Fanfic: Mestre do Prazer(Adaptada) Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: AyA romance
Esse capitulo é dedicado a todas as leitoras dessa fic principalmente as que querem ver o Ponchito morto kkkkkkk
Encontrou-a na cozinha, tirando os pratos da pia. Ela levantou o olhar quando ele
entrou, para afastá-lo imediatamente. Ele queria olhar sem parar para ela, embevecido com o corpo que tinha dado vida aos filhos deles, pois ela era responsável pelo milagre da existência dos meninos. Mas não a única responsável, é claro.
— Os meninos acabaram de me procurar.
— Esperam que você me convença a dar as bicicletas de aniversário.
— Queriam saber se sou o pai verdadeiro deles.
A jarra que segurava caiu de suas mãos, despedaçando-se. O olhar em seu rosto revelou a Alfonso tudo o que ele precisava saber.
— Carlo era o pai deles — sussurrou, abaixando-se para recolher os cacos.
— Não, deixe. Você vai acabar se cortando — avisou Alfonso, mas já era tarde. O sangue corria da palma da mão onde um caco lhe cortara a pele.
Anahí olhava desconcertada para o sangue. Sentia-se estranhamente distante do que estava acontecendo, como se uma força imensa a tivesse transferido para um lugar onde apenas se observasse à distância.
— Não, ele não os concebeu. Ele mesmo contou aos meninos, Anahí, então não há como negar.
Isso não podia estar acontecendo. Ela abaixou a cabeça.
— Preciso limpar isso — disse. — Eu...
— Eu cuido disso. Sente-se.
Como ela havia ido parar na cadeira da cozinha? Olhava para Alfonso sem expressão, enquanto ele juntava os cacos e os jogava fora.
— Agora vamos dar uma olhada nessa mão. Dócil, deixou Alfonso conduzi-la até a pia antes de pegar a caixa de primeiros socorros da prateleira e fazer um curativo.
Ele a levou de volta à mesa e fez com que se sentasse.
— Os gêmeos são meus filhos, nós dois sabemos. Mas o que não sei é o motivo de não ter me contado.
O choque desanuviava sua apatia. Haveria tempo depois para se preocupar com o efeito que a revelação de Carlo devia ter produzido nos gêmeos e saber exatamente o que ele tinha contado. No momento, precisava se certificar de que Alfonso entenderia que os filhos eram dela, que não tinham nada a ver com ele.
Soltou um suspiro profundo.
— Você realmente precisa perguntar? Eu implorei a você que me amasse, Alfonso. Passei mal todas as manhãs durante semanas, e adivinhava o motivo, mesmo que mentisse para você e dissesse que era uma infecção intestinal. Cheguei a lhe dar a oportunidade de dizer que queria filhos. Fiz tudo para lhe dar a chance de adivinhar a verdade antes de contar. Prosseguiu:
— Carlo adivinhou, e ele mal me conhecia. Carlo compreendeu como eu me sentia e como estava assustada.
Você já havia me rejeitado. E se rejeitasse a criança que eu carregava, ou pior? Quando você me disse que não queria filhos, tive medo. Não por mim, por eles. Pensei que você pudesse me pressionar para interromper a gravidez. — Anahí fechou os olhos e engoliu em seco. — Tinha medo de ceder, de fazer o que você quisesse só para satisfazê-lo.
Agora que começara, não conseguia parar. — Carlo me deu a chance de tomar a decisão correta. Devo a Carlo, não a você, ou a mim, ter os gêmeos hoje. Foi Carlo quem assumiu a paternidade, Alfonso. Foi Carlo quem deu a eles proteção e amor paternal.
Arrependimento, vergonha e, acima de tudo, dor corriam pelas veias de Alfonso
— Você devia ter me contado.
— Talvez você devesse saber. Nunca vou saber o que fiz para merecer Carlo. Nunca vou deixar de ser grata pelo que ele me deu. Às vezes, penso que foi o destino quem mandou Carlo. Não para mim, mas para eles.
