Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

Anahí, atualmente

Any suspirou e coçou os olhos. Estava com muito sono, realmente. O cansaço se apoderava de seu corpo como se tivessem pendurado chumbo nela. Talvez tivesse umas duas horas antes do primeiro compromisso chato do dia. Voltou para a mesa do computador, a fim de certificar-se de que estava realmente livre para uns míseros minutos de descanso, mas o que viu em seu computador azedou sua expressão imediatamente. Outra vez essa porcaria dando pau! Any praguejou. Há dias tentava resolver o problema dos vírus que atacavam sua máquina, mas nada do que fazia resolvia o problema. Grande motivação para começar o dia! O maldito instrumento de trabalho estava mais uma vez dando sinais de morte!

Se ao menos Poncho estivesse ali para auxiliá-la...

O pensamento congelou Anahí completamente. Não tinha reparado em como os devaneios tinham levado-na justamente àquela pessoa, e a facilidade com que o fez deixou-a chocada e estática. Há anos fazia severos esforços para reservar o nome de Alfonso Herrera a um canto excluído de suas lembranças, onde nada pudesse afetá-la. A maneira natural como o nome dele ressurgiu causou-lhe uma tensão aparente, tanto que manteve-se petrificada, com os olhos fixos na tela. Aquelas coisas vinham acontecendo com freqüência nos últimos tempos: vira-e-mexe, as lembranças do ex-namorado assolavam-na em momentos mais do que naturais do dia, como se aquilo não parecesse tão doloroso quanto era na realidade.

Sabia que isso devia-se ao fato de agora ser uma mulher adulta, independente e que sentia falta dos planos e sonhos que um dia chegara a compartilhar, com alguém de fato especial e importante. Durante os anos de estudo na faculdade, podia dar-se ao luxo de envolver-se em relações menos sérias e mais desprendidas, mas durante os últimos meses a falta que sentia daquele miserável destruidor de sonhos e corações ardia em seu âmago. Desde que soubera dele pela última vez, através de um amigo em comum que tinham (Alfonso estava muito bem, obrigado, nos Estados Unidos e ganhando rios de dinheiro com sua inteligência superior), pensamentos como aquele assombravam-na. E isso era desesperador.

Era uma mulher, ora bolas! Devia ter superado! Por que diabos ainda agia feito uma adolescente?

FLASHBACK

Cinco anos antes

- Any, - Poncho chamou-a, tirando os olhos da tela do laptop. - você sabe que não pode colocar tantos fios em uma única extensão, não sabe? – arqueou uma sobrancelha.

Anahí ignorou. Alfonso às vezes era um grande mala.

- É claro que eu sei, Herrera. – ela respondeu. – Você não está vendo que eu não coloquei todas?

- Estou. – ele zombou. – Mas podia jurar que vi você colocando as outras. Aliás, por que você ainda usa esse trambolho de computador? – tirando o laptop do colo, ele levantou e caminhou até ela. Abraçou-a por trás, inalando todo o seu perfume. O cheiro invadiu-lhe as narinas, e aquela sensação poderia ser parecida com a de drogas ilícitas, ele ponderou. – Podemos comprar algo menos parecido com uma nave espacial para você. – resmungou, com o rosto ainda afundado nos cabelos macios e ondulados dela.

Anahí sorriu. Apertou ainda mais seu corpo contra o de Alfonso, simplesmente porque não conseguia resistir a sensação de tê-lo tão perto. Mas também não resistiu a imensa vontade de beliscá-lo, e foi o que fez. O ato não o fez sentir nem cócegas.

- Porque eu não tenho dinheiro ainda. – ele abriu a boca para protestar, mas ela calou-o com um olhar, e continuou: - Mas eu terei dinheiro em breve, só preciso continuar fazendo alguns trabalhos para alguns dos seus amiguinhos acéfalos. – o olhar dela era divertido.

- São acéfalos, mas ainda são meus amigos. E agradeça por isso: te pagam mais por que eu os obrigo. – Any revirou os olhos, Poncho depositou um beijo terno em sua bochecha. – Devia me deixar te ajudar a comprar um computador novo para você. Não é como se eu fosse comprar sozinho.

- Herrera, invista o seu dinheiro em computadores novos para a nossa futura casa. – ela fez uma careta, e ele olhou sobre os ombros dela. – Do jeito que eu sou expert em quebrar as coisas, vamos precisar de muitos.

Revirando os olhos, Poncho tomou-lhe o mouse na mão. Além de velho, o computador de Anahí precisava de uma formatação urgente. Empurrando-a um pouco para o lado, sentou-se na cadeira e a reação imediata de Anahí foi sentar-se em seu colo. Sorriram e beijaram-se com ternura. Alfonso não conseguia entender o que acontecia consigo mesmo quando estava ali, com ela. Mesmo que Anahí o afrontasse e o perturbasse com suas ironias e sarcasmos, além de todo o poço de teimosa que ela era, ele conseguia apaixonar-se por essas coisas como se não fossem nada.

- Vou tentar salvar essa nave alienígena que você chama de computador, amor. – ele disse. – Mas podemos fazer isso mais tarde, sabe... – e depositou muitos selinhos com puxadinhas nos lábios dela.

- Não! – Any levantou-se num salto. – Preciso disso arrumado logo. Tenho trabalhos a digitar. – Poncho revirou os olhos. Ela era uma bruxa que o hipnotizava e o fazia interpretar papel de cachorrinho na coleira. – Vou trazer uns lanches para a gente, ta? E enquanto você arruma, nós podemos estudar para o vestibular.

- Nossa, que animador! – e ele a viu partir para a cozinha, com os cabelos balançando sobre as costas, a silhueta perfeita flutuando num moletom seu. Sorrindo, Poncho virou-se para a tela do trambolho de Anahí. É, tinha muito trabalho a fazer...