Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

FLASHBACK

MAIS DE 10 ANOS ANTES 

- Anahí, por favor.. Você não vai dar esse ataque agora, não é? – Poncho estava soltando fogo pelas ventas. As mãos cerradas em um punho forte, os olhos queimando em raiva. Ela não podia estar falando sério!

- Ah, eu estou dando um ataque, Herrera? – mas, se Poncho estava possesso, Anahí estava em combustão. As maçãs do rosto ardiam e o coração batia com tanta força e rapidez no peito que poderia explodir a qualquer momento. Mesmo carregada de ódio, no fundo, o que doía era o sentimento de traição. Estava magoada, estava destroçada, e ele não parecia ligar para isso. Só para ele mesmo, como sempre.

Poncho a encarava com igual mágoa. Desde que eles tinham se conhecido, ele sonhara com aquele momento. Com o momento em que finalmente seriam eles dois, saíram pelo mundo afora, contando sonhos, compartilhando uma vida a dois. Finalmente teriam aquela liberdade juntos, e fora do país, onde cresceriam, prosperariam e ergueriam a futura família. Podia visualizar tudo aquilo com nitidez: ela, linda como sempre, ao lado de mais duas crianças (uma menina e um menino, cujos nomes já haviam escolhido...). Ela poderia começar a carreira lá fora, enquanto ele abriria o seu negócio. Mas, não, Anahí Giovanna jamais poderia ser tão simples! Ela precisava complicar qualquer coisa, atirar em sua cara acusações sem fundamento, dizer o quanto ele era errado sem medo de magoá-lo. Tudo bem, ela já passou por poucas e boas em suas mãos, mas...

- Eu não traí você, Anahí! Pelo amor de Deus, eu não traí você! – ele praticamente gritou. – Por que você acredita em todo mundo, menos em mim?

- Por que você acha, Herrera? – ríspida, ela respondeu. – Porque eu tenho motivos! Você não é nenhum santo. E sabe muito bem disso, não seja hipócrita. – ela semicerrou os olhos.

Ótimo, mais uma vez aquilo! Poncho irritou-se. Por que então ela não podia acreditar nele? Que inferno de relação era aquela em que não havia confiança? Ele não estava se esforçando para provar que tinha mudado? Ele a amava... E ela estava sempre duvidando daquilo. O ego de um homem não é tão suscetível a isso. 

- Anahí, você está comigo a centenas de anos... – ele respirou fundo. – Eu sei que não fui honesto com você antigamente, mas você tem visto o quanto eu me esforço para ser o melhor. Aquilo que você merece. Não pode simplesmente acreditar em mim de uma vez por todas?

Ela ficou em silêncio, ofegando, olhando nos olhos dele com tanta mágoa e raiva que Poncho sentiu um arrepio na espinha. Conhecia aquele olhar também. E conhecia a si mesmo. As explosões de raiva entre eles nunca resultavam em coisas boas...

- Poncho... Eu disse... Daquela vez... Que se você me enganasse novamente, eu nunca mais perdoaria você. Eu não disse? – ele assentiu. – Não posso confiar. Você vivia colado nela... E eu vi as mensagens que vocês andaram trocando! Eu vi! Não subestime minha inteligência!

- Eu não estou subestimando sua inteligência! – ele gritou. – E não havia nada demais naquelas mensagens, ela é minha amiga, pelo amor de Deus, Anahí! Nunca passou pela sua cabeça que você que é ciumenta demais? Neurótica demais? Tem ciúme de qualquer coisa que se mova e respire

De repente, Anahí ficou impassível. O rosto se tornou uma máscara de gelo. As palavras a atingiram em cheio.

- Se eu tenho ciúme de qualquer coisa que se mova e respire, é porque você me dá motivos o suficiente para isso. Porque você não pode ver um rabo de saia. – a voz, cortante, proferiu. – E você me conheceu assim, querido. Ciumenta demais. Devia ter caído fora quando teve chance.

A vontade de Alfonso era dizer: “pois é, e eu sempre tive chance”, mas sabia que aquilo pioraria tudo umas duzentas vezes mais. Respirou fundo.

- Eu me apaixonei por você assim, Ok? Any, por favor, não estrague tudo. Eu estou dizendo que não trai você. Pare com isso, e venha comigo para os EUA.

- Não sei se estou em condições de acreditar nas palavras de um bom blefador. – ela confessou, e em seguida arqueou a sobrancelha. – E eu passei na federal aqui, você sabe disso.

- Eu sei que sim, mas eu também ganhei um curso em Harvard. Podemos ir para lá, montar a empresa...

- Esse é o seu sonho, não o meu, Alfonso.

FIM DE FLASHBACK