Mas não importa qual de nós ele ajudou. Só sei que a generosidade e a compaixão dele acabaram por salvar todos nós. Sem ele eu poderia ter cedido e deixado você me persuadir a abortar, ou então acabar na rua, onde meus filhos cresceriam em piores condições do que eu mesma. Dizem que isso passa de geração a geração, não é? Que crianças que sofreram muito acabam se tornando pais que causam sofrimento aos filhos. Tive tanta sorte de ter tido a oportunidade de mudar esse padrão.
— Você está dramatizando. Está certa: eu disse que não queria filhos. Mas se soubesse que você estava grávida...
— Você diz isso agora, mas a verdade é que nenhum de nós estava preparado para assumir essa responsabilidade. Eu era pouco mais que uma criança carente, clamando pelo amor de um homem que não podia dá-lo. Ter meus filhos foi o que me despertou. Graças a Carlo, fui capaz de aproveitar a melhor ajuda que eles podiam me dar. Já amava meus bebês, mas precisava aprender a me amar. Precisava aprender a aceitar meu passado, mas aceitá-lo como passado, sem que interferisse no meu presente. Carlo tinha tanto orgulho dos meninos! Verdadeiros Herrera, era assim que os chamava,
A conversa tomava um rumo que Alfonso não esperava ou desejava. Anahí parecia determinada a rejeitar suas tentativas de criar um vínculo entre eles através dos filhos. As revelações que o tinham impressionado, aparentemente, não causavam impacto nela. Não era capaz de perceber que ele mudara? Que reconhecia os erros do passado e estava pronto a repará-los?
— Eles são meus filhos — disse firme.
Anahí sacudiu a cabeça.
— Não. Seus filhos, Alfonso, seriam tão infelizes quanto você, por causa da sua infância. Um adulto não pode encontrar salvação através de uma criança. Você tem que dar, não tomar.
— Cometi erros, admito. Mas não é tarde.
— Não é tarde para quê?
Não é tarde para nós, era o que queria dizer, mas disse:
— Eu conheço você, Anahí.
Ela o interrompeu imediatamente.
— Não, você não me conhece. Nunca conheceu. Para você sou uma vadia que pegou na rua, um pedaço de carne para lhe dar prazer. Você acreditou que eu saía com você e com Carlo.
Ele tinha cometido erros, sabia, mas não era o único culpado. As acusações o fizeram agir na defensiva.
— Você me culpa? Na noite em que nos encontramos você me disse....
Anahí lançou um olhar aborrecido para ele. O que importava agora o que tinha dito?
— Na noite em que nos encontramos, eu ainda era virgem. O que prova como me conhece pouco, Alfonso. — Ela ergueu a cabeça e levantou cambaleando.
— Não pode ser verdade — protestou. — E o diretor de filmes pornô? Você deu a entender...
Anahí deu um sorriso melancólico.
— Ah, claro, certamente dei a entender, e ele existia. Tentou fazer uma proposta a uma das garotas com quem eu estava de férias. A verdade é que eu era muito jovem e muito tola. Quis que você me achasse sexy e desejável... Era ingênua demais para perceber que você me considerava usada e disponível.
— Não entendo nada. Você diz que era virgem, então, por que foi para a cama comigo? Devia saber...
— O quê? Que tudo que queria era transar só uma noite? — Anahí sacudiu a cabeça. — Alfonso, eu tinha 17 anos. Estive em orfanatos desde criança. Era carente. Achei que você era a resposta. Meu príncipe iria aparecer, me carregar nos braços e seríamos felizes para sempre. Era tudo o que eu queria: ser amada! Amar!
Ele podia perceber a decepção na voz diante da própria tolice e ficou magoado ao vê-la magoada.
