Fanfic: Amor por acaso

Já havia se passado um mês e tudo parecia estar ainda mais virado do que antes. O cabelo da Iasmin está caindo muito e ela está começando a ficar desesperada. O médico me recomendou levá-la logo ao cabeleireiro e eu iria fazer isso hoje, mas não iria conseguir fazer isso sozinha, então o Thiago disse que iria comigo. Eu não estava me sentindo bem já fazia uns dois dias, mas tinha que levá-la. Iasmin disse que não queria cortar o cabelo muito curto e disse que iria pedir para a mulher deixar o cabelo dela igual ao meu. Eu engoli seco e meu celular tocou, era o Thiago, dizendo que iria se atrasar, então eu coloquei a Iasmin na cadeirinha do carro e fui até o salão. Não havia ninguém ali. A cabeleireira era uma “amiga” minha, eu cortava o cabelo com ela desde que eu era criança, então eu confiava nela, seu nome era Beatriz. Ela me cumprimentou quando eu entrei com a Iasmin e a abraçou forte, como se tivesse com pena e realmente estava. Aquilo me deixou furiosa, eu não gostava quando as pessoas me olhavam com pena ou olhavam para a minha filha com pena, como se ela não merecesse ter nascido ou qualquer coisa do tipo. Iasmin se sentou no lavatório e a Beatriz lavou seu cabelo, depois a colocou na cadeira e eu tive que conversar com a Iasmin enquanto a Beatriz arrumava as coisas para cortar seu cabelo. Eu engoli o choro e me agachei na frente da Iasmin. 
Laís: Lembra quando eu falei que você precisava ficar no hospital pra cuidar daquela coisa com o nome divertido? – ela assentiu. – Então, aquele negocio faz você ficar enjoada não faz? – ela fez beicinho e concordou com a cabeça. – E... E seu... Você... – eu gaguejei. Como iria começar a frase? Iasmin ficou me olhando e eu passei a mão pelo meu cabelo. Ela disse que queria um cabelo igual ao meu... Talvez começar por aí seria uma boa ideia. 
Laís: Você disse que queria um cabelo igual ao meu não disse? – ela assentiu. – Você agora vai poder ter todos os cabelos que você quiser. – ela arregalou os olhos e saiu. 
Iasmin: Posso ter um cabelo rosa, e um roxo, e um verde, mamãe? Eu quero um... um igual o da plincesa mamãe, meeeem grandão. – ela disse gesticulando com as mãos. 
Laís: Sim, você pode ter um rosa, um roxo, um verde, até um azul se você quiser. Você quer? – ela assentiu rapidamente com a cabeça. – Mas pra você ter todos esses cabelos, você vai ter que cortar o seu bem curtinho, ta bem? – ela fez cara de choro. – Ei, ei, não precisa chorar. 
Iasmin: Eu não quero cortar meu cabelo bem curtinho mamãe, eu quero ele grande, mamãe. Eu não quero curto. – ela começou a chorar e eu tive que me segurar para não chorar junto com ela e a abraçar ali mesmo. Eu segurei seu rosto e o sequei. Fiz ela olhar dentro dos meus olhos. 
Laís: Se eu cortar o meu, você também corta o seu? – ela fungou. – Aí o cabelo que eu cortar, fica pra você, aí mais ninguém no mundo vai ter um cabelo igual ao seu e você vai poder falar para as suas amiguinhas que tem o cabelo igual ao da sua mãe. 
Iasmin: Mas você vai cortar muito curto mamãe? 
Laís: Pra gente poder ter o cabelo que a gente quiser, nós temos que tirar todo o nosso cabelo pra por outro. Imagina se mistura preto e verde? – ela deu risada. Iasmin: Ia ficar engraçado, mamãe. Mas eu não quero te ver sem cabelo, mamãe, só menininhos ficam sem o cabelo. 
Laís: Mas a gente não vai ficar sem o cabelo. A gente vai ter todos os cabelos que a gente quiser. Aí você fica com o meu cabelo e eu compro um pra mim, igual o seu. Aí a gente troca de cabelo. O que você acha? – ela negou rapidamente com a cabeça. 
Iasmin: Eu gosto do seu cabelo, mamãe. – ela disse mexendo em uma mecha do meu cabelo. – E se você tirar todinho o seu cabelo, eu não vou poder falar pras minhas amiguinhas que eu tenho o cabelo igual ao da minha mamãe. 
Laís: Mas pra você ter o meu cabelo, eu preciso cortar ele. Eu estou dando ele pra você. – eu inclinei a cabeça para o lado e ela negou. – Então o que você acha de eu cortar ele por aqui. – disse indicando meus ombros. – Ai vai sobrar pra você poder ficar com o cabelo igualzinho o meu, do mesmo comprimento. – ela assentiu e a Beatriz apareceu. Eu funguei e me levantei. Beatriz negou com a cabeça e lavou o meu cabelo também, chamando a irmã dela para cortar o meu cabelo e conversar sobre a peruca que iria fazer para a Iasmin. Meu cabelo era comprido e eu tinha bastante cabelo, então ela disse que dava para tirar até a altura do meu ombro e deixar no mesmo comprimento para a Iasmin. 
