Fanfic: Amor por acaso

Eu estava me recompondo daquela visão daquela imagem quando meu celular vibrou, era uma mensagem de um numero que eu não conhecia, já havia visto ele, mas não estava na minha agenda. ”Já está dando para o mauricinho? Calma, amor, suas pernas mal fecharam e já está abrindo de novo?” Com toda aquela grosseria e o jeito de falar, só podia ser o Guilherme. Bêbado. Do lado daqueles amigos insuportáveis dele. Eu respondi em seguida ”As pernas são de quem? Abro elas pra quem eu quiser. Fica anos sem dar noticia e agora está querendo vim com ciúmes? Calma, amor, a marca da minha mão nem saiu da sua cara ainda e já está querendo outra?” Eu joguei o celular longe e atualizei a página do facebook. Thiago era um viado idiota. A imagem já tinha várias curtidas e vários comentários. Eu dei uma passada nos comentários, alguns eram bem sujos, dizendo que minhas pernas eram bonitas, e outros mais fofos, dando os parabéns ao casal. 
Laís: Não tem casal. – eu bufei. – Vou esganar você, Thiago. – eu neguei com a cabeça e fechei o facebook. Meu celular vibrou e era o Guilherme mandando uma mensagem, dizendo que reconhecia minhas pernas em qualquer lugar. Guilherme conseguiu atingir o nível mais alto da escrotisse, então eu presumi que ele estava muito, muito bêbado. Ele era um idiota, mas não era tão idiota assim. Alguém bateu na porta e eu a ouvi gritando. 
Hanna: Abre a porta, vagabunda. – eu revirei os olhos e abri a porta para a Hanna, que entrou e se jogou no sofá. – Passeio acabou bem pelo jeito? Todo mundo já viu a foto que o Thiago postou das pernas de vocês. Que pelo jeito foi você quem tirou. Me conta como foi, eu quero saber tudo.

Laís: Você é uma amiga horrível sabia? Eu precisava de você aqui pra você beber comigo, me fazer encher a cara e não mandar o Thiago ver como eu estava. – eu sentei ao seu lado. Ela pegou meu notebook e abriu meu facebook. 
Hanna: Mas ficou fofa essa foto de vocês. Thiago tem uma mão bem assanhada pelo jeito. Ele te pegou de jeito ou não? – eu revirei os olhos e ela sorriu. – Sério, todo mundo já viu. Você viu quantos likes e quantos comentários? A maioria é falando que a sua perna é bonita. 
Laís: Guilherme me mandou umas mensagens. – eu mostrei para a Hanna, que ficou muito brava, xingou o Guilherme de tudo quanto foi nome, chegou até a ser engraçado. Hanna havia me empurrado pra cima do Guilherme, mas ficou do meu lado quando a gente “terminou”. Ela o odiava agora tanto quanto eu. 
Hanna: Mas que foi que disse que a gente não pode beber? Que eu não posso te fazer ficar bêbada? – ela sorriu e eu me animei. Guardei o notebook e nós duas saímos para ir comprar bebidas e alguma coisa para comer. Eu fiquei esperando uma pizza grande que havíamos pedido enquanto ela foi buscar bebida em algum lugar. Eu fiquei esperando e quando ficou pronta, eu peguei. Hanna não tinha voltado ainda, mas pouco tempo depois ela chegou com duas sacolas. 
Laís: Que horror. Duas mulher, uma com uma pizza e outra com vodka, indo pra um apartamento, sozinhas. 
Hanna: Você é uma gata, eu pegaria, então não me importo que pensei que estou te pegando. – eu dei risada e ela sorriu pra mim, passando a língua pelos lábios em seguida. 
Laís: Como você é safada, Hanna, pelo menos espera a gente chegar em casa. 

Nós chegamos no meu apartamento e já fomos comer. Hanna havia comprado vodka e sei lá mais o que. Ela abriu a garrafa e me deu um copo cheio. 
Hanna; Cem reais se você entornar tudo isso. – eu dei risada e neguei com a cabeça enquanto comia um pedaço de pizza. – Fresca. 
Laís: Eu vou vomitar se eu entornar tudo isso. – ela balançou a cabeça e eu peguei o copo. – Duzentos. 
Hanna; Não to com o cu cheio de dinheiro, cem. – eu acabei concordando e entornando o capo. Eu fiz careta e abaixei a cabeça. Minha garganta queimava. – Como você é linda. – ela disse dando risada e eu a empurrei. 