— As outras garotas eram mais velhas que eu. Só fui incluída no passeio porque trabalhávamos juntas. Eu as atrapalhava, as irritava, então, passava a maior parte do tempo sozinha. Vi você no dia em que cheguei a Saint Tropez. Você passou pelo bar onde eu estava tomando uma xícara de café. Você era a imagem do meu herói. Só precisei de poucos segundos para me convencer que era amor à primeira vista e que você era o único homem que eu poderia amar, e para sempre. — Ela deu de ombros. — Para você ver até que ponto minha carência me levava. Comecei a perambular pelo porto, esperando ver você. E o vi, saindo do iate. Pensei que você trabalhava nele. Nunca me ocorreu que era seu. — Sorriu triste. — Seu dinheiro nunca representou nada para mim, Alfonso, embora, é claro, você não fosse acreditar. Fiquei apavorada quando soube como você era rico, mas aí era tarde demais. Estava profundamente apaixonada. Tão apaixonada e tão louca por você que mesmo naquela primeira vez o prazer superou a dor.
Alfonso fechou os olhos. Podia se lembrar da primeira vez e de como se sentira bem, como ela se sentira bem, como os músculos eram apertados. Ele tinha suposto que era devido à sua experiência. Devia ter imaginado!
E talvez no fundo soubesse, mas preferiu fingir que não. Vergonha e uma aguda sensação de perda apertaram-lhe a garganta.
— E, é claro, eu tinha me convencido que você ia corresponder aos meus sentimentos — continuou Anahí. — Embora você fizesse o possível para deixar claro que não o faria. Mas o que sabia eu? Se eu tinha alguma certeza, era da minha própria carência. Nunca ninguém havia me amado. Não sabia o que era o verdadeiro amor. Tão previsível! Eu buscava amor onde nunca iria encontrá-lo. Coloquei como meta me tornar boa o suficiente para você para que me recompensasse com seu amor. É um clichê. Quanto mais você me negava seu amor, mais eu me empenhava em obtê-lo.
— Eu não sabia.
— E como podia? Nunca conversamos. Simplesmente fazíamos sexo, e eu elaborava minhas fantasias tolas.
Mesmo quando você mencionou sua mãe e seu avô, nunca me ocorreu que esses relacionamentos refletiriam no nosso. Apenas achei maravilhoso ambos termos tido infâncias infelizes, e pensei que isso nos uniria.
Estava convencida de ter a oportunidade de dar a você o amor que nunca experimentara. Concordei com você que sua mãe havia sido cruel e egoísta. Não pude argumentar que talvez ela tivesse medo e se sentisse só.
Que ela podia estar sofrendo num casamento que não funcionava e podia ter sido obrigada pelo pai a voltar para casa, para descobrir depois que o preço de ser salva de um casamento infeliz era a perda do filho.
Anahí pôde ver que Alfonso estava pensativo e os olhos demonstravam apatia.
— Não estou dizendo que foi isso que aconteceu. Estou simplesmente ressaltando que podem existir outras explicações diferentes das que lhe contaram.
Alfonso não parecia convencido.
— Olha, não estou tentando reescrever sua história familiar ou defender sua mãe. Mas você era muito criança quando sua mãe partiu para saber o que ela sentia ou o porquê de sua atitude. Tudo que sabe foi contado pelos outros.
Anahí deu de ombros, cansada.
— Podemos recapitular nossas infâncias, constatar a dor e culpar nossos pais e, depois, podemos olhar para nossas infâncias e ver que nós também sofremos. Mas a que isso nos leva, Alfonso? Por quanto tempo vamos seguir maldizendo o mal que nos causaram? Quantos anos de nossas vidas vamos passar procurando respostas no passado e culpando os outros pelo nosso presente? Precisei me distanciar de minha infância e me recriar como a pessoa que os gêmeos precisam que eu seja. Foi a maior mudança de toda a minha vida.
Isso não era inteiramente verdade. Mas Sasha não estava disposta a contar a Alfonso que mesmo agora ele era dono de seu coração e que, por mais que tentasse, não conseguia se libertar.
— Então, você se reinventou e mudou a vida inteira decidindo que sua infância não era tão ruim quanto se lembrava? Infelizmente, não tenho sua imaginação.
O amor por Alfonso que tentara, com tanto esforço, dizer a si mesma estar enterrado encheu o coração de Anahí. Ela sentia vontade de abraçá-lo, curar as feridas de seu passado. Podia vê-lo como criança — só, com medo e sem amor. Sofrido.
