Fanfic: Still Into You. | Tema: AyA

- Me fale um pouco mais sobre a sua relação com a Laura. – ele pediu, mesmo que por dentro estivesse receoso de ouvir sobre o quanto ela era feliz com a vida que tinha construído longe dele, com um marido que não era ele (por mais que isso figurasse os sonhos dela, quando menina) e tido uma filha que não possuía seu sangue. Fazer Anahí ficar à vontade, no entanto, era sua melhor estratégia. Talvez umas taças de vinho a mais também.

- Bom, eu e Laura somos muito unidas. Fazemos quase tudo juntas... – Any sorria, enquanto encarava a taça de vinho a sua frente. Poncho não desgrudava o olhar dela. – Levantamos cedo, ela me ajuda a fazer o café, fazemos lição de casa, desenhamos, serramos a boia na casa das minhas amigas aos domingos – eles deram uma risadinha. -  Já éramos assim quando ela era menorzinha, mas bem... depois do acidente... tenho me esforçado para ser uma mãe chiclete. – subiu o olhar para ele, que a encorajava com um sorriso no canto dos lábios. – Não tem sido fácil, no entanto... Ela ficou muito abalada. Às vezes tem pesadelos.

Poncho ficou compadecido. Imaginou aquela bebezinha tendo noites difíceis, deixando de brincar, ficando distante de todos, pensando besteiras, e algo em seu peito rugiu de desaprovação. Laura era o tipo de criança ligada no 220V, pelo o pouco que ele percebeu. O medo que Anahí emanava pelo olhar era completamente justificável. Para uma mãe, devia ser desesperador não saber como ajudar a própria filha – e se ajudar, ele lembrou. Anahí perdera o marido também.

- Você acha que ela precisa de ajuda médica? – ele questionou.

- Acho. – Any disse, libertando-se. Não sabia por que diabos sentia-se livre para falar sobre isso com Alfonso, mas não é como se ela estivesse incomodada em estar ali. O ambiente não era pesado. Ainda era Alfonso – a pessoa com que mais dividira sentimentos e momentos na adolescência. – Eu já marquei uma consulta com uma psicóloga. Laura já perdeu muito na vida, até agora, eu não posso permitir que ela sofra mais.

- O que quer dizer com “ela já perdeu muito na vida”? Além do pai, ela...?

Anahí respirou fundo e seu olhar se encontrou intensamente com o dele. O coração, de repente, perdeu todo o controle a que estava subjugado, batendo contra a caixa torácica como um louco. Os olhos... os olhos dele sempre eram incrivelmente intensos. Se olhasse mais profundamente, Anahí poderia jurar que enxergaria sua alma, mas algo a bloqueava para descobrir o que tanto a inquietava. O que tanto enchia-lhe o peito de uma sensação quente, que se espalhou por todo o seu corpo, aconchegante. O que era aquela sensação de estar em casa, se Poncho nunca representara segurança alguma?

- Laura teve uma mãe que a renegou na vida.

- Não entendo, Any...

- Eu não sou a mãe verdadeira da Laura, Poncho. – ela afastou os talheres, ainda sustentando aquele olhar. Poncho ficou branco de repente. – Quando eu conheci o Lucas, ela já existia.

**