Fanfic: Amor por acaso

Thiago abriu a porta de um consultório que estava vazio e me mandou sentar na cadeira. O preceptor dele entrou e a Iasmin ficou me olhando, do lado da Hanna enquanto a porta fechava. Quando alguém quer conversar com você e fecha a porta, mandando você se sentar, dentro de um hospital, não pode ser uma coisa boa. Eu fiquei esperando pelo pior e eu acho que o Thiago percebeu que eu estava... Sei lá. 
Thiago: Ele queria conversar com você sobre o que vai acontecer, como é e como vai ser para ajudá-la. – eu assenti, mais aliviada. – Esse é o Augusto, meu preceptor. Essa é a Laís. – ele disse devagar, nos apresentando. 
Augusto: Ele me disse que você falou que conhece um pouco da doença. – eu assenti. Então Sabe o que fazer para curar a sua filha? – eu arqueei a sobrancelha. – Tem duas opções. Ou esperar um doador compatível com ela, ou você pode engravidar do pai dela novamente e a gente... – eu dei risada. 
Laís: Já fiz a besteira de dar moral pra ele uma vez, não vou fazer isso novamente. – ele arregalou os olhos. – Não vou engravidar pra isso. Ela é a minha vida, mas deve ser horrível nascer só porque sua mãe queria salvar seu outro filho. Imagine a criança falando para os amigos “Ah, eu só nasci pra salvar minha irmã”. Não vou fazer isso, é desumano, eu... Eu não vou fazer isso. 
Augusto: Outra pessoa pode ser o pai e ainda sim ser compatível. – ele disse olhando para o Thiago. Que estava me olhando e nem viu o olhar malicioso do Augusto. 
Laís: Não. Não dá pra priorizá-la? Colocá-la na frente? 
Augusto: Não existe só a sua filha com leucemia. – ele revirou os olhos. Ele era um estúpido, mas tinha razão, ela não era a única,mas que mãe não coloca seu filho a cima de qualquer outra coisa? Mas eu não iria engravidar novamente, ainda mais do idiota do Guilherme e eu nem conhecia o Thiago. Nem tinha um pai para o meu filho, como eu iria tê-lo? Eu deixei bem claro que não iria engravidar, então o Thiago começou a dizer que ele poderia verificar, mas o Augusto tornou a dizer que não era só a minha filha com leucemia, então, nessa frase, eu me levantei e bati a porta. Quem ele achava que era pra ficar jogando na minha cara que eu era egoísta? 
Augusto: Isso é um hospital, você não conhece as regras? Silencio? – ele disse saindo da sala. 
Laís: Para o inferno com essas regras. Você acha que eu preciso de um idiota com jaleco me dizendo que eu sou egoísta por querer salvar a minha filha? Vai para o inferno junto com as suas regras. Babaca! E nem vai ser você que vai fazer o tratamento dela. – eu me virei e saí de lá, indo para fora do hospital. Thiago me alcançou pouco tempo depois. – Me deixa, Thiago. 
Thiago: Eu queria falar aquelas coisas pra ele também. 
Laís: Não me interessa, ele é seu preceptor não é? Então vai lá pedir informação para o que você deve fazer e me deixa em paz. – eu tentei sair dali, mas ele estava na minha frente e quando eu tentei passar por ele, Thiago segurou meus braços, me fazendo ficar na sua frente. 
Thiago; Calma, mulher. Não falei nada, não vim falar pra você que foi errado o que você fez, mas se acalma. Respira. A gente não precisa dele pra salvar a Iasmin. - Thiago acabou me acalmando. Ele não disse que eu estava errada em gritar com seu preceptor, ele havia me irritado, mereceu o que eu disse e merecia ainda mais, mas eu não tive muito tempo e nem estava em um lugar para poder falar tudo que eu queria para ele, mas falei o que deu e o que veio na minha cabeça na hora. Chegou a hora da Iasmin fazer a quimioterapia dela. Ela começou a chorar antes da gente entrar na sala. Havia uma criança lá, mais ou menos do tamanho da Iasmin, um garoto, que sorriu pra ela assim que ela entrou. 
Laís: Lembra do que a gente conversou mais cedo? Que você não pode tirar e que tem que ficar quietinha? – ela assentiu, chorando. Eu a segurei e a mulher veio achar a veia da Iasmin, que começou a chorar alto. Depois, eu a deitei na cama e ela ficou ali, onde tinha que ficar tomando aquele negocio horrível. Eu me sentei ao seu lado e pouco tempo depois, Thiago estava lá. 