Lágrimas começaram a escorrer. Queria voltar ao passado e resgatar a criança, dar-lhe amor. Mas sabia que não importava quanto amor tivesse, não conseguiria extrair dele a amargura. E sabia também que não podia se arriscar a deixar essa amargura interferir na vida de seus filhos.
— Não tem mais nada a dizer? — perguntou Alfonso com raiva. — Esse tipo de conversa está ótimo, Anahí, mas não pode esperar que eu acredite que vá alterar a realidade. Esqueça o passado. O que precisamos discutir agora é o presente, e nossos filhos.
Anahí afastou o olhar.
— O que aconteceu? Ou posso adivinhar? Você preferia que eu nunca soubesse a verdade, não é? Que eu continuasse a acreditar que Carlo era o pai deles.
— Preferia — admitiu baixinho.
— Obrigado pelo voto de confiança.
— Estou pensando nos meninos.
— E o que está pensando é que não sou bom o suficiente para ser pai deles.
Anahí baixou a cabeça. Tudo isso era tão difícil, tão doloroso! Podia se lembrar de como se sentira ao saber que estava grávida, a excitação por ter um filho de Alfonso. Sentia como se carregasse dentro de si o maior tesouro do mundo. A gravidez tinha sido acidental: dos dois, era ela a pessoa inexperiente. Inexperiente demais para pensar em fazer algo deliberadamente para sabotar os métodos contraceptivos de Alfonso. O fato de ter concebido, apesar das precauções tomadas por ele, a fizera acreditar que a gravidez era especial e estava destinada a acontecer. Havia ficado delirante de alegria, esperando — já que todo dia de manhã tinha enjôos — ouvir Alfonso anunciar estar a par da gravidez. Havia mesmo imaginado a cena, as palavras de amor que ele lhe diria e a reverência quando a abraçasse e dissesse como estava emocionado, o quanto a amava.
Ele ia insistir em se casarem imediatamente, é claro, e viveriam felizes para sempre, com um bebê adorável.
Só que não acontecera desse jeito. Agora sabia que seu sexto sentido devia ter funcionado e a alertado do que estava por vir. Caso contrário, por que mentira para Alfonso quando ele comentara os enjôos, respondendo que era uma infecção intestinal? Ela podia ter desejado que ele adivinhasse sobre a gravidez, mas algo bem no fundo lhe dizia para manter o segredo.
Já estava no segundo mês quando começou a ficar impaciente com a falta de percepção de Alfonso e passou a tocar, insistentemente, no assunto "crianças" . Foi então que Alfonso lhe dissera, áspero, que muitas pessoas produziam crianças que não queriam. E ele tinha ressaltado seu ponto de vista com descrições detalhadas da própria infância.
Lembrando-se disso no momento, respirou fundo.
— Não acho que você esteja preparado para ser pai deles. Não quero que eles sofram as conseqüências de sua infância infeliz, Alfonso — disse, calma.
Ela sentiu uma verdadeira dor física ao ver o choque nos olhos dele e o esforço para escondê-lo.
— Você acha que eu iria. feri-los, abusar deles fisicamente? — explodiu.
Anahí sacudiu a cabeça.
— Não — disse, com sinceridade. — Vivi com você tempo suficiente para saber que você não iria feri-los dessa maneira. Mas há outras formas de ferir aqueles a quem amamos.
— Então você admite que eu os amo?
Anahí deu um sorriso. No instante em que tinham se conhecido, Alfonso e os gêmeos haviam criado um vínculo masculino que lhes dera mais motivos para sentir culpa e ansiedade do que gostaria de admitir. Se ele soubesse desde o início que eles eram filhos dele, Alfonso não poderia ter se comportado mais como pai, durante essas poucas semanas que passaram juntos. Ele possuía uma percepção do que funcionaria para eles e do que não funcionaria, e os tratava como seres humanos, indivíduos, em vez de vê-los apenas como "os gêmeos". Mas, acima de tudo, tinha sido a maneira como imediata e instintivamente fora capaz de reconhecê-los. Algo que até hoje só ela era capaz de fazer. Carlo nunca tinha conseguido saber quem era Sam e quem era Nico.
