Fanfics Brasil - 22 Mestre do Prazer(Adaptada) Anahí & Alfonso TERMINADA

Fanfic: Mestre do Prazer(Adaptada) Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: AyA romance


Capítulo: 22

802 visualizações Denunciar


Esse capitulo é dedicado a todas as leitoras dessa fic principalmente as que querem ver o Ponchito morto kkkkkkk




 


Encontrou-a na cozinha, tirando os pratos da pia. Ela levantou o olhar quando ele 


entrou, para afastá-lo imediatamente. Ele queria olhar sem parar para ela, embevecido com o corpo que tinha dado vida aos fi­lhos deles, pois ela era responsável pelo milagre da existência dos meninos. Mas não a única responsá­vel, é claro.


— Os meninos acabaram de me procurar.


— Esperam que você me convença a dar as bici­cletas de aniversário.


— Queriam saber se sou o pai verdadeiro deles.


A jarra que segurava caiu de suas mãos, despeda­çando-se. O olhar em seu rosto revelou a Alfonso tudo o que ele precisava saber.


— Carlo era o pai deles — sussurrou, abaixando-se para recolher os cacos.


— Não, deixe. Você vai acabar se cortando — avi­sou Alfonso, mas já era tarde. O sangue corria da pal­ma da mão onde um caco lhe cortara a pele.


Anahí olhava desconcertada para o sangue. Sentia-se estranhamente distante do que estava acontecen­do, como se uma força imensa a tivesse transferido para um lugar onde apenas se observasse à distância.


— Não, ele não os concebeu. Ele mesmo contou aos meninos, Anahí, então não há como negar.


Isso não podia estar acontecendo. Ela abaixou a cabeça.


— Preciso limpar isso — disse. — Eu...


— Eu cuido disso. Sente-se.


Como ela havia ido parar na cadeira da cozinha? Olhava para Alfonso sem expressão, enquanto ele juntava os cacos e os jogava fora.


— Agora vamos dar uma olhada nessa mão. Dócil, deixou Alfonso conduzi-la até a pia antes de pegar a caixa de primeiros socorros da prateleira e fa­zer um curativo.


Ele a levou de volta à mesa e fez com que se sen­tasse.


— Os gêmeos são meus filhos, nós dois sabemos. Mas o que não sei é o motivo de não ter me contado.


O choque desanuviava sua apatia. Haveria tempo depois para se preocupar com o efeito que a revela­ção de Carlo devia ter produzido nos gêmeos e saber exatamente o que ele tinha contado. No momento, precisava se certificar de que Alfonso entenderia que os filhos eram dela, que não tinham nada a ver com ele.


Soltou um suspiro profundo.


— Você realmente precisa perguntar? Eu implorei a você que me amasse, Alfonso. Passei mal todas as manhãs durante semanas, e adivinhava o motivo, mesmo que mentisse para você e dissesse que era uma infecção intestinal. Cheguei a lhe dar a oportunidade de dizer que queria filhos. Fiz tudo para lhe dar a chance de adivinhar a verdade antes de contar. Prosseguiu:


— Carlo adivinhou, e ele mal me conhecia. Carlo compreendeu como eu me sentia e como estava as­sustada.


Você já havia me rejeitado. E se rejeitasse a criança que eu carregava, ou pior? Quando você me disse que não queria filhos, tive medo. Não por mim, por eles. Pensei que você pudesse me pressionar para interromper a gravidez. — Anahí fechou os olhos e engoliu em seco. — Tinha medo de ceder, de fazer o que você quisesse só para satisfazê-lo.


Agora que começara, não conseguia parar. — Carlo me deu a chance de tomar a decisão correta. Devo a Carlo, não a você, ou a mim, ter os gêmeos hoje. Foi Carlo quem assumiu a paternidade, Alfonso. Foi Carlo quem deu a eles proteção e amor paternal.


Arrependimento, vergonha e, acima de tudo, dor corriam pelas veias de Alfonso


— Você devia ter me contado.


— Talvez você devesse saber. Nunca vou saber o que fiz para merecer Carlo. Nunca vou deixar de ser grata pelo que ele me deu. Às vezes, penso que foi o destino quem mandou Carlo. Não para mim, mas para eles.