Thiago: Ola Bela Adormecida. – ela sorriu e se sentou. Ele se sentou perto dela, na cama e eles começaram a conversar. 
Iasmin: Mamãe me contou que eu to doentinha e que eu to com um negocio com o nome engraçado e que isso vai me ajudar. Doeu só um pouquinho, mas já passou. Viu? Eu nem to chorando maisi. – ela sorriu pra ele, que retribuiu o sorriso pra ela. Hanna me chamou na porta e eu fui até ela, deixando os dois conversando ali. O garotinho me olhou e sorriu pra mim, me obriguei a retribuir o sorriso pra ele. Criança nenhuma deveria passar por aquilo. Era cruel de mais para um ser tão pequeno e frágil, que nem começou a brincar ainda. 

Hanna: Sou sua melhor amiga. Certo? – eu assenti. – Então tudo bem, você vem comigo. – ela me arrastou até a lanchonete mais próxima. – Thiago me disse que você poderia não estar comendo direito e eu percebi isso, você não está comendo direito, sua mãe me disse que você não comeu lá e você sempre come lá. Eu sou sua melhor amiga e você vai comer direito. Eu sei que você não comeu nada ainda, então você vai tomar um café comigo
Laís: Eu não quero comer nada, Hanna, deixa de ser chata. Eu não estou comendo? Olha quanta pizza a gente comeu ontem e eu não estou comendo? Eu comi um cachorro quente gigante antes de comer a pizza. – ela me olhou com cara feia. – Olha, a minha filha está lá dentro, o que você quer que eu faça? Eu não sinto fome, não sinto vontade de comer. 
Hanna: Se você não comer, não vai poder ajudar a Iasmin porque vai ficar doente. É isso que você quer, vagabunda? É isso? Ficar as duas no hospital? Deixa sua filha sozinha no quarto porque não vai poder ver ela se estiver doente porque a resistência dela vai ficar baixa? 
Laís: Cala a boca, Hanna. 
Hanna: Por quê? Ficou com medo de ouvir a verdade agora? Porque agora você ficou com medo de não poder ficar do lado dela e deixá-la sozinha? 
Laís: Não, eu só... Olha, eu não sinto fome, não vou comer, estou enjoada e não vou ficar doente. Pronto. Podemos voltar para o hospital? – Hanna não falou nada, mas eu sabia que ela estava só tentando me ajudar, então eu comprei duas coxinhas e guardei na bolsa. Comprei também uma garrafa de água e uma de coca-cola para beber lá e dar alguma coisa para a Iasmin. Iasmin estava deitada com a cabeça no colo do Thiago que estava lendo um livrinho pra ela, de uma das princesas. O garotinho estava ouvindo atento também e ele estava lendo alto suficiente para que ele entendesse o que Thiago estava lendo e ainda mostrou a figura para ele e depois para a Iasmin. Ela me viu e se sentou. Eu sorri pra ela e mostrei a coca-cola. Ela tomou um pouco, mas logo vomitou. Thiago foi chamar uma enfermeira. Ainda bem que eu havia trazido água. 
Garoto: No começo é assim mesmo. – ele falou com a voz suave. – Mas depois, você se acostuma. – a Iasmin fez careta e eu lhe dei um pouco de água. Ela tomou quase a metade da garrafinha e logo alguém veio limpar e me entregar um baldinho, caso ela quisesse vomitar novamente. 
Iasmin: Eu quero ir embora, mamãe. – ela choramingou e eu a abracei. Iasmin acabou dormindo no meu colo enquanto o Thiago, sentado na cama, nos pés dela, continuou contando a estória para os dois. O garotinho ficou com os olhos pesados, deu para ver que ele estava com sono. Até eu comecei a ficar com sono. Não havia dormido de noite e agora estava com sono, droga. 
Thiago: Dormiu de noite? – eu abri os olhos e ele estava falando comigo. Eu neguei com a cabeça e ele assentiu. – Imaginei. Logo ela vai pro quarto e lá tem uma cadeira melhor. – ele disse baixo. – Sei como está se sentindo agora. – ele sorriu e bocejou em seguida. 
Laís: Impossível dormir. Mas você, não dormiu? – ele negou com a cabeça. – Mas posso falar uma coisa? – ele continuou me olhando. – Estou com vontade de te esganar por causa daquela foto ridícula que você postou. Não era pra ter postado aquilo. – eu fiz beicinho.