Fanfic: As Vestes do Amor - AyA (Adaptada) - FINALIZADA | Tema: AyA

Cabia a ela decidir.
Ele não a obrigaria. Ela se entregaria a ele.
E quando isso acontecesse, sua vitória sobre Rodrigo estaria completa.
Ele tocou o queixo de Annie e o levantou para poder fitar seus olhos azuis, agora levemente umedecidos.
— Eu a levarei ao aeroporto — garantiu. — Quando ele for reaberto e estiver seguro, eu mesmo a levarei.
Ele a observou engolir em seco, e lutou contra o impulso de cobrir com sua boca aqueles lábios trêmulos.
— Vai me deixar ir? — Sua respiração estava entrecortada, hesitante.
— Se for isso que você quiser. — Ao ver os olhos de Annie se arregalarem com esperança e expectativa, ele aceitou um desafio: teria de mudar essas expectativas antes que chegasse a hora de sua partida. — Se for isso que você realmente quiser.
— Claro que é o que eu realmente quero.
— Então será assim — garantiu. — Temos um acordo.
— Como... — começou Annie, sem sucesso. — Como sei que posso confiar em você?
— Eu lhe asseguro de que você tem minha palavra de honra. — Sorriu quando notou sua expressão cética. — Embora eu saiba que você não acredita nela. Mas talvez você tenha razão. Talvez em consideração a suas preocupações, devamos selar nosso pacto. Poderíamos apertar as mãos... — Ele segurou a mão de Annie, que reagiu como se tivesse recebido uma descarga elétrica. — Ou podemos selar nosso acordo com uma coisa muito, muito mais satisfatória... — Ele viu o pânico acender nos olhos de Annie, sentiu seu impulso instantâneo de fugir. — Apenas um beijo — prometeu. — Não mais que isso.
Ele a puxou suavemente com uma das mãos, enquanto com a outra segurava seu queixo para erguê-lo. Então baixou o rosto até cobrir a boca de Annie com a sua própria. Ele sentiu o corpo de Annie ser trespassado por um arrepio enquanto ele a beijava. Ele a sentiu suspirar em sua boca, como se admitindo que não tinha outra escolha senão beijá-lo.
E ela não tinha.
Era bom que se acostumasse com isso.
A língua de Alfonso traçou a linha dos lábios de Annie, provando, examinando, sondando, e no momento preciso, ao menor sinal de que ela estava respondendo, ele a soltou e se afastou.
Annie abriu os olhos, faces rosadas, lábios avermelhados e inchados.
Por enquanto era suficiente.
Ele gostaria de ter continuado. Deus, como gostaria! Precisara de cada fiapo de autocontrole para se afastar quando tudo que desejava fazer era se enterrar bem fundo nela. E ele faria isso. Ele apagaria de sua mente todos os pensamentos de Rodrigo, cada memória de seu amor, cada dor de sua traição. Ele a teria. Mas ainda não. Ainda não.
Ele não a obrigaria.
Ele faria com que ela viesse por vontade própria.
— Então, negócio fechado?
Ela cambaleou, sabendo que mais uma vez ele a conduzira àquele lugar onde ela se perdia, onde esquecia quem ele era e até que desejava fugir dali. Como ele conseguia fazer isso? E por que ela se sentia tão traída quando ele parava?
— Claro. — A voz de Annie saiu suave demais para seu gosto, e ela tentou de novo, tentando incutir mais determinação em seu tom. — Definitivamente. Você me levará ao aeroporto quando ele reabrir.
Ele a fitou, sorrindo de lado.
— Se for isso que você realmente quiser.
— Sim, eu quero.
"Eu acho", pensou em silêncio. Ela baixou os olhos para não lhe dar a chance de ver um brilho de sua agitação interna, e se moveu para pegar sua mala, esforçando-se para pensar em trivialidades. Ela retornaria ao seu quarto. Concentrar-se em fazer as malas com mais zelo. E esquecer sua própria incerteza.
— Mais uma coisa — disse Alfonso quando ela alcançou a porta. — Preciso comparecer a uma reunião com as tribos do deserto esta noite. Será uma viagem noturna. Partirei mais tarde.
A surpresa se misturou ao alívio e à decepção. Ela não o veria antes que ele retornasse para levá-la ao aeroporto. O tempo que passariam juntos antes que ela saísse seria limitado a um breve percurso em sua limusine, se tanto. Ela deveria ficar feliz com isso, não deveria?
— É seguro para você sair de Hebra nas atuais circunstâncias?
Ele arqueou uma das sobrancelhas.
— Agora está preocupada com minha segurança? Você me surpreende. Há um momento parecia querer jogar meu cadáver para os abutres.
Ela piscou, premendo os lábios.
— Se eu demonstro preocupação é pelas pobres pessoas que você certamente levará nessa viagem pelo deserto. É a segurança delas que me preocupa.
Alfonso contorceu os lábios num esboço de sorriso.
— É claro. Mas é perfeitamente seguro. Irei para o lado oposto do país.
— Você também achou que era seguro quando me trouxe para cá. Isso não diz muito a respeito de sua capacidade de avaliação de risco.
— Eu lhe asseguro que avaliei os riscos — disse ele, estreitando os olhos —, e
estou disposto a enfrentá-los.
O calor inundou seus sentidos. Ela já ouvira tantos comentários de duplo sentido tecidos por Alfonso que não teve dúvida de que suas palavras foram dirigidas para ela.
Mas ele não teria chances. Em um ou dois dias ela estaria voltando para casa.
— Nesse caso, espero que você não fique decepcionado — disse Annie, nariz empinado.
— Como eu poderia ficar decepcionado se você irá comigo?

Será que a Annie vai aceitar ir com Poncho? O que vcs acham queridas leitoras? Comentem!