Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

- Eu... eu não queria, mamãe. – a vozinha de Laura saiu entrecortada, o que fez o coração de Anahí doer. – Eu ia tomar a bombinha quietinha, mas eu fiquei com medo porque todo mundo viu... O Vini viu. – ela corou. – Me desculpa.

- Shiii.... Você não teve culpa alguma. A mamãe devia estar com você. – ela abraçou a filha. – Está se sentindo bem? Diga a verdade.

- ‘Tô, mamãe. Só fiquei assustada...

Any assentiu, e pediu espaço a Laura para que se deitassem na cama juntas. Bom, agora, vendo o estado da filha, estava mais tranqüila, embora alguns minutos antes estivesse entrando em desespero. Laura não tinha crises de asma com freqüência, mas Any e Lucas já haviam vivenciado momentos terríveis, quando aquilo acontecia.

- Como foi a festa, mamãe? – Laura perguntou, enquanto acariciava o cabelo da boneca e tinha os próprios cabelos sendo massageados pelas mãos de Any. – Foi legal?

- Digamos que foi... surpreendente, filha. – Laura olhou-a com uma expressão de dúvida. Any sorriu. – Quer dizer que tiveram surpresas, amor. – Laura assentiu, como se tivesse entendido, então disse:

- Surpresas como os saquinhos surpresa? Igual a do meu aniversário? Com <i>doces e dentinhos de vampiro</i>? – Anahí gargalhou. Como crianças conseguem ser criaturas tão inocentes e encantadoras?

- Não, bebê. – a mãe lhe fez cócegas. – Não é esse tipo de surpresa. Mas tiveram coisas legais também... Hm... Por exemplo, ao invés daqueles canapés ruins que a gente comeu naquela festa do tio Koko, você lembra? – Laura fez que sim. – Tiveram mini cachorros quentes, mini pizzas, refrigerante... E era tudo colorido, cheio de jogos. Mamãe pensou em trazer alguns cachorros quentes pra você, mas tinham tantos seguranças na porta que eu achei que poderia ser presa por tráfico de comida!

Laura gargalhou e se aninhou ainda mais ao corpo da mãe, que a abraçou de volta. Maite e Dulce adentraram no quarto, gritando e fazendo zona. Dul depositou um beijo na testa de Anahí, e a segunda percebeu o olhar de “desculpas” que a cunhada lhe mandou. Imagina! Ela é quem devia agradecer Dulce por ter lhe chamado. Apesar de Laura estar bem, dava para perceber a voz um pouco rarefeita e a maneira como ela falava pausadamente, de maneira a evitar novos afobamentos.

- Estavam falando do quê? – Dul perguntou, entregando o leite à sobrinha.

- Dos canapés ruins que comemos na festa da nova banda de lançamento do Koko. – Anahí respondeu, e Laura deu uma risadinha. Maite fez uma expressão indignada!

- Não foi culpa do Koko! Vocês sabem! A banda tem uma pegada mais... chique. Contrataram um chef renomado e tudo o mais...

- E a comida ficou ruim. Desculpe, Mai, até o Koko admitiu... – Dul disse.

- É, tia Mai... – Laura disse, enquanto tomava o leite. Formou-se um “bigodinho de leite” acima de seus lábios. As tias riram, e Anahí limpou. – Eu preferia os cachorros quentes que mamãe comeu na festa de hoje.

- Ah é, Laurinha? – Maite perguntou, encarando Anahí, que desviou o olhar. Tiro no pé! Naquele momento, Maite sabia que Anahí tinha coisas a falar.

- Sim, tia. Mamãe disse que foi <i>surpredendente</i>, né, mãe?

- Surpreendente, filha. E sim.

A morena e a ruiva encaram Anahí, mas essa só balançou a cabeça. Deixaram para lá, ao menos por hora. Não muito tempo depois que Maite e Dulce chegaram o leite, Laura adormeceu nos braços da mãe, exausta. Não antes de Anahí prometer que, na manhã seguinte, elas ficariam juntas: iriam ao parque comer cachorro quente.

**

Um sucesso. Assim havia sido a festa de inauguração da H. Company, que já estava na lista de umas das festas mais épicas do país. A imprensa afobada em cima dos criadores daquela inovação, gente influente por toda parte... Causaram o impacto que queriam desde o inicio. Alfonso já era reverenciado por muitas pessoas, que o consideraram um gênio. No entanto, quando o moreno deixou seu corpo cair no sofá, com os primeiros botões da camisa abertos e um copo de whisky na mão, estava completamente frustrado.

Frustrado porque, mais uma vez, Anahí escapou dele como água entre os dedos e fez aquilo com uma frieza que o incomodou. Quando Alfonso finalmente achou que teria tempo de conversar com ela – nem ao menos sabia o que ela falaria para ela, mas tinha certeza de que daria um jeito. Sempre dava. A relação dos dois costumava ser leve, qualquer assunto se tornava interessante. E é claro que ele não pretendia que aquele encontro se findasse ali.

Mas ela virou as costas para ele, sem mais nem menos, e foi embora! Pretensiosa como sempre. A vontade dele era ter saído no encalçado dela, lhe puxado pelo braço, fervilhando de raiva como ficou. Não estava acostumado a ver as pessoas virando as costas pra ele, especialmente nos últimos anos, mas ao que parecia, Anahí havia se tornado mestre naquilo. Alfonso bebericou o whisky e fechou os olhos, sentindo o corpo ser dominado também pelo cansaço. Deveria estar se sentindo onipotente e maravilhoso, mas não era para tanto. Christian o havia chamado para sair e comemorar, e isso era o que de fato toda a imprensa esperava que ele fizesse.

Mas não queria. Alfonso sorriu sadicamente: Anahí mal aparecera e já começara a remexer em seus costumes. Não conseguia tirá-la da cabeça: os cabelos castanhos, a expressão dura de início, mas conforme a conversa ia avançando, ele sentiu-se satisfeito ao ver o sorriso fácil dela reinar mais uma vez. Aquela gargalhada. Como era possível? Se eles comentassem sobre o clima, a conversa seria divertida e agradável e conseguiriam fazer piadas toscas com isso.

Em compensação, quando o assunto era eles dois... Uma enorme barreira se erguia. Não podia culpá-la, e nem esperava outra reação dela. Poncho passou os dedos entre o cabelo, suspirando cansado. Mirou a enorme janela de vidro de seu apartamento, observando o céu lá fora. Deixou que as lembranças rebobinassem mais de uma década no tempo, e então, foi impossível não lembrar.