Fanfic: A seleção (Adaptada) | Tema: Vondy
— Ah, engordar!
Rimos, e ele me contou as novidades desde a última vez que nos vimos. Pedro tinha trabalhado no escritório de uma fábrica e ia ficar mais uma semana nesse serviço. Sua mãe tinha finalmente conseguido um emprego fixo de faxineira na casa de alguns Dois da nossa região. As gêmeas estavam tristes porque a mãe as fizera largar o curso de teatro da escola para que pudessem trabalhar mais.
— Vou ver se arranjo um trabalho aos domingos para ganhar um pouquinho mais. Detesto ver as duas abandonarem uma coisa que adoram — ele disse, esperançoso, como se fosse mesmo conseguir.
— Pedro Leger, nem se atreva! Você já trabalha demais.
— Aaah, Dul — ele sussurrou ao meu ouvido. Arrepiei. — Você sabe como Kamber e Celia são. Elas precisam ver gente. Não aturam ficar limpando e escrevendo o tempo todo. Não é da natureza delas.
— Mas não é justo que esperem tudo de você, Pedro. Sei exatamente como se sente, mas você precisa se cuidar. Se ama suas irmãs de verdade, tem que se preocupar também com o responsável por elas.
— Fique tranquila, Dul. Acho que coisas boas vão surgir lá na frente. Não vou ficar fazendo isso para sempre.
Mas ele ia. Porque sua família sempre ia precisar de dinheiro.
— Pedro, sei que você aguenta. Mas há um limite. Você não pode achar que é capaz de dar tudo para todo mundo que ama. Não dá para você fazer tudo.
Ficamos em silêncio por uns instantes. Eu tinha esperança de que ele estivesse refletindo sobre minhas palavras, de que percebesse que, se não diminuísse o ritmo, podia se desgastar demais. Não era raro que pessoas da Seis, da Sete e da Oito morressem de exaustão. Eu não suportaria isso. Apertei-me ainda mais contra o peito dele, tentando apagar essa imagem da minha mente.
— Dulce?
— Sim? — sussurrei.
— Você vai entrar na Seleção?
— Não! Claro que não! Não quero que as pessoas pensem que considero a hipótese de me casar com um estranho. É você que eu amo — disse bruscamente.
— Você quer ser uma Seis? Sempre faminta? Sempre preocupada? — ele perguntou.
Sua voz carregava muita dor e uma pergunta sincera: se eu pudesse escolher entre dormir no palácio real rodeada de empregados e num apartamento de três cômodos rodeada pela família Leger, o que seria?
— Aspen, nós vamos conseguir. Somos inteligentes. Vamos ficar bem — eu disse, desejando que isso acontecesse de verdade.
— Você sabe que as coisas não vão ser assim, Dul. Eu ainda teria que sustentar minha família. Não sou do tipo que abandona os outros.
Estremeci nos braços de Pedro, que continuou:
— E se tivermos filhos...
— Quando tivermos filhos. E vamos tomar cuidado. Não precisamos ter mais de dois.
— Você sabe que isso é uma coisa que não podemos controlar!
Sentia a raiva tomando conta da voz dele. Não podia culpá-lo. Quem tinha dinheiro podia controlar o número de filhos. Mas os Quatro em diante tinham que se virar. Esse foi o assunto de muitas das nossas discussões nos seis meses anteriores, quando começamos a pensar seriamente num jeito de ficar juntos. Filhos eram uma incógnita. E quanto mais deles, mais trabalho. Já havia tantas bocas famintas...
De novo veio o silêncio. Nenhum dos dois sabia ao certo o que dizer. Pedro era passional; tendia a se exaltar nas discussões. Ele tinha aprendido a se conter antes de ficar irritado demais. Era o que estava fazendo agora.
Eu não queria deixá-lo preocupado ou nervoso. Acreditava mesmo que podíamos lidar com a situação. Se planejássemos, sobreviveríamos ao impossível. Talvez eu fosse esperançosa demais. Talvez estivesse apaixonada demais. O fato é que realmente acreditava que Pedro e eu alcançaríamos tudo o que quiséssemos de coração.
— Acho que você devia... — ele soltou de repente.
— Devia o quê?
— Participar da Seleção.
Olhei para ele furiosa:
— Você perdeu o juízo?
— Escute, Dul.
Sua boca estava bem perto do meu ouvido. Não era justo; ele sabia que isso ia me distrair. Sua voz veio devagar, aos sussurros, como se ele fosse dizer algo romântico, embora se tratasse do contrário.
