Fanfics Brasil - 3° ato O início de tudo...

Fanfic: O início de tudo... | Tema: William Bonner Fátima Bernardes


Capítulo: 3° ato

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m dia se passou. Fátima amanheceu com a cabeça explodindo. Não conseguiu chegar a nenhuma conclusão. Passou o dia sem atender telefonemas, exceto os da mãe preocupada com o sumiço dela. Não queria falar com Ricardo. Não queria sequer ouvir a voz dele. Temia que isso fosse embaralhar mais ainda suas idéias. Sentia uma falta esmagadora de William. Sentiu vontade de ligar pra ele um milhão de vezes. Chegou a discar o número e desligou antes de começar a chamar. Se fechasse os olhos, conseguia se lembrar das sensações dele tocando suas costas e seu rosto e sua cintura. Queria muito reviver tudo isso, mas não sabia se era correto com ele. Não queria magoar Ricardo e nem brincar com os sentimentos de William. Almoçou um sanduíche e se deitou novamente, com as cortinas fechadas e tampou o rosto com um travesseiro.


                William estava bem, um pouco angustiado sem saber o que se passava na cabeça de Fátima. Mas sentia que fez o que deveria ser feito, ela tinha direito de saber que ele nutria um sentimento muito forte por ela. E no momento em que decidiu se declarar, assumiu as consequências que isso poderia causar.


                No dia seguinte, era 12 de junho de 1989. Dia dos namorados. Fátima acordou melhor e mais disposta. Encontrar William no trabalho foi um pouco complicado, mas ela agiu com a maior naturalidade que conseguiu, cumprimentando normalmente e conversando apenas assuntos de trabalho com ele. Agora já se sentia mais pronta para tratar desse assunto novamente, se fosse necessário. Pensou em William. Pensou em como a vida dela deu um giro depois que os dois se conheceram. Mas não atribuiu a crise no casamento a ele, não seria justo. Começou muito antes de William aparecer na vida dela. Respirou fundo, tomou coragem e discou o número dele. Se arrependeu no mesmo instante, mas já era tarde.


                - Alô? – William atendeu no primeiro toque do telefone.


                - É... Oi! – Fátima não conseguiu esconder o embaraço.


                - Oi meu bem! Como você tá? Que bom que ligou! – William forçou uma tranquilidade que não existia naquele momento pra ele.


                - Estou bem... Desculpa ter te ligado, não tenho nada pra falar, só quis ouvir sua voz. Estou com saudades. – Fátima queria se açoitar por ter ligado pra ele. - “Burra!” – pensou.


                - Eu também tô! Queria te fazer um convite um pouco fora de contexto, sei lá... Mas é que você sabe o quanto gosto da sua companhia. Vai ter um show de uma banda cover do Bon Jovi em um pub aqui perto da minha casa, não quer ir comigo? Prometi a um amigo que ia e gostaria de ir com você...  – William já se preparou para a resposta negativa dela.


                Fátima pensou bem. Confiava tanto em William, sentia tanta falta de sair com ele... Que mal havia nisso? Ela estava mesmo precisando se distrair, espairecer um pouco. Decidiu aceitar.


                - Tá bom!


                - O QUE? – William ficou muito surpreso, não esperava mesmo que ela fosse aceitar.


                - Ué, tá, eu vou no show com você! – Fátima riu com o susto dele.


                - Putz! Que bom então, passo aí daqui a pouco!


Fátima se arrumou o mais rápido que pôde. Colocou um vestido tubinho preto bem justo, mas nem um pouco vulgar. Uma sandália de salto preta, que deixava suas pernas mais torneadas que o de costume. Se olhou várias vezes ao espelho e achou que estava adequada. Passou rapidamente uma base, um batom e um rímel e correu, ele já devia estar esperando lá embaixo. Quando ela apontou na portaria do prédio, sentiu aquela paralisia típica, que apenas ele causava nela. Ele estava lindo, como sempre. De jeans escuro, uma camiseta azul marinho, ele a esperava encostado no capô do carro novamente, com as mãos no bolso. Deu dois assovios quando ela se aproximou e a encarou de cima em baixo.


