Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

- Laurinha, é só um pedaço, filha – Lucas avisou – você já jantou. – sorriu para a pequena.

- Tudo bem, papai – ela respondeu. – Vini, você quer as minhas azeitonas?

- Por que, filhota? – Any perguntou, achando graça e colocando o cabelo de Laura para trás, a fim de evitar que este fosse lambuzado de molho. 

- São muito salgadas. Eu já comi muito hoje, mamãe. – formosa, Laura pegou um pedaço já cortado e enfiou na boca. Vinicius, pouco mais velho que a “prima postiça”, riu e deliciou-se com algumas das azeitonas que lhe foram oferecidas.

Enquanto as crianças brincavam (com a comida, obviamente, separando cebolas, azeitonas e palmitos no prato e com eles desenhando rostos), os adultos conversavam. Koko falava sobre a carreira na música e em como ela estava finalmente crescendo – ele era produtor musical de bandas ascendentes. Ele era alguém a altura para a amiga, Anahí pensou, sentindo-se contente e orgulhosa por Maite. Os dois não tinham muitas semelhanças, mas se gostavam tanto e admiravam-se tanto mutuamente que o elo entre eles era algo bonito de se ver.  Dulce já não tinha tanta sorte, e Anahí entendia a cunhada, mesmo que todos alegassem que aquilo era fruto de uma frescura sem fim (Dulce era conhecida por seu seletivismo e, no final, acabar sozinha). Ela própria tivera muitas idéias a respeito de amores ideais e príncipes encantados, mas no final, acabou encontrando alguém que não estava em seus planos, mas que a fazia tão ou mais feliz. Pensando nisso, Any afundou os dedos no cabelo do marido, que a principio não entendeu, olhando-a enquanto levava um garfo a boca, mas em seguida sorriu docemente.

- E você, cunhadão? – Guilherme disse, dissipando um mal estar na mesa e vontade incontrolável de rir que se apoderava de Anahí. Dul pareceu afundar-se na cadeira, Maite ergueu as sobrancelhas. Koko achava graça e Lucas, horrorizado, mal disfarçou a baque pelo apelido. – Como vai no trabalho?

- Bem... Amanhã eu viajo para fechar um contrato grande. – respondeu, mais para o restante dos amigos do que para a nova paquera esquisita de Dulce. – Anahí não quer deixar, mas eu acho que ela vai ficar bem feliz quando finalmente tivermos dinheiro para fazer a viagem à Europa que está sutilmente me sugerindo há alguns meses...

Todos riram. Anahí fechou a cara. Ou tentou.

- Quem se importa com um bom contrato? Quero meu marido na minha casa aos finais de semana, não decidindo que tipo de piso é melhor para a casa dos outros!

- Queria que a minha esposa não ficasse escrevendo artigos sobre qualquer coisa de madrugada, quando podia deixá-la bem mais proveitosa... – Lucas alfinetou, fazendo mais uma vez todos rirem. Maite gargalhou, mas fingiu tapar os ouvidos de Laura e Vinicius.

- Cretino. – Any riu.

- Mamãe, o que é cretino? – Laura perguntou, deixando Any boquiaberta.

- Vai, responde isso pra tua filha agora, Anahí! – divertido, Lucas provocou mais uma vez, ganhando em troca um beliscão da esposa e mais uma explosão de risadas dos amigos. Estranhamente, sensações antagônicas se apoderaram dele: ao mesmo tempo em que sentiu uma profunda paz e felicidade plena por estar ali, sentiu uma pontada no peito, uma estranha saudade do presente. Espantou o pensamento, voltando a atenção para mesa.

CAPITULO 4 

O encontro, mais uma vez, correu deliciosamente bem. É sempre bom estar entre pessoas queridas, rindo, conversando, sentindo que sua presença ali é verdadeiramente desejada. Quando a noite já começava a avançar demais, Laura, Lucas e Anahí se despediram do restante, pois o patriarca levantaria cedo na manhã seguinte. Laurinha já dormia durante o percurso, estirada no banco de trás e coberta pelo casaco de Lucas, e o casal evitou conversar sobre a viagem. Anahí estava incomodada com aquilo, respondia quase tudo monossilábica, para evitar que uma hora ou outra dissesse o que tinha vontade. Lucas percebeu – de vez em quando, mirava a esposa com o rabo de olho, mas respeitou seu silêncio até pisarem em casa.

Ele carregou Laura para o quartinho rosa que lhe pertencia, deitando-a no colchão e cobrindo-a delicadamente. A pele levemente corada de Laura ficou mais brilhante à medida que a luz do abajur refletia-se em seu rosto, o que fez a menina franzir os olhos de incômodo. Lucas abaixou a intensidade da luz e o rosto da filha abrandou-se. O pai sorriu, tirando uma mexa de cabelo ondulado da frente do rosto dela, acariciando sua bochecha. Preparava-se para dar um beijo de boa noite, mas algo o deteve ali... Agachou-se em frente a cama de Laura, gravando cada pequeno espaço de seu rostinho, sentindo na própria pele o amor que tinha por aquela criaturinha. A sua vida era resumida a cuidar dela, a amá-la, bem como a Anahí.

De repente, lembranças assolaram-no; lembranças do momento em que Laura fora entregue a ele, bebezinha, recém-nascida, com o rosto calmo, sem saber o que se passava a sua volta. Lucas se lembrava perfeitamente do choque que sentiu quando Amanda jogara em sua face: “Você é pai. Ela é sua filha”. Não soube o que sentir, naquele momento... Estava perdido, desorientado, chocado, mas amou-a desde o primeiro instante, e nunca teve qualquer dúvida de que aquele serzinho era seu, que tinha seu sangue. Amou a filha desde o primeiro minuto, mas não sabia o que fazer com tamanha notícia.