— Se você tivesse a oportunidade de melhorar de vida e não a aproveitasse por minha causa, eu nunca ia me perdoar. Não ia aguentar uma coisa dessas.
Respondi bufando:
— Mas que ridículo. Pense nos milhares de garotas que vão participar. Não vou nem ser sorteada.
— Se não vai ser sorteada, por que se preocupar?
Ele esfregava meus braços com as mãos. Eu não conseguia resistir.
— Só quero que você participe, que tente. E, se for sorteada, vá para o castelo. Se não for, pelo menos não vou sofrer por ter impedido você.
— Mas, Pedro, eu não amo o príncipe. Não gosto dele. Nem o conheço.
— Ninguém o conhece. E esse é o ponto: talvez você goste dele.
— Chega! É você que eu amo.
— E é você que eu amo.
Ele me beijou para confirmar essas palavras.
— E se me ama, vai fazer isso, para que eu não fique louco de tanto pensar no que poderia ter acontecido.
Quando se pôs como vítima, ele ganhou: eu era incapaz de magoá-lo. Fazia de tudo para facilitar a vida dele. E estava certa: não havia nenhuma chance de ser escolhida. Assim, tudo o que precisava fazer era me submeter ao processo e agradar a todos. Depois, quando não fosse sorteada, o assunto seria esquecido.
— Por favor? —Pedro suspirou no meu ouvido, e eu pude sentir um arrepio por todo o corpo.
— Certo — sussurrei. — Vou me inscrever. Mas sei que não quero ser princesa. Tudo o que quero é ficar com você.
Ele passou a mão no meu cabelo.
— E você vai ficar.
Acho que foi a luz, ou a falta dela, mas juro que os olhos dele marejaram quando disse isso. Pedro tinha passado por muita coisa, mas só o vi chorar uma vez, quando chicotearam seu irmão no meio da praça. O pequeno Jeremy tinha roubado uma fruta de uma banca no mercado. Um adulto teria sido submetido a um julgamento rápido e seria jogado na prisão ou condenado à morte, dependendo do valor do item roubado. Jemmy tinha apenas nove anos e por isso foi espancado. A mãe deles não tinha dinheiro para levar o menino a um médico decente, por isso Jemmy ficou com cicatrizes de alto a baixo.
Naquela noite, esperei na janela para ver se Pedro subiria até a casa da árvore. Ele subiu, e saí escondido para encontrá-lo. Ele chorou em meus braços por uma hora, lamentando-se por não ter trabalhado mais, por não ter sido melhor, para que Jemmy não precisasse roubar. Chorava porque era injusto Jemmy ter sido punido por suas próprias falhas.
Foi uma agonia. Aquilo não era verdade. Mas eu não podia dizer isso a Pedro: ele não me daria ouvidos. Carregava nas costas as necessidades de todas as pessoas que amava. Como que por milagre, eu me tornei uma delas, e tentava pesar o mínimo possível.
— Você pode cantar para mim? Uma música bem bonita, para eu lembrar na hora de dormir?
Sorri. Adorava cantar para ele. Aconcheguei-me mais e comecei uma cantiga de ninar bem serena.
Pedro me deixou cantar por uns minutos antes de começar a descer os dedos distraidamente por minha orelha. Abaixou a gola da minha camiseta e me beijou do pescoço às orelhas. Em seguida, arregaçou minhas mangas e foi beijando meu braço de ponta a ponta. Comecei a perder o fôlego. Ele fazia isso quase todas as vezes em que eu cantava. Acho que gostava mais da minha respiração aguda do que das próprias músicas.
Em pouco tempo estávamos enlaçados sobre o tapete sujo e gasto.
Pedro me puxava para cima dele, e eu acariciava seus cabelos bagunçados, hipnotizada por aquelas sensações. Ele me dava beijos ardentes e intensos. Eu sentia seus dedos apertarem minha cintura, meus quadris, minhas coxas. Sempre ficava surpresa que não deixasse marcas no meu corpo.
Tomávamos o cuidado de sempre parar antes de chegar ao que realmente queríamos. Desrespeitar o toque de recolher já era o bastante. Ainda assim, com todas as limitações, eu não conseguia imaginar que alguém em Illéa estivesse mais apaixonado que nós.
— Eu te amo, Dulce Maria. Vou te amar enquanto viver.
A voz dele transmitia uma emoção profunda e me pegou desprevenida.
— Eu te amo, Pedro. Você sempre será meu príncipe.
E ele me beijou até a vela se consumir por inteiro.
