Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

CAPITULO 10 

Any, mais uma vez, estava certa. Alfonso tivera um milhão de compromissos. Sempre que seu olhar o percebia entre a multidão, ele estava tirando fotos, dando entrevistas ou conversando com colaboradores. Anahí percebia, é claro, a ansiedade com que ele vira-e-mexe lhe lançava olhares, como se quisesse se certificar de que ela ainda estava lá. Sorriu com aquilo. Alfonso dificilmente se abalava com qualquer coisa, e o medo de perdê-la de vista estava estampado em seu rosto.

E, para ser sincera, Anahí não sabia por que ainda estava. Perdera as contas de quantas vezes virou as costas e rumou para a saída, mas por fim, acabou voltando. Tinha que admitir para si mesma: queria aquela conversa. Se fosse há dez anos atrás, provavelmente ela não olharia na cara de dele, tomada pela raiva e pela mágoa. Mas esses sentimentos pareciam adormecidos, agora ela ansiava por ouvi-lo, e principalmente por falar. Ah, sim, queria muito falar.

A sorte é que a festa estava mesmo boa. Anahí encontrou alguns colegas, que não economizaram em elogios para a H.C, com o que teve que concordar na maioria das vezes. Apenas a implicância pessoal com Alfonso a fez soltar comentários sarcásticos para algumas coisas, porque nestas mesmas coisas ela conseguia enxergá-lo, suas manias e seu perfeccionismo irritante. A morena estava absorta em seus pensamentos sobre a demora de Poncho quando o celular tocou. Any mirou o visor: Dulce. Ela estranhou: Dulce não era de atrapalhar Anahí no trabalho... A não ser que... O coração comprimiu-se dolorosamente no peito. Laura...

- Alô? Dul? O que houve? – ela atendeu, alarmada.

- Any? – a voz de Dulce tentava se manter calma. Anahí se levantou rapidamente; ouvia um choro de criança ao fundo. – Se acalme! Escute, Laura teve uma crise de asma. – o coração de Anahí falhou uma batida. Era uma péssima mãe! – Nós já demos a bombinha, mas ela começou a chorar desesperadamente. Começou a chamar por você. Acho que está assustada.

Anahí sabia que estava. Todas as vezes em que Laura teve crise, ela estava lá. Ou ela ou o pai, e hoje, Any não estava. Xingou-se mentalmente dezenas de vezes.

- Eu nunca pediria para você voltar, mas Laura não quer falar com ninguém. Ela parece... fragilizada, Any. Estava bem, brincando com o Vinicius, até a crise vir. Ela ficou com vergonha do Vinicius, que tentou ajudá-la e depois tudo foi uma confusão. Mai está lá dentro tentando fazer ela parar de chorar, mas acho que não está conseguindo. – Dulce suspirou. Odiava ter que chamar Any... Fazia tanto tempo que a amiga não saia, não se divertia. Mas o bem estar da sobrinha falava mais alto.

- Estou indo para aí imediatamente. – Any se lembrou do que a professora Fernanda dissera: Laura estava desestabilizada nos últimos tempos. Como fora irresponsável! Deveria estar ao lado da filha! – Tente acalmá-la. E Dul... Obrigada.

Angustiada, Any desligou o telefone. Procurou Alfonso por todo o salão com os olhos, mas não o encontrou. Desistindo de ir atrás, saiu porta a fora, pedindo desculpas internamente.

Segundos depois, Alfonso Herrera preparava-se para ir em direção de Anahí quando a viu saindo do salão, os cabelos gigantes e cacheados voando em suas costas. Parecia estar apressada, nem sequer olhara para trás. O sorriso no rosto dele imediatamente murchou; Poncho pensou em sair em seu encalço, mas Christian o puxou pelo braço em direção a um de seus investidores. Os olhos dele ainda estavam grudados na porta e o coração, pesado. Ela fora sem se despedir... Mais uma vez.

Era bem típico dela.

**

Any nem sequer precisou ser anunciada no prédio onde Dulce vivia: assim que estacionou o carro (com brutalidade), o porteiro liberou sua passagem e ela rumou para o elevador com o coração na mão. Durante o percurso, Maite a ligou para avisar que Laura já estava mais calma, e com isso pôde respirar mais tranqüilamente. Mas ainda estava angustiada... Por tudo. Angustiada e confusa. Tudo o que aconteceu meia hora atrás parecia fazer parte de um sonho real demais; tão rápido quanto aquela enxurrada de surpresas veio, ela se foi.

Agora estava concentrada em Laura, embora vez ou outra o sorriso de Alfonso voltasse a sua mente, como um flash indesejável, que ela afastava para convencer a si mesma de que não queria lembrar.

Por fim, nem sequer bateu à porta de Dulce. Laura estava esperando.

- Onde ela está? – Anahí perguntou ao irromper na sala, para ninguém especificamente.

- No quarto da Dul, tia Any... – Vinicius respondeu, envergonhado. Anahí sentiu pena por ele: Laura era quase tão teimosa quanto ela, certamente devia ter dado um ataque, e o menino provavelmente só queria ajudar, mas acabou se assustando.

- Obrigada, Vini... Eu já converso com você, tudo bem? – o menino apenas assentiu.

Quando Anahí entrou no quarto de Dulce, encontrou Laura deitada na cama, respirando calmamente – graças a Deus! – com Maite ao lado dela, mexendo em seus cabelos e falando algo que fez Laurinha rir. A criança estava brincando com uma boneca que tia Dulce havia comprado para ela e mal viu a mãe surgir. Anahí suspirou de alívio.

- Filha? – Laura pareceu “despertar” ao escutar a voz rouca de sua mãe. Olhou para Any e instantaneamente um enorme sorriso figurou seus lábios carnudinhos. – Hm, vejo que você se virou bem sem mim, né? – Any sorriu em resposta, e caminhou em direção a cama. – Oi, Mai. – as amigas se abraçaram e Anahí soltou um “obrigada” com o olhar.

- Ah, Any, nós estamos nos divertindo tanto sem você, sua feiosa. – Mai mostrou a língua para a amiga, que riu. – Não é, Laurinha? – a bebê assentiu devagarzinho, como se não quisesse decepcionar nem a tia e nem a mãe, mas escondeu-se no cobertor. Any se aproximou da cama, abraçando a mais nova.

- Pois é, Mai, mas agora você já pode dar o fora! Vim tomar minha filha de vocês. – Maite riu.

- Mamãe – Laura chamou, prendendo a atenção da mãe. – Nós achamos que você só ia voltar amanhã. – Any arqueou as sobrancelhas. Laura andava ouvindo demais as conversas de Maite e Dulce... – Eu te atrapalhei no trabalho? – A menina estava com uma expressão ressentida. Mamãe tinha sido tão legal em deixar que ela ficasse na casa de tia Dul com Vini e tia Mai...

Anahí suspirou. Laura era uma criança tão esperta que às vezes a assustava. Maite lhe lançou um olhar confidente.

- Eu vou pegar leite que a tia Dul estava fazendo pra você, Laurinha. – Mai deu um beijo no topo da cabeça da “sobrinha” e uma piscadela para a melhor amiga.

- Você nunca me atrapalha. – Any sorriu para a pequena. – Você está melhor, meu amor?