Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

A entrada do jantar foi uma salada requintada com queijo, e estava genuinamente deliciosa. Anahí e Alfonso tentaram dissipar o constrangimento de alguns minutos antes e a conversa fluiu muito bem. Eles eram definitivamente bons nisso. Falaram um pouco sobre trabalho, sobre o mundo dos negócios, sobre o colégio – é claro que evitando falar sobre eles dois neste período – mas o saldo estava sendo positivo. Poncho às vezes fazia um comentário engraçado sobre os ex-colegas e Anahí o acompanhava. Ela também falou da faculdade e das loucuras que ela e Maite aprontaram juntas, e  não pôde deixar de rir quando Poncho esboçou uma careta por trás da taça de vinho quando ela pronunciou o nome de Mai.

A essa hora, já se lambuzavam com o molho da massa, esquecendo todo e qualquer requinte. Poncho conseguiu se desprender um pouco dessa etiqueta toda que ele tinha adquirido com o passar dos anos, e agora aguentava o deboche de Anahí por estar sofrendo para comer o macarrão e o rondeli somente com o apoio de uma das mãos. Às vezes ela sentia um impulso de ajuda-lo (colocar a comida na boca dele... ”como você é ridícula, Anahí”), mas obrigava-se a manter as mãos junto ao próprio prato. Eles já tinham tomado uma garrafa de vinho juntos, mas estavam bem.

- E, bom, tem a minha cunhada também, a Dulce...

- Sua cunhada? – Poncho a interrompeu, franzindo o cenho.

- A irmã do Lucas. – ela respondeu, um pouco sem jeito. – Dizem que não existe ex-sogra, ex-cunhada... É verdade. – Any sorriu. Poncho sorriu amarelo, também. Nunca era agradável se lembrar que Anahí fora casada até pouco tempo atrás. – Bem, Dul é uma de minhas melhores amigas. Ela e Maite. Laura ficou com ela essa noite.

- E como está a Laurinha? – dessa vez, ele sorriu de verdade. Poncho tinha gostado de Laura.

- Bem. Muito bem. Deve estar comendo todas as porcarias do mundo. – Any riu. – Ela desenhou você, acredita? – ele arregalou os olhos, depois riu. Uma gargalhada gostosa de ser ouvida. – Não sei por que está se deliciando tanto. Não vai seduzir a minha filha, Herrera. – ela ergueu o garfo na direção dele, como se o ameaçasse.

- Eu já o fiz com a mãe dela anos atrás. – ele piscou. – Não vai ser muito diferente.

- Muita coisa mudou de lá pra cá, Sr. Pegador. – Anahí também piscou, entrando na brincadeira. – Minha filha com certeza é e será mais inteligente do que eu fui no passado.

Poncho não se abalou e manteve o sorriso impresso no rosto.

 - Bom, se ela for esperta mesmo, vai ver o bom partido que eu sou. – Poncho disse e Anahí revirou os olhos; ambos riram juntos. – Você disse que ela me desenhou...? – Any assentiu.

- Sim. E eu fiquei impressionada porque ela está ficando boa nisso. Bom, é claro que você deve pensar que só estou dizendo isso porque é a minha filha.

- Absolutamente. Se você diz, eu acredito. – ele tomou mais um gole de vinho. – Aposto que ela é tão talentosa quanto você.

- O que eu tenho de facilidade com as palavras, ela tem com os traços. E bom – deu uma risada contida – você sabe que coordenação motora nunca foi meu forte.

- É verdade. – Poncho concordou, mirando-a, encantado pela maneira elegante e ao mesmo despreocupada com que ela se mantinha.  

Poncho notou que era Anahí quem falava mais (ela sempre fora falastrona). Quando eram jovens, ele costumava perturbá-la por isso e alegar que Any havia escolhido a profissão certa, pois ela raramente calava a boca. Mas isso não o irritava, pelo contrário: Poncho gostava de ouvi-la falar, cantarolar, discutir, esbravejar e murmurar. Agora, então, depois de tantos anos longe, Poncho não se cansava de estudar suas pequenas ações, sua postura, o jeito com que os olhos de Anahí brilhavam ao falar de Laura; Poncho respeitava e admirava, inclusive, a maturidade dela em querer tornar a conversa leve e agradável. Pelo menos por enquanto.

E Anahí estava surpresa consigo mesma. Rira e se divertira com Alfonso, e sentia confortável ali, na casa dele, onde ora tudo parecia extremamente refinado, ora largado e simples. Prático, de braços abertos para recebê-la. Anahí não sabia bem como definir, mas ela aprovaria tudo o que estava ali. Alfonso sabia disso, ela sentia que sim – sentia os olhares curiosos dele em cima de si quando ela esticava o olhar para a disposição das coisas. Ele esperava aprovação?