Fanfic: As Vestes do Amor - AyA (Adaptada) - FINALIZADA | Tema: AyA

CAPÍTULO OITO

— Não — disse ela sem hesitar nem por um segundo. — Não acho que seja uma boa idéia.
— Por que não? — retorquiu Alfonso. — Você quase não viu nada de meu país. Você se enfurnou naquele ateliê. Esta será a oportunidade perfeita para que tenha uma visão mais ampla daqui antes de voltar para casa.
— Ir com você, para o deserto, quando há poucos minutos você me disse que eu ia ser sua noiva? Deve achar que sou louca ou estúpida para perambular com você pelo deserto quando tudo que quero é ir para casa.
— Você irá para casa, se assim quiser — assegurou-a Alfonso. — Eu lhe dei minha palavra.
— Você me enganou para vir para cá. Mentiu a cada passo do caminho. Até me fez acreditar numa noiva que era uma completa fantasia. E ainda quer que eu acredite na sua palavra?
Ele a fitou, surpreso.
— Você não é uma fantasia para mim. Além disso, achei que havíamos selado esse acordo.
— O seu conceito de acordo selado não é o meu.
—Entendo. Você acha que devemos selar nosso acordo de uma forma mais... — um brilho predatório iluminou seus olhos — abrangente?
Num piscar de olhos, uma onda de calor se espalhou por todo seu corpo.
— Mais abrangente?
As imagens conjuradas por suas palavras encheram sua mente. Um choque de membros entrelaçados; a pele macia e suada deslizando contra a sua; a boca, quente e faminta em seus seios...
Ela expulsou as imagens para o fundo de sua mente, lá onde não poderiam traí-la mais do que os bicos enrijecidos de seus mamilos já haviam traído. Ele já era arrogante demais sem ver como o corpo de Annie respondia a suas provocações.
— Não espere que eu durma com você, apenas para sair do país.
— Não espero isso — disse Alfonso, curvando-se para pegar a mala de Annie. —
Espero que quando você dormir comigo, seja por razões muito mais básicas. — Ele flagrou a expressão de choque em seu rosto e sorriu. — Claro, eu quis dizer se você dormir comigo.
A correção instantânea não a tranqüilizou nem um pouco.
— Eu... eu vou permanecer no palácio.
— Não. Você é responsabilidade minha. Só terei certeza de que está segura se levá-la comigo.
— Estarei segura aqui, com certeza. Você disse que em algum lugar lá fora há rebeldes. Por que eu estaria melhor lá?
— Este palácio é minha casa. Tenho dúvidas de que eles poderiam chegar a esse ponto, mas se eles quiserem me pegar, será aqui que virão procurar. Eu não a deixarei aqui sozinha.
— Tenho Azizah.
— E Saleem...
A menção do primo de Alfonso calou os protestos de Annie. Saleem jamais aceitaria o papel de seu protetor. Ele não gostava dela. O ressentimento sempre estava claro em seus olhos. Ele passava cada impressão de que a odiava, mas por quê? O que ela fizera a ele? E ela realmente queria suportar sozinha seus olhares frios por dois dias?
— Saleem não vai com você?
Ele fez que não com a cabeça.
— Ele tem outros assuntos para cuidar. Precisa ficar aqui.
— Oh. — Saleem ficaria no palácio. Isso colocava as coisas sob um prisma totalmente diferente.
— Você ainda não gosta dele?
— Eu não sei... ele apenas faz com que eu me sinta desconfortável.
— Saleem é meu primo. Você não deveria se sentir assim.
— Eu sei. Apenas tenho a impressão de que não devo confiar nele.
— Como não deve confiar em mim?
Era totalmente diferente. A pergunta simples de Alfonso suscitou uma resposta simples que apenas complicou seus pensamentos. Sua desconfiança por Saleem era diferente. Cada célula de seu corpo reagia da mesma forma adversa à sua presença. Ela queria ficar o mais longe possível desse homem.
Sua desconfiança de Alfonso era diversa. Ela duvidava de seus motivos e odiava a forma como ele a manipulara para trazê-la até ali, mas era em seu próprio corpo que ela menos confiava. Seu corpo queria estar perto dele com a mesma determinação com que seu cérebro queria se afastar.
E ela não conseguia confiar em si própria perto dele. Talvez permanecer no palácio com Saleem fosse, afinal de contas, o menor de dois males.
Alfonso não esperou pela resposta.
— Então não vou deixar você ficar. Você virá comigo.
O pânico a dominou.
— Mas...
— Anahi — disse ele, o som de sua voz estranhamente calmante, como um pai tentando convencer uma criança —, é apenas uma noite. O que pode acontecer em uma noite?