Iasmin: Mamãe... – ela choramingou. 
Laís: Eu corto, você corta, lembra? – ela assentiu. – Juntas, como sempre fazemos. – ela assentiu novamente e a irmã da Beatriz puxou uma mecha do meu cabelo para frente, cortando em seguida. Eu fechei os olhos quando ela cortou e abri em seguida, olhando para a Iasmin. Thiago entrou no salão algum tempo depois e ficou me olhando. Eu estava sentada, chorando, esperando a Beatriz terminar de cortar o cabelo da Iasmin, que chorou, mas que agora, estava mais calma e estava quieta. Ele passou a mão no meu cabelo. 
Thiago: Você... – eu funguei e o abracei com força. – Calma. – ele sussurrou. Eu queria voltar a sentir o peso do meu cabelo. – Eu gostei do seu cabelo. – eu o olhei e ele jogou minha franja para o lado. Meu cabelo estava na altura dos ombros e ela havia cortado a franja um pouco menor, na altura do meu nariz, então ela ficava caindo no rosto o tempo todo. Thiago me soltou e eu fui abraçar a Iasmin, que estava com o cabelo curto, mas não raspado. Eu havia desistido e falei para ela deixar assim, curto. 
Iasmin: Estou bonita, mamãe? – ela estava com os olhos inchados de tanto chorar e aquilo cortou meu coração, mas ela estava linda, perfeita. Seu cabelo estava liso, com as pontas enroladas, na altura do seu queixo. Eu sorri pra ela e a peguei no colo. 
Laís: Você está linda. – eu disse sorrindo e a mostrei no espelho. – Olha. Está até mais parecida comigo. – ela deu risada. 
Iasmin: Eu gostei, mamãe. – ela sorriu e eu retribuí seu sorriso. – Thi. – ela o viu e desceu do meu colo rapidamente para abraçá-lo. Beatriz me abraçou e disse que a irmã dela iria fazer a melhor peruca que eu já havia visto, sem cobrar quase nada. Eu assenti e paguei para ela nossos cortes de cabelo. E o Thiago saiu elogiando o cabelo da Iasmin. 
Thiago: Eu prefiro ele assim, sabia? Ficou lindo assim, deixa assim como está. – ela sorriu pra ele e concordou com a cabeça. Eu fiquei para trás enquanto eles iam para o carro. Thiago tinha estacionado um pouco mais distante, já que não havia vaga ali. Iasmin disse que queria ir com o Thiago, mas a cadeirinha estava no meu carro e eu disse que iríamos pra casa. Thiago não me deixou ir pra casa e me obrigou a ir para a casa dele. Ele foi no seu carro, na frente e eu fui atrás, com a Iasmin tagarelando no meu ouvido. Eu ficava o tempo todo mexendo no cabelo. Nunca tinha usado ele tão curto assim. Thiago estacionou o carro na frente da sua casa e eu coloquei o carro logo atrás. Iasmin queria porque queria sair correndo e eu tive que gritar para ela parar. Thiago deu risada, mas parou quando eu olhei feio para ele. 
Iasmin: Olha mamãe, ela parece um ursinho. – ela falava da Lila, que estava latindo no portão e pulando de um lado para o outro, desesperada. Iasmin se aproximou um pouco do portão, mas se assustou quando a Lila pulou no portão. 
Thiago: Eu vou segurar ela, aí vocês entraram. – antes que eu pudesse falar que não iríamos entrar, ele já estava entrando e segurando a Lila, que ficou quieta no colo dele. Ele abriu o portão e eu entrei rapidamente com a Iasmin. Eu a peguei no colo e ela me fez aproximá-la da Lila, para poder fazer carinho nela. Assim que a Iasmin tocou na Lila, ela deu risada. 
Iasmin: Ela é fofinha. – disse rindo. Eu a coloquei no chão. Ela não era tão leve quanto parecia ser. – Posso brincar com ela? – eu iria falar que não, que iríamos embora, mas ele colocou a Lila no chão e a Iasmin foi correr com a cachorra. Eu neguei com a cabeça e ele se sentou onde havíamos nos sentado quando ele me trouxe aqui. Eu olhei para cima, envergonhada, mas em seguida, me sentei ao seu lado. 

Thiago: Iasmin ficou linda. – ele disse baixo e eu abracei os joelhos, olhando a Iasmin, que fazia carinho com cuidado na Lila. – E você também. – eu o olhei e ele sorriu pra mim. 