Laís: Você é uma péssima amiga. – eu disse dando risada. Ela negou com a cabeça e me fez beber mais um copo, Eu não lembro da metade das coisas que a gente fez. Lembro da Hanna gritando e caindo no tapete e algumas coisas parecidas. Acordei com muita dor de cabeça. Fui andando lentamente até o armário do banheiro para pegar um remédio pra dor de cabeça. Já estava tarde quando eu acordei e havia cinco ligações da minha mãe no meu celular, que estava jogado no sofá. Eu me joguei no sofá e vi que tinham algumas mensagens, duas do Guilherme e uma do Thiago, e claro, umas quarenta mensagens da minha mãe. Ela provavelmente iria me estrangular, mas foi ela quem me mandou encher a cara, não foi? Eu larguei o celular e fechei os olhos. 
Hanna: Onde é que tem remédio? – eu apontei para o banheiro e ouvi seus passos, arrastados, indo até ele. Eu fui na cozinha pegar um pouco de água e vi que tínhamos bebido 3 de quatro garrafas. Eu fechei os olhos e peguei a água. 
Laís: Hanna, eu preciso vomitar, sai logo desse banheiro. – eu gritei da cozinha. Pouco tempo depois, ela saiu do banheiro. – Passou.

Hanna: Tem alguma coisa acontecendo que você queira me contar? – eu revirei os olhos e me virei para deixar o copo em cima da pia. Eu estava de ressaca e ela ainda querer ficar emocional? 
Laís: Tem, mas eu estou com muita dor de cabeça, não vou conseguir me concentrar. – ela negou com a cabeça e me puxou pelo pulso até a sala. Eu lembrei da Iasmin, iria levá-la segunda feira para começar a primeira sessão do tratamento. Meus olhos começaram a arder e eu expliquei o que estava acontecendo para a Hanna, que me abraçou quando eu comecei a chorar quase que compulsivamente, eu quase não conseguia respirar. 
Hanna: Olha pra mim. – ela levantou meu queixo e eu funguei, tentando parar de chorar. – Ela vai ficar bem. Thiago não disse que estaria do seu lado? Sua mãe vai estar e eu também vou estar aqui, para tudo que você precisar. Não foi assim desde sempre? – eu assenti. – Então, porque seria diferente agora? Ou você esqueceu que quando estava gerando aquela coisa mais linda que eu amo, quem acolheu você fui eu? Eu sempre estive do seu lado e é aqui que eu vou ficar, assim como eu sei que se fosse comigo você estaria do meu lado. Não estaria? – eu concordei levemente com a cabeça. – Quer que eu vá junto com você no hospital amanhã? 
Laís: Eu não sei... Eu quero sim. Preciso de você lá comigo, amiga. – eu recomecei a chorar e agora, Hanna chorava junto comigo. Hanna estava tentando me acalmar, mas ao mesmo tempo chorava junto, o que fazia com que seu consolo quase não surtisse efeito, mas era melhor do que nada e ela estava me abraçando, que era o que eu queria fazia muito tempo, mas eu não o pedia.  Eu fui com a Hanna buscar a Iasmin quando já estava de noite. Minha mãe disse que ela passou muito bem, estava rindo e brincando com ela o tempo todo, o que era bom. Eu a levei pra casa e a Hanna foi pra casa dela, buscar uma roupa e logo estaria de volta. Eu fiz uma janta rápida e quando terminei, Hanna estava entrando pela porta com uma mochila enorme cheia de roupa. 
Laís: Vai passar o mês? – ela fez careta e foi para o quarto de visita. Depois que nós comemos, eu li para a Iasmin e quando ela dormiu, eu voltei pra sala, pra ver um filme com a Hanna. Thiago mandou outra mensagem pra mim, avisando o horário. Eu respirei fundo e depois fui dormir. Precisava acordar cedo. Eu não consegui dormir, na verdade nem queria tentar. Meu celular despertou e eu não queria levantar. Acabei levantando devagar e tomando um banho quente. Vesti uma calça qualquer, a primeira blusinha que eu vi e fui acordar a Iasmin. Mas antes eu precisava conversar com ela. Agora vinha a pior parte. 
