Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

- Alfonso Herrera

- Certo, mandem colocar no meu apartamento. – a sensualíssima voz rouca dele finalizou uma  ligação telefônica sem maiores delongas.

O poderoso, impassível, e agora milionário Alfonso Herrera não poderia estar mais satisfeito. Do alto de seu escritório, podia ver toda a metrópole abaixo. A sala que ocupava era espaçosa, aconchegante e jovial. Por mais que fosse dono do cargo do CEO da H Company, não queria que sua empresa fosse mais uma daquelas em que as regras de etiqueta sejam rigorosamente seguidas e todos os ambientes fossem sem vida, e por isso fez questão que a decoração de seu prédio casasse com a identidade da empresa de tecnologia melhor cotada no mercado, dos últimos anos. Elogiada pela Google, citada como um perigo ao império Apple... H Company simplesmente tinha que ser surpreendente, espetacular, maior do que qualquer ambição humana.

E tinham conseguido. Christian Chavéz havia contratado os melhores projetistas do Brasil para construir aquela empresa, localizada no melhor ponto da Avenida Paulista, em São Paulo. Já que haviam finalmente migrado para o Brasil, a H.C. resolveu investir nos profissionais brasileiros como uma forma de ter a confiança deles, do governo e da população. Nada de mão-de-obra barata... Profissionais competentes merecem ser recompensados. Alfonso sempre acreditou em um mundo corporativo assim. Sorriu irônico, ao pensar nisso: e depois ele ainda era um monstro, um homem de aço, o impenetrável. Ossos do ofício, é claro... Ele fazia questão de ser educado e simpático desde a faxineira até os acionistas, mas precisava manter certa postura. Agora, seu pequeno império era muito cobiçado.

Seus pensamentos foram interrompidos por uma chamada no telefone. Do outro lado da linha, a secretária falou:

- Senhor Herrera? Posso entrar? É a respeito da festa de inauguração.

- Claro, Jade. Entre, por favor. – Alfonso apertou o botão desbloqueador da porta embaixo de sua mesa, e segundos depois Jade Pegas, a secretária do magnata, passou por elas. Usava um vestido confortável e descontraído, porém elegante. Ela era meio maluquinha, Alfonso tinha que concordar, mas de extrema competência e confiança.

- Com licença, Sr. Herrera. – a moça sorriu quando ele ergueu as sobrancelhas, repreendendo pela formalidade. – Desculpe incomodá-lo com isso, mas aqui está a lista de jornalistas convidados para a festa. Preciso que o senhor confirme se estão todos autorizados a entrar. – ela esticou a mão, entregando-lhe a enorme lista.

Alfonso analisou os nomes. Todos nomes completos, limpos, não havia ninguém ali que se envolvia constantemente em polêmicas, somente pessoas sérias e competentes em suas áreas. De mente aberta. Esse havia sido o critério para a escolha dos jornalistas convidados. Só havia um nome ali que não estava completo. Alfonso ergueu as sobrancelhas.

- Quem é A.V, Jade?

- A pessoa se identifica dessa forma, senhor He... Poncho. Ao que parece, ele ou ela não gosta de se expor demais. – Poncho sorriu. Ele próprio não tinha revelado sua identidade ainda. Isso apenas aconteceria na noite da inauguração, no dia seguinte. Os jornais estavam em fogo para saber quem era o mais novo magnata brasileiro que havia caído nas graças do Google.

- Posso entendê-lo. Apenas se certifique de que não é nenhum maluco que quer entrar de gaiato na minha festa. – Poncho devolveu os papéis. – Mais uma coisa?

- Só estes papéis para assinar. – ela entregou e viu o chefe revirar os olhos. Sabia o quanto ele odiava burocracia. Gostava mais de criar do que se envolver com o negócio, mas era um mal necessário. Jade voltou-se à antiga questão: - Eu garanto que nosso processo de seleção foi rígido como o senhor pediu. Eu mesma li alguns textos de A.V. É uma pessoa inteligentíssima e muito influente.

- Ótimo, então. – terminou de assinar os papéis e devolveu a secretária. – Christian deve estar chegando a qualquer momento. Peça para ele vir até a minha sala, por favor. – sorriu discreto, dispensando-a.

 **

- Jadezinha, Jadezok, Jadelinda! Bom dia!

- Bom dia, Sr. Chavéz. – a secretária riu.  – O Sr. Herre... Ai, o Poncho – ela se corrigiu. – pediu para que o senhor fosse até a sala dele. – Christian assentiu, e já ia dando as costas e abrindo a sala de Poncho quando Jade falou em voz alta, sem perceber. – Anahí Portilla! Esse é o verdadeiro nome!

Christian estacou. Não poderia ter ouvido direito.

- O que você disse, Jade?

- Anahí Portilla. – ela deu de ombros. – Esse é o nome da jornalista que se intitula A V., da lista de convidados para a inauguração de amanhã. Poncho pediu para verificar se não era um maníaco ou algo assim, por causa do nome oculto.

- Não diga a ele! – os olhos de Christian brilhavam, deliciados. – Não diga que essa A alguma coisa é Anahí Portilla.

- Por que, senhor Chavéz? É um problema?

- Não... – ele riu. – Digamos que seja a solução. Mas Alfonso não pode saber que ela estará lá. Ela estará lá?

- Sim, ela já confirmou pelo site, mas...

- Jade, eu estou pedindo. Caso ele volte a tocar no assunto, diga apenas que é de confiança sim. – Christian mirou a sala de Alfonso. Ele, cheio de si, sentado atrás de uma mesa gigante de vidro, parecendo dono do mundo. Aquilo seria divertido. – E, se quiser ser mais maravilhosa do que já é, dê um jeito de fazer A.V e Alfonso Herrera ficarem cara-a-cara.

- Vou colocá-la na lista de pessoas que poderão entrevistá-lo a sós, então... – Christian sorriu para a menina. – Isso não me meterá em problemas, não é, Christian?

- Não. – Chris garantiu. – Talvez isso te acarrete até um aumento de salário.

Mas naquele dia Alfonso estava ocupado demais para questionar a secretária sobre quem diabos era A.V. Os afazeres da festa do dia seguinte estavam sugando todo o seu tempo e paciência; ele fez ligações o dia inteiro, supervisionou o salão de festas – que ficava no mesmo prédio – diversas vezes e conferiu todas as surpresas que estavam preparadas para o evento. Antes da hora do almoço, Alfonso já estava esgotado, mas era forte como um touro e absolutamente nada poderia sair errado naquela inauguração, então não se deixou abater. Quem vivesse, veria.