Laís: Porque é que você é tão legal comigo? – eu sussurrei. Thiago me olhou e eu desviei o olhar. – Você... Você mal me conhece e olha o que já fez comigo. Olha o que nós fizemos. – eu olhei para o chão por alguns instantes e voltei a olhar para a Iasmin, tentando não chorar. – Eu só... Só não consigo entender o porquê disso. Desde o primeiro dia que nos vimos, você veio direto falar comigo, seus amigos empurraram e você ficou, grudou do meu lado de um jeito que eu estou começando a ficar com medo. 
Thiago: Eu já disse porque eu ajudo vocês. Eu ajudei a Iasmin e quero continuar ajudando... 
Laís: Eu não acredito nisso. – disse olhando para ele em seguida. – Desculpa, mas... Isso parece tão conto de fadas, parece coisa de livro. – Iasmin se levantou e começou a correr, Lila começou a correr atrás dela. – Não corra. – ela parou de correr e se sentou para ficar brincando com a Lila. – Você está se saindo perfeito. Até de mais e eu tenho medo disso. Ai, meu Deus, nem sei por que eu estou te falando isso agora, devo estar falando louca. – eu sorri de nervoso e passei a mão pelo cabelo, jogando a franja para trás. 
Thiago: Olha pra mim. – eu o olhei, mas logo desviei o olhar, não conseguia sustentar seu olhar. – Se você quiser, eu paro de tentar conquistar você. – eu sorri, abaixei a cabeça e balancei a cabeça negativamente. – Estou falando sério, eu paro. – eu consegui olhar nos seus olhos. Eu respirei fundo. 

Laís: Não é isso que eu estou tentando dizer, eu só estou com medo e sinto que eu devia estar prestando mais atenção na Iasmin e menos em você. – ele arregalou os olhos. – Eu sei, é estranho. Mas da ultima vez que eu me envolvi rápido de mais com um garoto, olha só no que deu. Não quero isso de novo, então eu acho que seria melhor se... Eu não sei. – minha voz começou a falhar e começou a me dar cólica. 
Thiago: Você está bem? – ele disse colocando a mão no meu ombro. Eu devia estar com cara de dor. A cólica estava forte, mas foi suavizando devagar. Eu prendi a respiração por alguns segundos e a soltei lentamente. 
Laís: Estou. Foi uma cólica. – ele parecia preocupado, mas relaxou quando eu disse que era cólica. Eu me sentia estranha perto dele agora, mas ele parecia bem a vontade do meu lado e isso me fazia sentir ainda pior. Enquanto estávamos sentados ali, eu senti mais duas cólicas bem fortes, mas tentei não demonstrar que estava sentindo dor. Depois da segunda, eu achei melhor me levantar, o chão estava frio, então isso poderia estar fortalecendo a cólica. Thiago abriu a porta e eu chamei a Iasmin, que não queria entrar, queria ficar brincando com a Lila, que pelo jeito, havia amado a Iasmin. 
Thiago: Eu não tenho tempo de ficar correndo com ela. – ele disse baixo, olhando para as duas. Iasmin havia voltado a correr, estava desviando da Lila, que corria e tentava pegar o pé da Iasmin. 
Laís: Vou trazer a Iasmin aqui então, assim você corre com as duas, exercício em dobro. E um descanso pra mim. 
Thiago: Eu iria adorar vocês duas aqui em casa todos os dias. - Thiago me chamou pra entrar e eu mandei a Iasmin entrar também. Ela ameaçou a fazer birra, mas entrou sem maiores problemas. Ela ficou encantada com a casa do Thiago. Ele a levou até a cozinha e lhe deu um bombom para ela ir comendo. 
Thiago: Você tem certeza que está bem? – eu assenti e cruzei os braços. – Parece que você... Que você está sentindo dor. 
Laís: Não é nada. Só estou com cólica e quero ir pra casa. – ele assentiu, mas por algum motivo, eu sabia que não poderia ir embora agora. – Você tem certeza que mora sozinho aqui? – eu perguntei mudando de assunto. – A casa de um garoto que mora sozinho, não pode ser tão limpa e arrumada assim. – ele deu risada. 
Thiago: Quando eu era menor, minha avó sempre me fazia limpar a casa toda e nisso eu fiquei com essa coisa de manter a casa ao menos arrumada. 
Laís: Isso é bom. Você sabe fazer mais o que? – eu me sentei ao lado da Iasmin, que estava quase terminando seu bombom. 
Thiago: Morando sozinho eu tive que fazer tudo sozinho. Meu irmão também não parava em casa, então eu consigo me virar bem sozinho. Mas se for pra comer da minha comida, é melhor irmos para um restaurante qualquer comer. – eu dei risada. – É sério. – ele disse rindo. – Eu não sei cozinhar alguma coisa boa, mas consigo sobreviver sem maiores problemas. 
Laís: Isso é impressionante. Você nem faz academia e não é gordo. – ele arqueou a sobrancelha. – Vai, pode me falar que você é magro de ruim. – ele deu risada. 
Thiago: Sou também, mas eu fico correndo de um lado para o outro dentro daquele hospital, isso me deixa magro e forte. – ele disse se achando e eu comecei a dar risada.