Fanfic: As Vestes do Amor - AyA (Adaptada) - FINALIZADA | Tema: AyA

Em menos de duas horas eles estavam saindo da cidade e entrando no deserto, a faixa estreita de asfalto seu único elo com a vida moderna. Annie viajava no primeiro Range Rover com Alfonso ao volante. Uma comitiva de mais seis pessoas os seguia no segundo.
O terreno no começo foi muito parecido com o que ela conhecera em Hebra, planícies lisas rompidas ocasionalmente por plantas espinhentas, ar seco e limpo. Mas aos poucos a paisagem mudou e a areia formou dunas, baixas e quase indistinguíveis no começo, crescendo à medida que eles se aprofundavam no deserto.
Ela não conseguia arrepender-se por ter vindo. Mesmo depois de tudo que acontecera, ela aprendera muito visitando Jebbai e experimentando a vida no palácio frio e aromatizado com incenso; visitando os mercados de Hebra com Azizah e suas barraquinhas coloridas e cheias de mercadorias exóticas. Até o jardim da mãe de Alfonso tinha sido uma experiência que alimentara sua mente, enriquecendo suas experiências deste país.
E Alfonso? Ela olhou para ele, seu perfil tão majestoso quanto o país que ele regia, suas feições fortes esculpidas em seu rosto como as linhas escavadas pelo vento nas dunas. Com as mangas da camisa branca enroladas até os cotovelos, ele manipulava o volante com perícia e conhecimento do terreno. Annie tinha certeza de que até alguma parte de Alfonso, fosse seu poder, sua arrogância ou seus olhos sombrios e perigosos, alimentaria seu trabalho. Não havia como separá-lo do restante da experiência.
— Você está muito quieta — disse ele. — A viagem está muito cansativa?
— Nem um pouco — respondeu com absoluta honestidade. Alfonso tivera razão. Ela havia se concentrado tanto em terminar o vestido que mal saíra do ateliê. Sob muitos aspectos era excitante estar fora do palácio e longe da cidade. — Jebbai é muito maior do que parece no mapa.
Ele sorriu, exibindo os dentes brancos e nivelados.
— Somos um dos menores estados independentes, é verdade, embora o deserto faça o país parecer muito maior. Há mais para ser visto em termos de civilização ao sul, onde ficam os campos de petróleo. Aqui é muito vazio, fora uma ou outra tribo.
— Bem, pelo menos hoje em dia vocês têm trações nas quatro rodas para se locomover. É bem melhor do que fazer essa viagem toda de camelo.
— É a experiência falando, ou suposição?
— Claro que eu já viajei de camelo, muitas vezes. — Ela afastou uma mecha de cima dos olhos.
Ele a olhou de soslaio, com cara de quem não acreditara numa palavra.
—Verdade. Há muitos camelos na Austrália, lá no nosso deserto. Foram levados para lá para ser usados como meio de transporte no século XIX. Muitos deles se libertaram e regrediram à vida selvagem. Agora costumam ser recolhidos no deserto e levados para a cidade. As crianças adoram montá-los nas praias ou em exposições anuais. É uma alternativa divertida aos passeios de pônei. Opa, minha irmã mais velha, gostava mais dos pôneis. Mas eu e Ruby, minha irmã gêmea, sempre preferíamos os camelos.
— Estou impressionado — disse Alfonso, um tom de aprovação na voz. — Você é uma mulher com vários talentos.
Ela pressionou os lábios e balançou a cabeça.
— Certo, você pode rir. Mas eu achava divertido andar de camelo.
— Quem disse que estou rindo? — retrucou com uma expressão séria. — Nunca se sabe quando uma habilidade como condução de camelo poderá ser útil.
Por trás de seus óculos de sol ela revirou os olhos, antes de voltá-los para as dunas infindáveis.
— Claro — disse Annie, satisfeita por ter conseguido surpreendê-lo de alguma forma. Alfonso parecia uma pessoa completamente diferente quando esquecia suas mágoas e conversava sobre assuntos amenos.