Fanfic: Uma viagem sem volta. /1ª e 2ª temporada.

Minha sala era a mais afastada da sala dos professores, então quando eu cheguei já havia quase todos lá. Lembrei-me de mexer a barriga, simulando respiração. Eu já estava a um bom tempo sem respirar, mas mesmo assim estava começando a sentir sede, a única vez que eu me alimentei foi em Minas, já faz um bom tempo, eu não queria dizer isso para o Kaname, mas eu estava começando a não confiar em mim, tinha medo de do nada eu atacar alguém, meu Deus, não gosto nem de pensar.

O professor não tinha chegado ainda, então estava tudo bem, fui diretamente até a minha carteira, jogando minha bolsa lá, não beijei o rosto das meninas naquele dia, não queria abusar, apenas sorri pra elas, que me mandavam um olhar “eu-sei-com-quem-você-estava”, apenas ri e me sentei.

As duas primeiras aulas passaram voando, depois da terceira era o intervalo, eu estava seriamente pensando em ir atrás de alguém, estava com a cabeça apoiada nas mãos, olhando para a carteira da frente, fechei os olhos com força quando os vi vermelhos no reflexo do metal. Tentei pensar em coisas que não tinha nada a ver... Ver se conseguia despistar a sede, mas estava difícil, minha garganta começava a arder. Não queria, mas contra minha vontade eu teria que avisar o Kaname, ele tinha que me ajudar. Usando a franja sobre os olhos para disfarçar, eu fui até o professor e pedi para sair da sala para tomar água, irônico. Ele deixou, eu fui até a porta, mas quando ia sair da sala tropecei, respirei com o susto, ainda não tinha conseguido controlar completamente minha respiração. Era como se eu tivesse caído em um vulcão, aquela sala apertada com 30 humanos, eu estava enlouquecida com o cheiro, aquilo entrava pelo meu nariz e parecia que ia me corroer por dentro, eu não devia ter esperado tanto para avisar o Kaname. Cai de joelhos e tampei meu nariz com toda a força que tive. Escutei carteiras arrastando, pessoas, vindo até mim. Queria gritar pra elas se afastarem, mas se eu movesse apenas um músculo, eu não saberia o que eu era capaz de fazer. Eu escutava “você está bem?” “o que aconteceu?”, mas eu não me mexia, de repente eu escutei uma voz diferente, uma frase diferente, ele dizia “gente, afastem-se, ela só está fraca, eu vou levar ela lá fora para tomar um ar”. Eu já tinha escutado aquela voz, queria abrir os olhos e vê-lo para ter certeza, mas não o fiz, pela voz podia julgar que era ele, o Peter. Não queria que ele encostasse em mim, não queria colocá-lo em perigo, mas ele ignorou, segurou em meu ombro e me guiou para fora. Continuei de olhos fechados e com o nariz tampado, se meu coração batesse, ele estaria a mil agora. O Peter tentou me tranqüilizar. Ele disse uma coisa que eu fiquei realmente surpresa.

Peter: Não se preocupe, eu sei o que você tem, pode abrir os olhos.

Não sei por que, mas eu confiei nele. Já no pátio, na mesma escadinha que eu ficava no intervalo, eu tirei uma das mãos tremulas dos olhos e os abri. Ele não ficou surpreso, ao contrario, tranqüilo ele disse:

Peter: Quer que eu chame alguém?

Minha boca tremula apenas murmurou o nome dele “Kaname”. Ele escutou, olhou pra mim e disse “fique aqui, eu já volto, tente se controlar, não respire e não pense nisso”.

Como ele sabia tão bem dessas coisas? Como ele não se impressionou de ir chamar um professor? Como ele sabia o que eu tinha? Tantas perguntas vinham em minha cabeça agora, mas eu só consegui achar uma resposta, ele tinha algum amigo vampiro, por isso já sabia, mas depois em outro momento mais calmo, eu iria perguntar isso a ele, com certeza.

Por incrível que pareça, isso me ajudou a distrair, em segundos o Kaname já estava na minha frente se desculpando enquanto dobrava a manga da camisa de um dos braços. Olhei em volta dele, o Peter não estava mais ali, já teria ido para sala.

Kaname: Desculpe-me, eu esqueci que já fazia tempo, esqueci que você podia estar com sede. No pescoço as marcas ficarão visíveis.

Isso explicou o porquê da manga dobrada, não interessava o lugar, a única coisa que eu precisava agora era daquele liquido escorrendo por dentro da minha garganta, e assim aconteceu, destampei meu nariz, me permitindo respirar, sorri já que não precisava me segurar, segurei o pulso dele com toda a força que tive, sem esperar um segundo mais eu o mordi. Segundos depois já me sentia melhor, consegui parar tranquilamente, pelo menos o meu controle de parar estava bem melhor do que na ultima vez. Ele desdobrou a manga e segurou em meus ombros enquanto eu me recompunha.

Kaname: Como você está?

Marie: Ótima, obrigada.

Kaname: Mesmo?

Marie: Mesmo, mesmo! Desculpa, não queria te usar assim, acho tão errado.

Kaname: Não precisa se desculpar, isso é normal, você vai se acostumar.

Eu levantei de onde estava sentada e o abracei, selando os meus lábios nos dele rapidamente, sabia que ninguém estava nos vendo mesmo...

Marie: Melhor eu voltar pra sala, vão pensar que eu morri.

Kaname: Você caiu na sala?

Marie: Sim, se não fosse o Peter, provavelmente haveríamos outro vampiro agora.   – Disse sem orgulho nenhum do meu não-autocontrole. – Em falar em Peter, onde ele está?

Kaname: Ele me avisou e foi para sala.

Marie: Você o conhece?

Kaname: Um pouco... Por quê?

Marie: Porque ele disse que sabia o que eu era e que queria me ajudar, então perguntou se eu queria que chamasse alguém, então pedi para chamar você. Como ele sabia?

Kaname: Se eu não me engano ele tem um amigo vampiro, por isso ele sabia do que era sua reação.

Apenas olhei para ele pensativa, fazia sentido, mas mesmo assim, iria confirmar com ele depois.

Ele pegou em minha mão e fomos até a sala, me deixou na porta e se virou. Prendi a respiração novamente e abri a porta, dando de cara com os olhares do professor, preocupado.

Antes que um questionário começasse, eu já falei.

Marie: Eu estou bem, só estava fraca porque não tinha comido nada, já estou melhor.

O professor afirmou com a cabeça, eu ia para o meu lugar, mas antes disso eu cruzei a sala toda e fui até terceira cadeira da fileira da parede. Encostei a ponta de meus dedos em seu queixo e beijei sua bochecha como agradecimento, sem tirar o rosto dali eu sussurrei “muito obrigada”, ele logo perguntou “você está bem?”, eu sorri e afirmei com a cabeça que sim, e logo voltei a sussurrar “preciso falar com você” e ele novamente respondeu de imediato “no intervalo eu vou até você”. Finalmente afastei-me rosto dele, mas antes beijei sua bochecha novamente, agora foi por pura vontade mesmo, ele era tão lindo e tinha sido tão gentil comigo, um anjo...