Mas não importa qual de nós ele ajudou. Só sei que a generosidade e a compaixão dele acabaram por salvar todos nós. Sem ele eu poderia ter cedido e deixado você me persuadir a abortar, ou então acabar na rua, onde meus filhos cresceriam em piores condições do que eu mesma. Dizem que isso passa de gera­ção a geração, não é? Que crianças que sofreram mui­to acabam se tornando pais que causam sofrimento aos filhos. Tive tanta sorte de ter tido a oportunidade de mudar esse padrão.


— Você está dramatizando. Está certa: eu disse que não queria filhos. Mas se soubesse que você esta­va grávida...


— Você diz isso agora, mas a verdade é que ne­nhum de nós estava preparado para assumir essa res­ponsabilidade. Eu era pouco mais que uma criança carente, clamando pelo amor de um homem que não podia dá-lo. Ter meus filhos foi o que me despertou. Graças a Carlo, fui capaz de aproveitar a melhor aju­da que eles podiam me dar. Já amava meus bebês, mas precisava aprender a me amar. Precisava apren­der a aceitar meu passado, mas aceitá-lo como passa­do, sem que interferisse no meu presente. Carlo tinha tanto orgulho dos meninos! Verdadeiros Herrera, era assim que os chamava,


A conversa tomava um rumo que Alfonso não es­perava ou desejava. Anahí parecia determinada a re­jeitar suas tentativas de criar um vínculo entre eles através dos filhos. As revelações que o tinham im­pressionado, aparentemente, não causavam impacto nela. Não era capaz de perceber que ele mudara? Que reconhecia os erros do passado e estava pronto a re­pará-los?


— Eles são meus filhos — disse firme.


Anahí sacudiu a cabeça.


— Não. Seus filhos, Alfonso, seriam tão infelizes quanto você, por causa da sua infância. Um adulto não pode encontrar salvação através de uma criança. Você tem que dar, não tomar.


— Cometi erros, admito. Mas não é tarde.


— Não é tarde para quê?


Não é tarde para nós, era o que queria dizer, mas disse:


— Eu conheço você, Anahí.


Ela o interrompeu imediatamente.


— Não, você não me conhece. Nunca conheceu. Para você sou uma vadia que pegou na rua, um peda­ço de carne para lhe dar prazer. Você acreditou que eu saía com você e com Carlo.


Ele tinha cometido erros, sabia, mas não era o único culpado. As acusações o fizeram agir na de­fensiva.


— Você me culpa? Na noite em que nos encontra­mos você me disse....


Anahí lançou um olhar aborrecido para ele. O que importava agora o que tinha dito?


— Na noite em que nos encontramos, eu ainda era virgem. O que prova como me conhece pouco, Alfonso. — Ela ergueu a cabeça e levantou cambalean­do.


— Não pode ser verdade — protestou. — E o diretor de filmes pornô? Você deu a entender...


Anahí deu um sorriso melancólico.


— Ah, claro, certamente dei a entender, e ele exis­tia. Tentou fazer uma proposta a uma das garotas com quem eu estava de férias. A verdade é que eu era mui­to jovem e muito tola. Quis que você me achasse sexy e desejável... Era ingênua demais para perceber que você me considerava usada e disponível.


— Não entendo nada. Você diz que era virgem, então, por que foi para a cama comigo? Devia saber...


— O quê? Que tudo que queria era transar só uma noite? — Anahí sacudiu a cabeça. — Alfonso, eu ti­nha 17 anos. Estive em orfanatos desde criança. Era carente. Achei que você era a resposta. Meu príncipe iria aparecer, me carregar nos braços e seríamos feli­zes para sempre. Era tudo o que eu queria: ser amada! Amar!


Ele podia perceber a decepção na voz diante da própria tolice e ficou magoado ao vê-la magoada.


