Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

CAPITULO 17

- Ele o que? - Maite praticamente gritou, com os olhos arregalados e parando o garfo com miojo na metade do caminho.

- Não grita, Mai! – Dulce reclamou. – E o que é isso que você tá comendo? Não é você que fica nos enchendo o saco pra parar com o fast-food?

- Eu tenho dez segundos para almoçar antes de voltar para o hospital, Dul. Tive que recorrer ao Cup Noodles. – ela disse, óbvia, mas voltou o olhar para Anahí. – Mas acho que não é isso que está em questão aqui, não é mesmo, Anahí?

Any olhou para Maite com uma expressão cansada. Por que diabos tinha aberto a boca e contado para as duas que Poncho havia a chamado para jantar? Podia ter simplesmente ficado quieta, ignorado aos 20 mil ligações de Dul e Mai para almoçar na casa da primeira (Dul ainda estava cozinhando, de forma que Maite não conseguiria de fato almoçar). Any podia estar com a cabeça girando menos agora. Muita informação para uma manhã só, e a enxurrada Maite Perroni valia por vinte dias turbulentos como aquele.

- Vocês podem me explicar o que está acontecendo? – Dulce disse.

- É uma longa história, Dul – Any começou, mas foi um interrompida por Mai com um: “é, coisa de uma década atrás”. Anahí cerrou os olhos para a melhor amiga, e ignorando, continuou: - Sabe a festa que fui no final de semana? A da empresa de tecnologia? – a ruiva assentiu. – Eu descobri que ela pertence ao meu ex namorado de colégio. Um ex namorado <i>potencialmente problemático</i>.

- Como assim potencialmente problemático? Não é aquele cara das fotos de hoje? – Confusa, Dul franziu o cenho para Anahí, mas foi Maite quem respondeu:

- No sentido de potencialmente filho da puta. E sim, é ele. – a médica falava com a boca cheia de macarrão instantâneo.

- Maite, você vai me deixar falar ou não?! – Irritada, Anahí cortou. Tudo bem que a Maite havia adquirido uma birra incontestável por Alfonso, mas não gostava quando falavam por ela. – Obrigada. – voltou-se para Dul. – Alfonso foi meu namorado na adolescência, ruiva. Nós éramos muito grudados e realmente gostávamos muito um do outro. Ele foi uma espécie de primeiro amor, sabe? – Any sentia-se incomodada de falar aquilo com a cunhada, mas Dulce não ligava. – Mas nós brigávamos com frequência. Ele sempre teve uma facilidade imensa para me irritar. Nos separamos dezenas de vezes, juramos nunca mais olhar na cara um do outro, mas assim que acontecia algo e a vida nos colocava frente a frente de novo, não resistíamos.

As duas escutavam atentamente. Maite não resistiu:

- Isso é verdade. Algum de vocês fez uma amarração realmente poderosa, porque eu nunca vi: pareciam imãs com pólos opostos que lutavam para se separarem e simplesmente não conseguiam.

- E então, qual é o problema? – Dulce perguntou.

- O problema é que Alfonso sempre foi muito badalado entre as garotas. Sempre teve um charme que chegava a ser incômodo, e eu sempre fui ciumenta e possessiva assim. E ele me traiu uma vez. – Dulce fez uma careta, e Maite esboçou sua melhor expressão de “ah, não me digaaa?”. – Eu descobri, nós brigamos, ficamos quase um ano separados e eu fiquei sabendo que ele estava na pior. Moveu mundos e fundos para me fazer acreditar que ele não ia mais voltar a fazer aquilo.

- É, até eu acreditei. – Mai comentou. – Ele estava num estado tão deplorável sem a Anahi que os pais dele foram conversar com ela. Se bem que voltar com ele não foi exatamente uma obrigação, ela ainda o amava e não estava muito melhor que ele.

- Então os dois voltaram?

- Sim. – Any respondeu. – E tudo parecia ter voltado a ser como antes, até que passamos a estudar demais e a ter pouco tempo um para o outro. Alfonso tinha a obsessão de ser o melhor em tudo. No meio de várias confusões, eu recebi um bilhete anônimo que Poncho estava me traindo de novo... E não aguentei. A relação já estava meio desestabilizada, sabe? – Dul assentiu. – Coincidentemente, na mesma semana ele veio me dizer que tinha conseguido a vaga em Harvard, e como se o que eu tinha conseguido aqui – uma federal conceituada – não fosse nada, ele me chamou para ir com ele, realizar os sonhos dele, me garantindo que em breve eu arrumaria algo bom para mim, meio que, ah, foda-se o seus sonhos! – Any percebeu que estava sentindo uma mágoa, uma quase-raiva. – E eu estava destruída. Não queria que ele fosse, não queria decepcionar meus pais que tinham ralado duro para me darem uma educação melhor, e principalmente, não queria que ele tivesse me traído.

Para ser sincera, Mai não acreditava que Poncho havia traído Any uma segunda vez. Ele parecia ter sido sincero quanto a isso, pelo menos, mas algumas evidências se voltavam contra ele. Nada tirava da cabeça de Anahí que isso havia de fato acontecido, nem mesmo Maite. Alfonso chegou a ir atrás dela para convencê-la a falar com Any – e essa foi só uma das loucuras ele cometeu. Herrera costumava acampar na porta da casa que Any e Mai dividiam, às vezes ele seguia seus passos. Tentava se comunicar de todas as formas, mas foi tudo em vão.

- E então, o que aconteceu?

- Aconteceu que eu me recusei a ir e ele pareceu ter até mesmo se ofendido com isso. Não falei mais com ele desde a discussão que tivemos, poucas semanas antes de ele ir viajar. O ignorei em tudo e uns amigos meus ameaçaram dar uma surra nele, se ele continuasse tentando entrar na minha casa pela janela. – Any deu uma risadinha. – No dia da despedida, no aeroporto, eu não fui. Sabe o Guille, aquele amigo que às vezes vem pra cá? – a ruiva assentiu, enquanto Maite ouvia tudo da pia, lavando as mãos quinze vezes. – É um amigo em comum entre nós, e ele disse que o Alfonso quase perdeu o voo porque estava “me esperando”. – a mãe de Laura revirou os olhos. – Mas a Cláudia, a puta com quem ele me traiu, foi se despedir dele e fiquei sabendo até que ela viajou para os EUA algumas vezes.. Ou seja... O próprio Guille deixou escapar na primeira vez que ela foi que “Cláudia disse que Alfonso estava bem”.

- E desde então vocês não haviam se falado mais?

- Não. Não até sábado passado, quando eu o vi. Às vezes ficava sabendo algo dele meio que por osmose, mas nunca me arrisquei. Só que desde sábado eu já o vi uma vez no parque e ele me ligou hoje, então, isso é bem desconfortável.