Fanfic: As Vestes do Amor - AyA (Adaptada) - FINALIZADA | Tema: AyA

Ela abriu os olhos ao ouvir os balidos dos bodes, e viu o primeiro sinal da luz da alvorada permear as paredes da tenda, recordando-a de onde estava. Mas uma vez acordada, foi o corpo quente do homem que dormia a seu lado entre os lençóis emaranhados que chamou sua atenção.
Ela se apoiou num cotovelo para observá-lo. Ele estava deitado de bruços, cabeça para um lado, braços sobre o travesseiro. Apenas uma fina faixa de lençol cobria suas coxas, deixando expostos seus ombros largos até a cintura fina, e até mesmo os montes firmes de suas nádegas abaixo. Ela arfou.
Como ele conseguia isso? Como podia parecer tão sensual enquanto ainda estava adormecido?
Lembranças das atividades noturnas retomaram numa onda de calor, fazendo um sorriso curvar sua boca. Memórias ardentes. Sua pele arrepiou toda quando as imagens desfilaram em sua mente, ao mesmo tempo que músculos raramente usados protestavam doloridos, fazendo-a recordar dos movimentos mais sedutores de Alfonso.
Seus músculos se recuperariam. Em um ou dois dias, eles esqueceriam e retornariam ao normal. Mas não ela. A noite anterior seria uma noite que ela lembraria por muito tempo. E depois da noite anterior, normal seria sinônimo de tédio profundo.
Como seria ter Alfonso em sua cama todas as noites? Compartilhar paixão e desejo com ele, noite após noite, e então acordar com ele a seu lado todas as manhãs? Como seria isso?
Ela havia jogado fora a chance de descobrir.
A compreensão a atingiu como um banho de água fria. Se concordasse em se tornar sua esposa, ela poderia ter esperado isso — Alfonso em sua cama, todas as noites, todas as manhãs, de todas as formas.
Ela tivera a chance e a jogara fora ao rejeitar seus insanos planos de casamento.
Suspirando, deitou de novo a cabeça no travesseiro e se pôs a olhar para o teto da tenda. Ela fizera a coisa certa. Aquele plano de casamento fora absolutamente insano. Ele jogara sujo, tramando e conspirando para fazer dela sua esposa em sua própria versão de um casamento de conveniência; ela não tivera escolha além de recusar. Era o que qualquer pessoa teria feito.
Como ele poderia ter esperado que ela fosse concordar? Não fazia sentido e quando mais ela aprendia a respeito de Alfonso, menos sentido fazia. Ele era um líder forte, amado e respeitado por seu povo. Ela vira isso com seus próprios olhos; ele era justo e bom ao lidar com eles. Ele não era um tirano.
E bonito como era, Alfonso poderia ter escolhido qualquer mulher como sua noiva. Assim, o que poderia tê-lo feito escolher a ela?
Nada disso fazia sentido. Ela fizera a coisa certa. Ela sabia disso. A despeito do sexo. Mesmo se ela não conseguisse se imaginar cansando um dia da forma como ele a fizera sentir-se na noite anterior, sexo simplesmente não era suficiente. Desde quando a compatibilidade na cama constituía uma base sólida para um casamento? Afinal, não era como se eles estivessem apaixonados um pelo outro.
Sim, claro, ela sentiria falta dele quando retornasse para Milão. Ela sentiria falta de vê-lo fitando-a com olhos ardentes, e de seu magnetismo animal inflamando todas suas zonas erógenas. Ela sentiria falta até das discussões e da tensão crescente entre os dois.
E havia momentos em que ela até gostava dele. Embora isso dificilmente fosse a mesma coisa que amor.
Dificilmente a mesma coisa...
Por impulso, ela se debruçou sobre ele, que ainda estava com o rosto voltado para
o travesseiro. Segurando seus cabelos com uma das mãos, baixou a cabeça e o beijou.
As pálpebras de Alfonso estremeceram e abriram. Ele sorriu, deixando escapar um gemido baixo enquanto passava um braço em torno dela.
— Obrigado.
Ela sorriu em resposta.
— Acho que o prazer foi meu.
— O prazer foi nosso. Você é tão linda. Não consigo entender por que um homem seria capaz de preferir outra mulher a você.
Ela ficou rígida. Durante todo o tempo em que estivera nesta tenda, Rodrigo nem mesmo entrara em seus pensamentos. Agora ela se sentia culpada. Embora eles tivessem terminado seu relacionamento, ela ainda não conseguia pensar em Rodrigo quando estava nos braços de outro homem. O choque da traição de Rodrigo ainda era doloroso. Ela não queria lembrar disso agora. Ela não precisava ser lembrada disso agora.
"Diga-me que gostou de fazer amor comigo; diga-me que eu mereço toda sua atenção. Mas não me lembre de que outro homem julgou que eu não merecia", pensou.
Ele xingou baixinho. Por que dissera uma besteira dessas? Ele fizera tudo conforme planejara. Ele a fizera desejá-lo, e em seguida a possuíra. Mas sua vitória sobre Rodrigo era para sua satisfação pessoal. Ele jamais deveria ter mencionado seu nome. Não quando ela provavelmente ainda estava lamentando a perda de seu relacionamento.
Ele se levantou e a abraçou, beijando-a em ambas faces.
— Eu sinto muito. Eu me arrependo do que disse. Mas há uma coisa da qual jamais me arrependerei.
Uma piscadela e um suave entreabrir de lábios foram as únicas respostas de Annie.
— Eu jamais me arrependerei por você estar aqui — prosseguiu Alfonso. — Aqui nos meus braços e na minha cama. Disso eu jamais me arrependerei enquanto viver. Acho que jamais poderia me cansar de possuir você.
Ela respirou fundo, peito subindo de um modo que não poderia escapar aos olhos famintos de Alfonso. Era impossível resistir. Ele baixou a boca até o mamilo mais próximo e, usando a língua, fez com que rolasse lânguido entre seus lábios. Foi prontamente recompensado com um arfado de prazer quando o mamilo enrijeceu em sua boca. Ela estremeceu em seus braços enquanto ele se aproximava do outro mamilo.
— Prove — convidou Annie.