                - Nossa, mas tá sem educação de linda, heim? – Fátima sorriu envergonhada.


                - Pára! – os dois riram.


Ele, muito cavalheiro, abriu a porta do carro e esperou que ela entrasse. Deu a volta pela frente do carro e quando entrou em seguida, ela sentiu o cheiro do perfume dele tomando conta do seu olfato. O cheiro era perfeito, o mesmo cheiro que ele tinha quando se abraçaram antes dele se declarar pra ela, há dois dias atrás. Foram conversando e ele sempre fazendo ela rir. No carro, tocava uma música do Phill Collins que William cantava alto, sem nenhuma timidez.


                O pub estava cheio, havia fila na porta de entrada. Mas William estava com duas entradas para o camarote, o que fez com que passassem direto pela fila. As luzes lá dentro eram avermelhadas, na penumbra e o som era muito alto. Mas Fátima adorou o ambiente e a música. William bebia uma cerveja long neck e Fátima uma água sem gás. Dançaram e cantaram muito, a noite estava incrível. O camarote onde os dois ficaram era um mezanino no alto da boate e estava muito vazio. As poucas pessoas que estavam em seus lounges não os reconheceram porque estava escuro. Quando a banda tocou “I’ll be there for you”, William envolveu Fátima por trás e ficaram abraçados durante toda a música. Ela se arrepiou de sentir o calor dele encostando nela. Ele dava beijinhos estalados no ombro e no pescoço dela. Daquela forma, ela conseguia sentir o cheiro dele por completo. A barba cerrada raspando em sua nuca fazia seu coração disparar. Fátima girou o corpo e se virou pra ele. Ficaram encostados frente a frente, olhando um para o outro. Ela alisava o pescoço, os braços e o peito de William, que observava cada movimento das mãos dela. Sem que Fátima esperasse, William a conduziu dois passos em direção a uma pilastra, que estava próxima aos dois. Empurrou suavemente o corpo de Fátima e a encostou na pilastra e imediatamente, colou nela. Ela ficou ereta, presa entre o corpo de William e a pilastra. A respiração dela era ofegante e seus olhos estavam exatamente no mesmo alinhamento que o queixo dele. William deslizou as mãos por toda a lateral do corpo dela, passando por debaixo dos braços, ao lado dos seios e descendo até o quadril. Com a outra mão, passou os dedos pelos lábios dela. Olhava fixamente para a boca dela, o que a deixava ainda mais excitada. Fátima engoliu seco, já esperando pelo que viria a seguir. E veio.


                William beijou Fátima com todo fervor que ele conseguiu. Durante o beijo, ela passava a mão pela nuca e pescoço dele. Gostaria de desfrutar daquele momento pra sempre. O som ao fundo, no escuro, a sensação que tinham era que só haviam os dois no mundo. Enquanto se beijavam, a banda cantava “Always” e a letra era exatamente o que ele gostaria que ela entendesse com aquele beijo. “E eu te amarei pra sempre.”


                O resto da noite foi em clima de romance. Os dois se beijaram e se abraçaram a noite toda, como um casal de namorados. Fátima não conseguia parar de sorrir. Estava se sentindo leve como uma pluma e queria parar o tempo naquela noite. Foi o dia dos namorados mais especial que ela já viveu em toda a sua vida.


                Na volta pra casa, Fátima foi debruçada em William durante todo o percurso. Beijava a orelha e o rosto dele, cheirava-o no pescoço com o intuito de ficar com o cheiro dele impregnado nela a noite toda. E ele, por sua vez, retribuía os beijos dela e fazendo piadinhas, imitações e cantando com sotaques engraçados, só pra vê-la gargalhar. William estava radiante. Ao chegar no prédio dela, teve o cuidado de estacionar um pouco distante da portaria pra evitar que alguém visse os dois. Desligou o carro, tirou o cinto e se virou de lado no banco, pra ficar de frente pra ela, que fez a mesma coisa. Uma expressão um pouco séria tomou conta do rosto de Fátima.