— Sim, admito. Mas mesmo o amor pode causar danos, Alfonso. É natural querer dar a nossos filhos o melhor, tanto em termos financeiros quanto emocionais. Mas isso nem sempre é bom.
— Você quer dizer que acha que eu os mimaria, dando amor e dinheiro demais por querer que eles tenham o que eu nunca tive?
— Diga, com toda honestidade, que você já não escolheu mentalmente os últimos modelos de bicicletas para eles — desafiou ANahí. Ela sabia estar certa pelo jeito como Alfonso evitou seu olhar. — Não é que eu não acredite que você os ama, Alfonso, ou que duvide por um minuto sequer que você deseja o melhor para eles. É que precisei aprender que algumas vezes a melhor coisa que se pode fazer por eles é dizer não.
— Então você não quer que eu faça parte da vida deles porque acha que eu vou mimá-los?
— Você já faz parte da vida deles. Você é tutor e pai deles.
— Anahí. — Ele estendeu a mão por cima da mesa e segurou-lhe a mão, antes que ela pudesse impedi-lo. — Compreendo o que está dizendo e concordo que desempenhar o papel de pai vai exigir de mim um longo e árduo aprendizado. Mas, e o outro lado da equação?
— Que outro lado? — perguntou Anahí de forma rude. Mas já sabia. Era isso. Estava vivendo seu pior pesadelo e, ao mesmo tempo, seu mais ansiado sonho.
— Você e eu compartilhamos uma história marcada pela dor e pela raiva. Eu sei disso. Mas também marcada por nossos filhos. Sei que deixei escapar a melhor coisa de minha vida por ser cego demais para dar valor ao que tinha. Nós já provamos que sexualmente não nos damos apenas bem, mas somos pura explosão. — Alfonso fez uma pausa e o olhar sedutor fez os dedos do pé de Sasha congelarem e o coração palpitar de prazer. — O melhor presente que qualquer pai pode dar a um filho é, sem dúvida, a segurança de um lar estável, onde reine o amor. Gostaria de dar isso a nossos filhos.
Podia ter demorado um bocado de tempo para reconhecer o amor que sentia por ANahí. Agora estava consciente e não tinha intenção de perder mais tempo. Não havia nada que quisesse esconder dela: nem seu amor, nem a admissão de que, deliberadamente, quisera ter as opiniões mais horríveis sobre ela, nem seu pedido sincero de desculpas pelos erros cometidos — nada! Queria ter a consciência limpa, começar do zero, um novo começo para todos eles e uma vida na qual pudesse mostrar a Anahí, todos os dias, o quanto ela e os filhos deles eram importantes para ele.
Você está propondo morarmos juntos, nós quatro, como uma família? — Havia uma nota de cautela na voz, o que era perfeitamente compreensível.
— Quero que a gente viva junto como uma família sim, Anahí. E quero que eu e você vivamos como marido e mulher. Quero me casar com você, Anahí. Quero que nossos filhos cresçam do nosso lado.
Por preciosos segundos Anahí se permitiu sonhar e acreditar, pensar o impossível. Mas só por alguns poucos segundos, pois já sabia qual seria sua resposta.
— Não — disse a Alfonso baixinho.
— Não? Por que não?
— Não ia funcionar, Alfonso. Concordo que sexualmente nós... nos damos muito bem — concordou apressada, sem querer se deixar invadir pelos pensamentos que apenas adicionariam mais tumulto aos seus próprios pensamentos, ameaçando fazê-la mudar de decisão. — Mas você e eu... Nós dois podemos amar os meninos, mas não precisamos fingir que nos amamos. Porque nós dois sabemos que não nos amamos.
Estas foram as palavras mais duras que já fora forçada a dizer. Principalmente porque mentia. Não importa o quanto houvesse tentado se convencer; durante os anos em que estiveram separados tinha plena consciência de não poder fingir que o que sentia era puramente sensual. Porém, também sabia que para o bem dos filhos não podia se arriscar a amá-lo — principalmente não num relacionamento público e num comprometimento que poderia repercutir nos meninos.