— As outras garotas eram mais velhas que eu. Só fui incluída no passeio porque trabalhávamos juntas. Eu as atrapalhava, as irritava, então, passava a maior parte do tempo sozinha. Vi você no dia em que che­guei a Saint Tropez. Você passou pelo bar onde eu estava tomando uma xícara de café. Você era a ima­gem do meu herói. Só precisei de poucos segundos para me convencer que era amor à primeira vista e que você era o único homem que eu poderia amar, e para sempre. — Ela deu de ombros. — Para você ver até que ponto minha carência me levava. Comecei a perambular pelo porto, esperando ver você. E o vi, saindo do iate. Pensei que você trabalhava nele. Nunca me ocorreu que era seu. — Sorriu triste. — Seu di­nheiro nunca representou nada para mim, Alfonso, embora, é claro, você não fosse acreditar. Fiquei apa­vorada quando soube como você era rico, mas aí era tarde demais. Estava profundamente apaixonada. Tão apaixonada e tão louca por você que mesmo na­quela primeira vez o prazer superou a dor.


Alfonso fechou os olhos. Podia se lembrar da pri­meira vez e de como se sentira bem, como ela se sen­tira bem, como os músculos eram apertados. Ele ti­nha suposto que era devido à sua experiência. Devia ter imaginado!


E talvez no fundo soubesse, mas pre­feriu fingir que não. Vergonha e uma aguda sensação de perda apertaram-lhe a garganta.


— E, é claro, eu tinha me convencido que você ia corresponder aos meus sentimentos — continuou Anahí. — Embora você fizesse o possível para deixar claro que não o faria. Mas o que sabia eu? Se eu tinha alguma certeza, era da minha própria carência. Nun­ca ninguém havia me amado. Não sabia o que era o verdadeiro amor. Tão previsível! Eu buscava amor onde nunca iria encontrá-lo. Coloquei como meta me tornar boa o suficiente para você para que me recom­pensasse com seu amor. É um clichê. Quanto mais você me negava seu amor, mais eu me empenhava em obtê-lo.


— Eu não sabia.


— E como podia? Nunca conversamos. Simples­mente fazíamos sexo, e eu elaborava minhas fanta­sias tolas.


Mesmo quando você mencionou sua mãe e seu avô, nunca me ocorreu que esses relacionamen­tos refletiriam no nosso. Apenas achei maravilhoso ambos termos tido infâncias infelizes, e pensei que isso nos uniria.


Estava convencida de ter a oportuni­dade de dar a você o amor que nunca experimentara. Concordei com você que sua mãe havia sido cruel e egoísta. Não pude argumentar que talvez ela tivesse medo e se sentisse só.


Que ela podia estar sofrendo num casamento que não funcionava e podia ter sido obrigada pelo pai a voltar para casa, para descobrir depois que o preço de ser salva de um casamento in­feliz era a perda do filho.


Anahí pôde ver que Alfonso estava pensativo e os olhos demonstravam apatia.


— Não estou dizendo que foi isso que aconteceu. Estou simplesmente ressaltando que podem existir outras explicações diferentes das que lhe contaram.


Alfonso não parecia convencido.


— Olha, não estou tentando reescrever sua histó­ria familiar ou defender sua mãe. Mas você era muito criança quando sua mãe partiu para saber o que ela sentia ou o porquê de sua atitude. Tudo que sabe foi contado pelos outros.


Anahí deu de ombros, cansada.


— Podemos recapitular nossas infâncias, consta­tar a dor e culpar nossos pais e, depois, podemos olhar para nossas infâncias e ver que nós também so­fremos. Mas a que isso nos leva, Alfonso? Por quanto tempo vamos seguir maldizendo o mal que nos cau­saram? Quantos anos de nossas vidas vamos passar procurando respostas no passado e culpando os ou­tros pelo nosso presente? Precisei me distanciar de minha infância e me recriar como a pessoa que os gêmeos precisam que eu seja. Foi a maior mudança de toda a minha vida.


Isso não era inteiramente verdade. Mas Sasha não estava disposta a contar a Alfonso que mesmo agora ele era dono de seu coração e que, por mais que ten­tasse, não conseguia se libertar.


— Então, você se reinventou e mudou a vida in­teira decidindo que sua infância não era tão ruim quanto se lembrava? Infelizmente, não tenho sua imaginação.


O amor por Alfonso que tentara, com tanto esforço, dizer a si mesma estar enterrado encheu o coração de Anahí. Ela sentia vontade de abraçá-lo, curar as feridas de seu passado. Podia vê-lo como criança — só, com medo e sem amor. Sofrido. 