                - William, o que foi que a gente fez? – pergunta Fátima, visivelmente preocupada.


                - O que a gente sentiu vontade! – William tenta fazer com que tudo pareça simples naquele momento.


Fátima sorriu melancolicamente e tapou os olhos com uma das mãos. Não queria pensar naquilo agora, mas era inevitável. Mas William puxou a mão dela e interrompeu seus devaneios.


                - Para, Fá! Eu tô aqui com você.               E vou sempre estar. Eu sou todo seu. – e beijou levemente a boca dela com os lábios molhados. – Hoje e sempre. – completou, sussurando.


                Fátima sentiu uma onda de emoção tomar conta dela. Confiava na sinceridade do amor dele. Se sentia protegida, amparada e feliz ao lado dele, como nunca tinha se sentido antes. Era uma felicidade que ela desconhecia.


                Ficaram mais alguns minutos juntos no carro, completamente entregues um ao outro.


                Ao se despedirem, William a beijou longamente e a envolveu nos braços dele. Prometeu que ia sonhar com ela a noite toda. Mas que gostaria na verdade era de dormir com ela a noite toda.


                - Deixa de ser abusado! – ela gargalhou e ele também.


                - Abusado porque? Entre eu querer e eu conseguir tem uma distância imensa.


                - Ah é, ainda bem que você sabe! – divertiu-se ela.


Ela desceu do carro, amarrou devidamente a sandália e caminhou até a portaria do prédio. Deu boa noite ao porteiro e seguiu sem olhar no rosto dele. Temia que ele visse o batom vermelho borrado de quem acabou de beijar na boca a noite inteira. Ao entrar no elevador, Fátima encostou na parede e sorriu sozinha. Ainda sentia o cheiro dele no vestido e no corpo dela. Ele beijava tão bem! Era um beijo quente, molhado e lento. O beijo perfeito, na opinião dela. Tirou as sandálias, caminhou descalça até a porta do apartamento e entrou. Já no quarto, só de lingerie, deitou na cama, fechou os olhos e relembrou todos os momentos que tinha acabado de viver com o William. Naquela noite, ela dormiu feliz como nunca até então.


 


 


***


 


 


                As pessoas dentro da redação não percebiam nada entre os dois. Tinham o cuidado de serem muito discretos no trabalho e conseguiam. Lanchavam juntos, eventualmente trocavam recados, mas sempre de forma muito sutil e disfarçada. William infiltrava bilhetes junto com anotações de praxe e relatórios que passava a ela. As respostas vinham da mesma maneira. As caronas eram cada vez mais frequentes. William buscava Fátima na esquina da frente da casa dela e a deixava no mesmo local todos os dias. Os beijos e amassos aconteciam no carro. Foi a semana mais inesquecível da vida dela. Pra evitar a exposição, não saíam juntos pra locais públicos, procuravam comprar comida em algum Drive Thru e comiam no carro mesmo. Se sentiam como dois adolescentes namorando escondidos. Era a aventura mais louca que Fátima já tinha vivido. Agora, ela não pensava no marido nunca, em nenhuma circunstância. Falou com ele uma ou duas vezes durante esse período que ele estava fora. Ricardo reclamou que ela estava fria e distante, insinuou ciúmes, mas ela não se importou. Inventou uma desculpa que estava cansada, sem muito saco pra conversar no telefone. Não respondeu quando o marido disse que estava com saudades e que amava ela. Apenas mandou beijos e desligou. Sentia muita culpa, mas logo que pensava em William, voltava a sorrir.


                Na tarde do último dia que faltava para o retorno de Ricardo, Fátima trabalhava concentrada em sua mesa, lendo uns relatórios. William estava na mesa em frente. A telefonista parou na porta da sala e disse:


                - Fátima, seu marido na linha 3!