Devia fazer horas que estávamos lá, e meus olhos começaram a pesar. Pedro nunca se importava com o próprio sono, mas não podia suportar o meu. Assim, desci a escada cansada, levando o prato e uma moeda.
Pedro se deliciava com minhas canções. Às vezes, quando tinha algum dinheiro no bolso, ele me dava uma moeda para pagar pela música. Eu queria que ele desse cada moeda que conseguisse juntar para a própria família: sem dúvida, eles precisavam até do último centavo. Mas aquelas moedas — que eu era incapaz de gastar — serviam como um lembrete de tudo o que Pedro queria fazer por mim e de tudo o que eu significava para ele.
De volta ao quarto, tirei o pote cheio de moedas do esconderijo e escutei o alegre tilintar da mais nova sobre as antigas. Esperei dez minutos na janela até ver a silhueta dele descer a escada e correr pela estrada.
Fiquei acordada mais um pouco, pensando em Pedro e no quanto eu o amava e me sentia amada por ele. Era uma sensação especial, insubstituível, que não tinha preço. Nenhuma rainha no trono poderia se sentir mais importante que eu.
Adormeci com esse pensamento gravado no fundo do coração.
Autor(a): thahvondyforever
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
PEDRO ESTAVA VESTIDO DE BRANCO Parecia um anjo. Ainda estávamos em Carolina, mas não havia ninguém por perto. Estávamos sozinhos, mas não sentíamos falta de ninguém. Pedro fez uma coroa de ramos para mim e ficamos juntos.— Dulce — irrompeu minha mãe, sacudindo-me até que eu acordasse.Ela acendeu a luz ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 275
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geo12 Postado em 24/10/2014 - 15:58:39
Thah vc ñ deixou o link eu ñ consegui acha-la,aparece uma mais ñ e vc a autora..Me passe o link flor.Bjss
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siempre_vondy_forever_rbd Postado em 23/09/2014 - 12:54:27
Acompanharei Perdia <3 Bjsssss
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siempre_vondy_forever_rbd Postado em 23/09/2014 - 12:54:01
Ameiiiii Que web perfeita vey <3
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anna_caroline Postado em 23/09/2014 - 00:26:29
Essa web já existe..
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geo12 Postado em 05/09/2014 - 19:59:06
Oiiiiii Thah..Nossa to com tantas saudades de vc...Poste uma fanfic para nos flor....Aquela web q vc ia postar e depois descobriu q ja tava sendo postada,e indicou para nos eu to acompanhando e amando a historia so q autora dela demora para postar aii eu lembro de ti q era tão atenciosa com nos leitoras e postava tds os dias.....Eu queria ler outra fanfic sua ou ate ter a 2 temporada de A Seleção pq eu ameii ela d++++...Bjss gatinha :p
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bianca_sd Postado em 03/09/2014 - 23:09:40
Oiiieeeeeeeeeeeee..... Também sinto saudade, lembra que você tinha me falado de 'Forever Black'???? Eu li o livro é perfeito, até arrastei a minha melhor amiga para ler também, detalhe: ela odeia ler e amou o livro..... Escolhe um outro livro legal, ;P
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miiica Postado em 03/09/2014 - 17:50:33
oiiiiiiiii , querida faz uma continuação sua dessa web pfvr ??
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bianca_sd Postado em 19/08/2014 - 23:11:56
Vou chorar, vou sentir saudade.... Bj
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ib_vondy Postado em 19/08/2014 - 00:39:18
Amei de coração a fic*u*!!! Infelizmente ñ vou poder pedir pra postar mais kk^-^!!! Vai adaptar outra?
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rubigaga08 Postado em 18/08/2014 - 17:52:59
Fico dois dias sem vim aki e a fic acaba?To tirsteee,e agr qual LEREMOS?...Amei essa ficcc,uma das MELHORES q ja li ate agr.Só ñ teve cena hot,mais a fic foi tão boa q nem senti tanta falta kkkk.Fiquei feliz q o rei morreu e triste pela Alê...Casamentooo aiii amo essas partes.So faltou os GEMEOS vondy kkkkkk..Ucker e maravilhoso e achei linda a atitude dele q ja era antiga e agr pos em praticaa...Mais uma ves AMEI TD MSM,ri d+,sofri,e comi minhas unhas de tanto suspense kkkkkkk.Ano q vem vou le-la d'novo....POSTA OUTRA FIC SUA florrr....Bjsss e adoreii ficar esse tempo comentado essa web tão emocionante! :):):p:*