Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

CAPITULO 1

ANOS DEPOIS

Anahí, anos depois

Anahí Giovanna Puente Portilla sempre fora, sem sombra de dúvidas, uma mulher muito determinada. Desde que conseguia se lembrar, sabia muito bem o que queria e aonde gostaria de chegar. Embora seus sonhos de menina nem sempre parecessem palpáveis, aqueles que estavam em suas mãos, cedo ou tarde, seriam alcançados. Graças a Deus, os sonhos profissionais sempre estavam ao seu alcance – essa era uma área promissora de sua vida, e parte da culpa por isso devia-se ao seu incrível talento com as palavras. Anahí era irritantemente apaixonada pelas palavras, pelos textos, e por tudo aquilo que tocava-lhe o coração e aguçava-lhe os sentidos. Era uma maneira de sentir menos agressiva, embora pouco palpável. E ela não reclamava – já havia provado o bastante de coisas que eram sentidas sem dó nem piedade, e guardava lembranças vívidas o suficiente para não querer se aventurar.

Quando por fim terminou o texto, suspirou pesadamente. Passara dias trabalhando como louca naquele editorial, pesquisando, escrevendo e reescrevendo para que tudo saísse como o planejado. Anahí sorriu, satisfeita, e quando estava prestes a enviar o arquivo, o telefone tocou. Olhou no visor: Maite.

- Alô? – disse, a voz embargada de cansaço.

- Olá, minha escritora favorita! Como você está? – Maite respondeu, com a animação que lhe era característica.

- Oi, Mai... – Any riu. – Estou bem, minha médica favorita! E você?

- Ai, Any, que horror! – Maite disse, indignada pela falta de empolgação da melhor amiga. Mesmo que fosse 8:30 da manhã. – Você ficou trabalhando a madrugada inteira, não é?

- Sim, Mai. – Any deu um meio sorriso e bebericou mais um gole de café. Fez uma careta: havia esfriado e ela nem sequer percebeu. – Mas já acabei. O que a faz me dar o prazer de ouvir sua doce voz tão cedo?

Do outro lado da linha, Maite revirava os olhos. Anahí tinha essa imagem na cabeça. Aquela era Maite: sua melhor amiga, sua quase-irmã, a pessoa que mais a conhecia no mundo, e a sensação era recíproca. Se há alguém, neste mundo, capaz de ligar para outras pessoas tão cedo – com a pretensão de ser inconveniente e sem qualquer pudor –, essa pessoa era Maite.

- Apenas lhe dando bom dia... E esperando que você não me mate. – ela disse.

- O que foi que você fez, Maite? – Any perguntou, erguendo uma sobrancelha. Maite era estudante de Medicina. Praticamente formada, com mais tarefas do que seria possível que um ser humano realizasse (pelo menos sem as 225 xícaras de café ao dia), Mai ainda assim conseguia impressioná-la com a quantidade de problemas em que se metia, embora fosse uma profissional incrível e responsável. Mas louca. Maluca mesmo.

-  Marquei uma espécie de monitoria para à noite. – suspirou pesadamente, elucidando todo o cansaço que sentia. Mas adorava o que fazia. Naquele ponto, ela e Any não se importavam de sacrificar suas noites de sono para produzir. Faziam-no com paixão! A diferença é que humor de Maite quase nunca era afetado por praticamente nada, e Anahí tinha um leve bom senso quanto a ser acordada cedo demais. – E acho que não vou poder sair com você hoje. Eu achei melhor avisar logo.

Na verdade, Any já esperava por aquilo. Maite andava tão ocupada com o último ano da residência que mal se viam há semanas. Anahí também estava trabalhando demais nos últimos tempos, viajando para fazer matérias, escrevendo mais horas por dia do que seria saudável – considerando que dormia e comia muito pouco, e neste ponto, só tinha a agradecer ao santo café de todos os dias. Mas sentia falta da melhor amiga e poder conversar com ela sem que uma das duas estivesse sempre atrasada para algum compromisso importante. Só tinha a Maite na cidade – toda a sua família ficara no interior, e Maite tornara-se quase sua mãe. E Anahí trabalhava demais para ter qualquer tipo de vida social.

- Poxa, Mai... – ralhou. – Eu realmente espero que você seja a melhor pediatra deste país. Estou perdendo minha melhor amiga freqüentemente nos últimos tempos.

- Ai, Any, me desculpe! – Mai respondeu, e Any pôde ouvir os passos apressados da amiga do outro lado da linha. – Mas não venha com essa: da última vez, foi você quem não pôde sair comigo porque estava ocupada demais.

- Você não está entendendo, Maite. – Anahí riu. Entre o malabarismo com o celular e a mão livre, finalmente conseguiu enviar o e-mail com a matéria. Ufa. Menos um problema. – Eu não tenho absolutamente nada na geladeira. Pensei que íamos jantar fora. Você se esqueceu de que eu tenho vivido a base de pizza? Como médica, você deveria saber que isso não é saudável…

Maite gargalhou e pediu desculpa para alguém pelo barulho. Mas era verdade: apesar de não ser a pior das cozinheiras, Anahí não tinha muito tempo para cozinhar ou para tentar ser uma pessoa saudável. Caminhou, ainda com o telefone no ouvido, até a minúscula cozinha. Abriu a geladeira e suas suspeitas foram confirmadas: só havia vento ali. Gemeu de desalento.

- Agora você realmente me pegou, enana. – a voz de Mai soou preocupada. Paranóia de quem estudou demais sobre doenças e coisas do tipo. – Faça o seguinte, sua cobra chantagista. – Any riu. – Vá até o mercado, compre algo para fazermos. Algo simples. Como sua casa é mais perto da minha monitoria do que qualquer restaurante, eu vou tentar dar um nó no calouro.

- Ótimo. Então nos vemos mais tarde. – e desligaram.