Imediatamente, William ergue o rosto. Os olhares dos dois se cruzam num constrangimento mútuo. William abaixa a cabeça visivelmente sentido, apesar de ter tentado com todas as forças disfarçar. Fátima fecha os olhos por um segundo, respira fundo e puxa o telefone do gancho.


                - Alô.


Do outro lado da linha, Ricardo demonstra muita empolgação.


                - E aí, paixão? Tudo bem por aí?


                - Sim.


                - Você não tá parando em casa, heim madame? Ligo lá todos os dias tentando te localizar e o telefone nunca atende.


Fátima bufou baixinho. Odiava quando ele era sarcástico com ela. Aliás, as piadinhas de Ricardo a irritavam desde sempre. Mas ultimamente, nada relacionado a ele provocava nela reações positivas. Sentiu culpa. Mas mudou de assunto. Queria acabar de vez com aquela situação extremamente embaraçosa.


                - Que horas é seu vôo?


                - Amanhã, no finzinho da tarde. Antes de escurecer totalmente, já estarei lá em casa te esperando! Tô louco de saudades!


                - Então tá, boa viagem. – Ela foi fria como uma pedra de gelo.


                - Não vai falar que também tá com saudades e que me ama? – Ricardo usa um tom intempestivo.


                - Tô muito ocupada, depois a gente se fala. Beijos, até mais. – e bate o telefone antes que o marido responda.


Não se atreveu a olhar pra William, que permaneceu cabisbaixo estralando a tampa de uma caneta. Ele se levantou de sua mesa e caminhou até o filtro de água. Se posicionou de costas pra mesa dela. Fátima, mais do que depressa, pega um papel pequeno de rascunho com fita colante no verso e desenha um coraçãozinho. Levanta-se rapidamente e corre pra mesa dele, aproveitando que William está de costas enchendo seu copo descartável de água e não a vê. Ela cola o papelzinho no telefone dele e retorna pra sua mesa. Assim que ele volta, vê o papel colado, olha pra ela e sorri com muita ternura. O coração de Fátima se acalma.


                Um pouco mais tarde, Fátima entra na sala de reuniões com uma pilha enorme de papéis na mão. Lá do meio, sai um bilhete que a faz soltar um sorriso bobo:


 


                                                  Janta comigo hoje?


 


                                                                     (   ) Sim!


                                                                    (   ) Claro!


 


                Fátima decide que só responderá daqui a pouco. Guarda o bilhete no bolso e sai da sala. Pouco antes de o jornal entrar no ar, ela rabisca um papel rasgado e enfia no bolso do paletó de William, que já está pendurado no cabide do camarim o aguardando:


 


 


                                               ( x ) Todas as alternativas anteriores.


 


 


William quando vê, sorri e todo o dia desgastante de trabalho valerá a pena. 



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 7



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  • vfsv Postado em 18/08/2014 - 00:38:13

    Vai escrever mais ou agora foi o fim???? Já pensou em escrever uma fic dos tempos atuais, presente, com as idades e ocupações atuais de cada um? ;)

  • vfsv Postado em 09/08/2014 - 23:37:20

    Mais capitulos , please!

  • vfsv Postado em 05/08/2014 - 18:37:20

    Perfeitoooooo

  • vfsv Postado em 04/08/2014 - 00:26:37

    Muito perfeita essa fic! Que talento, menina! Devia escrever um livro. Continua por favor!!!!!!!!!!!!!!!

  • neucj Postado em 03/08/2014 - 22:54:06

    Quero o próximo cap logo,ta muito boa.

  • vanessatocha Postado em 20/07/2014 - 22:14:05

    Amando a fic. vc escreve tão bem... Aguardando os próximos capítulos!

  • mibonner Postado em 16/07/2014 - 16:19:35

    Parabéns sua fic é ótima.Anciosa para ler os próximos capítulos .


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