Fanfic: As Vestes do Amor - AyA (Adaptada) - FINALIZADA | Tema: AyA

Ele franziu a testa, olhos inseguros.
— Pensei que você quisesse ir embora. Pensei que você estava louca para se ver livre de mim.
— Houve um momento que eu me senti exatamente assim, mas não pelo motivo que você deve pensar.
— Então, por quê?
— Porque eu estava aterrorizada com as coisas que você me fazia sentir. Desde o começo eu me senti atraída por você. Mesmo quando eu achava que não devia. Mesmo sabendo que você se casaria com outra pessoa. Eu sabia que se permanecesse tempo demais aqui, acabaria não querendo ir embora. Eu sabia que quanto mais tempo permanecesse aqui, mais correria o risco de me apaixonar por você.
Silêncio se estendeu entre eles, tensão e expectativa ao som do uivo da sirene; ela temeu já ter falado demais.
— E? — finalmente disse Alfonso. Ele soou impaciente, o que concedeu um fio de esperança a Annie. Será que ele realmente se importava com o que ela tinha a dizer? Isso faria alguma diferença?
— E aconteceu. Eu não queria. Eu até tentei lutar contra esse sentimento. Mas não consegui. Não havia nada que eu pudesse fazer para impedir isso. Então, quando o jato foi atacado e eu temi pela sua vida, compreendi que errei ao não lhe contar.
—Espere — disse ele encostando um dedo nos lábios de Annie. — Respire fundo. O que você devia ter me dito?
Ela piscou e respirou fundo, torcendo para arregimentar coragem.
— Eu amo você, Alfonso. Em algum ponto ao longo do caminho, no meio de tudo que aconteceu, eu me apaixonei por você.
— Você se apaixonou? — Ele parecia não ser capaz de acreditar no que estava ouvindo.
Ela fez que sim.
— Não lhe contei por orgulho. Ainda estava muito zangada com tudo que havia acontecido. Mas orgulho e raiva são emoções inúteis quando há tanta coisa em risco. Quando achei que você tinha sido atacado e temi por sua vida, decidi que caso você sobrevivesse, eu lhe contaria. Não importava se não me amasse também, eu precisava ser honesta com você.
— Mas não compreendo. O que você quer dizer com se eu não a amasse também? Eu lhe disse que a amava. Você já sabia disso.
Ela o fitou.
— Achei que você tinha dito isso para me impedir de ir embora.
— Não. — Ele tocou a ponta do nariz de Annie com um dedo. — Eu lhe disse isso porque amava você.
— Mas isso foi antes que eu lesse a carta de Rodrigo. Depois, você não disse mais que me amava. Nem quando discutimos nem quando me levou ao aeroporto. Você me fez pensar que tinha sido apenas outro truque, outra tática para me manter aqui.
— Não foi um truque. — Ele sorriu de lado. — Mas eu entendo porque você achou isso. Nunca tratei ninguém tão mal quanto tratei você.
Ela abriu a boca para protestar, mas foi calada quando dois dedos encostaram-se a seus lábios.
— Eu não posso lhe pedir perdão. Eu planejei roubar você de um homem e tomá-la para mim.
— Não, Alfonso. — Ela empurrou a mão dele para o lado, mas ele abafou suas objeções com um beijo.
— Por favor, deixe-me explicar — disse quando finalmente afastou os lábios dos dela. — Preciso lhe contar essas coisas. Se você conseguir ouvi-las.
Annie não tinha certeza se queria ouvir mais nada, certamente não se isso colocava em risco o equilíbrio que eles haviam obtido. Não deveria haver mais segredos. Assim como ele precisava lhe contar essas coisas, ela precisava ouvi-las.
— Preciso admitir que no começo eu quis conquistá-la para roubá-la de Rodrigo. Eu tinha visto fotos suas. Sabi que era atraente e bem-sucedida, mas não duvidava qu seria capaz de fazer com que se curvasse à minha vontade e seguisse meu plano. Calculei que não precisaria de mais de um mês. — Ele respirou fundo. — Mas a partir do momento em que conheci você, meu plano começou a dar errado. Eu comecei a querer você, desde o começo, e não apenas porque você pertencia a outra pessoa. Era quase como se uma força invisível quisesse nos unir.
— Eu também tive essa impressão. Não conseguia tirar você da minha cabeça, mesmo quando achava que estava desenhando um vestido de noiva para outra mulher.
— É mesmo? Claro, eu suspeitei disso. — Seu sorriso ficou subitamente sério. — Mesmo assim, a forma com a tratei foi indesculpável. A maior de todas as ironias foi que eu tentei roubar a mulher de outro homem, mas essa mulher acabou roubando meu coração. — Ele suspirou — Pus em risco o plano inteiro quando você me fez contar tudo duas semanas mais cedo.
— Eu fiz isso?
Ele meneou a cabeça.
— Acredite nisso. Você me alfinetou, me ameaçou e se recusou a aceitar minhas desculpas por não trazer minha noiva para uma prova de roupa. Você me enlouqueceu tanto com suas exigências que eu quis tirar seu equilíbrio. — Ele sorriu. — E consegui — disse ele, fazendo por merecer um soquinho no braço.
— Achei que você era louco — disse Annie.
— Era uma forma de loucura — concordou. — Eu estava louco por você. E quando você disse que voltaria para Rodrigo, eu fiquei ainda mais louco. Como você poderia preferi-lo a mim? — Ele fez uma pequena pausa antes de prosseguir. — Eu me senti tão traído por causa disso que, se o aeroporto não tivesse sido fechado ontem, eu a teria deixado voltar para casa. Só que...
Ele fez mais uma pausa, desta vez mais longa.