhida.
_E gatos preferem leite? _ perguntei.
Ela fez que sim com a cabeça e eu ri da sua doçura. Fui até a cozinha e enchi a leiteira, deixei ferver e levei junto com alguns biscoitos.
_O serviço de quarto é por fora. _ brinquei e recebeu a bandeja.
_Obrigada. _ bebeu o leite segurando a caneca com as duas mãos.
Pude perceber, no inclinar do rosto para dentro da caneca, que ela respirava o cheiro do leite, como se isso também fizesse parte do processo gustativo, e depois, lambia sem pudor o bigodinho branco que lhe marcava acima dos lábios. Um leve puxar dos seus olhos amendoados(não pude trocar pq não seio que significa) no canto não era defeito, mas um acento relevante em sua beleza.
_Obrigada, mais uma vez... _ tocou meu braço, roçando seus dedos sobre meus pêlos e passeando sobre as veias altas. Será que ela intuiu que elevava minha pressão? Espero que tenha ido pelo caminho da conclusão de que tudo se explicava pelo afã do momento e não pela minha, já inicial, paixão arrebatadora por aquele anjo despencado do céu em minha vida.
Sua mão ainda sobre o meu braço trouxe-me uma onda de calor. Agora era eu, no sentido inverso, que precisava de um bom copo de água gelada, com pedras de gelo de preferência.
Não quis que Ludovico a visse, pois ele saberia que era um das poucas mulheres que se podia amar para a vida toda. Certamente, iria me perseguir para saber o andamento das coisas. Mas com Annie, eu não queria pressa. Ela teria todo tempo do mundo para perceber-me.
As mulheres se conhecem pelos olhos. Os de Anahí não tinham medo, receios, nem sabiam o que esperar, como se fosse a primeira vez e isso rompia, com ruidosas pancadas, o silêncio de um calabouço esquecido, no subterrâneo do meu coração, há muitos anos.
_Anahí, me leva com você? _ pediu-me.
Para onde? Para o infinito em um balão? Eu levo!
_Não me pede para ir embora porque eu não quero voltar para lá. _ explicou-me.
_Não vou pedir. _ sorri.
_Estou com medo. Só consigo pensar neles invadindo a casa... Parece que estou vendo-os aqui... Não vou conseguir dormir.
_Claro que vai, meu anjo.
Mostrei-lhe minha cama e dormi no sofá. Quando acordou na manhã seguinte, eu já estava à mesa, lendo o jornal.
_Dormi muito... _ balançou a cabeça para os lados e sentou-se. _ O leite daqui dá sono, hen? Nossa! Já são nove horas! _ olhou o relógio na parede.
_Bom, temos que resolver a sua vida. _ suspirei. _ Vamos até a sua casa._avisei-lhe.
_Alfonso, eu tenho medo...
Abri o armário da cozinha e tirei uma caixa de dentro. Abria-a e saquei meu revólver. Conferi as balas.
_Para que isso? _ arregalou os olhos.
_Eu sou o seu salva vidas, se esqueceu? _ pisquei o olho.
Autor(a): ponny_aya
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_Por que vamos descer aqui? _ perguntei, ouvindo Alfonso pedir ao taxista que parasse na esquina da minha rua, bem longe de casa. _Se fosse para descer no seu portão, eu vinha com o meu próprio carro, mas como a situação está quente, é melhor não sermos identificados por nenhuma placa. _ explicou-me, sempre em voz ba ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 144
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maryangel Postado em 25/03/2015 - 19:58:09
Ameii, chorei, simplesmente lindo !
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franmarmentini Postado em 11/10/2014 - 20:29:50
AMEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII IIIIIIIIIIIII A FIC* BJUSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
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franmarmentini Postado em 11/10/2014 - 20:06:09
:)
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blueorangee Postado em 06/10/2014 - 19:54:31
No creo que acabou, tava tão linda, quase tive um troço aqui, achando q a Anny tivesse morrido, ainda bem q não, família perfeita
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edlacamila Postado em 06/10/2014 - 11:09:53
Ahhhhhhhh ja acabou :/ FOI PFTOOOOOOOO *---*
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edlacamila Postado em 06/10/2014 - 10:59:51
Ahhhhhh mds oq aconteceu??????????? Aaaaain anny :/ postaaaaaaaaaaa <3
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edlacamila Postado em 06/10/2014 - 10:43:52
Scrrrrrrrrrrrrr eles sao pftoooooooos *--* postaaaaaaaaaaaaa <3
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blueorangee Postado em 02/10/2014 - 15:10:06
Anny safadenha, , só lembra de coisas muitississisimas cultas
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franmarmentini Postado em 02/10/2014 - 13:22:25
***ME DESCULPE FICAR ESSES DIAS SEM COMENTAR...DEU PROBLEMA NO MODEN AKI EM CASA E NÃO TINHA INTERNET :/ SÓ PUDE VIR LER AGORA ;)
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cristieli Postado em 30/09/2014 - 01:21:24
Haaaa porque parou agora? E porque a Any disse que vai morrer e abaixou a cabeça? Iiiii la vem só lhe pesso que tenham um final feliz pq sua fic mereceee los A merecem e o trauma merece sempre um final feliz. .... Porfavor puesta masssss *-*