Fanfic: As Vestes do Amor - AyA (Adaptada) - FINALIZADA | Tema: AyA

Este era um homem diferente. Um verdadeiro líder de seu povo, que assegurava que pudessem continuar com o estilo de vida ao qual estavam acostumados desde tempos imemoriais. Em nome do progresso, ele poderia tê-los forçado a abandonar suas aldeias e se mudar para as cidades; poderia ter feito isso suprindo-os com medicina e educação. Mas mesmo assim ele estava lhes garantindo a continuação de sua existência e a preservação de seu estilo de vida. E a julgar pela recepção calorosa que ele recebera aqui, Alfonso era amado e respeitado como seu líder.
Como alguém que era tão atencioso e generoso com seu povo podia agir de forma tão irracional com ela? Não fazia sentido. Absolutamente nenhum.
Ela notou que as mulheres estavam saindo das tendas, suas túnicas compridas adejando à brisa, bebês em mochilas em suas costas, e muitas delas seguidas por crianças pequenas.
Todas convergiram para uma pequena tenda, onde um dos homens que haviam viajado com eles, o médico, estava montando seu equipamento. A vida dessas pessoas, que migravam continuamente pelo deserto, não podia ser fácil. Mas elas pareciam felizes e saudáveis enquanto se reuniam em torno da tenda, esperando que o médico as atendesse.
— Você primeiro — disse Alfonso e ela compreendeu que ele estava abrindo a tenda para ela. Ela entrou. Levou alguns segundos para seus olhos se ajustarem ao interior iluminado por lanternas, e então sua primeira reação foi ficar de queixo caído.
O interior da tenda não tinha a menor relação com seu exterior simples. O piso era coberto com tapetes de cores vibrantes. Cortinas de seda e gaze revestiam as paredes, e havia almofadas espalhadas por toda parte. Era tudo muito convidativo e suntuoso. Velas aromáticas perfumavam o ar. Do outro lado de uma divisória de seda ela podia divisar uma cama ampla, presumivelmente sua, visto que sua mala estava em cima dela.
Era como uma fantasia de menina. Annie crescera cercada por luxo, tendo sido criada no hotel mais requintado da Austrália, mas isso de algum modo superava todas as fantasias. Era magia pura.
— Você ficará confortável aqui?
Ela se virou lentamente, tentando absorver tudo.
— Sim. É lindo.
Ele pousou a mão no ombro de Annie, parando-a, bem diante dele. Com a outra mão, levantou delicadamente o seu queixo.
— Mas não faz jus à sua beleza.
Ela perdeu o fôlego ao ver seu rosto pairar sobre o seu, um príncipe encantado para um cenário encantado.
Aquilo podia ser um conto de fadas.
Só que ela não tinha um lugar nesta história. Ela já havia escolhido seu caminho. Ela partiria de Jebbai, retornaria a Milão e em breve tudo aquilo seria realmente um sonho.
Ela levantou uma das mãos até o peito dele, incerta se estava tentando detê-lo ou apenas cedendo à tentação de tocá-lo novamente, de provar com os dedos seu torso musculoso, de ler os batimentos fortes de seu coração.
A mão em seu ombro moveu-se para cobrir a dela, envolvendo seus dedos nos dele. Com olhos ainda fitando profundamente os dela, Alfonso tirou a mão de Annie de seu peito e a levantou até a sua boca. Ela arfou quando sentiu os lábios quentes de Alfonso em sua palma, a língua dançando provocante em sua pele.
— E agora — disse Alfonso, voz baixa e grave —, relaxe um pouco. As mulheres virão ajudar você. Tenho negócios para discutir com os homens. Depois jantaremos
juntos.
Mulheres? Ela olhou em torno para ver duas mulheres perto da cama, desfazendo sua mala. Um tecido azul ornado com dourado fluía das mãos de uma das mulheres.
— Essa não é minha mala — disse Annie, caminhando até a divisória. — Não pode ser.
— Você verá que é — respondeu Alfonso.
— Mas nada disso... —As mulheres se afastaram enquanto ela checava a mala. Sim, parecia sua mala, mas ela não estava familiarizada com seu conteúdo. Ela afundou as mãos através dos tecidos delgados, das franjas douradas, das capas pesadas. Ela não possuía essas coisas.
Contudo, junto com esses trajes, ela encontrou sua nécessaire. Aquilo não fazia sentido.
Mas ao mesmo tempo fazia.
Compreensão gélida encheu suas veias. Este era exatamente o tipo de coisa que ela deveria ter esperado de um homem que a havia enganado desde o momento em que se viram pela primeira vez. Ela se virou, praticamente incapaz de conter sua crescente hostilidade contra ele.
— O que fez com minhas roupas?