Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

Lentamente, sem desgrudar os olhos dos dela, Alfonso caminhou em sua direção. Any estava estarrecida. O sorriso que figurava no rosto dele era de um ar tão vitorioso que ela tremeluziu. O que aquilo significava? Um “ahá, te peguei”?

A voz de Laura interrompeu seus pensamentos, o que fez Anahí desviar dele para a filha. Ela enrijeceu, mas ao ver Laura com o rosto sujo de barro, só gargalhou.

- Filha! Sua porquinha! – tremendo, Anahí levantou do banco; ela podia sentir o olhar de Alfonso queimando em suas costas. Atrás dela, ele arqueou as sobrancelhas. Não tinha ouvido o que elas falavam, mas ficou surpreso pela maneira como Anahí prontamente atendeu a menininha.

Any limpou a sujeira do rosto de Laura com calma, para evitar o olhar de Poncho. Pedia intimamente para que ele simplesmente virasse as costas e fosse embora dali, por algum milagre divino ou, quem sabe, uma súbita injeção de semancol. Mas com certeza, era pedir demais. Laura desviou-se da mãe e saiu novamente correndo entre os brinquedos. Ótimo, agora suas desculpas para não olhar haviam acabado.

- Anahí? – a voz grossa e sensual de Alfonso Herrera enfim se manifestou. Gemendo e proferindo um palavrão em voz baixa, Any se virou. O encontro entre verde esmeralda e o azul profundo, mais uma vez descarregou sensações em ambos os corpos que eles prefeririam ignorar.

- Poncho! – ela respondeu, fazendo-se de surpresa. Ele deu um risinho. – O que você está fazendo aqui?

- Olá, Any. – ainda com as mãos socadas nos bolsos do moletom, ele a encarava. – Eu estou ótimo, apesar de ter tomado um bolo ontem. E você? Conseguiu chegar a tempo no seu compromisso?

Anahí estreitou os olhos diante da provocação. Ai, como ele a irritava! Instintivamente, colocou as mãos na cintura, gesto que Poncho reconheceu. Ela tinha se ultrajado.

- Estou ótima também! Obrigada por perguntar! – ela sorriu, cínica. – Ainda não respondeu o que está fazendo aqui. Por acaso anda me seguindo?

Divertido, Poncho voltou a arquear as sobrancelhas. Tirou uma das mãos do bolso do moletom e coçou a barba rala, enquanto olhava para os lados, fingindo desinteresse. O gesto fez Anahí morder os lábios.

- Por que eu seguiria você, Any? Acha que eu vim pedir explicações sobre o porquê de você não ter cumprido a promessa ontem? Eu entendi. Não se preocupe.

O que era uma grande mentira.

- Ahn... não! – ela ficou subitamente envergonhada. É claro que ele não estava a seguindo! Por que o faria? Poncho era um empresário de sucesso agora, apesar de não parecer, vestido daquela maneira e sem qualquer pudor de estar com a cara lavada. Não tinha tempo para procurar saber dela ou qualquer coisa assim... Ótimo, agora se sentia uma idiota por sequer cogitar que... Ela pigarreou antes de continuar: - Olha, Poncho, sobre ontem... Desculpe-me. Me desculpe mesmo. Eu não pude ficar, eu inclusive te esperei por algum tempo, mas você estava muito ocupado e... Não deu.

- Não, está tudo bem, Any. Eu sei que fugir e me deixar falando sozinho não é do seu fetio. Você jamais faria isso de propósito. 

Ela o encarou, pasma. Ele estava sendo irônico! Diante do não recuo dele, que manteve o rosto impassível e um sorriso desconcertante, Any soltou uma risadinha.

- Certo. Me desculpe...

- Só se você me disser por que é que não ficou na festa ontem.

- Poncho, eu...

- Mamãe!- Laura chamou. Automaticamente, Any se virou na direção da voz. Laura estava em um escorregador alto e se preparava para descer, queria que a mãe visse. A menina acenava com as mãozinhas enluvadas.

- Devagar, bebê! – Anahí gritou de volta, com os olhos arregalados.

- “Mamãe?” -  Alfonso virou para Anahí, surpreso.

Laura por fim escorregou, alegre, e quando chegou lá embaixo riu, feliz. Bateu palminhas e voltou a se entreter. Anahí não havia percebido que prendeu a respiração por alguns segundos.

- Você é mãe? – Poncho perguntou, incrédulo. Sentiu uma espécie de incômodo no peito, como uma pontada. Ela já era mãe? Era casada? Mas então... onde estava o marido? E por quê, por quê, por quê diabos aquela informação repentinamente tinha o magoado?