Lágrimas começa­ram a escorrer. Queria voltar ao passado e resgatar a criança, dar-lhe amor. Mas sabia que não impor­tava quanto amor tivesse, não conseguiria extrair dele a amargura. E sabia também que não podia se ar­riscar a deixar essa amargura interferir na vida de seus filhos.


— Não tem mais nada a dizer? — perguntou Alfonso com raiva. — Esse tipo de conversa está ótimo, Anahí, mas não pode esperar que eu acredite que vá alterar a realidade. Esqueça o passado. O que precisa­mos discutir agora é o presente, e nossos filhos.


Anahí afastou o olhar.


— O que aconteceu? Ou posso adivinhar? Você preferia que eu nunca soubesse a verdade, não é? Que eu continuasse a acreditar que Carlo era o pai deles.


— Preferia — admitiu baixinho.


— Obrigado pelo voto de confiança.


— Estou pensando nos meninos.


— E o que está pensando é que não sou bom o su­ficiente para ser pai deles.


Anahí baixou a cabeça. Tudo isso era tão difícil, tão doloroso! Podia se lembrar de como se sentira ao saber que estava grávida, a excitação por ter um filho de Alfonso. Sentia como se carregasse dentro de si o maior tesouro do mundo. A gravidez tinha sido aci­dental: dos dois, era ela a pessoa inexperiente. Inex­periente demais para pensar em fazer algo deliberadamente para sabotar os métodos contraceptivos de Alfonso. O fato de ter concebido, apesar das precau­ções tomadas por ele, a fizera acreditar que a gravi­dez era especial e estava destinada a acontecer. Havia ficado delirante de alegria, esperando — já que todo dia de manhã tinha enjôos — ouvir Alfonso anunciar estar a par da gravidez. Havia mesmo imaginado a cena, as palavras de amor que ele lhe diria e a reve­rência quando a abraçasse e dissesse como estava emocionado, o quanto a amava.


Ele ia insistir em se casarem imediatamente, é claro, e viveriam felizes para sempre, com um bebê adorável.


Só que não acontecera desse jeito. Agora sabia que seu sexto sentido devia ter funcionado e a alertado do que estava por vir. Caso contrário, por que mentira para Alfonso quando ele comentara os enjôos, res­pondendo que era uma infecção intestinal? Ela podia ter desejado que ele adivinhasse sobre a gravidez, mas algo bem no fundo lhe dizia para manter o segredo.


Já estava no segundo mês quando começou a ficar impaciente com a falta de percepção de Alfonso e passou a tocar, insistentemente, no assunto "crian­ças" . Foi então que Alfonso lhe dissera, áspero, que muitas pessoas produziam crianças que não queriam. E ele tinha ressaltado seu ponto de vista com descri­ções detalhadas da própria infância.


Lembrando-se disso no momento, respirou fundo.


— Não acho que você esteja preparado para ser pai deles. Não quero que eles sofram as conseqüências de sua infância infeliz, Alfonso — disse, calma.


Ela sentiu uma verdadeira dor física ao ver o cho­que nos olhos dele e o esforço para escondê-lo.


— Você acha que eu iria. feri-los, abusar deles fisi­camente? — explodiu.


Anahí sacudiu a cabeça.


— Não — disse, com sinceridade. — Vivi com você tempo suficiente para saber que você não iria feri-los dessa maneira. Mas há outras formas de ferir aqueles a quem amamos.


— Então você admite que eu os amo?


Anahí deu um sorriso. No instante em que tinham se conhecido, Alfonso e os gêmeos haviam criado um vínculo masculino que lhes dera mais motivos para sentir culpa e ansiedade do que gostaria de admitir. Se ele soubesse desde o início que eles eram filhos dele, Alfonso não poderia ter se comportado mais como pai, durante essas poucas semanas que passaram juntos. Ele possuía uma percepção do que fun­cionaria para eles e do que não funcionaria, e os tra­tava como seres humanos, indivíduos, em vez de vê-los apenas como "os gêmeos". Mas, acima de tudo, tinha sido a maneira como imediata e instintivamente fora capaz de reconhecê-los. Algo que até hoje só ela era capaz de fazer. Carlo nunca tinha conseguido sa­ber quem era Sam e quem era Nico.


— Sim, admito. Mas mesmo o amor pode causar danos, Alfonso. É natural querer dar a nossos filhos o melhor, tanto em termos financeiros quanto emocio­nais. Mas isso nem sempre é bom.