Iasmin: Vamos chegar tarde, mamãe. – eu fechei a porta e ela arregalou os olhos, ameaçando chorar. – Eu não fiz nada,mamãe. 
Laís: Eu sei que não, meu amor, na verdade é muito pelo contrário. – eu me sentei na cama e ela veio no meu colo. 
Iasmin; Você não vai brigar comigo, né mamãe? – eu neguei com a cabeça e coloquei seu cabelo para trás da sua orelha. Ele estava todo bagunçado e ela estava com uma camisolinha rosa que ia quase até nos seus pés. – Vai cortar meu cabelo? – eu mordi o lábio inferior. 
Laís: Não... Eu só... Só preciso conversar com você. Posso? – ela assentiu e eu funguei. Iasmin ficou me olhando enquanto eu criava coragem para falar pra ela, contar o que estava acontecendo, porque ela tava sentindo dores, eu... Eu iria explodir, não iria conseguir fazer aquilo. Precisei de um tempo pra ficar calma e começar a falar, suave, mas segurando o choro ao mesmo tempo. Iasmin segurou meu rosto e me disse que não precisava chorar, o que me fez chorar e sorrir ao mesmo tempo. 
Laís: Lembra que a gente foi no médico porque você não estava bem? Aquele médico que gostou de você e você gostou dele? O Thiago? – ela concordou rapidamente com a cabeça. – Aquele sanguinho que ele tirou de você, foi pra descobrir o que você tinha e ele sabe agora o que você tem. – ele ficou me olhando, esperando pra saber. – Você tem um negocio que se chama leucemia. – ela deu risada. 
Iasmin: Nome engraçado. 
Laís: É sim, não é? – ela assentiu sorrindo. – E pra você sarar disso, a gente vai ter que ir lá onde o Thiago trabalha e ficar lá um tempo, ta bem? – ela negou com a cabeça. 
Iasmin: Eu não quero ficar lá mamãe, não quero ir lá. Quando eu vou lá eles me furam, mamãe, não deixa eles me furarem. – ela começou a chorar e meu coração ficou ainda menor, novamente. – Não deixa, mamãe. – ela me abraçou forte e eu fiz um esforço enorme pra me separar dela e olhar nos seus olhos. 
Laís: Eu não sei como eles vão fazer, mas meu amor, você precisa melhorar. Você precisa ficar comigo. – eu comecei a sentir as lágrimas rolarem pelo meu rosto. – Você precisa me ajudar a ajudar você. – ela chorou ainda mais e eu olhei para cima, para evitar as lágrimas de saírem rolando pelas minhas bochechas. Hanna bateu na porta, dizendo que estávamos atrasadas e eu assenti, fiquei esperando ela sair do quarto para terminar de falar com a Iasmin. 
Laís: Lá a gente vai ver ta bem? Mas se eles forem te furar, vai ser uma vez só, mas você não pode tirar, ta bem? Se tirar eles vão furar de novo. Você vai ficar com ele, mas ele não vai te machucar, ta bem? – ela assentiu, ainda chorando. – Agora para de chorar porque a gente vai lá ver o Thiago, ele está te esperando. 
Iasmin: Está mesmo? – eu assenti e ela pulou do meu colo. – Que roupa eu coloco, mamãe? – ela foi me mostrando algumas combinações e acabou colocando uma calça jeans, uma regata florida com as costas estilo nadador e um tênis marrom. Eu coloquei um tênis e quando fui para a sala, a Hanna já estava pronta. Hanna disse que iria dirigir, então enquanto ela estava indo em direção ao hospital, eu estava tentando não parecer uma múmia, passando um pouco de maquiagem. Quando chegamos no hospital, Iasmin ficou louca querendo sair logo para ver o Thiago, Eu a tirei da cadeirinha e segurei seu pulso para ela não sair correndo. Eu perguntei por ele e a enfermeira me levou até um lugar que eu nunca havia visto ali. Havia salas fechadas, não foi difícil achar o Thiago, que estava no fim do corredor, escorado na parede conversando com o seu preceptor. Eu prendi a respiração e a Iasmin saiu correndo, chamando seu nome. Thiago sorriu e agachou para pegá-la no colo. 
Thiago: Como está a coisa mais linda desse mundo? – ele disse dando beijinhos na sua bochecha, Ela falou alguma coisa pra ele, que o fez sorrir. – Você deixa a gente conversar com a sua mãe agora?