Num mundo ideal, num mundo perfeito, nesse, sim, ela se atiraria em seus braços com gritos de alegria, com a certeza de que viveriam felizes por toda a eternidade. Mas a realidade não era assim. A realidade podia ser cruel e implacável.
— Pelo contrário, não sei nada disso — ouviu Alfonso dizer baixinho. O coração quase perdeu o compasso.
Teria ele adivinhado que ela continuava a amá-lo? Se assim fosse... — Você pode ter deixado de me amar, Anahí, mas eu amo você.
Se ela pudesse acreditar no que ele dizia! A emoção de ouvir essa declaração, depois de tantos anos, a ameaçava, fazendo-a deixar de lado todas as suas dúvidas. Não podia ceder.
— Você diz isso agora, Alfonso, mas como posso acreditar? Como? Há alguns dias você acreditava que eu era uma péssima mãe, uma mulher que pulava da cama de um homem para a de outro, uma mulher que buscava um homem rico para sustentá-la. Esqueceu?
Alfonso não podia negar.
— Eu disse todas essas coisas, sim. E, a princípio, estava convencido de que era verdade. Mas não demorei muito para perceber o quanto estava enganado, mesmo sendo teimoso demais para aceitar a verdade. Eu precisava me convencer disso, Anahí, porque meu orgulho não me deixava admitir como me senti quando você me abandonou aquele dia. Eu tinha jurado que nunca mais me permitiria amar novamente, e não podia admitir ter fracassado. Além disso, se você realmente quisesse seduzir um homem rico, poderia ter me seduzido. — Ele sorriu para ela para demonstrar estar debochando de si mesmo. — Talvez uma parte de mim esperasse isso.
Anahí não se sentia segura para dizer nada.
— Por que não me disse o motivo de ter colocado os meninos no colégio interno?
Seria dor o que percebia na voz dele? Agora ela precisava falar.
— Não vi motivos para fazê-lo. Não achei que você acreditaria em mim. Tinha a impressão de você estar determinado a pensar o pior de mim.
— Você está certa. Ouvir o professor falar sobre o bom senso que demonstrara me fez sentir como se tivesse levado um soco no estômago. E se isso não fosse o bastante para me tirar da ignorância, o choque de descobrir que você vendera suas jóias certamente foi. Reconheço agora que no fundo eu sempre amei você...
Anahí balançou a cabeça e o interrompeu.
— Isso é fácil de dizer, Alfonso. Mas me parece que você descobriu rápido demais seu amor depois de ter descoberto que Sam e Nico são seus filhos.
Alfonso admitiu que ela estava no direito de lançar-lhe essa acusação — mesmo que não fosse verdade. Se sentia maravilhado em saber que era o pai dos gêmeos. E tivera uma sensação de satisfação masculina em saber que tinha sido seu primeiro amante.
Mas nenhum desses fatos poderia fazê-lo amá-la se já não a amasse. Ele sabia disso. Mas como podia explicar a ela o lento e doloroso processo pelo qual havia chegado ao reconhecimento sobre os reais sentimentos em relação a ela, naqueles momentos em que ele se debatia tentando analisá-los? Isso tudo era um novo território para ele, não mapeado, não testado, e nenhum capitão jamais se lançou num mar totalmente desconhecido. A não ser que estivesse desesperado. E era exatamente assim que se sentia.
— Eu amava você antes de... — começou.
— Acho difícil acreditar — disse Anahí, direta. Mas eu quero acreditar em você, o coração implorava. Quero acreditar em você mais do que já quis algo em toda a minha vida. Mais do que a própria segurança emocional dos gêmeos? Se a resposta fosse sim, então em que tipo de mãe se transformaria? Uma mãe como Alfonso acreditava ter sido a dele? Se cedesse e depois ele mudasse de idéia e descobrisse que, afinal, não a amava, quanto tempo demoraria para começar a acusá-la disso?
— Estou disposto a fazer tudo que for preciso para prová-lo — continuou Alfonso.
— Não faz sentido.
— Faz sentido para mim. Você já me amou e eu acredito...
— Não era amor. Era uma fantasia de adolescente — mentiu Anahí.
— Então você deixou de me amar e mesmo assim fez sexo comigo.