— Você quer dizer que acha que eu os mimaria, dando amor e dinheiro demais por querer que eles te­nham o que eu nunca tive?


— Diga, com toda honestidade, que você já não escolheu mentalmente os últimos modelos de bicicle­tas para eles — desafiou ANahí. Ela sabia estar certa pelo jeito como Alfonso evitou seu olhar. — Não é que eu não acredite que você os ama, Alfonso, ou que duvide por um minuto sequer que você deseja o me­lhor para eles. É que precisei aprender que algumas vezes a melhor coisa que se pode fazer por eles é di­zer não.


— Então você não quer que eu faça parte da vida deles porque acha que eu vou mimá-los?


— Você já faz parte da vida deles. Você é tutor e pai deles.


— Anahí. — Ele estendeu a mão por cima da mesa e segurou-lhe a mão, antes que ela pudesse impedi-lo. — Compreendo o que está dizendo e concordo que desempenhar o papel de pai vai exigir de mim um longo e árduo aprendizado. Mas, e o outro lado da equação?


— Que outro lado? — perguntou Anahí de forma rude. Mas já sabia. Era isso. Estava vivendo seu pior pesadelo e, ao mesmo tempo, seu mais ansiado sonho.


— Você e eu compartilhamos uma história marca­da pela dor e pela raiva. Eu sei disso. Mas também marcada por nossos filhos. Sei que deixei escapar a melhor coisa de minha vida por ser cego demais para dar valor ao que tinha. Nós já provamos que sexual­mente não nos damos apenas bem, mas somos pura explosão. — Alfonso fez uma pausa e o olhar sedutor fez os dedos do pé de Sasha congelarem e o coração palpitar de prazer. — O melhor presente que qual­quer pai pode dar a um filho é, sem dúvida, a seguran­ça de um lar estável, onde reine o amor. Gostaria de dar isso a nossos filhos.


Podia ter demorado um bocado de tempo para re­conhecer o amor que sentia por ANahí. Agora estava consciente e não tinha intenção de perder mais tem­po. Não havia nada que quisesse esconder dela: nem seu amor, nem a admissão de que, deliberadamente, quisera ter as opiniões mais horríveis sobre ela, nem seu pedido sincero de desculpas pelos erros cometi­dos — nada! Queria ter a consciência limpa, começar do zero, um novo começo para todos eles e uma vida na qual pudesse mostrar a Anahí, todos os dias, o quanto ela e os filhos deles eram importantes para ele.


Você está propondo morarmos juntos, nós qua­tro, como uma família? — Havia uma nota de cautela na voz, o que era perfeitamente compreensível.


— Quero que a gente viva junto como uma família sim, Anahí. E quero que eu e você vivamos como ma­rido e mulher. Quero me casar com você, Anahí. Que­ro que nossos filhos cresçam do nosso lado.


Por preciosos segundos Anahí se permitiu sonhar e acreditar, pensar o impossível. Mas só por alguns poucos segundos, pois já sabia qual seria sua res­posta.


— Não — disse a Alfonso baixinho.  


— Não? Por que não?


— Não ia funcionar, Alfonso. Concordo que sexual­mente nós... nos damos muito bem — concordou apressada, sem querer se deixar invadir pelos pensa­mentos que apenas adicionariam mais tumulto aos seus próprios pensamentos, ameaçando fazê-la mudar de decisão. — Mas você e eu... Nós dois podemos amar os meninos, mas não precisamos fingir que nos amamos. Porque nós dois sabemos que não nos amamos.


Estas foram as palavras mais duras que já fora for­çada a dizer. Principalmente porque mentia. Não im­porta o quanto houvesse tentado se convencer; duran­te os anos em que estiveram separados tinha plena consciência de não poder fingir que o que sentia era puramente sensual. Porém, também sabia que para o bem dos filhos não podia se arriscar a amá-lo — principalmente não num relacionamento público e num comprometimento que poderia repercutir nos me­ninos.


Num mundo ideal, num mundo perfeito, nesse, sim, ela se atiraria em seus braços com gritos de ale­gria, com a certeza de que viveriam felizes por toda a eternidade. Mas a realidade não era assim. A realida­de podia ser cruel e implacável.


