Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

Alfonso queria ter dispensado dona Adelaide, mas esta se recusou – mesmo Poncho afirmando milhares de vezes que conseguiria se virar sozinho. Ele não tinha visto a empregada durante todo o tempo em que estava esperando Anahí, então imaginou que ela tivesse desistido. No entanto, quando Anahí perguntou onde era o banheiro, ele aproveitou para ir até a cozinha e verificar as coisas, mas o que acabou encontrando foi sua empregada arrumando poucas flores vermelhas num vaso de cristal fino e lindamente ornado.

 - O que é isso, dona Adelaide? – Poncho perguntou, surpreso ao encontrá-la ali.

- Flores, querido. Você machucou o braço, não os olhos, se não estou enganada. – Alfonso abriu a boca, mas decidiu não retrucar. Podia controlar uma empresa inteira, mas não podia controlar a petulância da senhorinha.

- É, eu percebi, mas para quê?

- Para a moça que você convidou, é claro. – ela continuava a ajeitar as flores. – Você esteve tão agitado o dia inteiro e tão eufórico que não se lembrou de ajeitar a mesa com flores. Eu fui comprar algumas. Eu sei, não me agradeça.

Poncho arqueou as sobrancelhas, sem acreditar. Mas acabou rindo, concordando que ela os serviria nessa noite (um braço engessado com certeza era um problema). Voltou para a sala, onde Anahí o aguardava, admirando seus livros e brincando com um personagem em miniatura. Poncho se foi em sua direção, sorrateiro, sem fazer barulho algum e propositalmente se aproximou do ouvido dela, dizendo:

- Está se divertindo?

O tom de voz dele fez com que ela desse um salto, assustada – e não apenas pelo o susto proposital que ele lhe dera, e sim porque a voz de Alfonso percorreu cada célula de seu corpo, quente e ameaçadora. Ela se virou para encará-lo, de forma que seus rostos ficaram separados por poucos centímetros. Poncho olhava a boca de Any sem pudor nenhum (simplesmente não conseguia tirar os olhos dali) e ela ora fitava a boca, ora os olhos dele. A rouquidão da voz de Alfonso era um convite e tanto. De repente, lembranças do tempo em que namoravam assolaram-na. O rosto dele só estava mais amadurecido, os traços com certeza mais fortes, e a sua postura com certeza mais decidida e imperial, mas ainda era o mesmo Alfonso. Os mesmos olhos cor de mel. As mesmas sobrancelhas perfeitas e os mesmos cílios longos. Até o perfume lembrava o antigo. As manchinhas de sol continuavam mais acentuadas no mesmo lugar. Era, irrefutavelmente, Poncho. Uma sombra daquele que fora o seu Poncho ainda vivia naquele homem hoje cercado de regalias e dinheiro.

 - Não tanto quanto você deve se divertir. – ela sussurrou, tentando encontrar meios de sair daquela enrascada. Deus, só podia ser uma enrascada!

- Nada se compara a quanto estou apreciando isso agora.