— Acontece — disse Anahí, de forma casual.
— Com que freqüência?
Ele ainda lhe segurava a mão e ela se perguntou se ele sentira o tremor que traía seus verdadeiros sentimentos.
— O que quer dizer? — Ela tentou escapar.
— Quero saber quantas vezes, desde que me deixou, você fez sexo com homens que não amava?
— Olha, Alfonso, essa conversa não vai nos levar a lugar algum. Eu aceito que como pai dos meninos você tem um papel importante a desempenhar na vida deles.
— Não houve nenhum, houve? — perguntou baixinho, anulando sua tentativa de mudar de assunto. Ah, mas ele queria tanto tomá-la nos braços e beijá-la até que ela se agarrasse a ele como fizera na cama! Algo, um instinto que não sabia possuir, lhe dizia que nunca houvera ninguém durante os anos em que ficaram separados. E isso, com certeza, significava alguma coisa.
— Eu era uma mulher casada, com duas crianças e um marido. Um marido doente. Isso mal me dava tempo para ter sexo extraconjugal — mencionou.
— Em outras palavras, não teve ninguém?
Ele não precisava demonstrar estar tão satisfeito com isso, pensou Anahí, zangada.
— E daí? Isso não significa que passei os últimos dez anos gemendo por você.
— E eu disse isso? Isso prova, entretanto, que existe algo muito forte entre nós dois, ou não?
A situação estava fugindo ao seu controle. Mais alguns minutos e ela estaria mergulhada num mar de contra-argumentos no qual ele a lançava.
— Por isso, eu me permiti dar uma rapidinha em nome dos velhos tempos. Isso não significa nada.
— Agora eu sei que você está mentindo. — Alfonso estava rindo. — E não foi apenas uma rapidinha. Foi uma completa, apaixonada e íntima sessão de sexo, e você sabe disso.
Ela não conseguia mais suportar essa conversa. Suas defesas desmoronavam.
— Não importa o que você diga ou o que eu sinto. Não consegue ver? — perguntou admirada. — Não se trata de nós, Alfonso; trata-se dos meninos. E se eu ceder e concordar? E se em um mês, um ano, dez anos, você ficar cansado de brincar de família feliz? E aí? Não é que eu esteja tentando negar a você o direito de participar da vida dos meninos. Você é pai e tutor deles, tem toda a liberdade de manter um vínculo com eles.
Porém, não através da minha cama. Não vou fazer nada que possa levá-los a se tornar vitimas de um lar desfeito.
— Eu podia fazer você mudar de idéia — alertou-a Alfonso, suavemente. — Podia pegar você nos meus braços aqui e agora e fazê-la...
— E fazer o quê? Desejar você? Sim, você podia fazer isso. Mas mesmo assim isso não me faria mudar de idéia.
— Muito bem. — Anahí não sabia se estava aliviada ou decepcionada quando ele soltou-lhe a mão e levantou-se. — Entendo o que está dizendo.
Começava a se afastar dela e ela precisou de cada milímetro de autocontrole para não chamá-lo e dizer como realmente se sentia.
— Mas vou lhe dar um aviso Anahí: não pretendo desistir. Pretendo fazer tudo que for preciso para convencê-la de que eu, você e nossos filhos temos um futuro juntos como família e que eu e você temos um futuro juntos como marido e mulher.
— Não posso impedi-lo de querer isso — retrucou Anahí. — Mas o que eu quero é o melhor para os meninos.
Você sugeriu que poderia tirá-los da escola. Eu quero que eles fiquem na escola. São felizes lá e estão se saindo bem.
Ela o estava testando?, pensou Alfonso. Se assim fosse, ia descobrir que ele realmente cumpriria cada palavra que dissera.
— Você é a mãe deles — disse firme. — Acredito no seu julgamento no que diz respeito ao melhor para eles.
Minha sugestão seria que eles deviam ser encorajados a incorporar a consciência da herança italiana na vida deles.
Ele estava concordando em mandar os meninos para a escola?
— Mas e o professor? — lembrou-o. — Pensei...