— Pelo contrário, não sei nada disso — ouviu Alfonso dizer baixinho. O coração quase perdeu o com­passo.


Teria ele adivinhado que ela continuava a amá-lo? Se assim fosse... — Você pode ter deixado de me amar, Anahí, mas eu amo você.


Se ela pudesse acreditar no que ele dizia! A emo­ção de ouvir essa declaração, depois de tantos anos, a ameaçava, fazendo-a deixar de lado todas as suas dú­vidas. Não podia ceder.


— Você diz isso agora, Alfonso, mas como posso acreditar? Como? Há alguns dias você acreditava que eu era uma péssima mãe, uma mulher que pulava da cama de um homem para a de outro, uma mulher que buscava um homem rico para sustentá-la. Esqueceu?


Alfonso não podia negar.


— Eu disse todas essas coisas, sim. E, a princípio, estava convencido de que era verdade. Mas não de­morei muito para perceber o quanto estava enganado, mesmo sendo teimoso demais para aceitar a verdade. Eu precisava me convencer disso, Anahí, porque meu orgulho não me deixava admitir como me senti quan­do você me abandonou aquele dia. Eu tinha jurado que nunca mais me permitiria amar novamente, e não podia admitir ter fracassado. Além disso, se você realmente quisesse seduzir um homem rico, poderia ter me seduzido. — Ele sorriu para ela para demons­trar estar debochando de si mesmo. — Talvez uma parte de mim esperasse isso.


Anahí não se sentia segura para dizer nada.


— Por que não me disse o motivo de ter colocado os meninos no colégio interno?


Seria dor o que percebia na voz dele? Agora ela precisava falar.


— Não vi motivos para fazê-lo. Não achei que você acreditaria em mim. Tinha a impressão de você estar determinado a pensar o pior de mim.


— Você está certa. Ouvir o professor falar sobre o bom senso que demonstrara me fez sentir como se ti­vesse levado um soco no estômago. E se isso não fos­se o bastante para me tirar da ignorância, o choque de descobrir que você vendera suas jóias certamente foi. Reconheço agora que no fundo eu sempre amei você...


Anahí balançou a cabeça e o interrompeu.


— Isso é fácil de dizer, Alfonso. Mas me parece que você descobriu rápido demais seu amor depois de ter descoberto que Sam e Nico são seus filhos.


Alfonso admitiu que ela estava no direito de lan­çar-lhe essa acusação — mesmo que não fosse verda­de. Se sentia maravilhado em saber que era o pai dos gêmeos. E tivera uma sensação de satisfação mascu­lina em saber que tinha sido seu primeiro amante.


Mas nenhum desses fatos poderia fazê-lo amá-la se já não a amasse. Ele sabia disso. Mas como podia expli­car a ela o lento e doloroso processo pelo qual havia chegado ao reconhecimento sobre os reais sentimen­tos em relação a ela, naqueles momentos em que ele se debatia tentando analisá-los? Isso tudo era um novo território para ele, não mapeado, não testado, e nenhum capitão jamais se lançou num mar totalmen­te desconhecido. A não ser que estivesse desespera­do. E era exatamente assim que se sentia.


— Eu amava você antes de... — começou.


— Acho difícil acreditar — disse Anahí, direta. Mas eu quero acreditar em você, o coração implora­va. Quero acreditar em você mais do que já quis algo em toda a minha vida. Mais do que a própria seguran­ça emocional dos gêmeos? Se a resposta fosse sim, então em que tipo de mãe se transformaria? Uma mãe como Alfonso acreditava ter sido a dele? Se cedesse e depois ele mudasse de idéia e descobrisse que, afinal, não a amava, quanto tempo demoraria para começar a acusá-la disso?


— Estou disposto a fazer tudo que for preciso para prová-lo — continuou Alfonso.


— Não faz sentido.


— Faz sentido para mim. Você já me amou e eu acredito...


— Não era amor. Era uma fantasia de adolescente — mentiu Anahí.


— Então você deixou de me amar e mesmo assim fez sexo comigo.


— Acontece — disse Anahí, de forma casual.


— Com que freqüência?


Ele ainda lhe segurava a mão e ela se perguntou se ele sentira o tremor que traía seus verdadeiros senti­mentos.


