Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

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Anahí

Anahí estacionou o carro em frente a escolinha primária em que sua filha “estudava”. Estava exausta: naquela manhã, trabalhara como louca. A inauguração oficial da H. Company – uma promessa imensurável para o mundo da tecnologia, pelo o que ela pesquisou – estava deixando-na estressada, pois há muito não tinha tanta burocracia para entrar em uma festa. Na verdade, há muito não ia a uma festa, nem mesmo a trabalho (era sempre mais confortável escrever coisas que permitissem que ela fosse livre na pesquisa, ir e vir para onde quisesse), mas o nome dela fora bem cotado. Não podia deixar a oportunidade passar.

O problema é que aquela festa estava exigindo demais dela, e isso a esgotou antes que se desse conta. Logo cedo recebeu um e-mail da empresa, pedindo seus dados reais (assinava como A.V, Anahí Veronelli, e tinha consciência de que cedo ou tarde precisaria mudar o hábito. Acreditava que assim conservava Lucas ao seu lado de alguma forma e dava privacidade a vida dela). Ao que parece, ela fora selecionada para entrevistar o CEO da empresa a sós, e não apenas cobrir o evento. Não se lembrava de ter feito tal solicitação, mas o e-mail afirmava que as referencias dela agradaram a empresa. Bom, que ótimo, pois estava louca atrás de informações a respeito do homem, e não encontrava. É claro que ele devia ter bloqueado qualquer coisa com seu nome nas páginas de busca, ao que parece queria ser revelado apenas na estréia. Anahí revirou os olhos. Ele parecia bem... Prepotente.

Bem, ao inferno com isso, descobriria quem era cedo ou tarde! Mas os problemas não pararam por aí... cuidar de uma casa sozinha, de uma filha de quatro anos e meio, trabalhar... tudo isso era complicado. Any suspirou quando notou que a hora da saída de Laura finalmente tinha batido. Saiu do carro, trancou-o e caminhou em direção a portaria da escola, o mundo parecendo pesar sobre suas costas. Quando chegou na porta da sala, Laura estava sentada em sua carteira, cabisbaixa. A professora da menina, Fernanda, aguardava Anahí com um sorriso sincero no rosto. Any gostava muito da professora de sua filha, mas definitivamente não gostou do olhar preocupado que ela exibia.

- Boa tarde, Fe. – Any cumprimentou. – Tudo bem?

- Boa tarde, Any. – sorriu. – Tudo bem, e com você? – Anahí assentiu. Achou que não era capaz de responder àquela pergunta. – Eu posso conversar com você?

- É claro, Fe... Aconteceu algo com a Laura? – imediatamente Anahí olhou para Laurinha, que continuava cabisbaixa na mesa, parecendo interessada em brincar com o zíper da mochila.

- Bem... eu não sei dizer. Fisicamente ela está bem, não se preocupe – apressou-se em dizer. – Mas ela está muito diferente. Extremamente abalada. Você sabe, Laurinha é uma das crianças mais ativas que eu já vi, e agora... Só vive assim. – Anahí suspirou. – Eu sei que tudo o que ela passou foi muito difícil, mas de uns tempos para cá, ela vem oscilando. Há dias em que ela está ótima, ativa como sempre, mas no dia seguinte aparece assim.

- Ela sente falta do pai... – Anahí disse num fio de voz. – Estou tentando, Fe, eu juro que estou...

- Eu sei, Any! – Fernanda consolou. – Sei a mãe incrível que você é. Mas quero saber se posso ajudar em alguma coisa. – Anahí sorriu levemente, grata. – Estamos tentando aqui também. Talvez o próximo passo seja marcar um psicólogo.

Anahí arregalou os olhos e gemeu. A verdade é que estava tentando melhorar as coisas sem ajuda médica, mas não tinha mais como negar que Fernanda estava certa. Se ela e a escola (que Laura tanto amava) não estavam ajudando, um profissional ajudaria.

- Eu vou conversar com Maite e fazer isso. Obrigada por tudo, Fe. Ela gosta muito de você.

A professora sorriu. Também gostava muito de Laura e seu coração partia só de vê-la daquela maneira. Chamou a menina, que finalmente ergueu os olhos para a mãe, correndo para seu abraço em seguida.

- Despedaça-se da prô, Laurinha. – Anahí pediu.

- Tchau, tia Fe. – a menina agachou-se em frente a professora e deu-lhe um beijo no rosto. – Você está bonita hoje.

- Obrigada, Laurinha. – Fernanda retribuiu o beijo. – Não se esqueça da tarefa de casa. – Anahí achou graça. A tarefa de casa de Laura era quase sempre pintar alguma coisa.

- Mamãe, você também está bonita hoje. Não fique com ciúme. – ambas riram e Laura deu de ombros. Anahí e Fernanda abraçaram-se, e, se ficasse mais um minuto ali, Anahí achou que choraria. Estava difícil. Muito difícil.

Fernanda observou Anahí ir embora, segurando a mãozinha de Laura. Era uma das poucas pessoas, fora do convívio familiar, que sabia que a mais velha não era mãe de fato de Laura. Já era professora naquela escolinha quando Laura começou a freqüentá-la, viu tudo de perto, como as coisas sucederam. Lucas já tinha conversado com ela sobre a situação delicada da filha, chegou a pedir que ela não deixasse ninguém com o nome de Amanda Bott se aproximasse de Laura. Lembrava-se de Lucas entregando a foto da tal mulher para ela, os olhos suplicantes. Nunca perguntou o que havia acontecido de fato.

As duas entraram no carro e segundos depois deram partida.