— Seu papel inicial era avaliar as necessidades educacionais dos gêmeos. Tenho certeza que ele vai compreender quando eu comunicar que eles vão continuar na escola antiga. Na verdade, estou certo de que ele vai aprovar sua decisão.
— E por que você está feliz em deixá-los continuar no colégio? — Era muito estranho Alfonso ceder com tamanha facilidade.
Imediatamente Alfonso meneou a cabeça.
— Não preciso da experiência do professor para saber que os meninos estão felizes na escola e fazendo grandes progressos. E, apesar do que você possa pensar, não preciso de um intermediário para me dizer que eles estão bem ajustados e bem cuidados.
— Não estava sugerindo isso — contestou Anahí consciente, admitindo em seguida, relutante: — Você é ótimo para eles, Alfonso. Você os compreende muito melhor do que Carlo fazia. — Como se quisesse superar a própria fraqueza, acrescentou orgulhosa: — Mas quando eles forem embora para a escola, eu vou com eles.
Preciso procurar um emprego e pretendo encontrar um lugar para morar perto da escola e do meu trabalho. Foi por isso que vendi minhas jóias, para poder fazer isso.
— Ótimo — concordou Alfonso, cordial.
Por que ele não estava fazendo objeções, fechando a cara, discutindo com ela, implorando para que ela ficasse com ele? E por que ela estava tão desapontada com a atitude dele?
— Quando nós partimos?
— Nós? — Não era alívio o que sentia, mesmo que se parecesse tremendamente com isso.
— Claro. Eu realmente estava dizendo a verdade, Anahí. A partir de agora, seguirei você e os gêmeos. Não me importa quanto tempo demore ou o que vou ter que fazer para convencer você. Vou provar que temos um futuro juntos.
— Isso é impossível.
— Nada é impossível.
Autor(a): jessica_ponny_steerey
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 69
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franmarmentini Postado em 16/07/2014 - 16:27:42
amei tanto essa fic* meu deus ela chegou ao fim ;( mas tudo bem kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk amei o final maravilhoso para os dois...fiquei super emocionada :)
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edlacamila Postado em 16/07/2014 - 00:08:46
Aaaaaaain q perfect amei *-*
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vondy4everponny Postado em 16/07/2014 - 00:05:09
AAAAAAAAAAAH , amiga to chorosa com este final lindo. To melancólica hoje e ai tu vem e me posta uma final de fic linda desse jeito? AWN, eu definitivamente AMO suas webs *----*
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iza2500 Postado em 15/07/2014 - 23:26:17
Que lindo o final<3, tem outra fic em mente? Posta o link se tiver criado alguma pra favoritar
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iza2500 Postado em 15/07/2014 - 23:22:30
Muito lindo los A, deviam contar pros gêmeos que vão ganhar uma irmãzinha. Postaaaaaa mais!!!!!!!!!!
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camile_ponny Postado em 15/07/2014 - 22:58:42
Onw que esse casal cara! Haha eu não quero que acabe não faz isso Jessica diz que vc vai postar outra diz pra mim! (Choramingando aqui) esses gêmeos, esse dois agora esse bebê a não é pra acabe comigo né não?! Kkk essa fic é perfeita! Posta amanhã em! Rum. ;D
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franmarmentini Postado em 15/07/2014 - 08:02:49
amei amei ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii mas não queria que terminasse poxa ;/
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iza2500 Postado em 15/07/2014 - 00:36:00
Como o Poncho mudou, tá muito fofo, que lindo estão grávidos.<3 muito linda essa fic.Postaaa mais!!!!!!!!
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edlacamila Postado em 15/07/2014 - 00:09:25
Cm assim ultimo cap.? Jaaaaa???? Nn quero :' ( outro baby?? *-* aaaaai postaaa <3
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vondy4everponny Postado em 15/07/2014 - 00:04:02
MANA, essa sua web é perfeita! Nossa, to chorosa kkkkkkk, sério! Foi o capitulo mais lindo até agora, mas sei que amanha tu vai destruir meus feelings porque tu é dessas amiga. Nem acredito que já está acabando :/ Aguardando ansiosa o final! Beijos <3