— O que quer dizer? — Ela tentou escapar.


— Quero saber quantas vezes, desde que me deixou, você fez sexo com homens que não amava?


— Olha, Alfonso, essa conversa não vai nos levar a lugar algum. Eu aceito que como pai dos meninos você tem um papel importante a desempenhar na vida deles.


— Não houve nenhum, houve? — perguntou bai­xinho, anulando sua tentativa de mudar de assunto. Ah, mas ele queria tanto tomá-la nos braços e beijá-la até que ela se agarrasse a ele como fizera na cama! Algo, um instinto que não sabia possuir, lhe dizia que nunca houvera ninguém durante os anos em que fica­ram separados. E isso, com certeza, significava algu­ma coisa.


— Eu era uma mulher casada, com duas crianças e um marido. Um marido doente. Isso mal me dava tempo para ter sexo extraconjugal — mencionou.


— Em outras palavras, não teve ninguém?


Ele não precisava demonstrar estar tão satisfeito com isso, pensou Anahí, zangada.


— E daí? Isso não significa que passei os últimos dez anos gemendo por você.


— E eu disse isso? Isso prova, entretanto, que existe algo muito forte entre nós dois, ou não?


A situação estava fugindo ao seu controle. Mais al­guns minutos e ela estaria mergulhada num mar de contra-argumentos no qual ele a lançava.


— Por isso, eu me permiti dar uma rapidinha em nome dos velhos tempos. Isso não significa nada.


— Agora eu sei que você está mentindo. — Alfonso estava rindo. — E não foi apenas uma rapidinha. Foi uma completa, apaixonada e íntima sessão de sexo, e você sabe disso.


Ela não conseguia mais suportar essa conversa. Suas defesas desmoronavam.


— Não importa o que você diga ou o que eu sinto. Não consegue ver? — perguntou admirada. — Não se trata de nós, Alfonso; trata-se dos meninos. E se eu ceder e concordar? E se em um mês, um ano, dez anos, você ficar cansado de brincar de família feliz? E aí? Não é que eu esteja tentando negar a você o di­reito de participar da vida dos meninos. Você é pai e tutor deles, tem toda a liberdade de manter um vínculo com eles.


Porém, não através da minha cama. Não vou fazer nada que possa levá-los a se tornar vitimas de um lar desfeito.


— Eu podia fazer você mudar de idéia — alertou-a Alfonso, suavemente. — Podia pegar você nos meus braços aqui e agora e fazê-la...


— E fazer o quê? Desejar você? Sim, você podia fazer isso. Mas mesmo assim isso não me faria mudar de idéia.


— Muito bem. — Anahí não sabia se estava alivia­da ou decepcionada quando ele soltou-lhe a mão e le­vantou-se. — Entendo o que está dizendo.


Começava a se afastar dela e ela precisou de cada milímetro de autocontrole para não chamá-lo e dizer como realmente se sentia.


— Mas vou lhe dar um aviso Anahí: não pretendo desistir. Pretendo fazer tudo que for preciso para con­vencê-la de que eu, você e nossos filhos temos um fu­turo juntos como família e que eu e você temos um futuro juntos como marido e mulher.


— Não posso impedi-lo de querer isso — retrucou Anahí. — Mas o que eu quero é o melhor para os me­ninos.


Você sugeriu que poderia tirá-los da escola. Eu quero que eles fiquem na escola. São felizes lá e estão se saindo bem.


Ela o estava testando?, pensou Alfonso. Se assim fosse, ia descobrir que ele realmente cumpriria cada palavra que dissera.


— Você é a mãe deles — disse firme. — Acredito no seu julgamento no que diz respeito ao melhor para eles.


Minha sugestão seria que eles deviam ser enco­rajados a incorporar a consciência da herança italiana na vida deles.


Ele estava concordando em mandar os meninos para a escola?


— Mas e o professor? — lembrou-o. — Pensei...


— Seu papel inicial era avaliar as necessidades educacionais dos gêmeos. Tenho certeza que ele vai compreender quando eu comunicar que eles vão continuar na escola antiga. Na verdade, estou certo de que ele vai aprovar sua decisão.


— E por que você está feliz em deixá-los continuar no colégio? — Era muito estranho Alfonso ceder com tamanha facilidade.


