Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

Anahí

O dia de Any mal começara e ela já estava uma pilha de stress. Primeiro, o contratante de seu freela sobre a H.C já havia a ligado zilhões de vezes para discutir mais uma vez a respeito do que ela poderia ou não publicar em seu blog pessoal, tamanho era o medo do jornal de que as impressões pessoais de Anahi fizessem mais reboliço do que um editorial para um jornal grande. Por favor, como se isso fosse possível! Ainda era cedo, e ela já tinha se estressado tanto com este assunto que rezava para que os problemas acabassem ali. Ela teve que rir ironicamente consigo mesma: Alfonso, mesmo que indireta e inconscientemente, dava um jeito de deixá-la louca. Por Deus, isso tinha que acabar!

Havia ainda Maite, que a importunara por horas. Mais uma vez, Anahi precisou amaldiçoar Alfonso, pois realmente não estava em condições de ouvir Maite e todos os seus sermões desnecessários apenas porque coincidentemente eles haviam se esbarrado. Despistou a amiga diversas vezes aquele dia, e teve sorte pelo dia de Maite também ter começado o dia com muitas crianças com virose. Assim, quem sabe, lidando com muitos germes, diarreias e febres altas, Maite poderia deixá-la em paz um pouco. Dulce, por sua vez, estava aprendendo a como ser inoportuna (a cunhada já fora menos pior que Mai um dia, mas agora as duas estavam em pé de igualdade). Queria porque queria saber os detalhes da festa e coisas do tipo, porque supostamente <i>sentia que algo relativamente bom havia acontecido</i>. Any achava que Dulce já namorara tantas pessoas do estilo paz e amor que agora realmente estava abitolada com essas coisas de sexto sentido.

Dul era fotógrafa, o que significa que tinha horários flexíveis e muito tempo livre para conversar com Maite e as duas bolarem teorias da conspiração juntas. Talvez estivesse mesmo na hora de Dulce arrumar um namorado sério e viver aquela época em que separar-se é algo fora de cogitação. Terminando de responder o que devia ser a vigésima quinta mensagem para a cunhada, Anahí suspirou. E, bem, ainda tinha Laura... A que mais a preocupava. Tudo ocorrera perfeitamente bem na noite anterior, Laurinha dormiu como um anjo e acordou animada, mas Any sentia-se pisando em ovos com a filha: sem saber como agir... Apesar de mães às vezes se acharem um pouco médicas, nem tudo funciona assim. Por isso, Any resolveu marcar um psicólogo para Laura com urgência. Mais um pouco, nem ela aguentaria.

Encostou-se no banco de motorista do carro, soltando um suspiro pesado de cansaço. Ser mãe deveria ser profissão. Apesar de já ter se acostumado com a rotina, dias cansativos eram sempre corriqueiros: só naquela manhã, Any já tinha levado Laura para a escolinha e ido a uma redação resolver problemas. Agora estava indo para o supermercado, pois algumas coisas estavam em falta em casa (quando Lucas era vivo, isso raramente acontecia. Os dois dividiam as tarefas e nada ficava exatamente acumulado). Mas, antes de dar partida no carro, Any resolveu checar o que estava acontecendo no mundo (um mal de jornalista. Até estava fazendo isto tarde, geralmente à mesa do café já sabia dos acontecimentos recentes).

Enquanto vagava pelos sites de notícias (como sempre: mortes, assaltos, inflação em alta, manifestações, sucateamento dos serviços públicos etc), Anahí bateu os olhos em uma manchete de uma ala do site voltada para “fofocas”. Não conseguiu evitar o sorriso ao deparar-se com o nome escrito em letras garrafais: “Alfonso Herrera...”. Por Deus, ele estava perseguindo-a indiretamente por todos os lados que ia! O universo não poderia pegar mais leve? Any não resistiu e decidiu abrir a matéria. Instantaneamente, seus olhos se arregalaram com o que viu. Não era apenas Alfonso que estava sendo alvo da matéria: ela também! E o pior, Laura! Fotos de todos eles no parque haviam sido tiradas (sem que ninguém percebesse) e publicadas sem qualquer pudor nas legendas e especulações.

Any estava em choque, totalmente paralisada. Não podia acreditar!. Uma súbita raiva subiu-lhe pelo âmago. Quem dera o direito a esses sanguessugas de publicaram coisas tão pessoais assim? E de fazer insinuações tão baixas, principalmente a respeito de uma criança?! Ela espumava. A cabeça estava a mil... E Deus do céu, que confusão! Foi então que o celular começou a tocar e um número desconhecido figurou a tela. O lógico seria não atender de maneira alguma, mas os reflexos estavam em automático quando ela atendeu sem nem notar. Anahi olhava para o lado de fora do carro, tremendo de raiva. Sua filha, sua bebê, exposta assim...

- Alô? – ela por fim se pronunciou.

- Any? – uma voz masculina se prontificou do outro lado da linha. Era uma voz abafada e rouca. Quente e intimidadora. – É Poncho.

Como se tivesse sido trazida de volta a órbita, ela aprumou os ouvidos. Ali estava seu Judas...