Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

Anahí estava impressionada com o que via. O salão de festas da H. Company parecia de outro mundo. A frente de tudo, projetava-se um palco iluminado, com um painel que parecia realmente ser um holograma ao lado. Garçons passeavam de um lado para outro, oferecendo champanhe, sim, mas também cerveja (de marcas caras, diga-se de passagem), e sorriam amigavelmente. E nada de só canapés: minis cachorros-quentes, pizzas e outras besteiras. Anahí achou graça: jovem, com certeza. Inovadora, mais ainda. Puxou um bloco de notas da bolsa e anotou aquilo: o tempo todo, H. Company fazia seus convidados se sentirem entre amigos. E não era evasivo e constrangedor: era leve. Se fossem tão bons em tecnologia quanto eram em hospitalidade, os boatos estavam certíssimos.

O salão encheu rápido. Any conseguiu distinguir a imprensa dos outros convidados porque, assim como ela, seus colegas usavam uma pulseira com um chip. Ela torceu o nariz para isso, mas uma das organizadoras do evento lhe garantiu que nesse chip havia apenas o nome do jornalista e o veículo ao qual ele representava. No caso de Anahí, o chip tinha ainda a permissão para adentrar a sala de convenções (onde mais tarde entrevistaria o magnata). Depois de usada, a pulseira deveria ser descartada. Então estava tudo bem. (mas é claro que ela fez uma nota mental para não se esquecer de falar sobre).

Então as luzes começaram a piscar, como se tivessem dando falha.  Um som parecido com o de Internet discada ecoou ao fundo, e em seguida todos pareceram perceber que era proposital. Imediatamente os olhares se voltaram para o palco, onde pequenos holofotes pareciam dançar. Anahí achou brega e pretensioso: o homem ia realmente entrar com holofotes? Mas então algo a surpreendeu. Imagens de holograma começaram a piscar em diferentes lugares do palco, sumindo e reaparecendo vez ou outra. As imagens mostravam pessoas de diversas partes de mundo, de diversas culturas, em contato pela primeira vez com a tecnologia. Mostrava crianças da África e a opressão dos governos. Então, uma voz ecoou ao fundo.

Uma voz que fez todos os pelos de Anahí eriçarem.

E se vivêssemos em um mundo não apenas globalizado e conectado, mas verdadeiramente unido?

Anahí estacou. Não estava de fato prestando atenção no que acontecia em sua volta, com tantas cabeças virando-se para tentar encontrar de onde vinha a voz. Franziu o cenho. Não lhe era estranha... Mas provavelmente estava confundindo, é claro que estava. Voltou a ligar o gravador. Fixou os olhos no palco. Foi então que ele entrou. Sorrindo. O dono da H. Company, um dos homens que figurava entre os mais inteligentes e ricos nas listas da Forbes. Anahí apertou os olhos, o coração explodindo no peito, as mãos instintivamente apertando-se. Não, não podia ser... Ela estava ficando louca.

Uma câmera focou-se no rosto dele e a imagem apareceu no telão atrás. Os olhos. Anahí nunca esqueceria aqueles olhos. Aquele verde/mel intenso, reluzente, que queimava toda a sua alma quando iam de encontro aos olhos dela. Uma faixa apareceu em baixo da imagem anunciando o nome dele. Ela quase implorou intimamente para não estar certa. Mas estava.

Alfonso Herrera      

CEO e criador da H. Company