Imediatamente Alfonso meneou a cabeça.


— Não preciso da experiência do professor para saber que os meninos estão felizes na escola e fazen­do grandes progressos. E, apesar do que você possa pensar, não preciso de um intermediário para me di­zer que eles estão bem ajustados e bem cuidados.


— Não estava sugerindo isso — contestou Anahí consciente, admitindo em seguida, relutante: — Você é ótimo para eles, Alfonso. Você os compreende muito melhor do que Carlo fazia. — Como se quises­se superar a própria fraqueza, acrescentou orgulhosa: — Mas quando eles forem embora para a escola, eu vou com eles.


Preciso procurar um emprego e preten­do encontrar um lugar para morar perto da escola e do meu trabalho. Foi por isso que vendi minhas jóias, para poder fazer isso.


— Ótimo — concordou Alfonso, cordial.


Por que ele não estava fazendo objeções, fechando a cara, discutindo com ela, implorando para que ela ficasse com ele? E por que ela estava tão desapontada com a atitude dele?


— Quando nós partimos?


— Nós? — Não era alívio o que sentia, mesmo que se parecesse tremendamente com isso.


— Claro. Eu realmente estava dizendo a verdade, Anahí. A partir de agora, seguirei você e os gêmeos. Não me importa quanto tempo demore ou o que vou ter que fazer para convencer você. Vou provar que te­mos um futuro juntos.


— Isso é impossível.


— Nada é impossível.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): jessica_ponny_steerey

Este autor(a) escreve mais 86 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Anahí sorriu ao ver a bonita árvore de Natal decoran­do a sala de estar de seu pequeno apartamento aluga­do. Era véspera de Natal, os meninos já tinham ido para a cama e quando tivesse colocado as meias pen­duradas nas cabeceiras das camas deles faria o mes­mo. Já passava das dez horas e no dia seguinte fica­riam todos c ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 69



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • franmarmentini Postado em 16/07/2014 - 16:27:42

    amei tanto essa fic* meu deus ela chegou ao fim ;( mas tudo bem kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk amei o final maravilhoso para os dois...fiquei super emocionada :)

  • edlacamila Postado em 16/07/2014 - 00:08:46

    Aaaaaaain q perfect amei *-*

  • vondy4everponny Postado em 16/07/2014 - 00:05:09

    AAAAAAAAAAAH , amiga to chorosa com este final lindo. To melancólica hoje e ai tu vem e me posta uma final de fic linda desse jeito? AWN, eu definitivamente AMO suas webs *----*

  • iza2500 Postado em 15/07/2014 - 23:26:17

    Que lindo o final<3, tem outra fic em mente? Posta o link se tiver criado alguma pra favoritar

  • iza2500 Postado em 15/07/2014 - 23:22:30

    Muito lindo los A, deviam contar pros gêmeos que vão ganhar uma irmãzinha. Postaaaaaa mais!!!!!!!!!!

  • camile_ponny Postado em 15/07/2014 - 22:58:42

    Onw que esse casal cara! Haha eu não quero que acabe não faz isso Jessica diz que vc vai postar outra diz pra mim! (Choramingando aqui) esses gêmeos, esse dois agora esse bebê a não é pra acabe comigo né não?! Kkk essa fic é perfeita! Posta amanhã em! Rum. ;D

  • franmarmentini Postado em 15/07/2014 - 08:02:49

    amei amei ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii mas não queria que terminasse poxa ;/

  • iza2500 Postado em 15/07/2014 - 00:36:00

    Como o Poncho mudou, tá muito fofo, que lindo estão grávidos.<3 muito linda essa fic.Postaaa mais!!!!!!!!

  • edlacamila Postado em 15/07/2014 - 00:09:25

    Cm assim ultimo cap.? Jaaaaa???? Nn quero :' ( outro baby?? *-* aaaaai postaaa <3

  • vondy4everponny Postado em 15/07/2014 - 00:04:02

    MANA, essa sua web é perfeita! Nossa, to chorosa kkkkkkk, sério! Foi o capitulo mais lindo até agora, mas sei que amanha tu vai destruir meus feelings porque tu é dessas amiga. Nem acredito que já está acabando :/ Aguardando ansiosa o final! Beijos <3


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais