Fanfic: Amor por acaso

Quando as duas foram embora, já era bem tarde. Laís ficou perfeita com o cabelo mais curto, não que eu não gostasse do seu cabelo grande, mas achei que ficou melhor assim, do jeito que está. Iasmin não podia ficar mais linda com o cabelo curto também. Assim que elas saíram, Lila ficou chorando, queria brincar mais, mas eu estava cansado e teria que levantar cedo para ir à faculdade. Quando eu estava quase dormindo, Andressa me mandou uma mensagem. Disse que estava com saudades de mim. Fazia tempo que a gente não passava um dia junto, sem contar que fazia quase duas semanas que eu não falava direito com ela, não estava tendo muito tempo. Hoje de noite, ela tinha marcado pra gente sair, tomar um sorvete na praia ou qualquer coisa assim. Eu cheguei na faculdade e o Jean estava parado perto do carro, provavelmente esperando alguém. Eu passei por ele e o cumprimentei, mas estava atrasado para a primeira aula, então eu não parei. As aulas não poderiam ser piores, mas pelo menos Junior estava de bom humor, o que divertiu aquelas aulas tediosas e compridas. Assim que eu saí da faculdade, fui para a lanchonete comer alguma coisa para depois passar no hospital para ver como a Iasmin estava. Ela iria para lá hoje de manhã novamente. 
Junior: Não vai vir com a gente? – eles iriam para o clube.
Thiago: Apareço por lá mais tarde se der. – disse pegando a carteira para pagar o meu lanche. 
Junior: Você ta ficando com alguém não está? – eu arqueei a sobrancelha. – Cara, você anda muito diferente. Não fala com a Andressa, não sai mais com a gente. Uma hora ou outra você vai ter que contar quem é essa garota, você sabe não é? - Eu o deixei falando sozinho, largando o dinheiro em cima da mesa. Eu saí da lanchonete e fui direto para o hospital. Eles estavam me enchendo o saco por causa disso já. Eu não iria falar para ninguém que estava indo ver a filha da Laís todos os dias quando ela estava ou não no hospital. Eu sempre a via de uma forma ou outra. Na verdade ela ficava enchendo o saco da Laís para me ver, segundo elas. Eu estacionei e entrei. Cumprimentei algumas pessoas enquanto andava no hospital. Eu parei na frente da porta da Iasmin, bati de leve e entrei. Ela sorriu e tentou se levantar, mas a Laís a prendeu na cama. 
Thiago: Não precisa levantar. Eu vou até aí. – eu dei a volta na sua cama e a abracei. Ela ficou pendurada no meu pescoço e a Laís teve que dar um tapinha nela para que ela me soltasse. 
Laís: O que está fazendo aqui? – ela perguntou, surpresa. 
Thiago: Vim ver como vocês estão. – Iasmin fez ânsia e a Laís a levantou, deixando-a sentada. – Está muito enjoada? – ela assentiu e sorriu. Eu olhei para a porta e o Josh estava ali, só com uma parte da cabeça para dentro, espiando dentro do quarto. Ele viu que nós estávamos olhando para ele e entrou, devagar no quarto, com as mãos para trás. 
Josh: Eu... Eu vi que você tava lá e... E achei que... Que iria ajudar. – ele deixou uma barra de chocolate na cama e saiu correndo pela porta. Iasmin deu risada e pegou a barra de chocolate que ele havia colocado na cama. 
Laís: Você pode ficar com ela? – disse baixo. – Eu preciso comer alguma coisa. – eu assenti e a Laís deu um beijo na testa da Iasmin, saindo do quarto em seguida. Ela mastigou devagar e me ofereceu. Eu neguei com a cabeça e ela bocejou, colocando mais um pedaço de chocolate na boca. 
Iasmin: Ele é legal. – ela bocejou novamente. – Você acha que ele brinca comigo? Eu fico sem brincar aqui e – ela bocejou novamente. – eu não gosto daqui. 
Thiago: Porque amanhã você não pergunta pra ele se ele quer brincar com você? – ela assentiu. – Agora, eu acho que você pode deixar o chocolate de lado e dormir, o que acha? – ela assentiu, coçando os olhos em seguida. 
Iasmin: Você canta pra mim? – ela me entregou o chocolate e eu o guardei. Eu me sentei na sua cama e ela se sentou no meu colo, encostando a cabeça no meu ombro. Eu peguei a coberta e a cobri. – Você pode cantar uma musiquinha que você cantou pra mamãe? Aquela que vocês cantam? 
Thiago: Vou cantar então a primeira música que nós três ouvimos juntos, no carro, ta bem? Ou a segunda que eu cantei com a sua mãe? – ela assentiu. – A segunda então? – ela assentiu novamente e coçou os olhos novamente. A primeira era “Fica do meu lado”, Laís não sabia a música e basicamente ficou me ouvindo cantarolar, a segunda era “Deixo você ir”, que não era tão calma, mas eu gostava ainda mais, já que nós dois cantamos/gritamos juntos dentro do carro enquanto a Iasmin mexia no celular do sua mãe. – Sabe aquele dia no farol? – eu comecei e percebi que tinha pulado uma parte da música, mas tudo bem. – Quando você mentiu pra mim? Dizendo que era pra sempre. – eu comecei a cantarolar para ela dormir. Iasmin fechou os olhos, pouco tempo depois, estava dormindo. Eu parei de cantar e a Iasmin abriu os olhos, acordando. Eu perguntei se ela queria que eu cantasse mais para ela e ela assentiu, então eu comecei a cantar “Não devo nada”. 
Thiago: Sonhei com você, e acordei com uma saudade boa. O que eu vou fazer se eu não consigo amar outra pessoa. – eu cantava baixo para ela. No meio da música, o tal de Guilherme parou na porta e ficou nos olhando. Eu vi a raiva que ele estava sentindo. Ele virou bruscamente e saiu pisando fundo. Eu continuei cantando para a Iasmin, que estava largada no meu colo, dormindo. Laís apareceu ali pouco tempo depois, parecia desesperada. 
Laís: Ai. – ela disse assim que entrou no quarto. – Alguém veio aqui? – eu assenti e parei de cantar para a Iasmin. – Ele disse alguma coisa pra você? 
Thiago: Não. Ele me viu aqui e saiu. Ele fez alguma coisa pra você? – ela negou rapidamente com a cabeça. Eu deitei a Iasmin direito na cama e a cobri. Laís foi para fora do quarto e eu a segui, fechando a porta atrás de mim. 
Laís: Guilherme me encontrou lá fora e me obrigou a contar o que estava acontecendo. – ela fechou os olhos com força e se encostou na parede, colocando a mão na barriga. Quando eu vi, Laís estava desmaiando no corredor. Só consegui segurá-la antes de cair no chão e chamar uma enfermeira que correu para ver o que tinha acontecido. Eu deitei a Laís no chão e pouco tempo depois, ela acordou sozinha. 
Thiago: O que está acontecendo com você, Laís? – perguntei firme. Ela estava estranha desde ontem, com dores e agora isso. Ela não me respondeu e se sentou, colocando a mão na cabeça e fechando os olhos. – Você não ta grávida, não é? - Laís não me respondeu, ficou com a cabeça abaixada, com os olhos fechados. Ela estava sentindo dores, não quis comer, desmaiou. Eu fiquei parado, esperando a Laís me responder se estava ou não grávida. Eu comecei a ficar preocupado. Ela não me respondia, não negava e isso estava me deixando nervoso. 
Laís: Não, Thiago, eu não estou grávida. – eu arqueei a sobrancelha. – Sim, Thiago, eu tenho certeza. – a enfermeira chegou com o médico e a Laís começou a discutir, se ia ou não fazer uma consulta pra ver o que estava acontecendo. Laís tentou se levantar, mas não conseguiu. Eu a peguei no colo e fui seguindo o médico, ouvindo as reclamações da Laís o tempo todo. 
Thiago: Você faz a consulta e eu vou lá ver com a Iasmin está. – eu coloquei a Laís na maca. – Me chama quando ela for sair. – disse para a enfermeira. Eu conhecia ela, mas não sabia seu nome. Ela assentiu e eu saí da sala, indo até o quarto da Iasmin, que ainda dormia tranquilamente. Eu fiquei parado, em pé perto da sua cama. Iasmin se mexeu e acordou tossindo. Eu me aproximei dela. 
Iasmin: Minha mamãe ainda não voltou? – ela perguntou sonolenta. Eu coloquei algumas mexas do seu cabelo para trás. 
Thiago: Ainda não, ela foi comer, lembra? Mas daqui a pouco ela volta e fica com você, ta bem? 
Iasmin: Eu quero ficar com vocês. – ela bocejou. – Juntinhus. – ela disse com a voz arrastada. – Eu gosto de você. E a mamãe também. – ela disse sorrindo. – Você gosta da minha mamãe? 
Thiago: Eu gosto da sua mamãe, gosto muito dela. 
Iasmin: Então você é meu papai? Minha amiguinha me disse que o papai dela gosta da mamãe dela e a mamãe dela, gosta do papai dela. Você é meu papai? - Iasmin ficou esperando a minha resposta. Eu fiquei olhando para ela, sem acreditar e sem saber o que responder para ela. Seus olhos estavam brilhando, ela parecia bem acordada agora. Eu respirei fundo e me sentei na beirada da cama. 
Thiago: Eu não sou seu papai. – disse passando o polegar lentamente pela sua bochecha, Ela pareceu decepcionada com a minha resposta. – Mas quando eu tiver uma filha, quero que ela seja igual a você. – disse tocando seu nariz rapidamente com o indicador, fazendo-a sorrir. 
Iasmin: Mas eu queria que meu papai fosse igual você. – eu sorri pra ela. – Meu papai nunca me vê e você vem toooodos os dias aqui me ver. Você conhece meu papai? – eu neguei com a cabeça. 
Thiago; Ele não vem porque ele não sabe a garota maravilhosa que você é. Ele é quem está perdendo, não é? – ela assentiu rapidamente. A enfermeira abriu a porta e me entregou um papel. Estava escrito que a Laís iria ficar tomando soro, que ela só desmaiou porque não havia comido e havia se estressado com a barriga vazia. Eu iria ficar com a Iasmin até a Laís poder voltar para o quarto. Eu iria ler um livro para a Iasmin, quando o Josh apareceu na porta e ela pulou da cama para falar com ele. 
Iasmin: Eu posso ir no quarto dele pra gente brincar? Você vem junto tamém, por favorzinho. – seus olhos estavam brilhando. Eles começaram a pedir “por favor” um em cima do outro, o tempo todo. Eu acabei dizendo que eles poderiam brincar um pouco. Então nós saímos e fomos até o quarto do Josh, que era todo azul e tinha vários carrinhos espalhados pelas prateleiras. Ele deu um carrinho para a Iasmin, que o pegou e ficou olhando para o carrinho, como se não soubesse o que alguém poderia fazer com aquilo. Eles ficaram brincando, ela se acostumou com os carrinhos e “dirigia” com eles como se sempre tivesse brincado com aquilo. Josh segurou um com as duas mãos, colocou no chão e saiu correndo, empurrando o carrinho pelo corredor. Iasmin deu risada e ele voltou, empurrando o carrinho novamente e fazendo barulho com a boca. Iasmin tentou fazer, mas não era tão rápida como o Josh, que parou no meio do quarto e ficou esperando a Iasmin, que dava um passo de cada vez com as mãos no carrinho e com as perninhas esticadas. Eu fiquei olhando os dois enquanto eles brincavam. Quase uma hora depois, Laís passou correndo pelo corredor. Ela não podia correr. Eu fui até o corredor e a chamei. 
Laís: Graças a Deus. – ela disse se virando e correndo até mim e me abraçando. – Pensei que tinha sumido com a minha filha. – ela disse me soltando e olhando para a Iasmin, que sorriu e acenou para a Laís. 
Thiago: Quanto amor. – disse ironicamente e ela sorriu, negando com a cabeça. – Mas você não deveria ficar correndo... Ele pediu algum exame? – ela assentiu. 
Laís: Eu estou bem. Os papeis estão lá no quarto, se você quiser dar uma olhada. Está tudo bem. Eu estou com a saúde perfeita. – ela não passava confiança nas suas palavras e isso me deixou um tanto quanto preocupado. Eu olhei no relógio e já estava em cima da hora para ir pra casa. Eu precisava me arrumar ainda para sair com a Andressa. 
Thiago: Eu tenho que ir. – ela assentiu. – Mas amanhã eu volto e espero que você esteja melhor amanhã. – ela assentiu novamente e eu lhe dei um beijo na testa. Me despedi da Iasmin e do Josh, que pouco ligaram para mim, estavam distraídos. Eu fui pra casa, tomei um banho rápido e coloquei uma roupa. Faltavam 15 minutos ainda, então tomei um pouco de refrigerante e saí. Eu fui até a casa da Andressa. Ela demorou uns cinco minutos para sair. Estava vestindo um short jeans curto, uma blusinha branca que ficava colada no seu corpo e uma sandália baixinha, rosa. Ela andou lentamente até o carro e entrou. Ela me deu um beijo rápido na bochecha e eu liguei o carro. 
Thiago: Bom, já está meio tarde, então o que você quer fazer? – ela levantou os ombros. – O que foi? – eu a olhei e ela balançou a cabeça negativamente. 
Andressa: Nada. Por quê? – eu balancei a cabeça e saí da vaga com o carro. – Porque nós não vamos comer alguma coisa e depois nós tomamos o sorvete? 
Thiago: O que você quiser. – eu sorri e ela retribuiu o sorriso. Andressa ficou calada o tempo todo. Estava cedo para ir até um restaurante comer, mas eu dei uma enrolada pela cidade, para depois estacionar em um restaurante. Ela estava estranha, mas não queria me contar o que estava acontecendo e isso me deixava louco. Nós pedimos no restaurante e ela olhou para o lado, mordendo o lábio inferior. Ela abriu a boca e me olhou, mas fechou novamente. 
Andressa: Você está ficando com mais alguém? – ela disse rapidamente. – Olha, não precisa me contar que é, mas eu só quero saber se você está mesmo ficando com mais alguém, porque eu... Eu não quero ficar com uma pessoa que pode estar comigo e pensando em outra pessoa. – era o que estava acontecendo agora. Eu estava ali com a Andressa, mas fiquei pensando se a Laís estava bem, se estava melhor. – Thiago, não precisa me dizer quem, mas me diz se está. 

Thiago: Eu fiquei uma vez com uma garota, uma não, na verdade algumas, mas faz tempo que eu não fico com ela. – disse rapidamente. – Mas eu já disse isso, você está estranha, Andressa, não se preocupava com isso antes. 
Andressa: Era porque eu sabia que você iria pegar uma garota às vezes na balada, mas isso seria só uma vez e você esqueceria até a cor do cabelo dela. Mas dessa vez, eu vi que foi diferente e eu esperava que você me contasse que estava ficando com outra garota, mas você não fez isso e me deixou furiosa. 
Thiago: Eu... – eu não sabia o que falar. – O que eu iria falar pra você? E a gente nem estava se vendo direito, Andressa. Mas me desculpe não falar pra você.
Andressa: Tudo bem. – ela não falou mais nada até nossa comida chegar. – Desculpa agir como se estivéssemos namorando. – ela disse finalmente. – Eu acho que fiquei com ciúmes. Tenho quase certeza que fiquei, mas... Esquece isso ta bem? Que bom que você está saindo com alguém que pelo jeito, você está começando a amar. 
Thiago: Não estou começando a amar ninguém, Dessa. Eu só fiquei com ela umas duas, três vezes, não sei. Foi só isso. – ela levantou a mão e eu parei de falar. – Esquece qualquer garota. Nós estamos saindo novamente, não estamos? – ela assentiu. – Então, é isso que importa. Não vamos pensar em mais ninguém. – ela sorriu e nós terminamos de comer dando risada. Ela estava bem mais descontraída e isso era muito bom, muito bom mesmo. Eu paguei o jantar e nós caminhamos até a praia, onde paramos em um quiosque para comprarmos os sorvetes. 
Andressa: Então, como está seu estágio? – ela perguntou enquanto escolhia seu sorvete. – Faz tempo que a gente não fica junto.