Fanfic: As Vestes do Amor - AyA (Adaptada) - FINALIZADA | Tema: AyA

CAPÍTULO TREZE

Ela levou as mãos à boca, encobrindo um arfado de horror.
— O dia marcado para o meu casamento — prosseguiu. —Definitivamente, não foi um dia de alegria para ninguém. As autoridades levaram três semanas para recuperar seus corpos e os de seus dois companheiros de escalada. Três semanas durante as quais eu não sabia se torcia para que estivessem vivos ou para que seus corpos fossem encontrados o mais depressa possível. Três semanas de inferno.
Ela deu um passo à frente e pousou a mão em seu braço.
— Alfonso, eu sinto muito.
— Sente? Então talvez compreenda agora porque fiz as coisas que fiz. Meus pais tinham passado algum tempo em Londres cuidando dos preparativos para o casamento. Mas então, dois dias antes da cerimônia, a noiva fugiu para se casar com outro homem. Minha mãe ficou arrasada, meu pai embaraçado. Eles não tinham qualquer motivo para ficar em Londres. Não havia mais nada que pudessem fazer. Assim, para animar mamãe, papai a levou para sua estância favorita. Mas então...
Ela apertou o braço de Alfonso.
— Alfonso, eu não sei o que dizer... Isso foi uma coisa muito terrível. Mas você precisa compreender que foi um acidente. Não pode culpar Rodrigo por isso.
— Não posso? Suas mortes foram conseqüência direta dos atos de Rodrigo. Ele não me roubou apenas uma noiva. Ele me roubou meus pais. Foi o mesmo que matá-los com as próprias mãos! — Ele recuou, apenas o suficiente para que ela soltasse seu braço.
Ele não queria que ninguém o tocasse. Sentia-se arrasado, exatamente como ao receber a visita dos policiais, olhos baixos, vindo entregar a mensagem das autoridades suíças. A mensagem de que seus pais tinham sido soterrados por uma avalanche e que estavam fazendo tudo que era humanamente possível para resgatá-los.
Annie estava de coração partido, sua raiva agora temperada com compaixão. Estava claro o que a morte de seus pais custara a Alfonso. Custara-lhe a juventude e a chance de desfrutar a vida antes de precisar assumir o governo de seu país.
Não era de espantar que ele tivesse se tornado obcecado com as circunstâncias que conduziram à morte de seus pais. Não era de espantar que ele tivesse desejado vingança. Rodrigo era o alvo óbvio. Mas suas palavras e a profundidade de seus ressentimentos eram chocantes.
— Alfonso, seus pais morreram em circunstâncias trágicas. Não permita que isso estrague toda a sua vida. Não deixe que o ódio consuma você. Você não acha que os seus pais gostariam que você prosseguisse com sua vida sem ficar obcecado com suas mortes?
— Você não compreende.
— Eu compreendo que uma fatalidade tomou seus pais de você, e, que se não fosse naquele dia, poderia ter sido em outro. E se sua noiva não tivesse fugido, e eles tivessem morrido num acidente de carro a caminho do casamento? A quem você teria culpado? À noiva, por ter aceitado casar com você?
— Isso não faz sentido.
— Nem perseguir duas pessoas por causa de uma coisa sobre a qual elas não tinham qualquer controle.— Ele abriu a boca para protestar, mas ela emendou a frase seguinte. — Sim, Rodrigo estragou seus planos de casamento, mas você não entende que ele não mandou seus pais para a montanha? Você mesmo disse que eles estavam lá por opção própria. Seus pais estavam naquela montanha porque eles queriam isso, e não Rodrigo. Você não pode culpá-lo pelo que aconteceu.
— E você não culpa a sua mãe pelo que aconteceu entre você e suas irmãs?
As palavras pegaram-na de surpresa, fazendo-a recuar abruptamente.
— Não é a mesma coisa...
— Não é? Ela retornou dos mortos e agora você precisa competir pelo afeto de suas irmãs, e não gosta disso. Você não gosta do fato da sua mãe estar viva. Irônico, não acha? Eu daria qualquer coisa para que minha mãe estivesse viva, e você estaria feliz se sua mãe tivesse permanecido convenientemente "morta".
— Alfonso! Que coisa horrível de se dizer!
Não era verdade. Não podia ser verdade. Claro, ela queria que as coisas fossem iguais a antes, mas isso dificilmente era a mesma coisa.
Alfonso respirou fundo. Sentia-se exaurido. Não havia mais nada a fazer. Ele não tinha mais nenhum recurso para convencê-la a ficar, mais nenhuma palavra a dizer. Se ela tomara sua declaração de amor como uma mentira, por que haveria de mudar de idéia e acreditar nele? Atacá-la agora seria apenas o último prego no caixão para seu relacionamento.
— Sinto muito — disse Alfonso. — Eu não devia ter dito isso.
Ele suspirou longamente, com o doloroso cansaço de alguém que odiara por tempo demais.
— Acho que é melhor levá-la ao aeroporto. Precisa de ajuda com as malas?
Ela olhou para ele, olhos arregalados num rosto muito pálido, praticamente paralisada.
— Você não tem nada a temer — garantiu Alfonso. — Não a impedirei de partir esta noite. Vou providenciar para que o jato e a tripulação estejam de prontidão, e que alguém venha pegar suas malas em, digamos, meia hora?
Desta vez ela meneou a cabeça, seu consentimento saindo quase num sussurro. E então ele saiu dos aposentos de Annie, permitindo, antes que fechasse a porta, que seus olhos absorvessem uma última vez a imagem de Annie em seu vestido amassado, ciente de que perdera para sempre a batalha para torná-la sua esposa.

Bem meninas, o que vcs acham? Será mesmo que a Anahi vai embora ou ela vai pedir pra ficar em Jebbai com Alfonso?O que vcs acharam da vingança do Alfonso? E se estivessem no lugar da Any o que vcs fariam? Faltam poucos capítulos pra finalizar a web então comentem!